Você já ouviu falar da Poupança? Tenho certeza que sim, afinal esse é simplesmente o investimento mais querido e famoso do Brasil, segundo o Raio X do Investidor Brasileiro de 2023. Segundo a pesquisa quantitativa anual realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha, 82% dos brasileiros dizem conhecer Poupança.

Mas você sabia que a Caderneta já existia antes mesmo da proclamação da República do Brasil? Sabe dizer o que é o “aniversário da Poupança”? Ou que, ao contrário do que se acredita, este não é o investimento mais seguro que existe? Sabia ainda que ao deixar suas economias guardadas dessa forma, você pode acabar perdendo dinheiro?

Respondeu “não” para qualquer uma das perguntas acima? Fica tranquilo, explicarei tudo isso e muito mais ao longo deste artigo. Neste verdadeiro tutorial sobre a Poupança, explicarei em detalhes tudo o que você sempre quis saber sobre o assunto. Entre as perguntas que responderei estão:

  • O que significa Poupança?
  • Como funciona a Poupança?
  • Quais os tipos de Poupança?
  • Quanto rende a Poupança?
  • Tirar dinheiro da poupança perde juros?
  • Como a inflação afeta a Poupança?
  • Como investir na Poupança?
  • Quais as vantagens e desvantagens da Poupança?
  • Quais investimentos são mais rentáveis que a Poupança?

Pronto para aprender sobre a Poupança? Então, vamos nessa!

O que significa Poupança?

Segundo a definição encontrada em diferentes dicionários, o substantivo poupança — derivativo do verbo poupar —refere-se ao ato de economizar dinheiro ou gastar moderadamente. Assim, etimologicamente, o conceito abrange desde as economias guardadas debaixo do colchão ou em cofres de porquinho até valores reservados em instituições financeiras. 

No Brasil, porém, o ato de poupar e a Caderneta de Poupança (um produto bancário de baixíssimo risco — e o tema deste artigo) são frequentemente tratados como sinônimos.

Não é de se estranhar, já que a Caderneta de Poupança, ou simplesmente “Poupança”, é o investimento mais antigo do país ainda em funcionamento — para se ter uma ideia ela foi criada em 1861, durante o reinado de Dom Pedro II — e, desde então, segue o mais querido entre os brasileiros.

Para manter cada coisa no seu quadrado, vale ainda aqui distinguir a Caderneta de Poupança e a conta poupança, que embora intrinsecamente conectados, não são a mesma coisa. A  diferença aqui é simples: a Caderneta de Poupança é o investimento em si, a conta poupança é a conta bancária por onde essa aplicação é acessada.

Valendo-me aqui da definição do próprio Banco Central, a conta poupança é “uma conta destinada a estimular a economia popular, permitindo a aplicação de pequenos valores que geram rendimentos mensais”. Em essência, trata-se de uma conta bancária com um propósito claro: poupar. Um verdadeiro cofrinho — mas com uma pequena bonificação extra.

Como funciona a Poupança?

O funcionamento da Poupança é bastante simples. Trata-se, em resumo, de um tipo de conta bancária com rentabilidade mensal

Para aplicar dinheiro desta forma, não há nenhuma burocracia. Tudo o que precisa ser feito é transferir os recursos que se pretende poupar da conta corrente para a conta poupança — e fazer o procedimento inverso, caso o investidor queira reaver o capital guardado.

 Muitos bancos já disponibilizam automaticamente uma conta poupança ao abrir uma conta corrente. Caso isso não aconteça, qualquer pessoa física ou jurídica pode solicitar a abertura apresentando os documentos necessários. O processo é rápido e fácil — até menores de idade podem ter uma conta em seu nome, desde que representados por um responsável legal.

Fácil, não é mesmo? Essa praticidade, inclusive, é o que faz com que muitos brasileiros ainda mantenham seus recursos aplicados na Caderneta. 

Essa explicação, no entanto, é uma introdução geral ao conceito. Para uma análise mais aprofundada — principalmente quando se pretende comparar a Poupança com outros tipos de investimento — é importante colocar uma lupa sobre a Caderneta de Poupança. Esmiuçar suas singularidades.

Entre os principais fatores que merecem atenção ao estudar o funcionamento da Poupança estão:

Taxas e custos

A Caderneta de Poupança é um investimento completamente livre de custos. Os bancos estão proibidos de cobrar tarifas para abertura e manutenção da conta, assim como taxas de administração ou performance.

Além disso, para pessoas físicas, a Poupança é isenta de tributação. Isso significa que os rendimentos não sofrem desconto de Imposto de Renda (IR) nem de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Para pessoas jurídicas, entretanto, a história é diferente. A alíquota de IR é de 22,5%, o que geralmente torna esse investimento pouco atrativo para as empresas.

Atenção: A isenção de IR para pessoas físicas não significa que os valores não precisam ser declarados. É obrigatório informar os rendimentos na declaração anual, mesmo sem incidência de imposto.

Liquidez

A Caderneta de Poupança possui liquidez imediata, o que a torna o investimento com a maior liquidez entre todos. 

Na prática, isso significa que o investidor pode acessar o dinheiro a qualquer momento, em qualquer dia da semana e horário. Basta transferir o valor da conta poupança para a conta corrente, e pronto: o dinheiro estará disponível para uso imediato. Essa simplicidade é especialmente útil em situações de emergência financeira, como o pagamento de uma despesa inesperada ou aproveitamento de uma oportunidade pontual.

Esse é um dos principais atrativos da poupança, já que muitos outros investimentos possuem prazos de vencimento ou resgate específicos. Por exemplo, em um Certificado de Depósito Bancário (CDB) com prazo de 90 dias, o investidor precisa aguardar o vencimento para acessar o dinheiro sem penalidades. Já no Tesouro Direto, o resgate antecipado pode estar sujeito à marcação a mercado, o que pode impactar o valor recebido. 

Aniversário da poupança

A Poupança é um investimento flexível, que permite ao investidor retirar seu dinheiro sempre que desejar. Contudo, é preciso prestar atenção a um detalhe importante: o “aniversário da poupança“, que corresponde à data mensal em que os rendimentos são creditados, com base no valor aplicado.

Devido a essa singularidade, os juros só são pagos se o dinheiro permanecer investido por 30 dias completos a partir do depósito. Por exemplo, se o depósito for feito no dia 10 de janeiro, os juros só serão pagos no dia 10 de fevereiro. Caso o resgate aconteça antes dessa data, o investidor perde toda a rentabilidade do período.

Para a Poupança de pessoas jurídicas, o rendimento é calculado por trimestre, a partir do aniversário da conta.

Atenção: Contas abertas nos dias 29, 30 e 31 têm o aniversário considerado no dia 1º do mês seguinte.

Garantias

A Caderneta de Poupança está entre os investimentos garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma entidade privada que protege os correntistas e investidores em caso de falência ou intervenção do banco. 

O FGC assegura o reembolso de até R$250.000 por CPF ou CNPJ e por instituição financeira. Ou seja, se o investidor tiver, além da poupança, outros investimentos protegidos, como CDBs, no mesmo banco, esse valor é válido para o total de aplicações.

Além disso, há um limite geral de R$1 milhão para o pagamento de garantias a cada período de quatro anos.

Destino dos recursos aplicados

Além de incentivar o hábito de economizar, a caderneta de poupança desempenha uma função social crucial: o financiamento habitacional. Isso ocorre porque boa parte dos recursos aplicados na poupança deve ser direcionada pelos bancos para operações de crédito imobiliário, garantindo o acesso da população à moradia. 

De acordo com a Resolução N.º 3.932 do Banco Central, que regula o uso dos recursos captados por meio de depósitos de poupança, as instituições integrantes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), linha de crédito utilizada para financiar o setor imobiliário, devem aplicar os valores da seguinte forma:

  • I.65%, no mínimo, em operações de financiamento imobiliário, sendo:
    • a) 80% (oitenta por cento), no mínimo, do percentual acima em operações de financiamento habitacional no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH); 
    • b) o restante em operações de financiamento imobiliário contratadas a taxas de mercado;
  • II. 20% em encaixe obrigatório no Banco Central do Brasil
  • III. Os recursos remanescentes em disponibilidades financeiras e em outras operações admitidas nos termos da legislação e da regulamentação em vigor.

Para se ter uma ideia da importância dessa legislação, atualmente, 1 em cada 3 imóveis no país são financiados pelo SBPE. Embora significativo, esse número já chegou a ser muito maior, representando 70% dos financiamentos imobiliários no Brasil.

A relação da Caderneta de Poupança com o crédito habitacional tornou-se ainda mais evidente recentemente, quando em outubro de 2024, a Caixa  Econômica Federal, principal agente de financiamento de imóveis no país, anunciou mudanças nas regras para a concessão de crédito, incluindo:

  • Redução das cotas financiáveis:
    • Pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), o limite caiu de 80% para 70% do valor do imóvel.
    • Pelo sistema Price, o limite foi reduzido de 70% para 50%.
  • Limitação do valor do imóvel financiável:
    • Apenas imóveis com valor de avaliação ou de compra e venda de até R$ 1,5 milhão podem ser financiados com recursos do SBPE.
  • Impedimento de múltiplos financiamentos ativos:
    • O cliente não pode ter outro financiamento habitacional ativo com a Caixa.

O motivo? Seja por preferência por outros tipos de investimento ou por outros motivos, o valor mantido pelos brasileiros na poupança reduz ano após ano. Para ter uma ideia, de 2021 para cá, esse valor encolheu R$205 bilhões. Com isso, o saldo do SBPE recuou em 6,5%.

Com a escassez de recursos mais baratos, a Caixa e outras instituições financeiras precisaram buscar alternativas para continuar atendendo à demanda habitacional, como o aumento da captação via instrumentos do mercado de capitais, incluindo LCIs e CRIs, e a diversificação das fontes de financiamento.

Quais os tipos de Poupança?

As opções de Caderneta de Poupança disponíveis no Brasil podem ser divididas principalmente em relação ao público-alvo e à finalidade. Em termos de funcionamento, todas seguem as mesmas regras de rendimento, liquidez e segurança. Os tipos mais comuns são:

  • Poupança pessoa física: destinada a indivíduos, é a modalidade mais comum de Caderneta. Corresponde a uma conta bancária com rendimentos, livre de custos e tributos;
  • Poupança pessoa jurídica: com funcionamento igual ao anterior, mas voltada para empresas. Diferentemente da Poupança pessoa física, é tributada pelo IR;
  • Poupança programada: distinta das outras modalidades, onde o investidor envia manualmente os recursos da conta corrente para a Poupança. Aqui, os recursos são transferidos de forma prática, no prazo, valor e data especificados pelo titular;
  • Poupança conjunta: ideal para casais ou familiares com objetivos em comum, é uma conta mantida com aportes de mais de um titular. O único cuidado aqui é com o limite do FGC, que vale para a conta e não por pessoa;
  • Poupança social digital: conta da Caixa Econômica Federal onde são pagos os auxílios para beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família;
  • Poupança para menores: importante para pais que desejam garantir o futuro de seus filhos ou educá-los financeiramente, essa modalidade pode ser aberta em nome de menores, sempre com a assistência de responsáveis legais.

Além da distinção por finalidade, a Caderneta de Poupança também pode ser categorizada entre Velha Poupança e Nova Poupança, de acordo com as mudanças na regra de rentabilidade que passaram a valer em 2012.

Mas que regras são essas? Relaxa, é sobre isso que falarei na sequência.

Quanto rende a Poupança?

Muito se fala que a rentabilidade da Caderneta de Poupança é baixa. Mas qual é exatamente esse valor?
Desde 2012, a remuneração da Poupança segue uma regra unificada, válida para todas as instituições bancárias. Isso significa que, independentemente de onde o investimento esteja, os rendimentos serão os mesmos. Essa rentabilidade varia conforme dois indicadores econômicos: a Taxa Selic e a Taxa Referencial (TR)

O funcionamento se dá como detalhado a seguir:

  • Selic acima de 8,5% ao ano: o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês mais a variação da TR;
  • Selic igual ou abaixo de 8,5% ao ano: o rendimento equivale a 70% da Selic anual mais a variação da TR.

Para entender isso melhor, é importante saber o que são esses indicadores:

  • Taxa Selic: definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias, é a taxa básica de juros da economia, que influencia os financiamentos e os investimentos;
  • Taxa Referencial (TR): criada em 1991 para corrigir rendimentos da caderneta de poupança, é calculada atualmente com base nas taxas de juros das Letras do Tesouro Nacional.

Agora, vamos calcular a rentabilidade na prática:
Considerando os valores atuais (janeiro de 2025), com a Selic em 12,25% ao ano e a TR mensal em 0,17%, a poupança segue a regra para Selic acima de 8,5%. Assim:

  • Rendimento anual: 0,5% ao mês + TR (0,17% ao mês) = 6,17% ao ano.

Para um investimento de R$ 1.000, por exemplo, o cálculo seria:

  • R$ 1.000 6,17% = R$61,70 ao ano.

Isso significa que se você investisse hoje R$1.000,00 na Poupança, ao final de 12 meses, seu saldo seria de R$1.061,70 — sem novos depósitos ou retiradas.

Importante: essa base de cálculo aplica-se à Poupança Nova, ou seja, depósitos feitos após 3 de maio de 2012, quando as regras foram alteradas.

Depósitos realizados antes desta data mantêm as condições originais de rendimento da Poupança Velha, que são:

  • Rendimento fixo de 0,5% ao mês: todo mês, os valores depositados rendem 0,5%;
  • Adicional de 0,05% ao mês: válido caso a Selic esteja acima de 8,5% ao ano.

Tirar dinheiro da Poupança perde juros?

Sim, isso pode acontecer. Depende da data em que o dinheiro é retirado: se antes ou depois do chamado “aniversário da poupança”.

O “aniversário da poupança”, para refrescar a memória, é a data mensal em que o depósito foi realizado. Por exemplo, se o depósito foi feito no dia 4 de julho, o aniversário será no dia 4 de cada mês. A rentabilidade da Poupança é creditada apenas nesta data.

Isso acontece porque, diferentemente de outras aplicações de renda fixa, como o CDB, onde o investidor consegue acompanhar o crescimento de sua aplicação todos os dias, na  poupança é necessário esperar até o aniversário mensal para que o rendimento seja creditado.

Isso significa que, se você retirar o dinheiro antes do aniversário, perderá a rentabilidade acumulada desde o último crédito. Mesmo que o dinheiro “renda” todos os dias, o valor só é efetivamente contabilizado no aniversário.

Como a inflação afeta a Poupança?

A inflação pode ser entendida como a perda do poder de compra do dinheiro devido ao aumento generalizado e contínuo dos preços. Isso afeta todos os tipos de investimento, mas é sentido com mais peso na Poupança, justamente porque a rentabilidade da Caderneta é bastante baixa.

Ao planejar os retornos de um investimento, é essencial que o investidor tenha o cuidado de descontar a inflação. Isso porque, como o dinheiro perde valor ao longo do tempo, somente os valores que superarem a inflação durante o período em que um título é carregado aumentam de fato o patrimônio.

Usando os termos técnicos do mercado, é preciso sempre considerar a rentabilidade real (retorno após descontar a inflação) e não a rentabilidade nominal, que é o valor bruto do rendimento.

Para entender melhor o impacto da inflação nos investimentos, observe a diferença entre a rentabilidade nominal e a real da Poupança nos últimos 10 anos (2015 – 2024):

AnoRentabilidade NominalInflaçãoRentabilidade Real
20247,03%4,83%2,2%
20238,03%4,62%3,41%
20227,89%5,79%2,10%
20212,94%10,06%-6,37%
20202,11%4,52%-2,41%
20194,26%4,31%-0,05%
20184,62%3,75%0,84%
20176,61%2,95%3,55%
20168,30%6,29%1,89%
20158,15%10,67%-2,28%

 Como é possível perceber, muitas vezes a rentabilidade da Poupança fica próxima a zero, ou pior: abaixo da inflação. Quando isso acontece é dito que o investimento teve rentabilidade real negativa.

Isso significa que, mesmo vendo o saldo crescer em termos nominais, o investidor está, na prática, perdendo dinheiro, já que o poder de compra diminuiu mais do que o valor acumulado.

Para compreender na prática o quanto a inflação impacta nos rendimentos da Poupança, permita-me voltar ao exemplo que utilizamos anteriormente, mas agora descontando uma inflação de 4,96%, que corresponde a previsão do mercado financeiro para o indicador em 2025.

Para isso, é preciso aplicar a fórmula da Rentabilidade Real:

  • Rentabilidade Real =(1 + Rentabilidade Nominal)(1 + Inflação) – 1

Aplicando isso ao exemplo:

  • Rentabilidade nominal = 6,17% (ou 0,0617)
  • Inflação = 4,96% (ou 0,0496)

Agora, vamos calcular:

  • Rentabilidade Real =(1 + 0,0617)(1 + 0,0496) – 1
  • Rentabilidade Real =1,06171,0496 -1 =0,0115 ou 1,15%
  • Rentabilidade Real = 1.000 x 0,115 = R$11,50

Então, aquele lucro de R$61,70 sobre um aporte hipotético de R$1.000,00 na Poupança, com uma rentabilidade nominal de 6,17%, encolheria para apenas R$11,50 depois de descontar a inflação.  Um ganho bem modesto, não é mesmo?

Como investir na Poupança?

Certamente a praticidade é um dos principais fatores pelos quais os investidores mantêm parte de seu patrimônio na Poupança. Afinal, enquanto muita gente ainda desconhece outros tipos de investimento ou acredita que são “muito complicados”, a Caderneta oferece um lugar prático e seguro para deixar o dinheiro rendendo. 

Isso não é à toa, afinal, investir na poupança é realmente muito simples. Olha só, esse passo a passo:

  1. Escolha de um banco: o primeiro passo é escolher um banco ou instituição financeira para abrir a sua conta. Vale lembrar que a rentabilidade da Poupança é a mesma em qualquer banco, então essa escolha não afeta o rendimento;
  2. Solicitação da abertura de conta poupança: para abrir uma conta Poupança, basta solicitar a abertura no banco escolhido. Este processo pode ser feito presencialmente ou até online, dependendo da instituição;
  3. Preenchimento da ficha-proposta: após a solicitação, o investidor precisa preencher a ficha-proposta de abertura de conta, que formaliza o contrato entre ele e o banco;
  4. Documentação necessária: além da assinatura da ficha-proposta, é preciso apresentar alguns documentos para a abertura da conta. Normalmente:
  • Carteira de identidade (ou equivalente);
  • CPF;
  • Comprovante de residência;
  • Comprovante de renda (quando solicitado, dependendo do banco).
  1. Depósito inicial: depois de abrir a conta, basta realizar um depósito inicial. A vantagem aqui é que, diferentemente de outros investimentos, não há limite mínimo para esse valor;
  2. Transferência de depósitos da conta corrente para a conta poupança: caso já tenha uma conta corrente, o investidor pode transferir uma parte do seu saldo para a conta Poupança sempre que desejar. Isso pode ser feito por:
    1.  Transferências bancárias (TED ou DOC) ou;
    2.  Por serviços de transferência dentro do próprio banco, seja presencialmente ou via internet banking.
  3. Acompanhamento do rendimento: agora é só acompanhar o rendimento. Vale lembrar que a rentabilidade da Poupança é creditada mensalmente, sempre no “aniversário” do depósito (o dia do mês em que o depósito foi feito);
  4. Retirada de fundos: é possível retirar o dinheiro de sua Poupança a qualquer momento. Para isso, é só transferir o valor desejado da conta poupança para a corrente. O dinheiro cai na hora.

Vale lembrar que se o dinheiro for retirado antes do “aniversário da Poupança”, o investidor perde o rendimento dos últimos 30 dias.

Fácil demais, não é verdade?

Quais as vantagens e desvantagens da Poupança?

O que faz da Poupança um investimento tão popular? E, por outro lado, porque é interessante migrar seus recursos da Caderneta para outros tipos de investimento?

A resposta para essas perguntas antagônicas pode estar em suas vantagens e desvantagens. Entre as mais notáveis estão:

  • Vantagens da poupança:
    • Praticidade: é simples de abrir e administrar, geralmente integrada à conta corrente, sem necessidade de grande conhecimento financeiro;
    • Acessibilidade: não exige valor mínimo para aplicação, tornando-se viável para qualquer perfil de investidor;
    • Livre de custos: não há incidência de taxas de administração ou impostos sobre os rendimentos, como o Imposto de Renda;
    • Alta liquidez: permite resgates a qualquer momento, garantindo acesso imediato ao dinheiro;
    • Garantia: é protegida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$250 mil por CPF e instituição, oferecendo segurança ao investidor.
  • Desvantagens da Poupança:
    • Rentabilidade baixa: oferece um dos rendimentos mais baixos entre todos os tipos de investimento, mesmo entre aqueles de risco similar;
    • Perda do rendimento: só rende na data de aniversário, o que significa que saques antes dessa data podem resultar em ausência de ganhos naquele período.
    • Risco de perda de patrimônio: em cenários de alta inflação, a baixa rentabilidade da poupança pode resultar em perdas financeiras.

Uma vez listadas as principais vantagens e desvantagens da Poupança, certamente a pergunta que fica é:

Vale a pena investir na poupança?

Depende. Manter suas economias na Poupança é, sem dúvida, melhor do que deixá-las guardadas debaixo do colchão ou na conta corrente. Afinal, mesmo que o rendimento da Caderneta seja baixo — muitas vezes abaixo da inflação — é sempre preferível que o dinheiro cresça, mesmo que modestamente.

Inegavelmente, a Poupança é um investimento seguro, acessível e muito fácil de usar. Características que a tornam uma boa opção inicial para quem está começando a se educar financeiramente ou organizar suas finanças, especialmente para quem ainda não tem grande familiaridade com o mercado de investimentos. Além disso, devido a sua liquidez imediata, a Poupança também pode servir como reserva de emergência.

No entanto, é importante ter em mente que, apesar de sua praticidade, a Poupança é um dos investimentos menos vantajosos disponíveis. Por isso, com o tempo, é recomendável que o investidor comece a explorar outras alternativas. 

À medida que ganhar mais conhecimento e confiança, ele pode transferir seu dinheiro da Caderneta de Poupança para investimentos que ofereçam um maior potencial de retorno, e o melhor: sem ter que aumentar necessariamente os seus riscos.

Não sabe que opções são essas? Sossega, é sobre isso que falarei a seguir.

Quais investimentos são mais rentáveis que a Poupança?

Com exceção do FGTS, raras são as aplicações que rendem menos que a Poupança. O diferencial, contudo, está no risco envolvido. 

Quem tem alguma experiência no mercado financeiro sabe que um dos princípios mais conhecidos é  o de que o retorno potencial e a segurança tendem a caminhar em direções opostas. Isto é: quanto maior a chance de lucro, mais alto o risco.

Seguindo essa lógica, é fácil entender porque a Poupança é um investimento seguro, embora de baixo rendimento. Contudo, essa regra também tem suas exceções. Na renda fixa, por exemplo, há títulos tão seguros quanto a Caderneta, mas com rentabilidades significativamente superiores. Entre eles estão:

Títulos públicos

Os títulos públicos, ou títulos do Tesouro Direto, são títulos de dívida emitidos pelo governo federal para financiar despesas públicas. Considerados os investimentos mais seguros do mercado, têm o risco minimizado pelo fato de serem garantidos pelo próprio governo

Além disso, oferecem rentabilidade superior à poupança, mesmo com a incidência de impostos, pois estão atrelados a indicadores econômicos como a Selic ou o IPCA, garantindo maior proteção contra a inflação.

Os títulos públicos são divididos de acordo com o tipo de rentabilidade e prazos. Os mais comuns são:

  • Tesouro Selic: pós-fixado, acompanha a variação da taxa Selic, ideal para reserva de emergência.
  • Tesouro IPCA: híbrido, combina a inflação (IPCA) com uma taxa fixa, protegendo o poder de compra.
  • Tesouro Prefixado: rendimento fixo acordado no momento da compra, garantindo previsibilidade de retorno;
  • Tesouro RendA+: focado na aposentadoria, oferece resgate em 240 parcelas mensais corrigidas pela inflação, garantindo renda constante por 20 anos.

Com exceção do Tesouro RendA+, que serve como uma aposentadoria complementar, todos os títulos possuem liquidez diária Ou seja, tal qual o dinheiro mantido na Poupança, também podem ser acessados a qualquer momento.

CDBs

Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são títulos de dívida privada emitidos por bancos para captar recursos que serão usados para oferecer crédito a outros clientes, como empréstimos e financiamentos. Ao investir em um CDB, você está, na prática, emprestando dinheiro ao banco, que remunera esse “empréstimo” com juros. 

Assim como a Caderneta de Poupança, esses fundos também são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o que os torna uma opção segura. 

Se no quesito segurança o CDB se assemelha à Poupança, na rentabilidade a diferença é substancialmente maior. Apesar de ser tributado pelo IR e pelo IOF — em resgates nos primeiros 30 dias —, o potencial de lucro desse tipo de título é muito maior, já que seu retorno está vinculado à taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), usada como referência para empréstimos entre bancos e que acompanha de perto a taxa Selic.

Os CDBs podem ser classificados de acordo com sua rentabilidade:

  • CDB pós-fixado: Oferece rentabilidade atrelada ao CDI, ideal para quem busca ganhos alinhados com as taxas de mercado.
  • CDB prefixado: Tem retorno fixo definido no momento da aplicação, proporcionando previsibilidade de ganhos.
  • CDB híbrido: Combina a variação da inflação (IPCA) com uma taxa fixa, protegendo o poder de compra ao longo do tempo.

Alguns CDBs oferecem liquidez diária, permitindo resgates a qualquer momento, enquanto outros exigem que o dinheiro permaneça investido até o vencimento para garantir a rentabilidade acordada.

LCI e LCA

Semelhantes aos CDBs, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) também são títulos de dívida privada emitidos por bancos, assegurados pelo FGC. A grande diferença, contudo, está na destinação dos recursos. Como os próprios nomes sugerem, o capital arrecadado pelas instituições financeiras com a emissão de LCIs e LCAs é  destinado, respectivamente, para financiamentos do setor imobiliário e do agronegócio.

Para o investidor, contudo, a grande vantagem é que, por financiarem setores considerados estratégicos, esses títulos são isentos de Imposto de Renda (IR). 

Sua rentabilidade também costuma superar a poupança, especialmente em prazos mais longos, e costuma ser atrelada ao CDI, garantindo ganhos alinhados ao mercado.

As LCIs e LCAs podem ser classificadas de acordo com a rentabilidade:

  • Pós-fixadas: rendimentos atrelados ao CDI, variando conforme a taxa de juros.
  • Prefixadas: rentabilidade fixa, definida no momento da aplicação, ideal para quem busca previsibilidade.
  • Híbridas: combinam a variação da inflação (IPCA) com uma taxa fixa, protegendo o poder de compra.

É importante notar que LCIs e LCAs geralmente não possuem liquidez diária, exigindo que o investidor mantenha o dinheiro aplicado até o vencimento para aproveitar os rendimentos isentos de impostos.

Fundos de renda fixa

Os fundos de renda fixa são uma das melhores opções para quem deseja migrar da poupança para a renda fixa, mas não sabe muito bem por onde começar. Isso porque todo o trabalho de escolha e gestão dos ativos é realizado por um gestor profissional. É como ter um especialista do mercado financeiro cuidando do seu dinheiro, enquanto você aproveita os rendimentos distribuídos proporcionalmente, com base na quantidade de cotas adquiridas.

Além disso, para investidores iniciantes, os fundos oferecem a vantagem de participar de uma carteira diversificada, reduzindo os riscos e permitindo o acesso a investimentos que seriam difíceis de alcançar individualmente, como títulos públicos, CDBs e papéis corporativos.

Os principais tipos de fundos de renda fixa incluem:

  • Fundos referenciados: buscam acompanhar a rentabilidade de índices de referência, como o CDI ou a Selic;
  • Fundos de curto prazo: investem em ativos de baixo risco e vencimento em até dois anos, sendo ideais para objetivos de curto prazo;
  • Fundos de renda fixa simples: focados em títulos públicos ou privados de baixo risco, são indicados para quem busca segurança e simplicidade;
  • Fundos de crédito privado: aplicam em títulos de empresas, como debêntures e CRIs, com maior potencial de retorno, mas também maior risco.

Apesar das vantagens, a principal desvantagem desses fundos são os custos. Taxas de administração e, em alguns casos, de performance, podem reduzir os rendimentos, especialmente em cenários de baixa taxa de juros. Por isso, é essencial avaliar se o retorno esperado compensa os custos antes de investir.

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Me conta: teve todas suas dúvidas sobre a Poupança respondidas? Ficou curioso sobre qualquer um dos outros termos ou títulos citados ao longo deste artigo? Então, não deixe de dar uma passada no arquivo aqui do blog, ou em nosso canal no Youtube! Se o assunto é mercado financeiro ou investimentos, certamente a TopInvest tem as respostas que você está buscando.

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