Muitos investidores caem no erro de comprar euro ou dólar acreditando que estão investindo nessas moedas — enquanto profissional de finanças ou aspirante na carreira financeira, você já deve ter ouvido falar de casos assim. No entanto, a estratégia nem sequer é considerada um investimento.

Nesse contexto, os Fundos Cambiais vêm como uma excelente alternativa para se valer da valorização de ativos atrelados a moedas estrangeiras. Está estudando o mercado financeiro e ainda não conhece os detalhes dessa categoria de Fundos de Investimento

Então, siga comigo para descobrir:

  • O que são Fundos Cambiais;
  • Como funcionam;
  • Quanto rende um Fundo Cambial;
  • Para quais investidores são recomendados;
  • Vantagens e riscos da aplicação;
  • Como é feita a tributação desses Fundos;
  • Quais os melhores para investir;
  • Como investir em Fundos Cambiais;
  • Se o investimento vale a pena.

Siga comigo!

O que são Fundos de Investimentos Cambiais?

Fundos de Investimentos Cambiais são aplicações coletivas em ações estrangeiras ou contratos futuros atrelados a moedas estrangeiras, geralmente dólar e euro. Em geral, 80% do portfólio segue essa estratégia, reservando os outros 20% para outras classes — renda fixa, por exemplo.

Com esse tipo de aplicação, o investidor tem a oportunidade de aproveitar a força de moedas poderosas para aumentar o próprio capital, ou se proteger contra possíveis desvalorizações do real brasileiro.

Importante lembrar que esse é um investimento de renda variável. Ou seja, não é possível antecipar com exatidão se a aplicação vai gerar lucros, ou quais seriam os ganhos futuros. Por isso, não é ideal para aqueles que priorizam a segurança na hora de montar uma carteira — para saber mais sobre isso, aliás, continue comigo, pois entrarei em detalhes em breve neste artigo!

Como funcionam os Fundos Cambiais?

Os Fundos de Investimento (FIs) são modalidades coletivas de aplicação. Logo, um gestor profissional reúne os aportes de todos os investidores (cotistas) e os aplica, no caso dos Cambiais em ações internacionais ou contratos futuros atrelados a moedas estrangeiras.

A dinâmica de aplicação segue a de qualquer outro Fundo. Após comprar uma cota — espécie de “fatia” do patrimônio líquido —, o então cotista está aportando em uma cesta de ativos selecionada pela administração. 

Por isso, inclusive, os FIs são excelentes para quem busca por diversificação, uma vez que o dinheiro é distribuído em vários papéis com uma única aplicação.

Conheça os ativos nos quais 80% (no mínimo) dos recursos dos Fundos Cambiais precisam estar aplicados:

Contratos futuros

Normalmente atrelados ao dólar, os contratos futuros se tratam de acordos financeiros nos quais duas partes concordam em comprar ou vender um ativo específico em uma data futura, a um preço pré-estabelecido. 

No caso dos Fundos Cambiais, esses contratos se referem ao câmbio de moedas estrangeiras. Dessa maneira, é possível se proteger contra flutuações na cotação ou especular sobre o seu movimento futuro. 

A título de informação, embora o nosso foco aqui seja o câmbio, esses contratos também podem estar ligados a índices econômicos e commodities

Ações estrangeiras

Esses ativos são conhecidos pela sigla BDR, que significa Brazilian Depositary Receipts. Em termos mais simples, são certificados que representam ações estrangeiras. No entanto, a negociação acontece em terras brasileiras, da B3

Nesse caso, o investidor não está se tornando acionista de uma empresa no exterior. Lembre-se: o certificado é apenas representativo. Mesmo assim, os BDRs são excelentes opções para aqueles que desejam expor o patrimônio às economias internacionais.

Quanto rende um Fundo Cambial?

A rentabilidade de um Fundo Cambial é variável. Logo, depende da estratégia adotada pelo gestor e da valorização ou desvalorização do real brasileiro em relação à moeda estrangeira em questão. Assim, pode ser tanto alta, quanto gerar perdas ao cotista.

As oscilações nos preços podem acontecer diariamente. Por conta disso, todos os cotistas estão sujeitos ao mesmo percentual de lucro ou prejuízo diário. 

No entanto, isso não necessariamente significa que o investidor deva vender suas cotas por impulso se a performance não estiver sendo satisfatória. Afinal, também é preciso levar em consideração o tempo pelo qual os recursos vão permanecer aplicados. 

Para quem os Fundos Cambiais são recomendados?

Os Fundos Cambiais são recomendados para perfis de investidores moderados e arrojados, ou seja, aqueles com maior grau de tolerância ao risco.

Esse conselho se justifica principalmente por conta das flutuações das moedas estrangeiras frente ao real. Em geral, as oscilações podem acontecer várias vezes ao longo de um mesmo dia e são bastante difíceis de serem previstas. Consequentemente, também são ativos altamente voláteis.

Outra razão para a recomendação é que os Fundos Cambiais costumam ter taxas de administração de Fundos de Investimento e performance elevadas. O percentual exato varia de FI para FI e é mais caro por conta da complexidade da aplicação. Nesse sentido, mesmo que o preço extra a ser pago seja compensado, cabe ao investidor avaliar se a opção é ideal para os seus objetivos financeiros.

Quais são as vantagens de investir em Fundos Cambiais?

Investir em moedas fortes é a principal vantagem dos Fundos Cambiais. Se proteger contra riscos nacionais e preservar o poder de compra são outros pontos positivos do investimento.

Entenda cada um desses benefícios:

Investimento em moedas fortes

Ao expor o dinheiro a moedas estrangeiras, é possível se beneficiar da estabilidade e da confiança internacional de economias sólidas. Em geral, o euro e o dólar são os preferidos dos investidores, que optam pelos Fundos Cambiais para, de quebra, diversificar o portfólio. 

Historicamente, essas moedas tendem a preservar o valor com o passar do tempo. Assim, o potencial de crescimento do patrimônio faz brilhar os olhos dos cotistas.

Proteção contra riscos nacionais

Eleições, mudanças nas políticas econômicas, taxa de juros, eventos climáticos… Todos esses fatores — e muitos outros — afetam as aplicações dos investidores brasileiros, seja em relação à renda fixa ou variável

Logo, com um Fundo Cambial, os perfis mais experientes podem se proteger contra imprevistos aportando uma parte do patrimônio além das fronteiras nacionais.

Bom grau de liquidez

Em geral, o investidor que deseja se desfazer das cotas que comprou não deve encontrar dificuldades para tal — em outras palavras, os Fundos Cambiais apresentam um bom nível de liquidez.

Mesmo assim, os documentos desses FIs devem ser sempre checados, a fim de compreender exatamente quando seria possível reaver o dinheiro aplicado, caso um resgate aconteça.

No contrato, duas datas devem ser verificadas:

  • Data de conversão: é o dia no qual será calculado o valor das cotas a ser considerado no resgate;
  • Data de conversão: o dia no qual o dinheiro efetivamente cairá na conta do cotista.

Ainda sobre este assunto, saiba que muitos Fundos apresentam a sigla “D+1”, por exemplo. Na prática, isso significa que o resgate será feito um dia após o pedido. Logo, se a denominação for “D+2”, o número sobe para dois dias úteis e assim sucessivamente. 

Isso acontece, aliás, pois o valor das cotas pode mudar de um dia para o outro. Então, o preço que vale é aquele que constava no momento da solicitação do resgate.

Gestão profissional

O mercado de câmbio é, por si só, bastante complexo. Logo, não é de se surpreender que operar com moedas estrangeiras não é tarefa para qualquer um, garimpando boas opções de aplicação e estudando a fundo as nuances do setor.

Nos Fundos Cambiais, porém, os investidores contam com uma gestão especializada para extrair o máximo do seu patrimônio. A depender da estratégia, esses profissionais se valem de duas modalidades de análise: técnica e fundamentalista. Entenda as diferenças:

Análise técnica

Aqui, os gestores de FIs, inclusive dos Cambiais, se concentram nos padrões e tendências de preço das moedas (e ativos subjacentes) no curto prazo. Logo, eles examinam gráficos históricos de valorização e utilizam indicadores técnicos — daí vem a nomenclatura da análise —, como médias e níveis de oscilação do mercado de câmbio.

Na prática, o trabalho serve para identificar padrões de comportamento do mercado e tomar decisões de compra e venda melhor informadas. 

Por exemplo: se um gráfico mostra uma tendência de alta consistente para o dólar, os gestores podem decidir comprar a moeda na esperança de lucrar com as perspectivas positivas.

Análise fundamentalista

Na análise fundamentalista, por outro lado, os gestores avaliam a saúde econômica e política dos países e empresas nos quais os ativos do Fundo estão atrelados.

Indicadores macroeconômicos, inflação, crescimento do PIB, fluxo de caixa e taxas de juros são alguns dos itens examinados, a fim de determinar o valor da moeda e prever suas perspectivas a longo prazo.

Proteção do poder de compra

Quem investe em Fundos Cambiais o faz principalmente para preservar os investimentos em relação à moeda local. Se os ativos estão lastreados no euro ou no dólar, consegue se proteger caso o real eventualmente desvalorize. 

Em casos de instabilidade econômica e alta na inflação, por exemplo, é natural que o real perca o valor, diminuindo o poder de compra da população. Ao se valer de nações mais estáveis, porém, esse problema pode ser controlado, deixando o portfólio mais equilibrado. 

Quais são os riscos dos Fundos Cambiais?

Risco de crédito, de mercado e de liquidez: para quem investe em Fundos Cambiais, estas são algumas das ameaças que devem ser levadas em consideração. Elas estão relacionadas, respectivamente, à probabilidade do Fundo falir, às oscilações da cotação e à dificuldade de vender as cotas.

Entenda cada uma delas:

Risco de crédito

Nesse caso, o risco vem da probabilidade de uma empresa atrelada ao Fundo não cumprir com as suas obrigações financeiras. Além disso, há chances de uma gestora quebrar — embora este evento seja relativamente raro e difícil de acontecer.

Em termos mais simples, o risco de crédito existe quando o cotista pode não receber a sua parte nos rendimentos do FI. Para mitigá-lo, vale sempre uma olhada bastante cuidadosa no histórico do Fundo Cambial e na reputação da gestora.

Voltando ao assunto das possíveis falências, vale uma explicação: quando uma empresa administradora quebra, outra assume a gestão do FI. Assim, o patrimônio dos cotistas permanece intacto.

Risco de mercado

No risco de mercado, se a cotação da moeda cair ou o país onde as ações estrangeiras (convertidas em BDRs no Brasil) estiver passando por uma crise ou momento de alta inflação, o desempenho do Fundo Cambial vai ser afetado. Logo, as cotas perdem valor e os cotistas, por sua vez, acabam no prejuízo. 

Aqui, vale lembrar que, antes de tomar uma decisão por impulso e vender as cotas em caso de mau desempenho, é importante que o investidor pondere outros fatores também. Devem ser considerados, por exemplo, o tempo de aplicação combinado e as razões que levaram os ativos à desvalorização — se são temporários, sazonais, etc.

Risco de liquidez

Embora a liquidez tenha sido mencionada como uma vantagem, ela também pode ser um risco, a depender do Fundo Cambial escolhido pelo investidor. 

Em um cenário no qual a moeda estrangeira está passando por um período de instabilidade, por exemplo, a demanda por FIs dessa categoria vai diminuir. Então, o investidor que tentar repassar as suas cotas pode levar um tempo até que consiga fechar negócio. Em crises globais, essa é uma dificuldade comum.

Consequência do baixo grau de liquidez é, portanto, o prejuízo. Se a negociação for desfavorável, o cotista pode acabar fechando uma venda por um preço abaixo daquilo que pagou inicialmente, sendo esse o risco de liquidez.

Como é a tributação e os custos dos Fundos Cambiais?

Os Fundos Cambiais sofrem a incidência do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Operação Financeira (IOF). Os tributos, aliás, afetam unicamente o lucro do FI, não o total aplicado pelo cotista.

Entenda a dinâmica por trás de cada um:

Incidência de Imposto de Renda

A tributação depende do tipo de Fundo Cambial, se é de curto (vencimento abaixo de 365 dias) ou de longo prazo (vencimento acima de 365 dias). Além disso, quanto mais tempo o patrimônio permanece aplicado, menor será o imposto pago.

Entenda a cobrança com essa tabela:

Tempo de aplicaçãoAlíquota
Até 180 dias22,5%
De 180 a 360 dias20%
De 361 a 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

Nos Fundos Cambiais, o imposto devido pelos investidores é calculado duas vezes ao ano, nos últimos dias úteis de maio e novembro. 

O valor tem base na menor alíquota aplicável para cada categoria (curto ou longo prazo). Esta cobrança, aliás, é feita por meio do resgate de cotas do fundo, conhecido popularmente como “come-cotas“.

Se o investidor optar por sacar os recursos antes do período de recolhimento do come-cotas, e as alíquotas de IR forem mais altas do que aquelas já recolhidas, a diferença entre o valor já pago e o restante devido vai ser retida pelo administrador no momento do saque.

Incidência de IOF

O IOF só incide sobre o resgate das cotas, se este for feito em um período inferior a 30 dias. Aqui, a alíquota começa em 96% (1º dia de aplicação) e regride até 0% (quando chega no 30º dia). Após isso, o imposto já não é mais cobrado.

Quais são os melhores Fundos Cambiais?

Embora a decisão final sobre quais são os melhores Fundos Cambiais dependa exclusivamente de cada investidor, eu compilei algumas das opções mais populares do mercado, a título de informação. Veja só:

Nome do Fundo CambialPatrimônio do FundoRentabilidade acumulada (12 meses)
BRADESCO FUNDO DE INVESTIMENTO CAMBIAL DÓLAR TOPR$ 260.38 milhões6,76%
BRADESCO PRIVATER$ 40.01 milhões6,34%
BB TOP DÓLAR R$ 627.94 milhões6,34%
ITAÚ CAMBIAL MASTERR$ 116.09 milhões6,1%
ITAÚ EXCHANGE CAMBIAL R$ 607.83 milhões6,09%
FILADELFIA CAMBIALR$ 402.02 milhões6,08%
BRADESCO DÓLAR ESPECIALR$ 73.38 milhões5,98%
CAIXA MASTER CAMBIAL DÓLARR$ 58.44 milhões5,97%
VOTORANTIM ALLOCATION CAMBIAL DÓLARR$ 306.23 milhões5,94%
BB METROPOLITANOR$ 43.98 milhões 5,91%

Fonte: meusdividendos.com | Informações coletadas em 6 de maio de 2024.

Muito importante: estas não são recomendações de investimento. A lista se trata unicamente de um compilado de Fundos Cambiais populares no mercado, para que você consiga visualizar algumas das aplicações disponíveis.

Ao investidor que deseja tomar a melhor decisão na hora de fazer uma escolha, cabe não somente se atentar à rentabilidade do FI, mas de alguns outros detalhes também, tais como:

  • Distribuição do patrimônio e classes de ativos selecionados;
  • Taxas de performance e administração;
  • Reputação da gestora e do Fundo Cambial;
  • Moedas estrangeiras às quais a estratégia está atrelada;
  • Rentabilidade histórica;
  • Patrimônio líquido;
  • Pagamento de dividendos e periodicidade.

Todas essas informações estão sempre disponíveis nos documentos dos Fundos e nos relatórios divulgados, prestando contas ao público sobre o desempenho, mudanças de rota na estratégia e planos para o futuro a fim de obter a melhor rentabilidade possível ou se prevenir contra quedas abruptas.

Como investir em Fundos Cambiais?

Investir em Fundos Cambiais é tão fácil quanto realizar qualquer outra aplicação. Na prática, basta seguir esse passo a passo:

  1. Escolher uma corretora de valores confiável e abrir uma conta;
  2. Realizar o teste de suitability e descobrir qual é o perfil de investidor em questão;
  3. Transferir fundos de uma conta bancária para a nova conta da corretora;
  4. Acessar a lista de Fundos Cambiais disponíveis e analisar as opções;
  5. Emitir a ordem de compra das cotas;
  6. Acompanhar o desempenho do Fundo Cambial periodicamente.

É recomendado que o investidor sempre acesse a lista de corretoras certificadas pela B3 antes de fazer uma aplicação. Dessa maneira, garante a segurança do próprio patrimônio, confiando o seu dinheiro a uma instituição de boa procedência.

Vale a pena investir em Fundos Cambiais?

Para aqueles que desejam fortalecer o portfólio com a aplicação em moedas estrangeiras e preservar o patrimônio contra crises nacionais, os Fundos Cambiais são, sim, uma excelente opção de investimento. No entanto, a decisão final depende dos objetivos e expectativas financeiras de cada um.

Aqui, vale o reforço de que os Fundos Cambiais são extremamente voláteis, recomendados para investidores arrojados e agressivos. Além disso, é muito provável que a oscilação do desempenho do FI seja alta, o que não necessariamente significa que o cotista deva agir por impulso e vender as suas posições. 

Nesses casos, o mais indicado é que seja feita uma análise minuciosa de todo o cenário macro e microeconômico, com o objetivo de compreender as movimentações do Fundo.

Outro ponto positivo é a possibilidade de adquirir uma cesta completa de ativos ao aportar em um Fundo Cambial. Consequentemente, o cotista desfruta de um bom nível de diversificação com uma única aplicação.

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