O Fluxo de Caixa ou Fluxo de Pagamentos é uma ferramenta que possibilita o planejamento dos recursos financeiros de uma empresa. Em termos de gerenciamento, esse assunto é indispensável em qualquer processo de tomada de decisões financeiras.

Mas afinal, o que é fluxo de caixa?

“O Fluxo de Pagamentos (Fluxo de Caixa) é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de um empresa em determinado intervalo de tempo”.

Assaf Neto e Silva

A importância do Fluxo de Caixa

O Fluxo de Caixa é indispensável para uma melhor orientação do rumo financeiro de um negócio. Através dele é possível diagnosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa.

Desta forma, ele pode determinar as medidas remediadoras que devem ser tomadas. Para se manter em operação, as empresas devem liquidar corretamente seus compromissos e para isso é necessário possuir saldo em caixa nos momentos de vencimento.

A falta de dinheiro no caixa pode determinar corte nos créditos, suspensão de entregas de materiais e mercadorias. Logo, a falta de Fluxo de Caixa é o maior motivo de quebra de empresas.

Portanto, a administração do mesmo permite um planejamento sólido para a empresa, trazendo uma melhor capacidade de pagamento de suas obrigações.

Nesta posição, deve-se buscar um volume mais adequado de caixa entregando-se a custos de oportunidades crescentes. Fazendo assim, é indispensável que a empresa avalie o seu ciclo operacional de maneira que sincronize as características de suas atividades com o desempenho do caixa.

Além disso, os Fluxos de Caixa costumam a ter diferentes formas: restritos, operacionais e residuais podendo relacionar o conjuntos de atividades financeiras da empresa dentro de um sentido amplo, decorrente das operações.

É importante salientar que limitações de caixa não são exclusivas a empresas que convivem com prejuízo. Um desajuste temporário pode ocorrer por características da área de atuação de uma empresa.

Empresas lucrativas, por exemplo, podem também apresentar problemas de caixa. Isso é muito comum em áreas com bastante sazonalidade, como é o caso de plantações ou produtos de inverno.

Alguns dos principais eventos que influenciam o Fluxo de Caixa:

  • Lançamentos de novos produtos
  • Fases de expansão da atividade
  • Modernização produtiva

Abrangência do Fluxo de Caixa

Ele não deve ser tratado como uma preocupação exclusiva da área financeira, por isso, é importante que haja um comprometimento de todos os setores da empresa para que o caixa se mantenha saudável. Veja como cada uma das áreas pode contribuir:

  • Área de produção: Ao fazer alterações nos prazos de  fabricação dos produtos, há novas necessidades de caixa. Da mesma forma os custos de produção fluxo de caixa;
  • Departamento de Compras: Devem ser efetuadas de maneira ajustada com os saldos que estão disponíveis no caixa. É importante haver uma sincronização entre os prazos concedidos para recebimento das vendas com o pagamento das compras;
  • Políticas de cobrança: Devem ser ágeis e eficientes. A política de cobrança permite colocar recursos financeiros a disposição da empresa, constituindo um importante reforço de caixa;
  • Área de vendas: Junto a meta de crescimento da atividade comercial, deve ter um controle próximo dos prazos concedidos e do hábito de pagamento dos clientes de maneira que o fluxo de caixa não fique negativo. Em outras palavras é recomendado que toda decisão envolvendo vendas seja tomada após uma prévia avaliação de suas implicações sobre os resultados de caixa;
  • Área financeira: Deve avaliar o perfil de seu endividamento, de forma que os desembolsos necessários ocorram junto a geração de caixa da empresa.

O objetivo do Fluxo de Caixa é ficar atento para uma maior rapidez às entradas de caixa em relação aos desembolsos.

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Expansão Operacional

Sabe-se por exemplo que a extensão do ciclo operacional é um dos fatores que mais necessitam de recursos do ativo circulante.

Veja formas de administrar uma expansão com o objetivo de amenizar as necessidades de fluxo de caixa:

  • Negociação com fornecedores com objetivo de alongar os prazos de pagamento
  • Medidas mais eficientes quanto as cobranças, com o objetivo de reduzir o volume de clientes em atraso e inadimplências
  • Diminuir estoques e aumentar o giro
  • Fornecimento de descontos financeiros somente quando forem economicamente justificados com objetivo de redução do prazo de recebimentos das vendas

Os sistemas de cobrança por sua vez, devem ser avaliados com base em sua facilidade de pagamento, velocidade de emissão e entrega das faturas aos clientes.

A agilidade do sistema é indispensável no caso de clientes que pagam somente em determinado dia do mês, ou que apresentam um processo lento de pagamento.

De maneira vaga, o Fluxo de Pagamentos é o processo pelo qual uma empresa gera e aplica seus recursos de caixa provenientes pelas várias atividades desenvolvidas pela empresa.

Efeitos da Inflação no Fluxo de Caixa

As altas taxas de inflação e interferência excessiva da legislação fiscal afeta o principal sistema de informação das empresas.

Enquanto os contadores se esforçam para gerar números sem distorções inflacionárias, o empresário muitas vezes concentra-se em alguns indicadores incompletos exemplo quantidade de vendas no mês e o estoque.

Com a inflação estável, a mesma deixou de ser um aspecto relevante permitindo o uso da moeda real para a apresentação das contas das empresas.

Já a interferência da legislação fiscal na contabilidade é um problema mundial mais acentuado no Brasil. As empresas tentam resolver esse problema de várias formas.

Algumas mantêm registros paralelos à contabilidade oficial para obter informações gerenciais. Outras empresas dão atenção quase que somente as informações do caixa, criando critérios distintos dos estabelecidos pela legislação fiscal.

O chamado “reprocessamento” dos dados para gerar informações ao Fisco, aos proprietários e administradores representa alto custo para as empresas. Reduzi-lo é um grande desafio.

Aumento da Concorrência

Se por um lado a baixa inflação trouxe facilidade aos empresários e administradores, a abertura da economia trouxe mais concorrência.

Além disso, a alta taxa de juros têm penalizado empresas que precisam empréstimos. A manutenção das altas taxas de juros levou associações como a FEBRABAN (Federação Nacional dos Bancos) a recomendar à população que não se endividasse com as taxas de juros então vigentes.

Aos poucos a economia brasileira ficou com um comportamento mais próximo das economias desenvolvidas, nos permitindo aplicar aqui a maioria dos princípios financeiros utilizados lá fora…

É importante conhecer os produtos e serviços do Mercado Financeiro, saber calcular a taxa efetiva de um empréstimo ou financiamento.

Informações de Qualidade

Necessitamos ter informações confiáveis, fáceis de entender disponíveis em tempo hábil. O sentimento do empresário necessita ser completado com o que dizem os números.

Precisamos acompanhar os acontecimentos no mundo e transformar essa visão em negócios. Elaborar orçamentos de caixa custa pouco e traz bons benefícios por permitir visualizar com antecedência as necessidades financeiras.

Há muitas empresas obtendo ganhos razoáveis de produtividade, mas perdendo tudo ao tomar empréstimos com taxas de 50% ao ano.

Vamos agora falar das diferenças entre Regime de Caixa e Regime de Competência.

Regime de Competência

Reconhece a entrada de capital quando ocorre a venda, com entrega da mercadoria ou prestação do serviço. A saída de capital quando incorrida, independente de ter sido paga ou não.

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Regime de Caixa

São as datas de pagamentos e recebimentos que determinam os registros. Por exemplo, digamos que foi vendido um item a 10 mil reais mas foi pago 5 mil e outros 5 mil foram parcelados.

No regime de competência, ocorre a receita e de 10 mil e no regime de caixa 5 mil. Isso também ocorre com as despesas. Por exemplo, o 13 salário é pago em novembro e dezembro de cada ano, mas as despesas são reconhecidas um doze avos (1/12) a cada mês. 

Estes detalhes fazem que o regime de caixa e o regime de competência tragam resultados diferentes.

Demonstração dos Fluxos de Caixa

– Método indireto – Vantagens

Possui baixo custo. Basta utilizar dois balanços patrimoniais (início e final do período), algumas informações da contabilidade e a demonstração de resultados.

Concilia lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando como a diferença é composta.

– Método indireto – Desvantagens

Uma das grandes desvantagem é o tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência. Somente depois de um longo período é possível convertê-las para regime de caixa.

– Método direto – Vantagens

Cria condições para que os recebimentos e pagamentos sigam critérios técnicos, ao invés de critérios fiscais.

Permite que a cultura de administrar pelo caixa seja introduzida com mais rapidez nas empresas e além disso, as informações de caixa podem estar disponíveis diariamente.

– Método direto – Desvantagens

O custo adicional para classificar os pagamentos e recebimentos é um pouco mais elevada.

Para a realidade da maioria das empresas brasileiras, o método direto traz mais benefícios que o indireto principalmente por ser mais barato. Todavia a escolha de método deve ser feita após avaliação de cada empresa.

Avaliação de Empresa por Fluxo de Caixa

A avaliação de uma empresa não deve ser feita segundo princípios de uma ciência exata. O peso que os técnicos em avaliação atribuem aos diversos fatores envolvidos na avaliação não é igual.

Isso se deve ao problema de julgamento pessoal de cada avaliador ser influenciado pela experiência que o próprio acumula, assim como aos motivos e objetivos da avaliação para o comprador ou vendedor.

O valuation de uma empresa é complexa por envolver um conjunto de bens que não se misturam destinados a produzir riqueza, dentro das mais diversas conjunturas econômicas e sociais.

Dentre as concepções de valor da empresa, destacam-se as seguintes:

  • Valor Patrimonial: o valor da empresa decorre do somatório dos bens que constituem o patrimônio da empresa
  • Valor Econômico: o valor da empresa é determinado pelo potencial de resultados futuros.

Ambas as abordagens apresentam fatores embutidos dentro de suas formulações teóricas.

Alguns bens do patrimônio da empresa possuem valores difíceis de serem mensurados, principalmente quando considerados isoladamente (é o caso dos bens intangíveis como marca reputação etc..).

Por outro lado, a avaliação econômica dos benefícios futuros que a empresa pode gerar depende de um grande número de fatores que ainda apresentam dificuldades quanto à sua quantificação (risco do negócio, risco financeiro, taxa de capitalização, crescimento da empresa, etc.).

O objetivo principal deste modelo é determinar o valor máximo que um potencial comprador poderá pagar pela empresa.

Premissas Básicas

São as seguintes premissas básicas do modelo apresentado:

  • A avaliação independe do modo como será feita a compra da empresa, assim como a forma de pagamento que o comprador utilizará;
  • A estrutura de capital da empresa não influencia no cálculo do valor máximo a ser pago;

Análise do Investimento

Aplicam-se os seguintes passos para a análise do investimento:

  • Determinar o capital inicial necessário;
  • Determinar lucros e despesas, para composição do fluxo de caixa líquido esperado;
  • Determinar a rentabilidade implícita na relação entre investimento e retorno;
  • Com relação a rentabilidade há duas formas de medi-la:
    • Compara-se a taxa de retorno implícita (TIR) com a taxa de retorno exigida (custo capital);
    • Pela comparação do valor presente do fluxo de caixa (usando-se como taxa de desconto) como valor de investimento;

A seguir apresenta-se um exemplo de avaliação:

Considerando-se a necessidade de um investimento inicial de $ 100.000 numa nova empresa, e um fluxo líquido de caixa esperado de $ 15.000 para o primeiro quinquênio, $ 25.000 para o quinquênio seguinte, $ 20.000 para o terceiro quinquênio e $10.000 para os últimos cinco anos, obtém-se uma taxa de retorno (TIR) de 17,2% ao ano:

A seguir, calculam-se os valores presentes dos fluxos líquidos de caixa da empresa que está sendo avaliada, utilizando-se como taxa de desconto:

a) A taxa interna de retorno (TIR) de 17,2% a;a;

b) A taxa de retorno exigida pelo potencial comprador (custo de capital), estimada em 15% a.a. O fluxo líquido de caixa foi previsto em:

  • 1° quinquênio = $ 24.000
  • 2° quinquênio = $ 24.000
  • 3° quinquênio = $ 15.000
  • 4° quinquênio = $ 10.000

Observa-se que este fluxo admitiu valores maiores de receita para os primeiros períodos, uma vez que a empresa já vem operando normalmente.

Cálculo do Valor Presente Líquido (VPL)

Veja como calcular a taxa de desconto igual à “TIR” = 17,2% a.a.

VPL = (24.000 x R10¬0,172) + (15.000 x R5¬0,172 x S10¬0,172) + (10.000 x R5¬0,172 x S15¬0,172)

Taxa de desconto igual à taxa de retorno mínima exigida pelo comprador = 15%

VPL = (24.000 x R10¬0,15) + (15.000 x R5¬0,15 x S10¬0,15) + (10.000 x R5¬0,15 x S15¬0,15)

Se o potencial comprador fosse instalar uma nova empresa, teria que investir $ 100.000,00 e seu retorno seria de 17,2% ao ano.

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A essa mesma taxa o Valor Presente dos fluxos líquidos de caixa da empresa em funcionamento é de $ 123.800, superior ao valor de $100.000 da nova empresa.

Continuando o assunto, conclui-se que é mais atrativo optar pela compra de empresa em funcionamento a implantar uma nova empresa.

Revisando os conceitos

Apesar de verificarmos todo o cálculo juntos, é essencial saber que os cálculos com a HP 12c você aprende no curso de Matemática Financeira. Porém, aqui vamos revisar os conceitos essenciais e mais usados dentro do Fluxo de Caixa: VPL, TIR, TMA e CUPOM.

  • VPL – Valor Presente Líquido: Fluxo de Pagamento na data atual
  • TIR – Taxa Interna de Retorno: Qual é a taxa de retorno deste empréstimo?
  • TMA – Taxa Mínima de Atratividade: Qual é o retorno mínimo exigido pelo investidor?
  • CUPOM– É o nome que se dá aos pagamentos periódicos de juros, ou nesse caso das parcelas.

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