O que é floating?
Floating é o gerúndio do verbo em inglês “to float”, em tradução livre “flutuar”. De maneira mais ampla, no que se refere ao mercado financeiro, é possível entender o “floating” ou “flutuação” como uma variação nos preços de ativos, câmbio ou taxas de juros.
O significado desse termo, contudo, é bastante amplo e varia de acordo com a situação em que é empregado.
Essa palavra pode aparecer ainda de maneira individual ou como parte de um substantivo composto. Alguns exemplos conhecidos são os seguintes:
Floating Debt
Os floating debts, em tradução livre “dívida flutuante”, são obrigações de curto prazo, que podem ser pagas por meio de um novo empréstimo na data do vencimento.
Embora possa ser aplicado também para empresas privadas, esse termo é mais usado no contexto da dívida pública. Nesse cenário, os floating debts são adquiridos por meio da emissão de papéis como Títulos do Tesouro. Quem investe nesses ativos, por sua vez, está financiando o Governo.
Floating-Rate Note
Do inglês “floating-rate” ou “floating-rate note” (FRN), a “taxa de juros flutuante” é uma taxa de juros que varia ao longo do tempo, com base em algum índice de referência determinado, como a taxa básica de juros.
O FRN é comumente aplicado a títulos de dívida emitidos por empresas ou pelo Governo, e que remuneram os titulares por meio do pagamento de juros variáveis. O valor pago, portanto, acompanha o desempenho de um índice adjacente.
Para estabelecer uma Floating Rate Note, são consideradas as seguintes variáveis:
- Taxa de referência: é o índice base vinculado ao título, por exemplo, a taxa básica de juros de um país;
- Spread: além da taxa de referência, os títulos de FRN também contam com spread, que é uma margem adicional sobre o índice adjacente. Um spread de 2% sobre a taxa básica de juros, por exemplo, significa que o valor a ser pago ao titular será de 2 pontos porcentuais acima da Selic.
- Periodicidade de ajuste: é o período previsto para o reajuste da taxa de juros da FRN, segundo o definido na emissão do papel. Normalmente, ocorre trimestralmente ou semestralmente.
Dirty floating
A dirty floating, ou “flutuação suja” no português, é um método utilizado pelos bancos centrais de alguns países — incluindo o Brasil — para interferir na valorização ou desvalorização da taxa de câmbio da moeda nacional.
Também conhecida como câmbio administrado, esse tipo de intervenção promovido pelas autoridades monetárias tem o propósito de manter o preço da moeda local dentro de uma determinada faixa de preço — ou “margem de flutuação cambial”, como é oficialmente chamada.
O objetivo é garantir maior previsibilidade para investidores, importadores e exportadores, evitando, por conseguinte, mudanças abruptas capazes de ocasionar desajustes desmedidos à economia doméstica.
Entre as estratégias de dirty floating adotadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen), estão a venda direta de dólares das reservas internacionais sem antecipar o mercado, e a negociação de compra e venda de contratos no mercado futuro (swaps cambiais), por meio da Bolsa de Valores (B3).
Enquanto a venda direta de dólares impulsiona a cotação do dólar para baixo, os swaps podem ser utilizados tanto para conter, quanto para o valorizar o câmbio da moeda estrangeira frente à nacional, conforme demonstrado abaixo:
- Swap cambial comum: com o objetivo de conter a valorização do dólar, o Bacen troca parte de sua reserva internacional com investidores pelo pagamento do juros acumulado do período (a taxa Selic);
- Swap cambial reverso: ao contrário do swap cambial comum, aqui o Bacen busca conter a desvalorização do dólar. Para isso, paga os juros acumulados durante o período e, em troca, recebe do investidor a variação da taxa de câmbio.
O que é float bancário?
O float bancário é uma prática adotada por alguns bancos que aplicam o dinheiro sem movimentação de seus correntistas, além de valores que estão em processo de transferência.
Essa tática é normalmente utilizada por instituições financeiras que descontam cheques e boletos bancários, uma vez que esses valores não são transferidos imediatamente.
Como funciona o float?
O float bancário funciona como estratégia das instituições financeiras que retardam, propositalmente, o processo de transferência de valores.
Uma forma de identificar se o banco está aplicando float bancário é observar os prazos que estão sendo levados para compensar os recebíveis. Se esse tempo for superior a um dia útil, provavelmente essa prática está sendo adotada, uma vez que, com a Nova Plataforma de Cobrança da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a grande maioria das cobranças bancárias passaram a ser compensadas em até 24 horas.
Por que os bancos usam de float?
Os bancos utilizam o float para aplicar o dinheiro que fica “flutuando” no período entre o depósito e a compensação de um valor, a fim de gerar lucros por meio de aplicações de curtíssimo prazo.
Enquanto as instituições financeiras lucram ao atrasar as transferências, a prática pode incorrer em prejuízo aos clientes, sobretudo, quando há urgência para utilizar o dinheiro propositalmente parado.
Em casos extremos, isso pode levar o correntista a entrar no cheque especial — o que, consequentemente, representa ainda mais ganhos para o banco, gerados pela cobrança da taxa de juros.
O que é free float?
Conceito utilizado no mercado de ações, o free float (FF) corresponde à parcela de títulos de uma empresa que estão livres para negociação na bolsa de valores. Ou seja, que não pertencem a um acionista majoritário ou aos gestores da companhia.
Desse modo, quanto mais alto o índice de free float, maior também o número de ações em circulação. Na prática, isso comumente representa maior liquidez — ou seja, mais facilidade em negociar as ações — e transparência na gestão da empresa.
Um baixo índice de free float, por outro lado, resulta em menor liquidez e em grande concentração de poder entre um grupo minoritário de acionistas. A volatilidade das ações de empresas com baixo FF também costuma ser mais constante e brusca, uma vez que as decisões dos acionistas causam impactos significativos sobre os papéis.
Qual é a relação entre o floating e o câmbio?
O floating e o câmbio estão diretamente conectados, dado que as moedas — euro, dólar, real e assim por diante — são alguns dos ativos que apresentam maior flutuação de valor.
Isso ocorre porque o preço desses ativos é altamente suscetível a diferentes fatores econômicos e políticos, tais como políticas monetárias e eventos geopolíticos.
Além dessas situações imprevistas, a taxa de câmbio também pode ser “manipulada” pelas autoridades monetárias dos países, bem como pelo próprio mercado financeiro.
A manipulação por parte do mercado ocorre, por exemplo, quando há a venda ou compra de quantidades consideráveis de uma moeda por parte de fundos cambiais.
Já as manipulações governamentais dão-se por meio de interferências dos bancos centrais na quantidade de moedas estrangeiras em circulação.
A intervenção premeditada dos bancos centrais sobre o mercado cambial é conhecida como “dirty floating”. Essa prática visa manter o preço da moeda estrangeira dentro de uma margem previsível estipulada pelas autoridades monetárias, de modo a evitar prejuízos econômicos que podem ser causados por grandes flutuações de câmbio. Já o “clean float”, ou flutuação limpa, ocorre quando a taxa de câmbio não sofre intervenção do Estado. Varia, desse modo, exclusivamente de acordo com a lei da oferta e da procura.