Quem se interessa pelo mercado financeiro ou acompanha o noticiário econômico certamente já ouviu falar em termos como curva de juros, ou talvez, na abertura ou fechamento da curva de juros. Isso não é mero acaso. 

A curva dos juros é um dos gráficos mais importantes que podem ser utilizados para tomar decisões ao investir, principalmente quando se trata de ativos de renda fixa. Além disso, em um olhar mais amplo, essa ferramenta também pode dar indícios valiosos quanto à saúde econômica de um país para os próximos anos.

Já deu para entender que esse é daqueles assuntos que não dá para “pular” ou entender apenas “por cima”, não é mesmo? Por isso, caso não saiba do que estou falando ou ainda tenha dúvidas sobre o tema, esse artigo é para você. Ao longo dele, te explicarei de forma descomplicada tudo o que é preciso saber para entender a curva de juros e seus impactos, incluindo:

  • O que é curva de juros?
  • Como funciona a curva de juros?
  • Quais os principais tipos de curva de juros?
  • O que influencia o comportamento da curva de juros?
  • Qual a relação da curva de juros e a Selic?
  • Qual a importância da curva de juros?
  • Como a curva de juros impacta os investimentos?
  • Como a curva de juros nos EUA impacta investimentos no Brasil?
  • Onde consultar dados da curva de juros?
  • Como fazer uma curva de juros?

Vem comigo!

O que é curva de juros?

A curva de juros, também conhecida como curva a termo e yield curve, é um gráfico utilizado para representar as expectativas acerca da taxa de juros para títulos de renda fixa ao longo do tempo. Dito de outra forma, demonstra a projeção de valor médio das taxas de juros futuras. 

No Brasil, a curva de juros é projetada de acordo com as previsões do mercado acerca da trajetória da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Essas previsões, por sua vez, são calculadas com base nos contratos futuros de DI (Depósito Interfinanceiro).

 Os DIs, para quem não conhece, refletem as taxas de juros cobradas entre bancos entre si nas operações com Certificados de Depósito Interbancário (CDIs). Os contratos futuros, por sua vez, representam um compromisso de compra ou venda de um ativo numa determinada data adiante, por um preço previamente acertado. A curva a termo é elaborada, portanto, a partir das remunerações fixadas para essa classe de papel em diferentes datas.

A análise da curva de juros ajuda investidores a identificar as taxas de rentabilidade esperadas para com um determinado ativo em distintos momentos de resgate, facilitando a tomada de decisões e o planejamento financeiro. Além disso, esse gráfico também pode fornecer importantes sinais sobre a saúde econômica do país, especialmente ao se observar comportamentos atípicos, como uma curva fortemente inclinada ou uma curva invertida.

Como funciona a curva de juros?

A curva de juros funciona como uma representação gráfica das expectativas sobre a taxa de juros de títulos públicos e privados com diferentes prazos de vencimento.

Na prática, o eixo vertical do gráfico mostra as taxas de juros esperadas, enquanto o eixo horizontal representa os prazos de resgate. Ao cruzar esses dois dados, pode-se determinar a rentabilidade média esperada de um título em determinado período no futuro, conforme o exemplo abaixo:

As diferentes taxas dispostas no gráfico correspondem a uma proxy, isto é, a uma estimativa aproximada de como a taxa básica de juros deve se comportar ao longo do tempo.  Essas estimativas são baseadas nos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI), usados pelo mercado para antecipar as variações da taxa Selic.

Para facilitar o entendimento, imagine que você possua um contrato futuro de juros com resgate para 5 anos, e uma taxa prefixada de 12%. Isso não significa que a taxa Selic estará em 12% na data em que esse título for resgatado — até porque ela é ajustada a cada 45 dias, de acordo com as decisões do Comitê de Políticas Monetárias (Copom). Na verdade, essa taxa de 12% representa a média estimada da taxa básica de juros durante esses 5 anos.

Em geral, quanto mais distante for o prazo de vencimento de um título, maior tende a ser sua taxa de retorno. Isso ocorre porque prever as variações da Selic para prazos longos é mais difícil, então o mercado compensa essa incerteza com uma taxa maior. Isso, porém, não é uma regra. As previsões para a taxa de juros no longo prazo podem ser reduzidas em resposta às condições de mercado. 

Logo, é possível que, em algumas situações específicas, a curva de juros seja plana (quando as taxas de retorno são semelhantes para diferentes prazos) ou invertida (quando as taxas de longo prazo são menores que as de curto prazo).

A curva de juros também influencia na precificação dos ativos. Movimentos de abertura (aumento da inclinação), por exemplo, podem resultar em remunerações mais atrativas, mas também provocam uma consequência adversa: queda nos preços dos títulos. Assim, os investidores que compraram títulos de renda fixa antes da abertura veem seus investimentos desvalorizados, uma vez que os novos papéis oferecem prêmios maiores.

Atenção: o gráfico ilustrado acima é apenas para fins didáticos e não representa a taxa Selic real ou o retorno de qualquer contrato futuro de DI. Ele serve para mostrar como interpretar os eixos da curva de juros.

Quais os principais tipos de curva de juros?

A depender de seu formato e da inclinação da linha, a curva de juros pode ser classificada em quatro categorias:

  • Curva normal;
  • Curva fortemente inclinada;
  • Curva flat (plana);
  • Curva invertida.

Saber identificar e entender cada um desses formatos é essencial para que o investidor tome decisões bem fundamentadas e escolha os títulos mais alinhados com seu planejamento financeiro. Além disso, as inclinações da  curva também servem como um indicativo do sentimento do mercado em relação à saúde econômica do país nos próximos anos.

A seguir, vou detalhar cada um dos tipos de curvas de juros e o que seus formatos representam.

Curva normal

A curva normal é representada por uma linha suavemente côncava curvada para cima. Considerado, como o nome sugere, o movimento natural do mercado em condições econômicas normais, esse gráfico demonstra uma situação onde as taxas de juros são mais baixas no curto prazo e mais altas no longo prazo, conforme exemplo abaixo:

Esse movimento ascendente e gradual é geralmente interpretado como um sinal de crescimento econômico saudável, onde os agentes econômicos estejam controlados, existe uma maior demanda por crédito e investimento, sem grande pressão inflacionária. 

Em resumo, é esperado que o crescimento econômico e eventuais interferências do governo para aumentar os juros sejam capazes de aliviar as tendências de inflação.  

Curva fortemente inclinada

A curva fortemente inclinada ocorre quando a linha do gráfico sobe ou desce de forma abrupta. Esse movimento representa um cenário onde há uma diferença marcante entre as taxas de juros de curto e longo prazo, assim como demonstrado abaixo:

Indicador de incerteza do mercado e um cenário de alta volatilidade, esse tipo de curva pode ser originado de dois cenários: 

  • Crescimento econômico muito acelerado, exigindo aumento das taxas de juros para controlar a inflação;
  • Dificuldade do governo em financiar seu déficit de longo prazo.

Curva flat (plana)

Como é possível deduzir, a curva flat — ou curva plana — é representada por uma linha reta ou sem inclinação significativa. Esse tipo de formato ocorre quando as diferenças entre as taxas de juros de títulos com diferentes prazos de resgate são mínimas ou mesmo inexistentes. Em outras palavras, o retorno esperado para títulos de curto e longo prazo é praticamente o mesmo, como ilustrado abaixo:

Esse movimento pode refletir a incerteza do mercado em relação ao futuro econômico. Também pode sinalizar uma desaceleração da economia ou uma expectativa de políticas monetárias mais restritivas por parte do Banco Central. Para os investidores, essa curva pode representar um cenário de baixa volatilidade e maior precaução quanto aos títulos com vencimento mais longo.

Curva invertida

Oposto da curva normal, a curva de juros invertida é sinalizada por uma linha em sentido descendente. Representa, portanto, uma situação onde as taxas de juros para títulos de longo prazo passa a ser mais baixa do que  as de papéis de curto prazo, assim como demonstrado no gráfico:

Bastante incomum, esse tipo de curva de juros é interpretada como um sinal de alerta. Pode indicar uma anomalia de mercado ou a possibilidade de um período de recessão econômica.

Atenção: é importante pontuar que todos os gráficos utilizados neste tópico e ao longo deste artigo são apenas para fins didáticos, utilizados para melhor entender os formatos das curvas de juros e as inclinações de linha. Os exemplos imagéticos acima são meramente ilustrativos e não representam necessariamente a taxa Selic ou a rentabilidade de nenhum contrato futuro de juros.  

O que influencia o comportamento da curva de juros?

O comportamento da curva de juros pode ser influenciado por uma série de fatores macroeconômicos, sendo os três mais significativos:

  • Inflação;
  • Crescimento econômico;
  • Taxa básica de juros (Selic).

Em um cenário de normalidade, é esperado que a curva a termo apresente uma inclinação crescente e ascendente (curva normal), onde o risco de crédito de títulos de maior duração é compensado por rentabilidades mais atrativas. Isso, entretanto, depende da combinação dos fatores citados acima, os quais podem colaborar para que esse cenário se concretize ou provocar mudanças no formato da curva.

Para que você possa entender precisamente como isso funciona, explico a seguir como cada um desses fatores é capaz de afetar os movimentos da curva de juros.

Inflação

A pressão inflacionária tende a levar à inclinação ascendente da taxa de juros ao longo de toda a curva, principalmente, nos títulos de prazo mais longo. Isso acontece porque os investidores demandam uma compensação maior pelo risco de desvalorização do dinheiro no futuro. Assim, quanto maior a expectativa de inflação, mais inclinada será a linha.

Em um cenário de crescimento sustentável, a pressão inflacionária é compensada por ajustes do governo e pelo controle dos agentes de mercado, sem que a curva sofra movimentos bruscos.

Crescimento econômico

Em momentos de crescimento econômico saudável, com pressão inflacionária controlada e demanda por crédito e investimentos, a tendência é que haja uma curva de juros normal. Ou seja, com crescimento escalonado e previsível nas taxas de juros, conforme o passar do tempo.

Uma economia superaquecida, por sua vez, pode resultar em curvas fortemente inclinadas para cima, resultando em aumento do crédito, da demanda, da inflação e, consequentemente, da taxa de juros.

Em caso de desaceleração econômica, por outro lado, a taxa de juro cai, o que pode levar a uma curva de juros plana — onde não há muita diferença entre as taxas pagas para títulos de curto e longo prazo. Se a situação persistir por muito tempo e o país entrar em recessão, o formato da curva passa a ser invertido. Isto é, a taxa de juros de papeis com vencimento mais longos se torna menor que os curtos.

Taxa de juros (Selic)

Principal fator a impactar o formato da curva de juros, a taxa básica de juros — a Selic, no Brasil —, é o valor seguido como referência para os contratos futuros de DI, ativo utilizado como base para este tipo de gráfico.

O funcionamento aqui é bastante simples: quando existe tendência de aumento da taxa de Selic, a linha da curva a termo de títulos de curto prazo ganha inclinação ascendente; se pelo contrário, a expectativa é de que a Selic seja reduzida, a linha entra em movimento de declínio, já que a taxa de juros para esses papeis também diminui.

O que significa abrir a curva de juros?

Abrir a curva de juros significa simplesmente que a taxa dos títulos futuros de DI está sendo ajustada para cima. No gráfico, isso é representado com a inclinação ascendente da linha, onde é possível observar um aumento acentuado das taxas de juros de longo prazo quando em comparação com as de curto prazo.

Isso acontece quando o mercado observa uma tendência de alta na taxa Selic. Essa tendência é embasada em uma expectativa de aquecimento da economia e, em um possível, pressão inflacionária, o que, consequentemente, também leva a necessidade do Copom de elevar a taxa básica de juros para frear o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo — principal indicador da inflação no Brasil).

Fechar a curva de juros, por sua vez, significa exatamente o oposto. O valor das taxas de contratos futuros diminui, devido a expectativas de desaceleração econômica. Nesse cenário, o Copom tende a reduzir a taxa Selic para aumentar o consumo e facilitar o crédito. 

No gráfico, o fechamento da curva é representado por um movimento de inclinação descendente da curva, demonstrando uma redução da diferença existente entre as taxas de juros de títulos de curto e de longo prazo.

Qual a relação da curva de juros e a Selic?

A relação da curva de juros com a taxa Selic é de condicionamento. Isto significa que as mudanças no gráfico são resultado direto das tendências de variação da taxa básica de juros. Em outras palavras, a curva de juros responde às tendências de alta ou queda da Selic.

Sempre que há expectativa de aumento na Selic, as taxas de títulos de curto prazo sobem, resultando na abertura da curva. Por outro lado, se a tendência for de queda na taxa básica de juros, as taxas de curto prazo recuam e a curva fecha.

Quando há expectativa de alta da Selic, a curva de juros se inclina de forma ascendente. Se o crescimento econômico estiver saudável e sob controle, essa inclinação será gradual, resultando em uma “curva normal”, onde as taxas de juros aumentam de forma moderada ao longo do tempo. Isso ocorre quando o risco de inflação é gerido por meio de ajustes na taxa Selic e por um controle eficiente dos agentes econômicos.

Se a economia crescer de forma acelerada e descontrolada, a curva pode se inclinar de maneira abrupta, criando uma “curva fortemente inclinada“. Nesse cenário, a inflação tende a aumentar, e o mercado exige taxas mais altas para compensar a perda do poder de compra.

Já quando o mercado acredita que o Banco Central (Bacen) reduzirá a Selic, as taxas de curto prazo caem e a curva de juros começa a se inclinar para baixo. Se a taxa básica de juros permanecer baixa por um longo período, pode surgir uma “curva plana“, onde a diferença entre as taxas de títulos de curto e longo prazo se torna mínima ou inexistente.

Em casos extremos, pode ocorrer uma “curva invertida”, na qual os títulos de longo prazo passam a pagar menos que os de curto prazo. Esse fenômeno geralmente indica que o mercado espera uma recessão econômica.

Qual a importância da curva de juros?

A importância da curva de juros pode ser observada desde mais de um ponto de vista. Afinal, esse gráfico serve de norte para as análises e decisões de diversos agentes econômicos, incluindo investidores, economistas e instituições financeiras.

Ferramenta multifacetada, além de servir de base para calcular o retorno de títulos de renda fixa com diferentes prazos de vencimento, a curva de juros também pode ser utilizada, de forma mais abrangente, para avaliações quanto ao futuro da economia de um país. 

Conheça abaixo alguns dos principais fatores que tornam a curva de juros relevante.

Indicador das expectativas econômicas

As inclinações da curva de juros refletem as expectativas do mercado sobre a economia. Uma curva normal ou inclinada representa a expectativa de crescimento econômico. Enquanto que uma curva plana ou invertida sugere desaceleração e mesmo recessão.

Definição de taxas de juros

A curva de juros é o principal parâmetro utilizado para estimar as taxas de juros oferecidas para títulos de renda fixa com diferentes horizontes temporais. Isso pode servir de critério para que investidores possam escolher os títulos que melhor se adequem aos seus planejamentos pessoais.

Avaliação de risco de crédito

A curva de juros pode ajudar a mensurar o risco de crédito. Uma inclinação abrupta da linha pode representar uma exigência de taxas mais altas por parte do mercado para compensar riscos de inflação ou incertezas econômicas.

Base para condições de crédito

Por fim, a curva de juros também serve de referência para os bancos na definição das taxas cobradas em financiamentos e empréstimos, influenciando as condições de crédito disponíveis no mercado.

Como a curva de juros impacta os investimentos?

A curva de juros é um dos principais fatores na rentabilidade dos investimentos de renda fixa. Ao fazer uma proxy do desempenho da Selic ao longo do tempo, esse gráfico representa e serve de parâmetro para as taxas de juros de títulos públicos e privados, demonstrando a rentabilidade esperada para papeis com diferentes prazos de resgate.

Para evidenciar a importância de entender e acompanhar os movimentos deste gráfico, vale destacar três impactos notáveis da curva de juros nos investimentos. São eles:

Prazo de retorno do investimento

O gráfico da curva de juros apresenta as projeções de retorno para investimentos em diferentes momentos ao longo do tempo. Logo, ajudam o investidor a ter uma ideia melhor de qual horizonte de tempo pode trazer o melhor benefício para si. 

Em condições normais, é esperado que esse gráfico demonstre um aumento progressivo da taxa de juros. Assim, quanto maior o prazo, mais alto o retorno esperado.

A lógica é que, quanto mais longo o vencimento, mais difícil é para o mercado ter assertividade ao projetar os movimentos da Selic. Essa incerteza é então compensada com um prêmio de risco mais elevado. 

Em suma, é possível dizer que as taxas de prazos mais curtos são definidas de acordo com as decisões da política monetária, e que as de longo prazo são determinadas pelo risco fiscal.

Alta e baixa das taxas de juros

O gráfico da curva de juros é formado pelo eixo de tempo na horizontal e pelo eixo de taxa de juros na vertical. Assim, mais que referência temporal, essa ferramenta também ajuda a ilustrar as projeções acerca da taxa de juros.

O funcionamento aqui também é fácil de compreender: basicamente, quando se observa uma inclinação na linha do gráfico é sinal de abertura na curva de juros. Isto é, de aumento das taxas de juros; por outro lado, quando essa linha é descendente existe o fechamento da curva, ou seja, a redução das taxas de juros.

Por mais que o cenário normal seja de um crescimento ponderado e constante, os diferentes tipos de inclinação (fortemente inclinada, plana, invertida) são sinais de mudanças na trajetória das taxas e podem revelar mudanças significativas nas percepções do mercado sobre as condições econômicas.

Perfil de investidor e objetivos do investimento

Por fim, a leitura da curva de juros também serve como orientador para a gestão da carteira, influenciando o investidor na alocação de ativos.

Uma curva ascendente pode levar investidores a priorizar títulos de longo prazo para aproveitar taxas mais longas. Se essa curva for fortemente inclinada, contudo, pode ser que o prêmio esteja acrescido para compensar algum risco.

Seguindo o mesmo raciocínio, uma curva plana ou invertida, naturalmente, levará os investidores a escolher ativos com prazos mais curtos. Afinal, nesse sentido, não faria sentido assumir o risco de manter títulos mais longos, mas com taxas de retornos menores.

Aqui, vale trazer alguns exemplos práticos de alocação. Quando a curva indicar um crescimento das taxas de juros com o passar do tempo, uma boa opção seriam os títulos pós-fixados. Se a curva for invertida, o mais coerente seriam os papéis prefixados. 

Na mesma linha, inclinações consistentes e consideráveis na curva de juros, podem fazer com que mais investidores sejam atraídos aos títulos de renda fixa, já que esses ativos, além de mais seguros, estão oferecendo bons retornos. 

Já se a linha baixar e permanecer plana por muito tempo, a rentabilidade baixa pode promover uma debandada em sentido contrário. Ou seja, os investidores, sempre respeitando seus perfis de risco, podem aumentar a parcela de renda variável para potencializar os retornos do portfólio.

Como a curva de juros nos EUA impacta investimentos no Brasil?

Pela estabilidade do mercado financeiro dos EUA, os títulos públicos norte-americanos são reconhecidos como os papéis mais seguros do mundo. Não por acaso, quando há sinais de riscos sistêmicos internacionais, muitos investidores, como prevenção, movem seus aportes para os Estados Unidos.

 Em contraponto, o retorno desses títulos costuma ser consideravelmente inferior aos ativos de renda fixa de países como o Brasil. Quando, contudo, a curva de juros norte-americana abre e demonstra sinais de forte inclinação, naturalmente, os títulos de lá passam a ser mais interessantes no ponto de vista de investidores de todo o globo. 

Desse modo, naturalmente, toda vez que o FED sugere aumento nos juros dos EUA é possível observar um efeito colateral negativo em todos os mercados emergentes.

Onde consultar dados da curva de juros?

Os dados da curva de juros podem ser fácil e livremente consultados em diferentes sites que realizam e divulgam esses cálculos periodicamente. Entre os mais conhecidos e confiáveis estão:

Como fazer uma curva de juros?

Resumidamente, tudo o que se precisa fazer para criar uma curva de juros é distribuir as taxas de juros de um determinado título no eixo vertical e suas diferentes datas de vencimento no eixo horizontal. Então é só traçar uma linha entre os pontos dispostos para verificar qual a inclinação e o tipo de curva. 

Contudo, para evitar equívocos ao criar uma imagem mental do resumo exposto acima, vale dividir essa tarefa didaticamente, em um passo a passo:

  1. Colete os dados

O primeiro passo é encontrar as taxas de juros atuais pagas para o título selecionado com diferentes prazos de vencimento. Por exemplo: 3 meses, 6 meses, 1 ano, 5 anos, 10 anos.

  1. Organize as informações

Para facilitar, organize as informações coletadas em um planilha de duas colunas: na primeira, disponha os prazos dos títulos (em meses ou anos); na segunda, as taxas de juros correspondentes para cada data. Por exemplo:

Data de vencimentoTaxa de juros
3 meses10,00%
6 meses10,25%
1 ano10,75%
5 anos11,25%
10 anos12%
  1. Crie o gráfico

Separe os prazos de vencimento como em uma linha do tempo, no eixo horizontal. No eixo vertical, disponha as taxas de juros partindo de baixo para cima.

Insira os dados em um gráfico de linhas (pode ser feito no Excel, Google Sheets ou outras ferramentas gráficas).

O gráfico resultante será a curva de juros.

  1. Interprete o formato da curva

A inclinação da curva , resultante do cruzamento dos eixos vertical e horizontal, pode dar origem a diferentes formatos de curva. Cada um deles, revela um cenário distinto, conforme abaixo:

  • Curva normal: a taxa de juros aumenta pouco a pouco, conforme o prazo de vencimento se estende, refletindo um crescimento saudável da economia;
  • Curva fortemente inclinada: as taxas de juros aumentam ou caem abruptamente, resultado de alguma anomalia de mercado, como um superaquecimento;
  • Curva Invertida (negativamente inclinada): a taxa de juros a curto prazo é maior do que a de longo prazo, o que pode indicar uma recessão;
  • Curva plana: pouca diferença entre as taxas de curto e longo prazo, geralmente indicando incerteza econômica.

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