O que é ativo real?

Na área da economia, os ativos são por definição todos os bens, valores ou direitos que podem ser convertidos em dinheiro e que pertencem a alguém. Essa descrição também cabe aos ativos reais, mas com um adendo importante: diferentemente de outros tipos de ativos, essa categoria está lastreada à  economia real, ou seja, ao setor produtivo de uma sociedade. 

Considerados como um investimento alternativo aos ativos financeiros, o valor dos ativos reais é determinado por suas características materiais ou por sua utilidade. 

Termo bastante abrangente, os ativos reais abrangem desde bens tangíveis — que podem ser tocados, que possuem existência material —,  até intangíveis — bens não físicos, mas que possuem valor intrínseco. A lista de itens englobados por esse tipo de investimento é extensa, incluindo, mas não se limitando a:

  • Commodities (café, milho, soja, carne bovina, petróleo, ouro, prata, entre outros);
  • Direitos autorais;
  • Equipamentos e maquinário;
  • Estoques;
  • Imóveis;
  • Joias;
  • Marcas;
  • Objetos de antiguidade;
  • Obras de arte;
  • Patentes;
  • Passe de um atleta;
  • Precatórios (ativos judiciais);
  • Recebíveis (ativos empresariais);
  • Royalties musicais;
  • Terras agrícolas;
  • Veículos;
  • Vinhos.

Diferentemente dos investimentos em ativos financeiros, quem aplica em ativos reais, por conseguinte, também proporciona alguma forma de retorno para a sociedade, contribuindo com a geração de renda, emprego e riqueza.

Para que serve o ativo real?

Objetivamente, os ativos reais têm como principal finalidade a geração de renda, oferecendo uma alternativa aos produtos financeiros tradicionais. São, em suma, uma modalidade de investimento que se dá por meio da compra de bens tangíveis ou direitos com valor intrínseco.

Além disso, por tabela, também desempenham um importante papel econômico e social, pois estão diretamente ligados à produção de riqueza.

Para o investidor, os ativos reais proporcionam uma diversificação de portfólio com opções menos voláteis que os ativos financeiros tradicionais, além de preservarem o valor ao longo do tempo. Alguns desses investimentos, como imóveis e royalties, podem ainda  podem gerar renda passiva, uma fonte regular de rendimento com pouco esforço.

Para a sociedade, os ativos reais impulsionam o desenvolvimento econômico, gerando novos produtos, aquecendo a economia e criando empregos, o que contribui para a melhoria da qualidade de vida.

Quais são as características do ativo real?

Na área da economia, os ativos são os bens, valores ou direitos que podem ser convertidos em dinheiro e que pertencem a alguém. Como integrante dessa “família”, os ativos reais também compartilham de todas essas características. Contudo, essa categoria também tem suas próprias singularidades que as distinguem de seus pares. As principais são:

  • Tangibilidade: por mais que existam ativos reais intangíveis (marcas, patentes, passes de atletas), a materialidade dos bens abrangidos por essa categoria de investimento são uma de suas principais particularidades;
  • Economia real: diferentemente dos ativos financeiros, os ativos reais têm impacto na economia real, gerando retornos capazes de ser sentidos pela população;
  • Valor Intrínseco: o valor de um ativo real está ligado à sua utilidade física ou à escassez de recursos, como no caso das commodities;
  • Estabilidade: embora não sejam aplicações de renda fixa, essa categoria de investimento tem maior capacidade para manter seu preço e não está sujeita às volatilidades e ao humor do mercado como outras classes de ativos;
  • Baixa liquidez: comparado a outros tipos de ativos, bens físicos são consideravelmente menos fáceis de serem convertidos em dinheiro, o que pode ser um problema em caso de urgência financeira;
  • Pouco acessível: ativos reais não são apenas mais difíceis de vender, mas também de comprar. O preço de comprar um imóvel para locação, por exemplo, pode ser um limitante para a grande parte dos investidores;
  • Manutenção e riscos específicos: os ativos reais contam com riscos e custos não compartilhados por outros tipos de ativos, como manutenção e deterioração.

Quais são as vantagens do ativo real?

Menos arriscados que títulos de renda variável e potencialmente mais lucrativos que os de renda fixa, os ativos reais são vistos como uma via de investimento alternativa — ou complementar — aos produtos financeiros negociados em bolsas de valores e de balcão. Entre as principais vantagens dos ativos reais, é possível citar:

  • Estabilidade: o preço dos ativos reais é mais previsível e estável;
  • Proteção contra a inflação: ativos físicos, quando preservados, costumam se preservar com o passar do tempo, evitando que o investidor tenha perda do poder de compra;
  • Fonte de renda passiva: algumas classes de ativos reais podem gerar retornos frequentes e constantes; 
  • Retorno para a sociedade: ativos reais também podem ser benéficos para toda a sociedade, não só para seus proprietários, já que essenciais para a manutenção do sistema produtivo e para o aquecimento da economia.

Qual a diferença entre ativos reais e ativos financeiros?

Ativos reais são bens físicos como imóveis e commodities, enquanto ativos financeiros são instrumentos como ações e títulos, que representam direitos sobre fluxos de caixa futuros.

Não é incomum que os ativos reais e os ativos financeiros sejam confundidos. Afinal, como integrantes de uma mesma “família”, ambos podem ser igualmente definidos como bens, direitos ou valores passíveis de ser comercializados ou convertidos em dinheiro. Resguardada suas semelhanças, contudo, esses dois tipos de investimentos também possuem aspectos fundamentais que os diferenciam, sobretudo, no que tange aos riscos, liquidez e retorno.

Para facilitar a identificação e evitar confusões entre esses ativos, seguem abaixo as principais diferenças entre ativos reais e financeiros:

  • Ativo real:
    • Pode ser tangível, ou seja, ter forma física, como imóveis, terras e ouro;
    • Seu valor é intrínseco, baseado em fatores como utilidade, características físicas ou escassez;
    • Possui baixa liquidez, o que significa que a conversão desses bens em dinheiro pode demorar.Um exemplo, é a venda de imóvel;
    • Costuma ser menos acessível, já que pode exigir um capital inicial considerável;
    • Seu preço é estável no curto prazo e não costuma apresentar grandes variações, mesmo em períodos de crise;
    • Oferece proteção no longo prazo, pois seu valor costuma subir junto com a inflação;
    • Pode gerar renda passiva, como no aluguel de propriedades ou royalties;
    • Seu rendimento vem do seu próprio uso, produção ou propriedade;
    • Seus maiores riscos são a depreciação e os custos associados à manutenção.
  • Ativo financeiro:
    • É sempre intangível, representado direitos contratuais, como ações, títulos, derivativos e outros instrumentos financeiros;
    • Seu valor depende das expectativas do mercado, do desempenho da empresa e das condições econômicas;
    • Possui alta liquidez quando comparados com bens físicos, ou seja, é mais fácil de ser convertido em dinheiro;
    • É consideravelmente mais acessível, com opções que cabem em todos os bolsos;
    • É volátil, o que significa que seu preço pode flutuar para cima ou para baixo constantemente;
    • Seu retorno pode ser corroído pela inflação no longo prazo;
    • Pode gerar renda passiva por meio da distribuição de dividendos;
    • Seu rendimento vem de taxas juros ou ganho de capital — diferença positiva entre o preço de venda e o de compra — em mercados financeiros;
    • Seus maiores riscos são o risco crédito e o risco de mercado, embora essa lista possa aumentar significativamente a depender do ativo.

Como calcular o ativo real?

O valor de um ativo real pode ser determinado estimando-se seu valor de mercado ou o valor presente dos retornos que ele pode gerar. Não existe, porém, um cálculo universal para isso. Cada tipo de ativo requer diferentes métodos e fórmulas de avaliação, como demonstrado a seguir:

  • Commodities: o preço das commodities é diretamente afetado pela relação de oferta e demanda, sendo mais sensível a flutuações que outros tipos de ativos reais. Cada commodity também conta com singularidades que podem afetar seu valor:
    • Energia: o preço de commodities como gás natural e carvão depende da demanda por eletricidade e aquecimento, além da transição para fontes de energia mais limpas;
    • Metais preciosos: além da escassez, metais preciosos como ouro e prata, o preço desses bens também varia segundo as instabilidades econômicas, já que servem de reserva de valor em tempos de crise;
    • Produtos agrícolas: seu preço é sensível às condições climáticas, políticas agrícolas e mesmo mudanças nos hábitos de consumo;
    • Petróleo: é influenciado pelos estoques de petróleo, pelas decisões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e pela taxa de câmbio.
  • Direitos autorais: pode ser estimado pelo Método de Fluxo de Caixa Descontado (DCF), fórmula que estima estima os fluxos de caixa futuros gerados pela obra e os desconta para o valor presente. Aqui, podem ser considerados fatores como a popularidade, duração dos direitos autorais e sua adaptação para diferentes plataformas;
  • Equipamentos e maquinário: os cálculos mais comun utilizados para avaliar o preço de máquinas e equipamentos são os métodos de depreciação. Os dois mais comuns são:
    • Método de Depreciação Linear: estima a vida útil em anos de um ativo e distribui-se sua depreciação uniformemente ao longo do tempo;
    • Método de Depreciação por Unidade Produzida: calcula a vida útil de um bem com base na quantidade de produtos que se espera que este consiga produzir.
  • Estoques: o valor de um inventário pode ser calculado de diferentes maneiras. As fórmulas mais comuns nesse caso, são:
    • Custo Médio Ponderado: calcula o valor do estoque pela média dos custos de aquisição ao longo do tempo;
    • FIFO (First In, First Out): assume que os primeiros itens comprados são os primeiros vendidos. O inventário remanescente é avaliado pelos custos mais recentes;
    • LIFO (Last In, First Out): contrário perfeito do FIFO, esse método considera que os itens mais recentes adquiridos são vendidos primeiro. O estoque remanescente é avaliado pelos custos antigos;
    • Valor de Realização Líquido: avalia o inventário pelo preço de venda estimado, menos os custos de venda.
  • Imóveis e terrenos: podem ser precificados com base em comparação com outros ativos semelhantes na mesma área ou estipulando a renda líquida que esses bens podem gerar;
  • Joias: o preço pode ser alterado pelo tipo e qualidade da matéria-prima utilizada (metal e pedras), pela marca e design, existência ou não de certificação, condição e idade;
  • Marcas: envolve a análise de vários fatores financeiros, de mercado e intangíveis, como a percepção do consumidor e a força da marca no setor
  • Objetos de antiguidade e obras de arte: o preço desse tipo de ativo é bastante subjetivo e influenciado por fatores como a notoriedade do artista ou autenticidade da peça, a proveniência do bem, estado de preservação, raridade e importância histórica;
  • Patentes: o valor de uma patente pode ser determinado pelo Método de Fluxo de Caixa Descontado. Nesse caso, essa abordagem pode considerar valores como o escopo da patente, exclusividade/originalidade, e utilidade;
  • Passe de um atleta: também bastante subjetivo, o valor de passe de um atleta pode ser estimado por fatores como desempenho esportivo, idade, potencial de evolução, condição física, e até mesmo sua popularidade e imagem;
  • Precatórios (ativos judiciais): a avaliação considera o valor nominal definido pelo tribunal, a situação financeira do devedor e o prazo de pagamento. O valor costuma ser negociado com desconto, refletindo o tempo de espera e o risco associado;
  • Recebíveis (ativos empresariais): o preço dos recebíveis é formado pelo valor nominal acordado, ajustado por uma taxa de desconto que reflete o prazo de pagamento e o risco de inadimplência;
  • Royalties musicais: avaliado de forma semelhante aos direitos autorais e patentes, o preço de royalties musicais pode considerar a venda de discos, serviços de streaming e licenciamento para filmes, séries e comerciais;
  • Veículos: veículos são comumente negociados com o auxílio de tabelas de referência como a Tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que indica o valor médio de mercado de carros novos ou usados com base em transações recentes;
  • Vinhos: o preço de um vinho raro pode ser avaliado de acordo com histórico de leilões, e pode ser impactado por fatores como raridade, origem e autenticidade.

Esses, contudo, são apenas uma amostra das possíveis abordagens de validação para algumas classes de ativos reais. Não são, contudo, as únicas formas que podem ser empregadas para esse fim. Também é importante ressaltar que os exemplos acima também estão longe de compreender todos os tipos de ativos reais que existem.