Não sei qual é o momento em que você está lendo esse artigo. Nossos principais assuntos sempre giram em torno das certificações financeiras. Mas, ele está sendo gravado em um dos momentos mais difíceis para o mundo e nosso país.
O ápice do coronavírus. É por isso que vou falar um pouco mais com você sobre o congelamento de preços e a curva de demanda que está dando o que falar.
Como assim, Kléber?
A OAB recomendou ao Governo Federal o congelamento dos preços de produtos para a prevenção do COVID – 19.
Claro que a galera lá da OAB está pensando no bem e melhor para todos. Contudo, estão também falando de um absurdo econômico. Calma que eu te explico!
Advogado tem que advogar e quem cuida de preço não é ele não! Olha só o que eles divulgaram:
“Para evitar o aumento abusivo dos preços, a seccional cearense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) recomenda ao Governo Federal que congele os preços do álcool em gel, vitaminas, máscaras e luvas […]”
Mais uma vez: ok, eles estão perdoados em pensar no bem de todos. Só que eles estão falando de algo que não compreendem e não possuem conhecimento de bens de economia. Falo que é um absurdo, pois isso pode sim nos colocar em um completo caos.
Para você entender pense comigo:
Todo mundo aprende, principalmente na faculdade de Economia, que se existe uma coisa que manda na economia é a Lei da Oferta e da Demanda. Basicamente, quando for maior a demanda, maior será a oferta para que possamos encontrar um preço de mercado no equilíbrio.
Se liga no gráfico desta lei:
Mas, o que aconteceu nesse momento?
A demanda por álcool em gel, máscaras e luvas aumentou muito, só que a oferta continuou bem abaixo. Até porque, ninguém consegue fabricar estes materiais do dia para a noite.
E com o desespero da pandemia as pessoas correram comprar alguns produtos de higiene básicos, e muitas até fazem estoques em casa.
E o que acontece, é que se a demanda subiu muito e a oferta continua igual, é óbvio que o preço tende a aumentar. Visto que, é um movimento natural, e sim, é ruim pagarmos mais caro por algo, mas faz parte da economia.
O preço alto acaba incentivando outras empresas, que jamais pensaram em fabricar álcool em gel, a começar a fabricar. Aí o que acontece é que a demanda vai continuar alta, porém, a oferta vai crescer muito e assim conseguiremos encontrar outro preço de equilíbrio.
O mercado se ajusta
Afirmo isso, pois o aumentando os preços, ocorrerá o ajuste da oferta. As empresas irão se mobilizar para produzir mais, visto que poderão ganhar mais dinheiro. E os produtos não faltarão e chegarão nos pontos de distribuição.
Como consequência sobre a mudança de preço, a demanda também será ajustada à nova realidade.
Isso acontece conforme os efeitos ocorrem:
- Com o valor em alta, o consumo será moderado, evitando desperdícios;
- A demanda por outros produtos substitutos mais baratos serão consumidos;
- Exemplo: substituir álcool em gel por sabonete, sabão líquido, dentre outros.
- A demanda pelo álcool em gel irá diminuir;
- Demanda diminuindo ocasiona um novo ajuste de preços a encontrar um novo equilíbrio entre a oferta e a demanda.
Se ocorresse o congelamento de preços, o que acontece?
Sabe quem fez congelamento de preços recentemente? A Venezuela, e nada deu certo.
Com os preços tabelados não existirá um incentivo econômico para o aumento da produção dos produtos demandados.
Os preços fixos não incentivam o uso consciente dos produtos, ou estimulam a busca por outras alternativas mais baratas.
Sem uma produção = ESCASSEZ.
A alta demanda pelos produtos = FILAS e MAIS FILAS.
Com a escassez, há mais alta demanda, o que acaba ocasionando?
- Mercado Negro: população comprando um produto num valor muito alto em comparação ao tabelado;
- Dando margem para os aproveitadores da situação, criando a corrupção num mercado que não existia.
Isso não terá nenhum benefício à sociedade, porque criará:
- Demanda não atendida por produtos de grande importância no contexto atual;
- Oferta reduzida sem estímulos econômicos;
- Corrupção e mercado negro que prejudicaram a sociedade como um todo.
Coisas boas acontecendo
E com isso temos como exemplo a cervejaria Ambev que irá fabricar álcool em gel a partir da produção de cerveja. O que eles irão fazer é pegar as suas cervejas sem álcool e produzir 5 mil unidades de álcool em gel, e distribuirão gratuitamente em hospitais do Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.
É isso que eu quero dizer, é o que podemos fazer para ajudar o próximo! E jamais congelar preços!
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