Que os bancos emprestam dinheiro a seus clientes em troca de uma taxa de juros, todo mundo já sabe, não é mesmo? Mas você sabia que, da mesma forma, as instituições bancárias também recorrem a empréstimos para financiar suas atividades?
Sim, o que estou dizendo é que você pode inverter a lógica e “emprestar” seu dinheiro para o banco. Como? Por meio dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), títulos de dívida de renda fixa emitidos por instituições bancárias para captar recursos junto aos investidores. Interessante, não é mesmo?
Então, reserve uns minutinhos do seu dia e venha comigo descobrir tudo sobre os CDBs. Entre outras coisas, neste artigo, você verá:
- O que é CDB?
- Qual é a definição de CDB?
- Como identificar um CDB?
- Quais são as principais características de um CDB?
- Como um CDB funciona?
- Quais são as vantagens e desvantagens do CDB?
- CDB vale a pena?
Bora entender como os CDBs podem te ajudar a ganhar dinheiro?
O que é CDB?
Sigla para Certificado de Depósito Bancário, o CDB é um título de dívida emitido por instituições bancárias para financiar suas atividades de crédito, como empréstimos e financiamentos.
Esse investimento pertence à categoria de renda fixa, ou seja, desde a aquisição, o investidor conhece as regras de rentabilidade, incluindo o tipo de juros, seu valor e a data de resgate. Essa previsibilidade permite um planejamento financeiro mais sólido.
A segurança do CDB é reforçada pela cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), um tipo de “seguro” que garante a devolução de até R$250 mil por instituição financeira e por CPF, caso o banco emissor venha à falência.
Por essas características, os CDBs são indicados para investidores conservadores e moderados. Além disso, são uma alternativa interessante para quem deseja sair da poupança e buscar um investimento mais rentável, sem abrir mão da segurança.
Qual é a definição de CDB?
O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título de dívida emitido por uma instituição bancária. Em outras palavras, funciona como um “documento” que comprova que um investidor emprestou dinheiro ao banco, recebendo em troca um valor acrescido de juros em uma data futura.
Para simplificar, pode-se compará-lo a um empréstimo comum, mas com uma diferença: nesse caso, o investidor é o credor e o banco é o devedor. Simples, não é?
Como identificar um CDB?
Encontrar os CDBs na plataforma da sua corretora ou banco de preferência é bastante simples. Uma vez aberto o aplicativo ou site, o caminho costuma ser o seguinte:
- Acesse a aba de renda fixa: procure por uma seção como “Renda Fixa”, “Produtos de Renda Fixa” ou “CDBs e Títulos”;
- Filtre por CDB: dentro dessa aba, você verá diferentes produtos de renda fixa, como LCI, LCA, Debêntures e CDBs. Utilize os filtros para exibir apenas os CDBs disponíveis;
- Verifique o código do CDB: diferente de ações, os CDBs não possuem um ticker (código de negociação) no padrão da B3. Em vez disso, são listados pelo nome do banco emissor, prazo e rentabilidade, como:
- CDB Banco X 110% do CDI – 2 anos;
- CDB Banco Y 13% ao ano – 3 anos.
Quais são as principais características de um CDB?
Um CDB é um investimento de renda fixa, emitido por instituições bancárias e que oferece formatos de remuneração prefixada, pós-fixada e híbrida.
Abaixo, criei uma tabela com as principais características dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs):
Característica | Descrição |
Classe de investimento | Renda fixa. |
Emissor | Bancos e instituições financeiras. |
Rentabilidade | Prefixada, pós-fixada (atrelada ao CDI) ou híbrida (IPCA + juros). Um dos tipos mais comuns são os CDBs pós-fixados atrelados ao CDI. |
Riscos | Risco de crédito (falência do banco), risco de liquidez (resgate apenas no vencimento). |
Segurança | Coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até R$250 mil por CPF e instituição. |
Liquidez | Pode ter liquidez diária ou apenas no vencimento. |
Prazo | Varia conforme o emissor, podendo ir de curto a longo prazo. |
Custos | Normalmente isento de taxa de administração, mas sujeito a IR e IOF (se resgatado antes de 30 dias). |
Valor mínimo | Pode variar de R$1 a milhares de reais, dependendo do CDB. Títulos emitidos por grandes bancos costumam ser negociados por valores a partir de R$500,00. |
A tabela acima é apenas um resumo ordenado sobre os CDBs. Ao longo deste artigo, voltarei a cada um destes tópicos, para explicá-los de forma mais aprofundada.
Como um CDB funciona?
O funcionamento de um CDB se assemelha a um empréstimo. Os CDBs, afinal, representam recibos de dívida bancária. Os bancos emitem esses papéis como uma forma de arrecadar dinheiro e financiar suas atividades. Oferecem, em troca, uma taxa de juros determinada aos investidores interessados em “emprestar” o seu dinheiro.
Claro, essa é uma explicação simplificada do CDB. Na prática, alguns fatores exigem mais atenção:
- Rentabilidade;
- Valor mínimo;
- Liquidez;
- Custos;
- Imposto de Renda.
Cada um desses elementos influencia diretamente o funcionamento do Certificado de Depósito Bancário. Por isso, para entender melhor esse investimento, é essencial conhecer esses detalhes. Mas não se preocupe! A seguir, explico cada um deles de forma clara para que não reste nenhuma dúvida.
Rentabilidade
Assim como os bancos definem taxas de empréstimos com base na análise de crédito e no risco de inadimplência, o mesmo ocorre com os CDBs.
De modo geral, além do prazo e do valor, a rentabilidade varia conforme a solidez da instituição emissora: bancos menores e menos consolidados tendem a oferecer taxas mais atrativas, mas também apresentam maior risco de crédito — ou seja, maior chance de inadimplência.
Isso, porém, é apenas parte do assunto. Também é essencial entender os diferentes tipos de rentabilidade dos CDBs, que são classificados de acordo com esse critério. No total, existem três tipos:
CDBs prefixados
A taxa de juros é definida já na aplicação e permanece a mesma até o resgate, garantindo que o investidor saiba quanto receberá. Um CDB prefixado de 10% ao ano, por exemplo, paga exatamente esse valor no vencimento.
Por sua previsibilidade é uma escolha óbvia para investidores conservadores. Além disso, é particularmente favorável em cenários de queda de juros.
CDBs pós-fixados
Nos CDBs pós-fixados a rentabilidade é atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), indicador utilizado como referência para transferências interbancárias e que, por sua vez, segue de perto a taxa básica de juros do Brasil, a Selic.
Se esse indicador sobe, os juros pagos pelo CDB o acompanham. Por outro lado, se o desempenho cai, a rentabilidade do investimento também o faz. Um CDB com 120% do CDI paga, portanto, 120% do que esse indicador renderá no ano. A mesma lógica se aplica para um papel com 100% do CDI ou com 150% do CDI.
Alguns bancos podem oferecer CDBs pós-fixados com benefícios adicionais, como a rentabilidade progressiva. Nesse caso, a taxa de juros aumenta a depender da data do resgate. Exemplo: 100% do CDI no primeiro ano, 110% no segundo, 120% no terceiro. A ideia aqui é incentivar o investidor a manter seus recursos aplicados por mais tempo.
Oposto ao que acontece com os títulos prefixados, os CDBs pós-fixados são uma escolha vantajosa quando há expectativa de aumentos na taxa de juros.
CDBs híbridos
Os CDBs híbridos combinam características dos títulos prefixados e dos pós-fixados em um só investimento. Sua rentabilidade é formada em parte por uma taxa de juros fixa e por outra que acompanha algum índice de inflação, como o IPCA ou o IGP-M.
A ideia aqui é garantir o poder de compra do retorno, garantindo um lucro real — ou seja, acima da inflação. O rendimento aqui também é conhecido: corresponde a taxa prefixada.
Valor mínimo
Os CDBs exigem um investimento mínimo, que varia conforme o banco, prazo e risco do papel. Os valores vão de R$1,00 a mais de R$10.000,00, com grandes bancos geralmente partindo de R$500,00.
CDBs mais acessíveis tendem a oferecer rentabilidades menores, muitas vezes entre 70% e 80% do CDI, o que é considerado baixo.
Liquidez
Em economia, a liquidez é definida como a facilidade de converter um ativo financeiro em dinheiro sem perdas significativas no seu valor. Investimentos como imóveis, por exemplo, são considerados de baixa liquidez, pois podem demorar meses ou anos para serem vendidos. No caso dos CDBs, a liquidez varia de título para título.
No geral, existem CDBs com três tipos de liquidez:
- Liquidez diária: permite o resgate a qualquer momento, garantindo flexibilidade. É uma escolha popular para reservas de emergência;
- Com data de vencimento: o dinheiro só pode ser resgatado no prazo estipulado, geralmente oferecendo rentabilidades maiores;
- Com carência: há um período mínimo em que o resgate não é permitido. Após essa fase, o investidor pode retirar o valor antes do vencimento, mas pode haver penalizações ou perda de parte dos rendimentos.
Em resumo, quanto maior a liquidez, mais fácil e rápido é repassar um investimento e reaver o dinheiro aplicado. Investimentos de baixa liquidez, por sua vez, exigem mais tempo para serem repassados. Em caso de urgência, o investidor pode acabar tendo algum prejuízo, sendo levado a vender seu título no mercado secundário por um preço abaixo daquele pelo qual o comprou.
Custos
Corretoras e bancos não costumam cobrar nenhum tipo de taxa de administração ou custódia para a negociação desse tipo de título. Essa pode ser vista, inclusive, como uma boa vantagem dos CDBs frente a outros investimentos.
Imposto de Renda
Assim como a maioria dos títulos de renda fixa, os CDBs são tributados conforme a tabela regressiva do Imposto de Renda (IR). A alíquota varia entre 22,5% e 15%, dependendo do tempo em que o investimento é mantido. Quanto maior o prazo de resgate, menor a tributação.
A tabela regressiva do IR é a seguinte:
Tempo de manutenção | Alíquota do Imposto de Renda |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
Mais de 720 dias | 15% |
Além disso, os CDBs também estão sujeitos a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em caso de resgates realizados antes de 30 dias. A alíquota aqui também é progressiva, começando em 96% e reduzindo dia a dia, até chegar em zero ao fechar um mês, conforme visto abaixo:
Dias decorridos até o resgate | Alíquota de IOF | Dias decorridos até o resgate | Alíquota de IOF | Dias decorridos até o resgate | Alíquota de IOF |
1 | 96% | 11 | 63% | 21 | 30% |
2 | 93% | 12 | 60% | 22 | 26% |
3 | 90% | 13 | 56% | 23 | 23% |
4 | 86% | 14 | 53% | 24 | 20% |
5 | 83% | 15 | 50% | 25 | 16% |
6 | 80% | 16 | 46% | 26 | 13% |
7 | 76% | 17 | 43% | 27 | 10% |
8 | 73% | 18 | 40% | 28 | 6% |
9 | 70% | 19 | 36% | 29 | 3% |
10 | 66% | 20 | 33% | 30 | 0% |
Importante: ambos os impostos, o IR e o IOF, são retidos na fonte e só incidem sobre os rendimentos. Isso significa que o dinheiro investido na compra do CDB não sofre descontos, já o retorno já vem com as deduções devidas. O que cai na sua conta é o retorno líquido.
Quais são as vantagens e desvantagens do CDB?
Previsibilidade, segurança e liquidez estão entre as vantagens dos CDBs. Quanto aos pontos negativos deste título, temos o risco de crédito e o de mercado.
Para facilitar, explico separadamente abaixo todos os pontos fortes e fracos desse tipo de papel, para que você possa decidir se esse é ou não um bom ativo para a sua carteira.
Vantagens do CDB
Entre os principais motivos pelos quais você deve considerar investir em CDBs estão:
- Praticidade: você não terá problemas para encontrar esses títulos. Basicamente todos os bancos oferecem esse tipo de investimento. Além disso, corretoras costumam intermediar uma grande variedade de opções;
- Previsibilidade: CDBs são títulos de renda fixa. Ou seja, se comportam de modo previsível, de acordo com as regras de rentabilidade especificadas, o que dá maior segurança para o investidor organizar seu planejamento financeiro;
- Segurança: os CDBs estão entre os ativos que contam com cobertura do
Fundo Garantidor de Créditos (FGC);
- Liquidez diária: muitos CDBs costumam oferecer liquidez diária, permitindo que o investidor resgate o seu dinheiro sempre que quiser ou precisar. Isso, importante ressaltar, não vale para todos os tipos de Certificados de Depósito Bancário;
- Ausência de taxas: diferentemente de outros tipos de investimentos, a negociação de CDBs não costuma envolver nenhum tipo de custo, como taxas administrativas, de corretagem ou custódia;
- Rentabilidade: os CDBs são uma alternativa interessante à poupança, já que oferecem rentabilidade superior, com risco semelhante.
Desvantagens do CDB
Analisada a lista de vantagens, é momento de girar a moeda, e ver também as desvantagens dos CDBs. Entre elas, vale destacar:
- Tributação: os CDBs são tributados pelo Imposto de Renda, o que reduz a rentabilidade, especialmente em prazos mais curtos. Isso pode ser um fator decisivo, já que existem investimentos de renda fixa isentos de impostos;
- Valor mínimo: muitos CDBs exigem um investimento inicial relativamente alto, o que pode limitar o acesso. Para comparação, há títulos públicos disponíveis por menos de R$ 30,00;
- Risco de mercado: a rentabilidade dos CDBs pode ser impactada por oscilações na taxa de juros. Isso afeta principalmente os pós-fixados, mas também os prefixados, caso sejam resgatados antes do vencimento;
- Falta de liquidez: alguns CDBs possuem prazos de carência ou só permitem resgate no vencimento, dificultando o acesso ao dinheiro em caso de emergência. Já os CDBs com liquidez diária costumam ter retornos menores;
- Risco de crédito: O CDB é um empréstimo ao banco emissor. Se a instituição tiver dificuldades financeiras, há risco de inadimplência. O FGC garante até R$250.000 por CPF e instituição, mas o investidor precisa solicitar a cobertura.
Uma vez dispostas as vantagens e as desvantagens desse tipo de investimento, já imagino que você deva estar se perguntando:
CDB vale a pena?
Para investidores que buscam aumentar a exposição do patrimônio à renda fixa, os CDBs tendem a valer a pena. No entanto, a análise do investimento depende também de outros fatores, como necessidade de liquidez, tributação e prazos.
Quando se trata de investimento, responder esse tipo de pergunta é sempre mais complicado do que parece. Isso porque, nenhuma aplicação financeira é perfeita para todos os investidores, e o CDB não é exceção.
Isso posto, o principal ponto positivo do CDB é a variedade de opções em rentabilidade, liquidez e retorno. Isso torna provável que algum desses títulos se encaixe na sua carteira. Não à toa, é o segundo investimento mais popular do Brasil, atrás apenas da poupança.
Para investidores conservadores, CDBs com liquidez diária de grandes bancos oferecem segurança e rentabilidade superiores à Poupança. Já quem busca proteção contra a inflação pode considerar CDBs híbridos.
Investidores experientes ou com maior capital disponível podem encontrar oportunidades mais rentáveis em títulos de instituições menores ou com prazos mais longos.
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E, então: conseguiu entender o que são e como funcionam os CDBs? Se sim, não esqueça que este é apenas um entre os tantos tipos de produtos de investimento disponíveis no mercado. Conhecer cada um desses investimentos é a melhor forma de impulsionar os rendimentos e de criar uma carteira equilibrada.
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Comentários
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