O que é o EMBI+?

O EMBI+ (sigla para Emerging Markets Bond Index Plus, em tradução direta, Índice de Títulos de Mercados Emergentes Mais) é um indicador de mercado utilizado para mensurar o desempenho de títulos públicos de economias emergentes, negociados em moedas estrangeiras.

Um dos índices mais influentes do mercado financeiro internacional , o EMBI+ é amplamente utilizado como benchmark — um indicador de referência — para avaliar o chamado “risco-país”. Isto é, a probabilidade de um determinado país enfrentar dificuldades em cumprir suas obrigações e pagar os valores devidos aos investidores que adquirem seus títulos de dívida no exterior.

O EMBI+ foi criado pelo banco de investimentos J.P. Morgan em 1992. Atualmente, sua composição inclui 19 países emergentes, incluindo o Brasil, e seu desempenho é atualizado diariamente.

Vale mencionar que o J.P. Morgan é responsável por três índices de mercado focados no desempenho de economias emergentes:

  • Emerging Markets Bond Index Plus;
  • Emerging Markets Bond Index Global;
  • Emerging Markets Bond Global Diversified Index.

Para que serve o EMBI+?

O EMBI+ serve como um benchmark para avaliar o risco de crédito associado a títulos soberanos de economias emergentes, listados nos EUA. 

Em outras palavras, esse indicador é utilizado para medir quais as chances de que um país emissor não consiga pagar os investidores estrangeiros. Para isso, mensura o retorno médio desses títulos com seus equivalentes norte-americanos — os quais são considerados os títulos mais seguros do mundo.

 Quanto maior o spread, ou seja a diferença percentual de retorno entre estes, mais forte é a percepção de risco dos investidores em relação a um papel em específico.

Quais países compõem o EMBI+?

O EMBI foi lançado em 1992 com uma composição inicial de 11 países emergentes da época, em sua maioria da América Latina e da Europa Oriental. O número de países, e sua composição, porém, foram sendo ajustados desde então, refletindo mudanças no cenário econômico global. Atualmente (2024), o Emerging Markets Bond Index é formado por 19 economias. São elas:

  • África do Sul;
  • Argentina;
  • Brasil;
  • Bulgária;
  • Colômbia;
  • Egito;
  • Equador
  • Filipinas;
  • Malásia;
  • Marrocos;
  • México;
  • Nigéria;
  • Panamá;
  • Peru;
  • Polônia;
  • Rússia;
  • Venezuela;
  • Turquia;
  • Ucrânia.

O principal critério para inclusão de um país no EMBI+ são os ratings — notas de risco de crédito — de agências de classificação renomadas como a Moody’s e a Standard & Poor’s. Para ser considerado, o país precisa ter uma nota BBB+/Baal ou inferior. Acima disso, são descartados, já que seus títulos alcançam um patamar de qualidade alto, que reduz consideravelmente o risco de crédito.

Além disso, obviamente, o país precisa ser considerado uma economia emergente pelo Banco Mundial ou outras classificações internacionais. Por fim, deve ter acesso ao mercado internacional e emitir títulos de dívida em moedas estrangeiras, normalmente dólar, estando acessíveis para investidores globais.

Como o EMBI+ é utilizado?

O EMBI+ é utilizado como um referencial de risco-país para auxiliar investidores na tomada de decisões. Esse risco é medido pela diferença entre as taxas de juros de títulos públicos emitidos por países emergentes, negociados em dólares, e os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, considerados “livres” de risco.

Essa diferença, conhecida como spread ou spread soberano (já que os devedores são os governos), é expressa em pontos-base, onde 10 pontos-base equivalem a 0,10%. Por exemplo, um EMBI de 700 pontos-base indica que os títulos de um país oferecem taxas de juros anuais 7% superiores às dos Treasury Bills. Se a média dos títulos norte-americanos for de 2%, os títulos emergentes teriam uma taxa de 9%.

A relação risco-retorno é clara: quanto maior o spread, maior a percepção de risco pelos investidores, que exigem juros mais altos como compensação.

O EMBI+ representa uma carteira teórica de mais de 100 títulos emitidos por 19 países emergentes, com seu desempenho medido diariamente. Os títulos são selecionados com base em critérios de liquidez, como:

  • Emissão mínima de US$ 500 milhões;
  • Vencimento de pelo menos dois anos e meio no momento da inclusão, e eliminação quando faltarem seis meses para o resgate;
  • Remoção de papéis pouco negociados ao final de cada mês, durante a revisão da composição do índice.

Além de medir o desempenho médio das economias emergentes, o Emerging Markets Bond Index também calcula a volatilidade diária dos títulos de cada país incluído.

O que é EMBI+ risco Brasil?

O EMBI+ Brasil (Emerging Markets Bond Index Plus Brasil) é um indicador da J.P. Morgan que avalia o desempenho dos títulos de dívida externa do Brasil. O spread entre os juros dos títulos brasileiros negociados no exterior e os títulos do Tesouro dos Estados Unidos (considerados livres de risco) é conhecido como risco-Brasil.

Esse indicador usa a mesma base de cálculo de pontos-base do EMBI+ — carteira teórica que engloba os papéis brasileiros e títulos de dívida de outros 18 países emergentes. Cada 100 pontos-base equivalem a 1% a mais de juros pagos pelos títulos brasileiros em relação aos seus equivalentes norte-americanos.

Embora o  EMBI+ e seus indicadores subjacentes não tenham surgido com motivações políticas, mas sim como uma mera referência de risco-retorno de títulos de dívida de países emergentes, ele também passou a ser visto como um termômetro da saúde financeira dessas economias.  Por isso, o risco-Brasil é amplamente utilizado pela imprensa e pelo mercado para medir a confiança dos investidores internacionais na economia brasileira.

A lógica é simples: quanto maior o spread entre os títulos brasileiros e os Treasury Bills dos EUA, pior é a percepção dos investidores em relação à capacidade do Brasil de honrar suas dívidas

Ao comparar o EMBI+ Br ao EMBI+ geral é possível ainda avaliar o risco do Brasil em relação a outros países emergentes. Se o spread dos títulos brasileiros for inferior à média do EMBI+, isso indica que os investidores consideram o Brasil menos arriscado do que a média dos países em desenvolvimento.

Qual a diferença entre EMBI e EMBI+?

O EMBI (Emerging Markets Bond Index) e o EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) se referem ao mesmo indicador de mercado em diferentes momentos de sua evolução.

O EMBI foi o nome original quando o indicador foi lançado em 1992. Em 1994, a nova nomenclatura EMBI+ foi adotada, quando 8 novos países foram adicionados, expandindo o número de participantes de 11 para 19.

Embora os termos sejam frequentemente usados como sinônimos, o nome correto a ser utilizado atualmente é EMBI+.

É possível investir no EMBI+?

O EMBI+ é um indicador de mercado, não um ativo financeiro. Assim, tecnicamente, não há como aplicar recursos de forma direta neste índice. No entanto, existem alternativas indiretas para isso. As mais comuns são os ETFs (Exchange Traded Funds),  fundos de investimento passivo criados especificamente para replicar indicadores conhecidos, buscando espelhar seus desempenhos.

Um exemplo popular de ETF que acompanha o EMBI+ é o iShares JP Morgan USD Emerging Markets Bond ETF (EMB).