LFT: o que é, principais características e como funciona

O que é um LFT?

Sigla para Letra Financeira do Tesouro, a LFT é um nome antigo, mas ainda utilizado, para o Tesouro Selic. Trata-se de um título de renda fixa pós-fixado e com liquidez diária, emitido pelo Tesouro Nacional.

A rentabilidade desse investimento, como sugere sua nova denominação, acompanha a taxa Selic — a taxa básica de juros da economia brasileira — que é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias. O resgate, incluindo o valor principal e a remuneração, é realizado integralmente no vencimento do título.

Por suas singularidades, a LFT é considerada um investimento particularmente indicado para investidores de perfil conservador ou para aqueles que desejam manter a flexibilidade de resgate, sem uma data específica, já que combina riscos bastante baixos e alta liquidez. Por esses mesmos motivos, é também um produto interessante para a formação da reserva de emergência.

Quais são as características da LFT?

Entre as principais características da LFT estão:

• Título emitido pelo governo federal: a LFT é um título emitido pelo Tesouro Nacional e faz parte da dívida pública interna. Esses papéis são utilizados pelo Governo como uma forma de arrecadação para financiar suas atividades;
• Título pós-fixado: isso significa que seu retorno está atrelado a um indicador determinado, neste caso, a taxa Selic. Portanto, quanto mais alta a taxa básica de juros, maior o retorno;
• Não paga juros semestrais: a LFT possui um fluxo de pagamento simples. Isto é, não há pagamentos de juros periódicos ao longo do tempo. O principal, acrescido da rentabilidade, é pago integralmente no momento do resgate;
• Liquidez diária: não é necessário esperar até o vencimento para recuperar o seu investimento. O Tesouro Nacional recompra todos os títulos emitidos pelo preço do mercado secundário, e o valor é depositado na conta do investidor em um dia útil;
• Título de baixo risco: a LFT é garantida pelo próprio Governo Federal, o que significa que o risco de não recuperar o valor investido é quase nulo. Além disso, a alta liquidez do título reduz as chances de perda.

Como funciona a LFT?

O funcionamento da Letra Financeira do Tesouro (LFT) é bastante simples e se assemelha, na prática, a um empréstimo.

O Tesouro Nacional emite a LFT como forma de captar recursos que o Governo Federal aplica em projetos de melhoria pública nas áreas de educação, saúde e infraestrutura. Ao adquirir esses títulos, o investidor “empresta” dinheiro ao governo, recebendo em troca uma compensação financeira.

Essa compensação é a variação da taxa Selic entre a data de compra do título e seu vencimento. No momento do resgate, o investidor recebe o valor investido acrescido da rentabilidade acumulada pela taxa básica de juros.

Como esses títulos possuem liquidez diária, o investidor pode vender suas LFTs de volta ao Tesouro Direto a qualquer momento, recebendo o valor pelo qual estão sendo negociadas no mercado secundário.

Para calcular a rentabilidade bruta efetiva da aplicação no Tesouro Selic, basta usar a fórmula abaixo:

• Rentabilidade efetiva =Preço de resgatePreço de compra -1

Esse valor, importante reforçar, corresponde à rentabilidade bruta, antes de descontar o Imposto de Renda (IR), que incide sobre os rendimentos.

Qual é a diferença entre uma LFT e uma LTN?

A Letra Financeira do Tesouro (LFT) e a Letra do Tesouro Nacional (LTN) são dois tipos distintos de títulos de dívida emitidos pelo Tesouro Direto. A diferença principal entre eles está no tipo de rentabilidade: a LFT é um título pós-fixado, enquanto a LTN é prefixada.

Isso significa que a rentabilidade da LTN é definida no momento da compra e permanece inalterada até o vencimento. Esse papel oferece ao investidor a previsibilidade do valor que irá receber ao resgatar o título, desde que o mantenha até o fim.

A LFT, por outro lado, está atrelada à taxa Selic e, portanto, seu rendimento varia conforme o movimento desse indicador econômico. Quanto mais alta a taxa básica de juros, maior o rendimento.

Em resumo: a LFT tende a ser mais vantajosa em cenários de expectativa de alta da Selic, enquanto a LTN pode ser mais indicada quando o investidor acredita que a taxa prefixada será superior à taxa básica de juros.

Apesar dessa diferença, ambos são títulos de Renda Fixa, pois suas regras de rentabilidade são predefinidas.

Quais as vantagens da LFT?

A LFT é um investimento de Renda Fixa indicado para todos os tipos de carteira. É adequado tanto para investidores iniciantes e mais conservadores quanto para quem deseja equilibrar o risco em portfólios mais arrojados, compostos essencialmente por ativos de rendimento variável. Entre as principais vantagens do Tesouro Selic estão:

• Rentabilidade: os títulos do Tesouro Direto rendem acima da poupança e são tão tão ou mais seguros que esta;
• Acessibilidade: o valor mínimo de aplicação costuma partir de R$30,00. Ou seja, não é preciso muito dinheiro para começar a investir;
• Alta liquidez: a LFT rende diariamente e permite que o valor aplicado possa ser resgatado qualquer momento. Independentemente do tempo que for mantido, sempre haverá algum lucro;
• Valor acessível: o Tesouro Selic é um investimento democrático, já que permite que mesmo investidores com pouco capital possam aplicar seu dinheiro. Geralmente,  a aplicação mínima parte de apenas R$30,00;
• Segurança: o Tesouro Selic é garantido pelo Governo Federal, logo, o risco de crédito é praticamente inexistente.

Quais as desvantagens da LFT?

Virando a moeda, a LFT também conta com pontos fracos que devem ser considerados pelo investidor na tomada de decisão. Os mais significativos dizem respeito aos custos e ao rendimento.

Isso porque, além de oferecer uma rentabilidade baixa, quando em comparação, com títulos de maior volatilidade, os lucros do LFT também são impactados por diferentes descontos, incluindo taxas e tributos. São eles:

Taxa de custódia

A B3 (Brasil, Bolsa, Balcão — a bolsa de valores do Brasil) cobra uma taxa de 0,20% sobre o valor total mantido em LFTs a cada seis meses, desde que as aplicações superem R$10 mil. 

Importante: essa taxa é cobrada apenas sobre o valor excedente. Por exemplo, em um investimento de R$12 mil, os 0,20% incidem apenas nos R$2 mil.

Taxa de corretagem

A depender da corretora de valores ou do banco pode haver ainda a cobrança de um algum valor para a realização de operações com LFT.

Imposto de Renda

Diferentemente de alguns outros investimentos de Renda Fixa como as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) e a poupança — apenas para citar alguns — que são livres de IR, o Tesouro Selic é tributado.

Os tributos sobre a LFT seguem a chamada Tabela Regressiva do Imposto de Renda. Nesse modelo, a alíquota começa em 22,5% e diminui de forma regressiva conforme o tempo de manutenção do título. Ou seja, quanto mais tempo o investidor carregar seus títulos de Tesouro Direto, menor será o valor deduzido. 

As alíquotas da Tabela Regressiva do IR são as seguintes:

Atenção: o IR incide apenas sobre os rendimentos e não sobre o valor investido.