O que é o valor de face?
Sinônimo de “valor nominal”, o valor de face é o valor expresso ou declarado de um ativo financeiro — como títulos de dívida, ações ou moedas — diretamente no certificado de emissão ou no próprio instrumento.
O valor de face surgiu da necessidade de comprovar os valores integrais a serem pagos pelo emissor de um título de dívida no momento da liquidação.
Em títulos de renda fixa, esse valor pode ser igual ao montante a ser resgatado após o vencimento, ou servir como base para o cálculo da taxa de juros correspondente. Já em produtos de renda variável, como ações, o valor de face é igual ao “preço de lançamento”, antes das movimentações provocadas pelo mercado.
Corresponde, portanto, ao valor declarado de um título no momento do cálculo. Distingue-se, dessa forma, do valor real. Este último corresponde ao retorno líquido de um ativo — obtido após a subtração da inflação e demais descontos; e também do valor de mercado, que é o preço atual de negociação de um ativo, determinado pela oferta e demanda e influenciado por diversos fatores econômicos.
Como funciona o valor de face?
Grosso modo, o valor de face corresponde ao preço nominal de um ativo declarado no momento de sua emissão. Seu funcionamento, porém, pode variar ligeiramente dependendo do tipo de ativo mobiliário considerado, conforme observado abaixo:
- Títulos de dívida: o valor de face de um ativo de renda fixa corresponde ao montante a ser recebido na data de vencimento. Apesar de o preço de um título flutuar entre sua emissão e resgate, se mantém igual se mantido até a maturidade;
- Ações: conhecido também como “valor par”, o valor de face de uma ação é igual ao preço unitário desse título definido na sua emissão. É o “preço original de lançamento”;
- Moedas: corresponde simplesmente ao valor impresso na própria nota ou moeda. Por exemplo, o valor de face de uma nota de R$ 20 é igual a R$ 20.
Assim, dependendo do contexto, o valor de face pode ser utilizado para:
- Expressar o valor a ser pago ao investidor na data de resgate;
- Determinar o yield — ou seja, o rendimento — de um investimento, ao descontar o aporte inicial do valor resgatado em títulos prefixados;
- Servir de base para o cálculo de pagamento de juros e dividendos;
- Comparar diferentes moedas;
- Fornecer um referencial sobre o valor original de um título, sobretudo para aqueles com flutuações significativas.
Como calcular o valor de face?
Como é definido no momento da emissão e desconsidera os impactos da inflação, na maioria dos casos, não se faz necessário aplicar nenhum tipo de cálculo para encontrar o valor de face de um ativo.
Essa informação pode ser encontrada em documentos financeiros, certificados de emissão ou no próprio instrumento.
O valor de face de uma ação, ou valor par, é igual ao seu preço de lançamento. Assim, se uma empresa emitir ações com um valor par de R$ 200,00, esse será o valor face desses papéis, independentemente de suas flutuações.
O valor face pode ser utilizado, nessa situação, como base para calcular a rentabilidade ou o desempenho do título em questão.
A mesma lógica se aplica às moedas. Uma nota de R$5 0,00 tem um valor de face de R$ 50,00, conforme impresso nela.
Já em títulos de dívida (obrigações, debêntures, entre outros), o valor de face é igual ao montante a ser resgatado por um título na data de vencimento. Em ativos prefixados, esse valor é conhecido desde a aplicação. Um título hipotético com valor de face de R$ 500,00 a ser resgatado daqui seis meses, terá exatamente esse mesmo preço ao ser liquidado.
No caso de títulos pós-fixados, o valor de face é igual ao montante sobre o qual o pagamento de juros é calculado. Ou seja, indica o montante a ser resgatado mais adiante, considerando a ação dos juros até sobre o total aplicado, até a data de liquidação.
Esse valor é atualizado segundo as variações do índice de remuneração determinado. Os títulos do IPCA+, por exemplo, partem de um valor de face determinado como base, o qual é atualizado pela variação da inflação, resultando no valor nominal a ser reembolsado na data de maturidade.
Como usar o valor de face para calcular a rentabilidade?
A rentabilidade de uma aplicação se refere à diferença percentual entre o valor nominal e o preço de compra de um título. Assim, para calcular esse rendimento basta aplicar a seguinte fórmula:
Rentabilidade = [(Valor de Face / Preço de compra) – 1] x 100
Por exemplo, a rentabilidade de um título hipotético comprado por R$ 1.200,00 e resgatado por R$ 1.600,00 seria igual a:
Rentabilidade = [(1.600 / 1.200) -1] x 100
Rentabilidade = [1,33 – 1] x 100
Rentabilidade = 0,33 x 100
Rentabilidade = 33%
Qual é a ligação entre valor de face e valor futuro?
Em investimentos de renda fixa, o valor de face pode ser considerado sinônimo de valor futuro, pois equivale ao montante a ser resgatado no momento da liquidação de um título.
Em títulos prefixados, esse valor já é conhecido desde a aplicação. Porém, em papéis pós-fixados, é atualizado pela taxa de juros que incide sobre a aplicação.
Assim, para encontrar o valor de face de um ativo pós-fixado, utiliza-se a fórmula do valor futuro:
VF = VP x (1 + i)^n
Onde:
- VF: valor futuro;
- VP: valor presente;
- i: taxa de juros vigente;
- n: período de tempo.
A título de ilustração, imagine uma aplicação hipotética de R$ 15.000,00 com uma taxa de juros mensal de 5% e vencimento em 18 meses. Aplicando esses dados à fórmula de valor futuro, o valor de face (ou de resgate) desse investimento seria:
VF = 15.000 x [(1 + 0,05)^18]
VF = 15;000 x 2,40662
VF = 36.099,30
Como o valor de face se relaciona com a política monetária?
O valor de face está relacionado às políticas monetárias de um país definidas pelo Banco Central. Isso pode se dar de diferentes formas como, por exemplo:
Variações na taxa de juros
Quando o Banco Central aumenta as taxas de juros, os rendimentos de novos títulos de renda fixa podem se tornar mais atrativos, resultando também na redução de valor de mercado de títulos antigos com valor de face fixo.
Se, pelo contrário, houver redução, títulos existentes com taxas altas se tornam mais valiosos.
Inflação
Políticas monetárias expansionistas podem resultar em aumento inesperado da inflação, reduzindo o valor real de um título em sua data de resgate. Isso pode afetar principalmente títulos prefixados e também o valor de face da própria moeda do país.
Expectativas do mercado
As decisões do Banco Central, sobretudo acerca da taxa de juros, também resultam em mudanças nas perspectivas do mercado, alterando a oferta e a demanda de diferentes títulos, o que, consequentemente, impacta no valor de face.
Política fiscal
Além da política monetária definida pelo Bacen, a política fiscal, que inclui os gastos públicos e mudanças tributárias, também podem afetar a atividade econômica e mudanças na demanda por um ou outro título financeiro, alterando seus valores de face.
A influência das políticas monetárias sobre o valor de face dos títulos costuma ser evidenciada por movimentos de migração da renda variável para renda fixa, e vice-versa.
Em suma, momentos de juros em alta costumam atrair investidores para os títulos de rentabilidade fixa.
Por outro lado, sempre que existe tendência de queda na taxa de juros, o retorno (valor de face) desses rendimentos cai, fazendo com que investidores menos conservadores tendem a tomar maiores riscos para tentar alcançar os retornos esperados.