A grande maioria dos educadores financeiros falam sobre este tipo de investimento como algo milagroso, mas é um investimento como qualquer outro. Por isso quero tratar um sobre as desvantagens do tesouro direto.
Já falei em outro artigo sobre as vantagens de se investir no Tesouro Direto como por exemplo segurança, acessibilidade, tributação, liquidez etc.
Mas o foco deste artigo é apresentar que em todo e qualquer investimento existem pontos positivos e negativos. Um ensinamento que sempre tento levar ao maior número de pessoas é que não existe um investimento melhor do que outro.
O que existe é um investimento mais adequado ao seu objetivo e, antes de escolher um investimento é necessário analisar os pontos positivos e negativos.
Com o Tesouro Direto não é diferente. Os títulos públicos disponíveis são incríveis para se planejar a aposentadoria (Tesouro IPCA +), fazer uma reserva de emergência (Tesouro SELIC) ou mesmo pagar o saldo do seu imóvel no final da obra (Tesouro Pré-Fixado). Mas cabe a você investidor adequar o investimento ao seu objetivo.
Então como no outro artigo falei sobre as vantagens do tesouro direto hoje vamos abordar o lado oposto. As desvantagens do tesouro direto.
1) Demora no Resgate
A primeira das desvantagens do Tesouro Direto é demora do resgate. Para investir no tesouro é necessário uma corretora de valores e por isso quando você precisar resgatar o investimento é necessário um pouco de paciência.
Mesmo que o tesouro tenha uma alta liquidez e o Tesouro SELIC não esteja sujeito a variações drásticas de mercado é necessário fazer a venda do título na corretora e depois transferir os recursos para sua conta corrente.
Se a ideia é de utilizar o Tesouro SELIC como reserva de emergência a minha dica é que você tenha um valor em caderneta de poupança para alguma “emergência urgente” que você precisar utilizar imediatamente terá disponível, e o valor maior no tesouro. Desta forma você não vai ficar na mão se demorar 24 horas para ter o dinheiro disponível em sua conta.
É importante lembrar que reserva de de emergência é para emergências, e não para utilizar sempre que faltar dinheiro na conta. Os investimentos em títulos públicos são tributados com IOF e tabela regressiva de imposto de renda. Para que o investimento seja atrativo é importante manter o investimento até o vencimento.
2) Volatilidade dos preços a Mercado
Os títulos do tesouro são incríveis porque é fácil prever o quanto você irá resgatar no vencimento. Muito cuidado, NO VENCIMENTO. Os títulos públicos somente vão garantir a rentabilidade acordada se você mantiver o investimento até o final, caso contrário estará sujeito as oscilações do mercado.
Os títulos públicos como veremos mais a frente, tem dois tipos de marcação. A marcação a mercado (valor pelo qual os títulos são negociados no dia a dia) e o preço na curva de juros (valor do seu título se você o mantiver até o vencimento).
Ao manter o investimento até o final o que importa é o preço na curva de juros, porém se você tiver que vender o seu investimento antes do prazo você receberá o valor de mercado.
O valor de mercado sofre oscilações fortes quando há uma alteração na taxa de juros, a taxa SELIC. Quem decide a taxa de juros é o COPOM e as reuniões acontecem a cada 45 dias, então cuidado para não ter surpresas.
3) O principal não cresce
Essa não é uma das desvantagens do tesouro direto propriamente dito mas sim em todos investimentos de renda fixa.
Quando alocamos nossos recursos em títulos de crédito (CDB, Poupança, LCI, Tesouro Direto) a remuneração se dá pelos juros. Se você investir R$ 100.000,00 seu principal será sempre os mesmos cem mil acrescidos dos juros.
Um efeito diferente acontece em investimentos de renda variável. Ao investir em um imóvel ou em ações de uma empresa você tem o fluxo de caixa através dos alugueis ou dividendos e também a valorização do principal.
Um apartamento de quarto e sala no Leblon (Rio de Janeiro – RJ) em 1994 custava aproximadamente R$ 100.000,00 e hoje vale mais de R$ 1.000.000,00 (isso mesmo, um milhão) e ao decorrer destes mais de 20 anos você recebeu os aluguéis. Já no investimento de renda fixa o principal continua valendo R$ 100.000,00.
4) Taxa da B3
Na hora de fazer qualquer investimento em tesouro direto é importante lembrar que uma taxa que deve ser paga e não há fuga. A taxa é de 0,30% sobre o valor investido que vai a B3 (antiga BVM&F Bovespa).
Este é o valor para cobrir os custos de negociação e custódia e é cobrada ao ano de forma proporcional todos os dias. Na hora de calcular a rentabilidade dos seus investimentos é importante colocar este valor dos seus cálculos.
5) Cuidado com os custos da Corretora
A última das desvantagens do tesouro direto são os custos que podem ser cobrados pela corretora de valores. Por isso ressalto mais uma vez a importância de você ler o artigo onde te ajudo a escolher a corretora de valores ideal para você. O motivo é muito simples, as taxas de investir no tesouro direto variam muito.
Uma dica importante na hora de escolher é sempre fugir das corretoras de bancos, estas são sempre as mais caras. Vale aquele velho ditado “o que vem fácil, vai fácil”.
Para você ter idéia as corretoras mais caras cobram 0,50% de corretagem sempre que você negocia um título do tesouro. Já as mais baratas como cito no artigo não cobram nada.
Pode parecer pouco, mas lembre-se que você pode deixar esse dinheiro investido por quase 30 anos e o efeito dos juros compostos são incríveis. Como dizia Einstein, essa é a maior invenção da humanidade.
O Tesouro Direto é sim um bom investimento de renda fixa. Mas os pontos acima merecem sua atenção na hora de investir.
Como comentei anteriormente o ensinamento mais importante é que um investimento não é melhor ou pior que outro e todos os investimentos de renda fixa ou renda variável possuem pontos positivos e pontos negativos.
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