Não existe fórmula mágica para quem investe. Há, na verdade, uma infinidade de estratégias possíveis, adaptáveis de acordo com o perfil, as necessidades e as expectativas de cada investidor.
Dentre elas, temos uma bastante popular entre aqueles cujos objetivos são de longo prazo: o buy and hold. Esse método é mais comedido e, de forma simplificada, pode ser descrito como o ato de comprar um ativo e “segurá-lo” ao longo de anos, acreditando na sua valorização futura.
Se o conceito ainda não é familiar para você, siga comigo para aprender:
- O que é buy and hold;
- Quais os fundamentos da técnica;
- Como funciona a estratégia;
- Com quais ativos é possível fazer buy and hold;
- Para quem esse investimento é recomendado;
- Quando vender os ativos;
- Vantagens e desvantagens do buy and hold;
- Se vale a pena aplicar a estratégia.
Vamos lá?
O que é o buy and hold?
O buy and hold é uma estratégia de investimento de longo prazo, que consiste na compra de ações ou outros títulos para mantê-los durante muito tempo. Independentemente das flutuações que aconteçam, o investidor segue com os papéis, com a expectativa de que eles eventualmente valorizem.
Esse método é comumente utilizado na negociação de ações. Enquanto muitos adquirem esses ativos na intenção de tentar acertar o melhor momento para vendê-los (prática chamada de market timing), o objetivo do buy and hold é ignorar as oscilações. Afinal, o foco está no potencial de crescimento da empresa emissora.
Qual é a tradução de buy and hold?
Em tradução livre para o português, buy and hold significa “comprar e manter”. Por isso, essa estratégia de investimento consiste em adquirir ações ou outros ativos e segurá-los por anos — e até décadas.
Outro termo comum nesse contexto é o holder. Este se refere ao investidor titular dos papéis.
Quais são os fundamentos do buy and hold?
A estratégia do buy and hold se baseia principalmente na análise fundamentalista de ativos. Ou seja, a avaliação considera balanços patrimoniais, demonstrações financeiras, eventos micro e macroeconômicos, e todos os demais indicadores capazes de mensurar a situação atual de uma empresa e estimar o seu potencial crescimento.
Além desse pilar, outras boas práticas são seguidas pelos holders:
- Não investir em ativos de empresas com sinais de má governança e que passam por prejuízos frequentes;
- Desconsiderar as oscilações que acontecem no curto prazo;
- Não tomar decisões por impulso;
- Reinvestir os dividendos recebidos para multiplicar a aplicação por meio dos juros compostos.
Naturalmente, outra grande premissa da estratégia é diversificar o portfólio. Ao distribuir o patrimônio entre diferentes classes de ativos, é possível reduzir os seus riscos e potencializar os retornos. Consequentemente, se constrói uma rede maior de segurança, amparando o investidor caso uma aplicação apresente prejuízos.
Como funciona a estratégia buy and hold
O buy and hold é uma estratégia teoricamente simples, que pode ser dividida nos seguintes passos:
- Análise fundamentalista: o investidor verifica os demonstrativos da empresa emissora do ativo, o setor e as perspectivas de crescimento futuro. Basicamente, essa é uma etapa de seleção;
- Emissão das ordens de compra: considerando o perfil de risco e os objetivos específicos, o holder adquire os ativos que fazem sentido com a sua estratégia;
- Acompanhamento de performance: embora as aplicações sejam feitas para durar mais de 5 anos, um monitoramento de performance ainda é feito, para averiguar se as empresas escolhidas seguem com os mesmos fundamentos que justificaram a compra inicial;
- Reinvestimento de dividendos: todos os proventos recebidos são utilizados para adquirir mais ações, com o objetivo de potencializar os efeitos dos juros compostos;
- Execução de ajustes eventuais: se a empresa emissora já não se encaixar nos critérios estabelecidos ou se os limites de exposição forem ultrapassados, o holder pode acabar fazendo ajustes no seu portfólio.
Para quem é recomendado o buy and hold?
A estratégia de buy and hold é geralmente indicada para investidores mais conservadores, com foco no longo prazo ou que têm pouco conhecimento sobre o mercado de ações.
Dito de outra forma, o método é bastante eficaz para aqueles que preferem evitar os riscos inerentes às aplicações de curto prazo, já que estas podem ser bastante afetadas pelas oscilações do mercado.
Além disso, há muitos investidores que não têm tempo ou preferem não se dedicar com tanta frequência à análise das empresas e do cenário econômico. Como o buy and hold considera somente grandes horizontes temporais, é a técnica ideal para evitar o monitoramento constante.
Embora esses perfis sejam os mais propensos a se valer do buy and hold, a prática obviamente não se limita a eles. A título de curiosidade, trouxe alguns grandes nomes do mercado financeiro que se valem da mesma estratégia. Olha só:
- Warren Buffett, investidor renomado e CEO da Berkshire Hathaway;
- Charlie Munger, parceiro de Warren Buffett e que, em vida, costumava defender o buy and hold;
- Peter Lynch, ex-gerente do Magellan Fund e entusiasta das estratégias de longo prazo.
- John Bogle, fundador da Vanguard Group.
Com quais ativos é possível fazer buy and hold?
Por mais que o buy and hold seja frequentemente usado para investimentos em ações, ele é eficaz com outros ativos também, como Fundos Imobiliários, BDRs, ETFs e títulos de longo prazo.
Entenda a lógica para cada um:
Ações
Vale relembrar: as ações são pequenas parcelas do capital de uma empresa. Nesse contexto, os holders que se valem da estratégia de buy and hold se tornam espécies de sócios dessas organizações — e seguem sob esse status enquanto a aplicação compensar.
Em geral, investidores compram ações para aproveitarem valorizações de curto prazo. Em outras palavras, se empenham em acertar o momento ideal de vendê-las, obtendo lucro com a diferença do preço pago inicialmente.
No caso do buy and hold, o objetivo é deixar de lado todas as oscilações que afetam o processo de precificação desses ativos. Assim, as posições são mantidas por anos, considerando unicamente a solidez da emissora e o potencial de crescimento futuro.
Fundos Imobiliários (FIIs)
Os Fundos de Investimentos são como modalidades coletivas de investimentos, onde um gestor profissional reúne os recursos de vários investidores (cotistas) e os aplica em ativos diversos, a depender da estratégia. No caso dos FIIs, os aportes são direcionados a ativos do mercado imobiliário, como o nome indica.
Na análise fundamentalista daqueles que pretendem utilizar o buy and hold, são considerados aspectos referentes à qualidade dos imóveis atrelados aos Fundos, como gestão, instalações, nível de vacância etc.
BDRs
Esta é a sigla para Brazilian Depositary Receipts. Em resumo, se tratam de certificados emitidos no Brasil, representativos de ações de empresas estrangeiras. Com eles, um investidor brasileiro pode investir em ativos internacionais por meio da B3, se valendo de grandes nomes como Apple, Google ou Amazon.
Dito de modo mais simples, quem investe em BDR está comprando um título que espelha a performance da ação original, negociada em uma bolsa no exterior, sem precisar abrir conta em uma corretora fora do país.
Trazendo o conceito para o buy and hold, o investidor utiliza a mesma estratégia que aplica em ações nacionais. Ou seja, realiza uma análise dos fundamentos da empresa emissora, a fim de avaliar se a organização é sólida e pode crescer nos próximos anos.
ETFs
Os ETFs — sigla para Exchange Traded Funds — também são Fundos de Investimentos. Aqui, porém, os ativos estão atrelados a um índice de referência. Dessa maneira, o objetivo do gestor é replicar (ou superar) o desempenho do indicador — o Ibovespa, por exemplo.
Nesse contexto, o buy and hold para manter esses ativos por períodos prolongados, aproveitando o crescimento do índice ao qual estão atrelados. Consequentemente, ainda minimiza os custos de transação e as oscilações de curto prazo.
Títulos públicos
Há várias opções de títulos do Governo Federal de longo prazo, com vencimento para daqui a muitas décadas. Em geral, essas opções estão conectadas à inflação. Ou seja, os rendimentos serão corrigidos antes de chegar ao investidor, que não terá o seu poder de compra afetado.
O exemplo é um clássico buy and hold. Afinal, o investidor o adquire justamente para que o seu patrimônio permaneça aplicado por anos até que possa aproveitar os retornos.
Inclusive, como alguns títulos pagam rendimentos semestrais, é comum que esses lucros sejam reaplicados para aproveitar os benefícios dos juros compostos.
Qual a importância da cotação no buy and hold?
Como a maior premissa do buy and hold é manter as posições adquiridas por muitos anos, a cotação dos ativos não tem tanta importância quanto outros fatores. Afinal, do ponto de vista do estrategista, a variação diária nos preços representa unicamente flutuações momentâneas.
O holder prefere, então, concentrar a sua atenção no valor real da empresa. Ou seja, no andamento dos lucros, os fundamentos, o crescimento e o potencial futuro. Isto é, acredita que a cotação vai eventualmente acompanhar a curva de lucro da organização emissora.
Quais são as vantagens do buy and hold?
Os investidores que apostam nessa estratégia de longo prazo para otimizar o portfólio encontram uma série de vantagens, tais como:
- Incidência de juros compostos;
- Menor manutenção da carteira;
- Custos mais baixos;
- Entrada constante de dividendos;
- Valorização no longo prazo.
Vem comigo analisar a dinâmica de cada um desses pontos.
Juros compostos
Conhecidos também como “juros sobre juros”, esse conceito é uma forma de calcular o crescimento do investimento ao longo do tempo, já que os juros gerados também rendem juros.
Dito de modo mais simples, os rendimentos de cada período são somados ao principal. Assim, na próxima entrada, os lucros vão incidir sobre esse valor mais alto.
Quando uma aplicação é mantida por muitos anos — como é o caso do buy and hold —, os ganhos vão crescendo sobre a rentabilidade acumulada.
Menor manutenção da carteira
Importante: isso não significa que o investidor não faça nenhum tipo de monitoramento no portfólio. Essa vantagem simplesmente significa que, como a cotação diária não é tão relevante no contexto, o acompanhamento constante não é necessário.
Além disso, é claro que, às vezes, a rota precisa ser recalculada, caso os objetivos do holder mudem ou o grau de exposição do ativo exceda o esperado. No entanto, como as análises periódicas consideram os fundamentos da empresa emissora, demandam menos tempo e frequência.
Menores custos
Muitos investimentos sofrem a incidência de impostos no momento em que são vendidos — afetando os ganhos de capital obtidos. Ao manter uma posição, por outro lado, nenhuma tributação fica pendente.
Além disso, aqueles que se valem do buy and hold naturalmente realizam menos negociações de compra e venda na bolsa. Então, caso a corretora em questão pratique alguma taxa de custódia, essa já não será um problema.
Dividendos constantes
Quando a aplicação paga dividendos aos investidores, estes têm as chances de reinvestirem esse valor no título ou ativo em questão. Consequentemente, a participação no capital da empresa emissora aumenta e a renda passiva também.
Lembre: a renda passiva se refere aos ganhos que uma pessoa tem sem precisar trabalhar ou se esforçar para recebê-la — os proventos de ações são os exemplos mais emblemáticos desse conceito.
Valorização no longo prazo
A essência do buy and hold é manter os ativos e títulos adquiridos por muito tempo no portfólio. Então, quando a escolha da empresa emissora é bem feita, a valorização a longo prazo tende a ser bastante vantajosa.
Antes da compra, a análise fundamentalista vem justamente para assegurar que a organização responsável pelos papéis tem uma estrutura sólida, boa governança e chances de crescer.
Quais são as desvantagens do buy and hold?
Independentemente da estratégia de investimento escolhida, há riscos e desvantagens que precisam ser considerados — com o buy and hold não seria diferente.
Esteja você no papel de investidor ou de futuro consultor, por exemplo, conhecer em detalhe os pontos negativos dessa prática é indispensável para o seu processo de tomada de decisão.
Aqui, listei os principais, vem comigo!
Mais tempo até o retorno
Uma vez que os investimentos focam no longo prazo e que os proventos recebidos são frequentemente reaplicados, é necessário esperar mais tempo para desfrutar dos lucros da estratégia. Embora esse não seja um problema para aqueles que se valem do buy and hold com essa intenção, pode ser um empecilho para quem busca por retornos mais rápidos.
Conhecimento de mercado
Antes de colocar o buy and hold em ação, é necessária uma análise minuciosa do ativo e de seu emissor, a fim de averiguar se tal instituição é sólida e tem potencial futuro para ganhar espaço no mercado. Embora a tarefa pareça, à primeira vista, bastante simples, é preciso ter conhecimento e certa experiência para realizar uma checagem inteligente.
Oscilações acontecem e podem afetar os papéis escolhidos. Assim, o holder que inicialmente “apostou” em empresas aparentemente sólidas, tem chances de acabar como titular de ativos em declínio.
Aqui, cabe o reforço: por mais que o método do buy and hold elimine a necessidade de fazer um acompanhamento diário da cotação dos títulos, ainda requer que o investidor ou o assessor permaneçam de olho no mercado para mapear possíveis riscos e refazer a abordagem para evitar prejuízos.
Disciplina e tolerância
Os gatilhos mentais são alguns dos maiores inimigos dos investidores, especialmente dos que não têm tanta experiência no mercado de capitais. Logo, não são poucos os que tomam a decisão precipitada de vender uma ação, por exemplo, assim que o seu preço sofre uma queda brusca — saindo no prejuízo e sem ter feito uma análise prévia da negociação, para checar se realmente a venda vale a pena.
Como o tempo de aplicação dos títulos comprados no modo buy and hold é mais longo, obviamente o setor econômico passará por muitas movimentações até o fim do prazo delimitado pelo holder. Portanto, é fundamental que o titular exercite a disciplina para nunca agir de maneira impensada.
Como escolher ações com foco no buy and hold?
Aqueles que desejam se valer dos benefícios do buy and hold precisam tomar o cuidado de escolher ativos emitidos por empresas sólidas e bem fundamentadas. Alguns dos maiores indicadores de que a organização tem (ou não) potencial de crescimento futuro são:
- Governança;
- Setor de atuação;
- Saúde financeira;
- Vantagens competitivas;
- Riscos;
- Geração de receitas e lucros.
Siga comigo para entender o que exatamente deve ser observado em cada um desses fatores!
Governança
Embora a governança possa ser resumida como o critério que aumenta a confiança entre empresa e acionistas, a sua definição completa vai além. É, por exemplo, um conjunto de premissas que determina quais fluxos de trabalho serão adotados na rotina corporativa, como o orçamento será gerido e o que é feito com os resultados financeiros. Se a governança de uma instituição for positiva, se tem aí um sinal claro da solidez das suas operações.
Para mensurar essa informação, o investidor ou o profissional tem vários caminhos possíveis. Um deles é o Índice de Governança Corporativa (IGC). Este é um compilado da B3 que reúne as ações das empresas com os melhores graus de governança.
Outros indicadores, também da Bolsa de Valores, são o Índice de Governança Trade (IGT) e o Índice de Governança Corporativa Novo Mercado (IGC-NM). Ambos seguem a mesma premissa, a de compilar unicamente os ativos emitidos por organizações bem avaliadas neste quesito.
Dentro desse critério, outro indicador que com certeza contará pontos a favor da empresa emissora é uma boa Governança ESG. A sigla significa o seguinte:
- E: environmental (meio ambiente);
- S: social (social);
- G: governance (governança).
Logo, se refere às boas práticas ambientais, recursos humanos, impacto social, transparência, ética, entre outros. Uma empresa sustentável, então, é também resiliente e com grande propensão de apresentar um crescimento vantajoso para quem nela investe.
Afinal, algumas das consequências positivas de um ESG bem estruturado, do ponto de vista do investidor de um buy and hold, são:
- Enfrentam menos riscos regulatórios e operacionais, especialmente por conta da preocupação com o meio ambiente e a sociedade;
- Têm boa reputação perante o público, o que aumenta a lealdade do cliente e dos colaboradores;
- Investem em inovação com frequência, o que impacta diretamente o potencial competitivo da instituição.
Resultado de tudo isso, então, é o crescente interesse por parte dos investidores, o que aumenta o valor das suas ações a longo prazo.
Análise do setor
Aqui, a ideia é avaliar como anda o setor no qual a empresa atua. A análise deve ser geral e, por isso, o investidor precisa checar o poder da concorrência, o público-alvo da companhia, e a demanda por seus produtos e serviços, por exemplo.
Outros aspectos passíveis de uma observação mais cuidadosa são as tendências de mercado, bem como as fraquezas e as forças da empresa.
Dica: a depender do setor de atuação, a instituição pode apresentar resultados distintos dependendo do ciclo econômico no qual se encontra no momento. Em tempos de inflação alta, é normal que algumas indústrias apresentem certa baixa nas vendas — a de veículos, por exemplo. Tudo isso ao passo que a indústria de alimentos, por sua vez, não é tão vulnerável nesse sentido, já que comercializa itens essenciais.
Na dúvida, preparei um checklist com alguns pontos importantes e que valem a análise:
- Crescimento do PIB: se os setores correlacionados ao PIB apresentarem uma valorização robusta, então está aí um bom sinal;
- Demandas do consumidor: vale pesquisar o comportamento e as preferências do público em relação ao bem ou serviço em questão;
- Compound Annual Growth Rate (CAGR): esta é a taxa média anual que indica o crescimento de mercado ou as receitas de um setor;
- Margem de lucro: e também a margem bruta, operacional e líquida. Se forem altas, as vantagens competitivas são maiores;
- Retorno sobre o Capital Investido (ROIC): mede a capacidade da empresa de gerar lucro a partir do capital que investiu inicialmente;
- Capitais necessários: se um setor demanda grandes investimentos por parte de empresas iniciantes, significa que as instituições que já são sólidas estão menos vulneráveis à competição excessiva;
- Participação de mercado: afinal, setores que contam com apenas algumas companhias dominantes tendem a ser mais estáveis;
- Pagamento de dividendos: se os proventos pagos aos acionistas são historicamente atrativos, é um sinal de fluxo de caixa confiável;
- Investimentos em P&D: entidades que investem pesado em pesquisa e desenvolvimento geralmente são as mesmas que apresentam bom índice de crescimento.
Saúde financeira da empresa
Uma empresa financeiramente saudável é aquela com capital de giro suficiente para enfrentar adversidades, pagar os seus acionistas e se manter estável mesmo em períodos economicamente difíceis.
Felizmente, a B3 exige que todas as companhias listadas na Bolsa sejam transparentes na divulgação de suas informações. Assim, os investidores interessados podem (e devem) conferir esses relatórios antes de fazer uma aplicação no modo buy and hold.
Dá uma olhada nos tópicos mais importantes:
- Fluxo de caixa: este dado indica a quantidade de dinheiro que entra e sai da empresa durante determinado período. É, em termos mais simples, a capacidade de pagar as dívidas e investir em projetos de expansão;
- Lucro líquido: é o total das receitas da companhia, desconsiderando as despesas e incluindo os impostos;
- Margem de lucro: é a porcentagem do lucro líquido em relação à receita total e serve para representar a eficiência da empresa em gerar lucro a partir de suas vendas;
- Endividamento: aqui, é preciso avaliar o tamanho da dívida em comparação com o patrimônio líquido, também conhecido por lucros acumulados. Serve principalmente para verificar como a como a empresa gerencia o dinheiro;
- Liquidez geral: aponta se a organização é capaz de cumprir com obrigações de curto prazo utilizando o dinheiro do caixa, o estoque e as contas a receber.
Vantagens competitivas da empresa
O modelo de negócio da empresa em questão se destaca frente à concorrência? Essa é a pergunta que deve ser respondida aqui, por meio da análise destes indicadores:
- Market share: é o tamanho da parcela do setor que a companhia detém — quanto maior, melhor. Para calcular esse valor, divida o volume de vendas da empresa pelo volume de vendas do mercado. Por fim, multiplique por 100 para ter o percentual;
- Faturamento: este número deve ser alto, já que indica se as vendas estão indo bem. Quando não for, investigue as causas — muitas vezes, pode se tratar de uma precificação mal feita ou de má qualidade dos bens e serviços;
- Participação nas exportações: essa vale, obviamente, para as empresas que comercializam os seus produtos em outros países. A informação deve ser utilizada como comparativo com a concorrência;
- Retenção de talentos: para averiguar esse indicador, divida os desligamentos pelo total de funcionários que a empresa tinha em determinado período. Para obter o percentual, multiplique o resultado por 100;
- Retorno sobre o Investimento (ROI): em termos simples, essa informação serve para o investidor descobrir se uma empresa consegue recuperar o dinheiro que foi inicialmente investido no projeto;
- Produtividade: o cálculo envolve a divisão das saídas pelas entradas. Nos documentos da companhias, estes números provavelmente aparecerão nomeados como outputs e inputs;
- Taxa de satisfação dos clientes: busque notícias, reviews e sites onde o público pode registrar queixas (o Reclame Aqui, por exemplo) para sentir como anda a reputação da empresa perante a população.
Riscos
Nessa fase da avaliação, o investidor tem a tarefa de mapear quais riscos a empresa em questão está exposta. Para isso, deve se valer de todas as informações disponíveis nos relatórios de transparência divulgados pela companhia, tais como:
- Governança corporativa;
- Margem de lucro;
- Fluxo de caixa;
- Nuances do setor;
- Reputação;
- Investimento em pesquisa e inovação.
Por exemplo: se o fluxo de caixa ou a margem de lucro forem baixos, a companhia será mais vulnerável às oscilações do mercado econômico. Nesse sentido, um cenário de crise poderia facilmente comprometer o seu futuro.
Como fazer buy and hold?
Ao investidor que deseja se valer dos benefícios do buy and hold, o passo a passo para empreender a técnica é simples, se resumindo em escolher bons ativos, diversificar o portfólio, reaplicar os dividendos recebidos e monitorar o desempenho da aplicação.
Na prática, é assim que vai funcionar:
1. Escolher bons ativos
No contexto do buy and hold, os ativos devem ser escolhidos com foco no longo prazo. Então, a análise deve considerar os fundamentos das empresas emissoras — no caso de ações, ou a dinâmica do título — para aqueles distribuídos pelo Governo Federal, por exemplo.
Aqui, o objetivo é avaliar se, daqui alguns anos ou décadas, a tendência é que a posição valorize. Note que, nesse cenário, a maioria dos investidores opta por solidez e estabilidade no lugar de altas abruptas nos preços, já que as oscilações a curto prazo não importam tanto para a estratégia.
Refresque a memória e veja esse checklist dos pontos que tornam um ativo elegível para ser utilizado no método buy and hold:
- Capital de giro;
- Margem de lucro;
- Boa governança, inclusive ESG;
- Histórico de pagamento de dividendos;
- Investimentos em pesquisas e inovação;
- Liquidez;
- Grande participação de mercado.
Na dúvida, os investidores podem optar por iniciar a estratégia aplicando nas chamadas Blue Chips, ou seja, em ações de empresas de grande porte, com valor de mercado significativo e que são historicamente mais sólidas.
2. Diversificar o portfólio
“Nunca deixar todos os ovos em uma cesta só” é uma velha máxima do mercado de capitais. E não é à toa: quem distribui o patrimônio entre diferentes classes de ativos consegue mitigar os riscos inerentes a cada um, otimizar os lucros e aproveitar um portfólio bem equilibrado.
Como o buy and hold foca no longo prazo, é importante que o investidor considere realizar aplicações em títulos com outros períodos de vencimento também. Além disso, vale a clássica recomendação de mesclar papéis de renda fixa e renda variável, diversificando ainda os setores de atuação das companhias emissoras e a localização geográfica de cada uma.
3. Reaplicar os dividendos recebidos
Para títulos e ativos que pagam proventos periódicos, seguindo as premissas do buy and hold, é ideal que o investidor use esses rendimentos para fazer novos aportes. Dessa maneira, conseguem engrandecer os seus lucros a partir da dinâmica dos juros sobre juros, alcançando retornos mais altos.
4. Monitorar o desempenho dos títulos
Por mais que a cotação diária dos papéis não seja tão importante para o investidor buy and hold, ainda assim é aconselhado que se faça um monitoramento periódico do desempenho das posições e — muito importante — dos fundamentos da empresa emissora.
O mercado econômico, afinal, passa por oscilações constantes. Consequentemente, não somente pode afetar os objetivos daqueles que focam no curto prazo, mas abalar as estruturas a longo prazo também.
Aconselho, então, que o profissional ou titular dos investimentos fique de olho nos relatórios disponibilizados pela companhia, a fim de checar o andamento da saúde financeira destas. Outro bom hábito a ser cultivado é o de se atualizar sobre as notícias da organização e do setor de atuação, se mantendo a par sobre possíveis movimentações relevantes.
5. Fazer ajustes, quando necessário
Embora o longo prazo seja a maior premissa do buy and hold, também é verdade que o investidor tem a liberdade de recalcular a rota, se necessário.
Se uma das empresas emissoras passa a ter problemas com os seus fundamentos ou começa a apresentar uma espiral de queda de proporções significativas, vale ponderar a venda das posições e a aquisição de opções melhores.
Ainda, pode acontecer de determinado título extrapolar os limites de exposição toleráveis pelo investidor — um conjunto de ações ultrapassar a porcentagem delimitada para essa classe de ativo, por exemplo. Logo, vale considerar alternativas de equilíbrio, como buscar papéis de outra categoria para retomar a distribuição inicial ou vender alguns dos que estão excedendo as fatias do portfólio.
Quando vender ativos no buy and hold?
Não há preço nem tempo de aplicação definidos para que a venda de ativos em buy and hold seja realidade. A ideia é que o investidor se desfaça dos papéis quando perceber que a valorização dos títulos esperada inicialmente não está acontecendo, ou que o longo prazo já não valha mais a pena.
Naturalmente, a decisão de repassar os papéis também depende dos objetivos do holder. Se a meta pessoal for obter um lucro de 100% sobre o aporte inicial, por exemplo, a retirada é perfeitamente possível.
A cotação importa no buy and hold?
Depende da estratégia do investidor. A ideia é que as posições sejam mantidas por um prazo longo, mesmo que a cotação passe por oscilações no período. No entanto, elas podem ser repassadas caso eventualmente cheguem na meta estipulada no início da aplicação — obter um lucro de 100% sobre o aporte inicial, por exemplo.
O que acontece com o buy and hold quando a bolsa está em queda?
Em tese, o investidor que segue o modelo buy and hold não deve se assustar ou tomar decisões precipitadas com as oscilações da bolsa. No curto prazo, se a bolsa entrar em queda, a aplicação segue firme, já que o objetivo é confiar nos fundamentos da empresa emissora e não na cotação.
Em situações de baixas significativas nos preços, há duas alternativas possíveis:
- Reforçar as aplicações feitas;
- Rebalancear o portfólio caso a queda tenha sido maior que a esperada.
Se as escolhas do investidor forem bem fundamentadas — ou seja, se a emissora desfrutar de boa saúde financeira — a tendência é que a curva do longo prazo amenize as quedas nos anos subsequentes. Então, baixas na cotação não são grandes motivos para se preocupar.
Outra vez, vale o reforço de que as decisões, afinal, dependem unicamente do holder.
Se uma queda nos preços é de grande impacto, com o poder de abalar as estruturas da empresa mesmo nos próximos anos, pode ser que o investidor considere mais válido se desfazer dos papéis antes que desvalorizem ainda mais.
No entanto, antes da venda, é fundamental que uma análise mais cuidadosa seja feita, a fim de garantir que essa é realmente a melhor opção — já que a metodologia do buy and hold teoricamente não contempla operações de curto prazo.
Vale a pena aplicar a estratégia do buy and hold?
Se o objetivo do investidor for estabilizar o patrimônio com uma aplicação de longo prazo, então o buy and hold vale a pena. O mesmo vale para aqueles que preferem se esquivar das variações diárias na cotação de um ativo, ou que ainda não se sentem confortáveis para fazer negociações mais frequentes.
Outra vantagem importante do buy and hold é a redução de custos com transações. Isto é, investidores que compram e vendem ativos frequentemente podem ter que arcar com muitas taxas de corretagem, impostos sobre ganhos de capital e outros custos associados a operações frequentes. Logo, ao manter os ativos por um período prolongado, esses custos são minimizados, o desempenho líquido é melhor.
Ademais, a estratégia buy and hold ainda facilita a gestão do portfólio, também conhecida como gestão de investimentos. Selecionando empresas sólidas e estáveis, a probabilidade de obter retornos sustentáveis é bem maior.
Por fim, e não menos importante, a metodologia ajuda a evitar a influência emocional nas decisões de investimento. Os holders que monitoram constantemente as flutuações do mercado podem ser tentados a vender em momentos de queda e comprar em momentos de alta, o que muitas vezes resulta em perdas. Porém, ao manter uma visão de longo prazo e confiar nos fundamentos observados, se evita o famigerado comportamento de manada.
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