Explorar as infinitas possibilidades dos ativos financeiros é o tipo de função que faz aflorar o profissional que há em você? Então, talvez se tornar um Agente Autônomo de Investimentos (AAI) seja a melhor opção para a sua carreira.
Nesse caminho, grande parte da sua rotina vai consistir em acompanhar as movimentações desse mercado e auxiliar clientes a tomarem as melhores decisões sobre os seus recursos.
No entanto, é claro que a profissão está bem longe de se resumir somente a isso. Por isso, neste artigo você vai descobrir os pormenores da rotina de um AAI, qual a certificação necessária para chegar lá e qual a remuneração. Vem comigo!
O que é Agente Autônomo de Investimentos?
O AAI é o profissional que auxilia investidores a escolher produtos financeiros de maneira mais inteligente. Em resumo, o Agente Autônomo de Investimentos é quem irá avaliar os objetivos e necessidades de seus clientes, de forma a recomendar os ativos e soluções mais pertinentes para cada caso.
Em termos mais simples, atua como uma espécie de ponte entre investidores e instituições financeiras, utilizando o seu grande conhecimento sobre o mercado para realizar esse intermédio.
Por mais que o título leve o termo “autônomo”, o AAI só pode trabalhar se estiver devidamente vinculado a uma corretora. Inclusive, continue por aqui que logo entrarei em detalhes sobre essa relação empregatícia.
Agente Autônomo de Investimentos e a CVM
Para atuar como Agente Autônomo de Investimentos, é obrigatório que o profissional seja credenciado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Essa, aliás, é uma exigência listada na Resolução CVM 16 (antiga CVM 497), que também delimita quais são as funções pertinentes ao AAI. Sem o credenciamento, não é possível exercer a profissão.
O registro é feito junto à Ancord, instituição emissora da certificação AAI, que envia automaticamente o pedido à CVM – desde que a documentação esteja correta e os requisitos de cadastro estejam preenchidos, é claro.
De acordo com a CVM 16, as exigências mínimas para a solicitação junto à Ancord são:
- Aprovação na prova de certificação para Agente Autônomo de Investimentos;
- Ensino Médio completo (no Brasil ou no exterior);
- Estar legalmente apto a exercer cargos em instituições financeiras e entidades autorizadas a operar pelo Banco Central, CVM, SUSEP ou Previc;
- Não ter sido condenado por suborno, peculato, prevaricação, concussão, lavagem de dinheiro e qualquer outro contra a economia;
- Não estar legalmente proibido de administrar os próprios bens.
Caso o credenciamento à Ancord seja aprovado, a própria instituição envia seus dados à CVM – ou seja, não é preciso fazer mais nada.
Credenciamento de Agente Autônomo de Investimento para Pessoa Jurídica (PJ)
Para realizar o credenciamento junto à CVM sendo uma Pessoa Jurídica, é preciso operar por meio do regime de sociedade simples. Assim, em um escritório, por exemplo, todos os sócios deverão estar certificados pela AAI Ancord.
O cadastro em si é regido pelas mesmas regras impostas às Pessoas Físicas, além de três outras adicionais:
- Ter sede no Brasil;
- Conter os termos “AAI” ou “Agente Autônomo de Investimentos” na razão social;
- Operar em regime de sociedade simples, como já mencionado.
Onde atua o Agente Autônomo de Investimentos?
O Agente Autônomo de Investimentos atua em corretoras de valores, ou em escritórios junto a outros AAI. Dessa forma, não trabalha jamais de forma independente, já que o vínculo a uma instituição financeira é obrigatório.
Por mais que o termo dê a entender que o AAI é um profissional independente, o que acontece é que, ao ser uma Pessoa Jurídica, pode-se atuar na distribuição de produtos financeiros.
Na maioria das vezes, o AAI une-se, como expliquei, a um escritório – no qual os sócios, também certificados, têm uma sociedade mista. Esse regime de atuação configura o local como instituição financeira, cumprindo essa exigência do exercício da profissão de Agente Autônomo de Investimentos.
Qual a função de um Agente Autônomo de Investimentos?
Prospectar clientes, prover informações sobre produtos e serviços financeiros e registrar ordens de compra e venda: de acordo com a CVM 16, estas são, oficialmente, as funções desempenhadas por um Agente Autônomo de Investimentos.
Para manter o alto padrão de atendimento de seus profissionais e garantir a segurança dos clientes, o estabelecimento legal de atribuições existe para prover ao AAI uma orientação exata sobre como a sua profissão deve ser.
Agora, vamos entender o que o AAI está autorizado a oferecer aos clientes:
1. Prospectar clientes investidores
O AAI é um intermediador entre investidores e instituições financeiras, correto? Sob essa lógica, temos a prospecção como uma das tarefas mais importantes deste profissional.
A partir do compartilhamento de informações consistentes e transparentes sobre ativos e soluções, o Agente Autônomo de Investimentos deve encontrar possíveis interessados em multiplicar o seu patrimônio e que necessitem de ajuda para fazê-lo.
2. Oferecer informações sobre os os produtos e serviços da corretora
O compartilhamento de informações é, aliás, por si só uma designação da CVM. Não somente para tornar o ambiente dos investimentos mais seguro, como também para atrair mais investidores para o mercado, uma das responsabilidades mais importante dos AAIs fornecer orientação completa aos clientes.
Assim, deve sanar dúvidas, explicar os pormenores de cada aplicação, levantar riscos e esclarecer as delimitações de cada tipo de perfil de investidor.
3. Receber e registrar ordens de compra e venda de ativos
O registro dessas ordens pode ser feito via e-mail, chat, chamadas telefônicas gravadas ou até por plataformas desenvolvidas exclusivamente para gestão de clientes. O importante é que ele exista.
A razão por trás disso é que a decisão de compra ou venda de ativos está sempre – e unicamente – a cargo do cliente. Ao AAI, cabe apenas a tarefa de prover informações e operacionalizar esses pedidos.
Assim, além de garantir a segurança do profissional e do cliente, há o controle sobre o histórico de transações realizadas.
O que o AAI não pode fazer?
Assim como o AAI tem designações bem claras sobre quais são suas obrigações rotineiras, a instrução CVM 16 também impõe algumas proibições para o exercício da função, como não trabalhar para duas instituições financeiras simultaneamente, não receber qualquer remuneração dos clientes e não efetuar nenhuma operação sem o consentimento expresso do investidor.
Ainda de acordo com as normas da CVM, a lista completa de atividades que não podem ser realizadas por um Agente Autônomo de Investimentos é essa:
- Representar clientes frente a outras corretoras de valores;
- Ter contratos com mais de uma instituição financeira;
- Receber de clientes qualquer remuneração, títulos e outros ativos;
- Atuar como agente de uma corretora com a qual não tem contrato;
- Utilizar senhas e assinaturas eletrônicas dos seus clientes;
- Desenvolver e enviar extratos sobre as operações realizadas ou em andamento;
- Repassar a terceiros tarefas para as quais foi contratado.
Dada a seriedade com a qual a CVM fiscaliza a profissão de AAI, vale lembrar que faltar com qualquer um desses compromissos acarreta em uma penalidade grave para o Agente Autônomo. Como punição, este pode ter as suas atividades (e o direito de operar na Bolsa) permanente ou temporariamente suspensas.
Qual a rotina de um Agente Autônomo de Investimentos?
O dia a dia de um Agente Autônomo de Investimentos é preenchido por ligações e reuniões constantes, seja para prospectar clientes ou para manter o contato com aqueles que já são investidores.
Na prática, isso significa que o AAI terá uma rotina de comunicação constante, especialmente para entender quais são as necessidades dos investidores e oferecer soluções e possíveis aplicações que se encaixem em cada contexto específico.
Ainda há a tarefa de desenvolver um perfil de investidor para cada cliente. Nessa etapa, é preciso compreender quais são as expectativas e objetivos dos futuros investidores, bem como sua situação financeira atual, tolerância ao risco, ganhos e despesas recorrentes e o que mais for necessário para classificá-los como conservadores, moderados, arrojados ou agressivos.
Antes de realizar as ordens de compra e venda enviadas pelos clientes – outra parte fundamental da rotina de um Agente Autônomo de Investimento, há o estudo contínuo sobre o mercado econômico e de investimentos.
Como este oscila com frequência e suas movimentações pode impactar o rendimento da carteira dos clientes, é importante se manter atualizado o tempo todo. Dessa forma, pode esclarecer aos investidores pormenores sobre a performance de seus ativos e fornecer quaisquer esclarecimentos necessários para uma possível mudança de estratégia, por exemplo.
Quanto ganha um Agente Autônomo de Investimentos?
A média salarial para um Agente Autônomo de Investimentos é de R$3.500. Essa remuneração, no entanto, pode ultrapassar os R$10.000, dependendo de onde trabalha e em qual região do país vive.
Lembre-se: a remuneração do AAI vem exclusivamente do contrato entre profissional e instituição financeira – jamais do cliente.
Quais os custos de um Agente Autônomo de Investimentos?
O principal custo atrelado ao exercício da profissão de AAI é Taxa de Fiscalização, regulada pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM). O pagamento é feito anualmente e custa R$530. Esse valor foi estabelecido após uma Medida Provisória que classifica os Agentes Autônomos de Investimentos como prestadores de serviços às pessoas físicas.
Já para escritórios de investimentos, a taxa, que antes era de R$5.077 trimestrais passou a ser de R$2.538,50 anuais.
Este pagamento, aliás, existe para custear o trabalho de fiscalização da CVM, que cumpre o papel de garantir que todas as instituições financeiras do mercado de valores mobiliários operem conforme a lei.
Como ser um Agente Autônomo de Investimentos?
Preparado para se tornar um AAI? O caminho para chegar lá inclui não somente formação técnica e profissional, mas também algumas soft skills – habilidades comportamentais – que serão necessárias o tempo todo na sua rotina, dada as responsabilidades de um Agente Autônomo de Investimentos. Vem comigo para entender melhor!
Qual o perfil ideal de um agente Autônomo de Investimentos?
O termo “autônomo” que leva a denominação dessa carreira é bastante representativo ao dissecar qual é o perfil ideal de seu profissional. Isso porque, por mais que trabalhe junto a um escritório ou corretora, sua atuação é bastante independente e completa.
Por isso, para começar, o AAI precisa ter perfil dinâmico. Isto é, terá que prospectar e atender clientes, estudar o mercado financeiro, lidar com burocracias, operacionalizar ordens de compra e venda de ativos e muito mais. Ou seja: múltiplas funções concentradas em uma pessoa só.
No dia a dia, os pilares mais importantes do perfil ideal de um Agente Autônomo de Investimentos são:
Comunicação assertiva
Nessa profissão, o já mencionado atendimento ao cliente tem um detalhe bem importante: ao contrário do que acontece em um banco, por exemplo, onde os clientes são da instituição, ao ser um AAI, os clientes serão seus. Telefonemas constantes, reuniões e cafézinhos tomarão boa parte da sua rotina.
Dessa forma, a habilidade da comunicação e das técnicas de venda devem estar ainda mais afiadas que o normal. O Agente Autônomo, afinal, precisa desdobrar a sua comunicação em várias frentes: desde a persuasiva, para atrair investidores que necessitem de sua expertise, até a técnica, para poder explicar com clareza as características de cada ativo e compreender os objetivos de cada cliente.
Espírito empreendedor
Se você pensa que eu elenquei esse tópico unicamente pela necessidade de chamar sua atenção à proatividade e a perseverança, está enganado – embora ambas as características sejam importantes também.
O empreendedorismo, aqui, se manifesta ainda na obrigação de lidar com as questões burocráticas que o acompanham, como o Imposto de Renda, por exemplo. Eu te recomendo, portanto, que além de estudar o mercado financeiro, técnicas de venda e comunicação, reserve ainda um tempo para se habituar a tudo o que for essencial para a manutenção do seu CNPJ.
Estudo contínuo
Nunca é demais reforçar que o mercado financeiro e econômico está em constante movimentação e um AAI não pode jamais estar desatualizado. Eleições, dólar, taxa de juros, política monetária e até alterações climáticas: tudo isso – e muito mais – podem ser fatores que alteram a forma como um ativo ou uma carteira de investimentos se comporta.
Por essa razão, mais do que continuamente investir em cursos e especializações que ampliem seus horizontes no quesito conhecimento, é fundamental que o acompanhamento de notícias seja uma parte bem sólida da sua rotina. Lembre-se, ainda, que este tópico se conecta profundamente com o relacionamento junto ao cliente, já que você precisará informá-los sobre esses dados – e, acredite, os investidores certamente esperarão essa postura de seus AAIs.
Agente Autônomo de Investimentos pode ser MEI?
Não! De acordo com a CNAE 6612-6/05, Agentes Autônomos de Investimentos não podem exercer a profissão sob o regime MEI (Microempreendedor Individual). Nesse caso, o melhor é que o profissional registre-se como Microempresa (ME).
Ainda segundo a CNAE, as atividades do AAI (distribuição e intermediação de ativos, em resumo) devem ser exercidas por pessoa jurídica uniprofissional – a já mencionada microempresa. Em outras palavras, é um tipo de registro que classifica o CNPJ como uma organização, mesmo que haja apenas um único profissional como seu representante.
Agora que você já conhece como, exatamente, um AAI deve ser e atuar para se dar bem nessa carreira, vamos partir para a jornada técnica da profissão.
Qual a graduação para Agente Autônomo de Investimentos?
Os Agentes Autônomos de Investimentos não necessariamente precisam ter Ensino Superior completo.
No entanto, caso você queira investir em uma formação sólida para te engrandecer perante ao mercado de trabalho, pode optar por cursos como Administração e Economia, ou especializações no campo das finanças e dos investimentos.
Quais as certificações para Agente Autônomo de Investimentos?
A certificação financeira que habilita um profissional a trabalhar como Agente Autônomo de Investimentos é a AAI Ancord. Inclusive, a Ancord é a única instituição autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a oferecer este selo. Sem ele, é impossível atuar dessa forma, especialmente porque, além da aprovação no exame, ainda é necessário que seja feito um registro junto à CVM.
Ancord, aliás, é a sigla para Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias. Mais do que certificar profissionais, ela é ainda a entidade responsável por auxiliar na regulação do mercado e desenvolver materiais de capacitação contínua no mercado de investimentos.
Como é a prova da Ancord?
O exame tem 80 questões e duração de 2h30. Para que o candidato seja aprovado, o aproveitamento mínimo é de 70%, desde que tenha atingido, ainda, 50% de acerto nos módulos I, II, VII e XIV.
Eis aqui cada um dos módulos da prova e uma noção geral do que cada um deles engloba:
- I – Atividade do Agente Autônomo de Investimentos: penalidades, práticas vedadas, diferença entre atividades de AAI e consultorias, agenciamento, remuneração etc.
- II – Circulares e resoluções do Banco Central e da CVM: lavagem de dinheiro, responsabilidades, adequação de produtos ao perfil dos clientes, cadastro de informações, acompanhamento de operações e Pessoa Politicamente Exposta (PPE);
- III – Economia: política monetária, noções gerais, conceitos e indicadores;
- IV – Sistema Financeiro Nacional: finalidades, competências, órgãos e entidades;
- V – Instituições e intermediários financeiros: resoluções, mercados e categorização de instituições como corretoras, bancos, financeiras e distribuidoras;
- VI – Administração de risco: tipos de risco, diversificação de carteira e conceitos estratégicos (como oscilação e duration);
- VII – Mercado de capitais: produtos, ativos, regulamentos e tipos de operações;
- VIII – Fundos de Investimentos: aspectos operacionais, políticas de investimentos e instruções CVM;
- IX – Outros Fundos de Investimentos regulados pela CVM: fundos de índice, imobiliário, participações, em empresas emergentes e em direitos creditórios;
- X – Securitização de recebíveis;
- XI – Clubes de Investimentos: gestão, definição e aspectos tributários e operacionais.
- XII – Matemática financeira: conceitos básicos, taxas, fluxo de caixa, regimes de capitalização, entre outros;
- XIII – Mercado Financeiro: títulos de renda fixa, títulos privados, câmbio etc.
- XIV – Mercado de derivativos: conceito, operações, contratos e mercados.
Para realizar a prova, é preciso pagar uma taxa de R$460 – o registro pode ser feito na página de inscrição da AAI Ancord.
Agente Autônomo de Investimentos vale a pena?
A decisão sobre uma carreira valer ou não a pena depende sempre, é claro, dos planos de cada um. No entanto, de forma geral, trabalhar como Agente Autônomo de Investimentos é, sem dúvidas, um caminho que tem muito futuro.
Primeiramente, porque tanto a Bolsa de Valores como todo o mercado de investimentos têm se tornado ambos muito populares. Na mesma medida, aumentou também a busca por profissionais que dominem os pormenores das operações de compra e venda de ativos e que possam auxiliar investidores a tomar decisões mais inteligentes durante a missão de multiplicar seu patrimônio.
Outro aspecto que tem alavancado a atuação do AAI é a tecnologia. Com as inúmeras plataformas disponíveis hoje para divulgação de serviços (como redes sociais) e de gestão de clientes, a rotina atribulada do Agente Autônomo agora conta com facilitadores incríveis.
O próprio modo de trabalhar também é uma vantagem. O regime autônomo permite que o profissional tenha uma liberdade maior para organizar o seu dia e suas tarefas – desde que, é claro, cumpra todos os requisitos legais da CVM.
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Atenção, Agentes Autônomos de Investimentos: a legislação sobre os AAIs mudou!
- Alteração da nomenclatura do profissional: AAIs agora são AIs — Assessores de Investimento;
- Fim do regime de exclusividade: estes profissionais agora podem estabelecer parcerias com mais de uma instituição financeira;
- Flexibilidade de regime societário: a formação de uma sociedade anônima não é mais uma exigência;
Mais transparência para o investidor: agentes intermediários agora devem enviar trimestralmente aos clientes um extrato com a remuneração recebida por eles durante o período de prestação de serviços!
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