CFA: prova, importância e como se inscrever para a certificação

Chartered Financial Analyst: já topou com esse termo por aí? Ele se refere a uma das certificações financeiras de maior prestígio do mercado, oferecida pelo CFA Institute. O exame significa, em português, Analista Financeiro Certificado e abre portas valiosas não somente no Brasil, mas no mundo todo — surpreso com essa informação? Nesse artigo você vai entender o porquê.

Se a análise, o planejamento e a gestão dos recursos financeiros de terceiros são seus objetivos para o futuro profissional, então, compreender a importância e os detalhes dessa prova certamente vão te ajudar a traçar um caminho mais claro até o topo. Eu, é claro, vou te ajudar nisso: siga comigo para saber tudo sobre a CFA.

O que é a prova do CFA?

Sigla para Chartered Financial Analyst, a CFA existe para habilitar analistas financeiros e de investimento a nível internacional. Oferecida pelo estadunidense CFA Institute, é a certificação de maior reconhecimento jurídico e regulatório do mercado de finanças.

Tudo isso significa que seus aprovados — chamados de charterholders quando registrados ao CFA — têm autorização para oferecer serviços de consultoria ou trabalhar em instituições financeiras em qualquer país.

Qual a importância da certificação CFA?

Por ser um exame longo e de um alto grau de dificuldade, a prova do CFA é importante justamente por atestar que o profissional certificado detém conhecimento avançado em finanças. De encontro aos padrões internacionais, outra grande vantagem é que a aprovação possibilita o acesso a cargos bem exclusivos e de remunerações mais atrativas.

E por falar em nível global, a CFA tem relevância jurídica e regulatória no exterior. Essa é, inclusive, a razão pela qual seus aprovados estão oficialmente autorizados a trabalhar no mercado financeiro em qualquer parte do mundo. 

Por fim, e não menos importante, temos o fator credibilidade — tão estimado neste setor. Novamente, o caminho até a aprovação é longo. Consequentemente, só a aprovação em si já simboliza a experiência e a bagagem de estudos necessária para chegar até ali.

Qual a diferença entre CFA e CGA?

Embora ambas CFA e CGA sejam bastante cobiçadas, há a diferença fundamental que a certificação da Anbima é válida somente dentro do Brasil, enquanto a do CFA Institute tem reconhecimento internacional.

Outra discrepância diz respeito à forma como os profissionais certificados atuam: a CGA habilita gestores. Na prática, isso significa que os aprovados podem gerir fundos de investimentos, atuando na escolha dos seus ativos. Um CFA, por sua vez, tem uma atuação mais ampla no papel de analista, como veremos mais adiante.

Interessante mencionar ainda um dos pré-requisitos para prestar a CGA, que é já possuir a CGE Anbima ou a CFA. Isto é, se você está em dúvida entre qual escolher, saiba, então, que os caminhos abertos pelas duas são bem diferentes e que, considerando a dinâmica da Anbima, pode até ser melhor que você possua as duas. 

Como é a prova do CFA?

A prova do CFA é composta por três exames: níveis I, II e III. Cada nível é como um complemento ao anterior, o que torna o exame gradualmente mais complexo.

Dado o seu grau de dificuldade, não há um limite de tempo estabelecido para completar o exame total, uma vez que seus resultados não têm data de validade. Desde 2021, o candidato pode realizar cada nível duas vezes ao ano, no máximo. No total, seis tentativas podem ser feitas para cada nível.

Importante destacar que: ao iniciar uma prova e não completá-la, a tentativa será registrada mesmo assim, bem como os resultados obtidos. Caso você não realize uma sessão agendada do exame, a tentativa não é registrada.

Quanto custa a prova do CFA?

Primeiramente, há uma taxa única de inscrição para o programa CFA que custa US$350. Após, é preciso pagar um valor adicional para cada exame, cujos valores são:

• Taxa de matrícula antecipada: US$900;
• Taxa normal de matrícula: US$1.200.

Estes são os valores praticados em 2023. Em 2024, por sua vez, teremos:

• Taxa de matrícula antecipada: US$940;
• Taxa normal de matrícula: US$1.250.

Considerando, portanto, a taxa única e as adicionais, o candidato deverá gastar entre US$3.050 e US$4.100 para realizar o exame, dependendo de quando realizar sua inscrição, e considerando que vá passar de primeira em cada nível.

Importante lembrar que: o pagamento das provas do CFA Institute deve ser feito em dólares, e a entidade aceita cartões de bandeira MasterCard, Visa, entre outros.

Quando ocorrem as provas do CFA?

As datas exatas para realização dos exames do CFA dependem do nível escolhido e do ano. Ou seja, essas informações podem variar com o passar do tempo.

Para os anos 2023 e 2024, os meses das provas são esses aqui:

Note que essa é a agenda para realizar as provas. Afinal, as inscrições são abertas com bastante antecedência — mais ou menos 8 meses antes do dia do exame. Tome por exemplo a primeira prova de nível I de 2024: sua realização deve acontecer em fevereiro, mas suas inscrições iniciaram ainda em maio de 2023.

Recomendo que você atente para a diferença de preço entre as matrículas realizadas com antecedência e as demais. Inclusive, o agendamento e possíveis alterações têm prazo final também. Logo, vale a pena ficar de olho no calendário de provas do CFA Institute.

Onde é realizada a prova do CFA?

No Brasil, a prova do CFA é realizada nas seguintes cidades:

• Belo Horizonte;
• Brasília;
• Curitiba;
• Recife;
• Rio de Janeiro;
• São Paulo.

Se você não está em solo brasileiro, não se preocupe: várias grandes cidades ao redor do mundo estão autorizadas a aplicar o exame. A lista de locais da prova CFA pode ser encontrada no site do instituto.

A prova do CFA é em português?

Não! A prova do CFA Institute é 100% em inglês. Ou seja, tanto as questões, quanto as respostas discursivas que você deverá prover na sua etapa final deverão estar nesse idioma, mesmo para os candidatos que irão prestá-la no Brasil — ou em qualquer outro país. Os materiais de estudo também estarão em inglês.

Isso acontece pois o instituto segue padrões internacionais para esta certificação. Desse modo, aplicar a prova na mesma língua em todas as nações torna a aplicação dos critérios de avaliação mais justa.

A minha recomendação aqui é que, mais do que se dedicar ao aprendizado geral do idioma, você ainda invista em um curso voltado especificamente para o mercado financeiro. Como o vocabulário deste nicho é bastante específico, é indispensável que você se familiarize com ele: afinal, tenha certeza de que todos os termos possíveis aparecerão na prova.

Além disso, lembre-se que mais do que interpretar diferentes cenários, propostos nos enunciados das questões, você também terá que escrever suas respostas em determinado ponto. Por essa razão, saber raciocinar em inglês é imprescindível.

O que cai na prova do CFA?

Cada nível do exame do CFA tem tópicos específicos e dinâmicas distintas. Por isso, vale a análise de cada um deles separadamente:

CFA Level I

Esta prova é composta por 180 questões de múltipla escolha, divididas em duas sessões de 2h15. O candidato pode optar por um intervalo entre as duas, se preferir. 

O conteúdo de cada sessão é o seguinte:

• 1ª sessão: éticas e padrões profissionais, métodos quantitativos, economia e análises financeiras;
• 2ª sessão: empresas emissoras de títulos financeiros, equity (participação societária), renda fixa, derivativos, portfolio management e investimentos alternativos (aqueles que fogem às tradicionais ações, por exemplo, como imóveis e commodities).

Como a estrutura do módulo sofre alterações ocasionais em prol de uma prova mais assertiva para os candidatos, você pode conferir as informações sobre o nível I da CFA no site do instituto.

CFA Level II

O nível II é composto por 22 conjuntos de cenários fictícios para intepretação, acompanhados de 88 questões de múltipla escolha. No total, o exame dura 4h24, dividido em duas sessões de 2h12, também com intervalo opcional.

O conteúdo das sessões é este: 

• Ética e padrões profissionais;
• Métodos quantitativos;
• Economia;
• Análise Financeira;
• Empresas emissora;
• Equity;
• Renda fixa;
• Derivativos;
• Investimentos alternativos;
• Portfolio e wealth management.

Para se prevenir contra qualquer atualização que o instituto pode operar em sua estrutura, certifique-se de dar uma olhada na página de informações do nível II da CFA.

CFA Level III

No total, o nível III é composto por 11 questões de múltipla escolha relacionadas a um cenário fictício e 11 questões discursivas. Todas elas estão divididas em duas sessões de 2h12, onde cada sessão pode apresentar, por exemplo, 5 perguntas de múltipla escolha e 6 discursivas, ou vice-versa. 

Alguns dos conteúdos mais importantes dessa fase final do exame são:

• Análise de performance;
• Gestão de investimentos;
• Alocação de ativos;
• Finanças comportamentais;
• Gestão de portfólio;
• Ética;
• Economia;
• Métodos quantitativos.

Na página de informações sobre o nível III da CFA, você encontra algumas dicas rápidas sobre o exame e também exemplos de questões. Vale, é claro, conferir a estrutura da prova, que pode mudar anualmente.

É difícil passar no CFA?

Sendo realista, a CFA é difícil, sim. Por se tratar de um exame especialmente desenvolvido para atender aos padrões internacionais e para que seja de prestígio em diferentes nações, é natural que o seu grau de complexidade seja bem alto.

Para você ter noção, dá uma olhada nessa tabela que compila o índice de aprovação nos três níveis da prova dos últimos dez anos:

De acordo com o CFA Institute, em 2020, 12.806 candidatos passaram no nível I do exame, dentre um total de 26.212 pessoas. No que tange ao nível II, 18.136 se candidataram, enquanto 10.025 avançaram para a etapa seguinte. Por fim, temos o nível III: 6.290 aprovados dentre 11.330 candidatos.

Hoje, ainda segundo o instituto, mais de 167.000 pessoas ao redor do mundo são charterholders. Como você pode ver, não são números altos, especialmente quando se trata da proporção de aprovados. A própria entidade, aliás, recomenda que, para cada nível do exame, o candidato dedique 300 horas de estudo. Essa quantia é baseada no tempo dedicado pelos profissionais que obtiveram sucesso ao tentar a certificação.

Também é importante lembrar que cada nível é uma versão mais complexa de seu antecessor e que as próprias questões têm um grau de dificuldade bastante específico, já que são bem interpretativas e exigem que o candidato mostre, através da escrita, seus conhecimentos sobre o mercado financeiro.

Essa descrição, no entanto, não é para assustar você: lembre que é natural que uma certificação de tamanho status não seja fácil. Além disso, conseguir um selo tão concorrido mundialmente e que ainda não conta com tantos profissionais assim é uma oportunidade de ouro para você empreender uma escalada inimaginável na sua carreira.

Outra boa notícia que eu te trago é a seguinte: o CFA Institute disponibiliza vários materiais e simulados para você utilizar durante a sua jornada de estudos. Basicamente, o candidato que se inscreve no programa recebe um suporte bastante completo, desenvolvido em prol do seu sucesso. 

Como se inscrever para a prova CFA?

As inscrições para a prova podem ser feitas no site do CFA Institute. Para se candidatar ao exame, basta criar uma conta na página e solicitar a sua matrícula.

Contudo, é claro que o processo para obter uma certificação tão prestigiosa quanto essa não seria simples e isento de requisitos. Concorda?

Quais os requisitos para a certificação CFA?

Para se candidatar à prova da CFA, é preciso realizar a matrícula no nível I da certificação (os demais níveis necessitam de inscrições extras futuramente). Para isso, os requisitos são:

• Atender a pelo menos um desses critérios:
  • Diploma de bacharel ou equivalente (caso você não tenha certeza sobre essa equivalência, consulte a sua universidade); OU
  • Estar no último ano da graduação. Aqui, note que você precisará estar formado até o momento da realização do nível II da prova; OU
  • Ter experiência profissional comprovada de 4 anos e/ou uma combinação de experiência profissional e educação superior que também some 4 anos. Para isso, é preciso fornecer comprovações, como diplomas e contratos. Estágios e cargos em empresas familiares são válidos também, desde que configurem funções profissionais pelas quais você foi devidamente pago;
• Ter um passaporte válido;
• Estar preparado para realizar as provas em inglês;
• Completar o formulário Professional Conduct Statement CFA para comprovar sua elegibilidade no exame;
• Ser nacional de um país autorizado para realizar a prova — o Brasil é um deles, não se preocupe. De qualquer forma, você pode conferir a lista de países não-autorizados pelo CFA em seu site;
• Se tornar membro do CFA Institute.

Note que, para ser considerado um charterholder, além de passar no exame CFA e cumprir esses requisitos listados, você pode ter que submeter cartas de referência profissional. 

Também é importante lembrar que, caso algum código ético seja violado, a associação ao CFA e o direito de usar a certificação podem ser revogados.

Quais as vantagens da certificação CFA?

Até aqui, tenho certeza que você notou que a certificação do CFA Institute não é fácil e nem barata. Ao mesmo tempo, o seu grau de dificuldade é totalmente justificável quando observamos o imenso salto que a sua carreira pode dar se você passar nos seus três níveis. Olha só:

• Reconhecimento internacional: independente de ter planos de sair do Brasil ou não, a certificação traz para o seu currículo um valor extremo, já que o exame é desenvolvido unicamente para atender padrões internacionais;

• Possibilidade de trabalhar no exterior: nem todas as certificações obtidas no Brasil têm reconhecimento internacional. Logo, se a carreira mundo afora é uma de suas ambições, se esforçar para obter este selo que te abrirá portas valiosas é, com certeza, o melhor caminho;

• Maior destaque em relação aos outros profissionais: seu grau de complexidade não serve apenas para te qualificar para vagas fora do Brasil, mas também para atestar que você detém um conhecimento profundo sobre o mercado financeiro. Por essa razão, quem passa na CFA é o profissional que, futuramente, será disputado pelas melhores empresas do mercado financeiro.

Vale a pena tirar a certificação CFA?

Apesar de esse tipo de decisão profissional depender unicamente dos seus objetivos, é possível afirmar que a certificação CFA vale muito a pena.

As vantagens que vêm junto com o selo são várias e poderosas. Além das já mencionadas, temos a credibilidade, o possível networking que você poderá fazer com outros profissionais da comunidade global e os grandes avanços que terá na carreira.

Entretanto, como eu já disse, é preciso que você avalie cada detalhe dessa decisão: seus planos para o futuro e a dedicação necessária para o exame, por exemplo. Não se esqueça de que há muitos degraus até que consigamos chegar no topo de uma escadaria. Em termos mais práticos, além de buscar a aprovação nos três níveis da CFA, outras certificações, faculdades e experiências profissionais terão que fazer parte dessa trajetória também.

Quanto ganha um profissional com CFA?

O salário de um profissional com CFA pode variar de acordo com o país, a instituição para a qual trabalha e o nível hierárquico da função que exerce. O nível de experiência deste candidato, é claro, também é levado em consideração.

Para você visualizar melhor seus ganhos, eis aqui algumas estimativas para o Brasil, os Estados Unidos e o Reino Unido:

• Brasil: o salário pode ultrapassar os R$15.000,00 mensais;
• Estados Unidos: profissionais mais experientes podem receber mais de US$150.000,00 por ano;
• Reino Unido: a remuneração nas maiores empresas financeiras do mercado pode ser maior que £100.000,00 anuais.

Onde o profissional certificado pela CFA pode atuar?

Esta é mais uma das grandes vantagens do profissional certificado pela CFA é a grande gama de funções que este pode exercer, em instituições distintas. Ou seja, com o selo, é possível trabalhar em bancos, corretoras e fintechs, por exemplo. Já no que se refere à localização geográfica, os países que mais dão oportunidades para os aprovados da CFA são os Estados Unidos, o Canadá, a Índia e a China. 

Quer ter uma visão ainda mais clara do que o futuro pode reservar para um charterholder? Aqui, estão algumas das funções possíveis: 

• Pesquisa de mercado: as casas de research estão em alta e certificação CFA habilita o profissional a atuar em pesquisas sobre o mercado financeiro, a fim de disponibilizar insights e análises sobre instituições, ativos e tendências de mercado;

• Consultoria financeira: seja para pessoas físicas ou jurídicas, dentro ou fora do Brasil, outra frente possível para o CFA é o oferecimento de orientação especializada aos seus clientes, analisando as suas finanças, gerenciando riscos e desenvolvendo estratégias de investimento, por exemplo;

• Análise financeira: bastante parecida com a consultoria, essa função tem o objetivo principal de realizar análises minuciosas de empresas, mercados e setores. A partir disso, também desenvolvem estratégias de investimento pertinentes a cada cenário e a cada cliente;

• Gestão de portfólio: bastante popular atualmente, o CFA pode trabalhar tanto em bancos, quanto em financeiras e corretoras. Sua rotina nesse cargo consiste em administrar carteiras diversas de investimento, monitorando o seu desempenho e analisando o mercado a fim de tomar as decisões mais assertivas e rentáveis; 

• Wealth management: outra oportunidade de ouro para o CFA é a de trabalhar com a gestão de grandes fortunas. Cada vez mais indivíduos e famílias deste perfil buscam pelos serviços de um wealth manager, que não somente pode administrar seus investimentos, como também oferecer um atendimento mais amplo, tratando até de questões como aposentadoria e heranças;

• Gestão de risco: todas as modalidades de ativos têm seu risco próprio e o conhecimento profundo do CFA é a expertise ideal para mitigá-los. Assim, pode trabalhar no mapeamento destes, além de ter em sua rotina a antecipação de cenários e o desenvolvimento de estratégias para amenizar ou evitar seus impactos;

• Fintechs: a tecnologia já não é mais novidade no mercado financeiro. Cada vez mais surgem novas empresas cuja proposta principal é utilizar sistemas e softwares para revolucionar e simplificar este setor. O CFA, é claro, pode atuar de forma bem incisiva nessa missão, auxiliando estes novos negócios a apresentar as finanças de modos inovadores para a população.

Como passar na prova do CFA?

Uma coisa é certa: além das 300 horas de estudo recomendadas pelo CFA Institute, sua jornada ainda vai incluir uma grande dedicação generalizada para dominar o mercado financeiro e construir uma formação e bagagem profissional transformadoras. 

Por isso, além de te convidar para estudar com a gente no canal da TopInvest no YouTube, recomendo ainda que você atente agora mesmo para um detalhe bem importante da certificação: a língua inglesa. 

Já conhece a nossa Trilha de Sucesso? Nela, você não encontra somente cursos de desenvolvimento profissional como técnicas de vendas e economia, mas também inglês para finanças. Ou seja: aquela mãozinha que você está precisando para nunca mais precisar recorrer ao Google para entender um material sobre o mercado financeiro em outro idioma.