O que são derivativos?

Derivativos podem ser descritos como contratos financeiros de compra e venda futura, com valores derivados de um ativo de referência do presente – também conhecido como ativo subjacente. 

Criado e popularizado pelo setor agrícola como uma maneira de proteger o preço da produção de baixas na safra e na demanda, atualmente os contratos de derivativos podem estar atrelados a diferentes commodities, ativos financeiros e mesmo índices econômicos. Alguns exemplos comuns são: 

  • Commodities: arroba de boi gordo, sacas de soja, ouro, petróleo;
  • Ativos financeiros: ações, câmbio do dólar e outras moedas estrangeiras, criptomoedas;
  • Índices econômicos: taxa básica de juros, inflação acumulada, e assim por diante.

Como funciona o mercado de derivativos?

O mercado de derivativos funciona por meio de compromissos de negociação de títulos com preços atrelados ao valor atual de um ativo determinado, em uma data futura acordada entre as partes.

Baseados na especulação do ativo subjacente, quem vende um derivativo busca proteger seu preço presente, acreditando que ele pode ser impactado negativamente pela volatilidade natural do mercado. Já o comprador, por sua vez, prospecta uma valorização do bem até o momento do acerto.

Assim, ao firmar o contrato de compra um derivativo de saca de soja, por exemplo, o investidor não está adquirindo a commodity propriamente dita, mas o seu valor presente. 

Na data de resgate, contudo, a liquidação do derivativo poderá ocorrer de duas formas: fisicamente, pela entrega do ativo adjacente (saca de soja); ou financeiramente, por meio da diferença entre o preço de compra e o valor do vencimento.

Quais são os 4 tipos de mercados derivativos?

O mercado de derivativos é segmentado em: mercado a termo, mercado futuro, mercado de opções e mercado de swaps.

Cada um desses possui regramento e funcionamento próprios. Dado as diferenças entre os contratos, é preciso que o investidor tenha o domínio sobre eles para que seja capaz de adequar essas aplicações às suas estratégias.

Mercado a Termo

Modalidade mais simples de negociação de derivativos, o mercado a termo funciona como um acordo de compra e venda de um bem em uma data futura, pelo preço de um ativo determinado.

No momento do vencimento, o comprador e o vendedor devem cumprir suas obrigações segundo o acordado em contrato. Dito de outro modo, derivativos de mercado a termo não podem ser repassados ou liquidados antes do momento definido pelas partes .

Mercado Futuro

Tal qual no mercado a termo, os derivativos do mercado futuro funcionam por meio de contratos que firmam o compromisso de negociação de um papel em data futura por um preço previamente definido, atrelado a um ativo subjacente. 

A particularidade é que esses derivativos podem ser vendidos antes do prazo combinado, o que, por conseguinte, também faz com que apresentem maior liquidez.

Mercado de Opções

Por meio do mercado de opções, o investidor pode adquirir o direito de adquirir ativo, de acordo com os valores e datas definidas

Ou seja, ele passa a ter a preferência de compra, mas não possui a obrigação de comprá-la. Desse modo, ele pode escolher desistir do negócio no momento da liquidação, caso o preço à vista do bem seja inferior ao preço de compra.

De modo a garantir esse direito, o “titular” — ou seja, quem solicita a compra da opção — necessita pagar um prêmio não reembolsável ao “lançador” — como é conhecido o lado vendedor nesse mercado.

Esse mercado é dividido em:

  • Opção de Venda: também conhecido pelo termo em inglês “put option“, esse contrato garante ao titular a permissão de vender o adjetivo subjacente pelo preço firmado em contrato. Ao realizar a opção de venda, o investidor é obrigado a adquirir o ativo segundo o acordado, mesmo que esse esteja mais barato no mercado;
  • Opção de Compra: também chamado de “call option“, é o contrato que concede ao titular o direito de comprar o ativo ativo adjacente segundo os termos especificados.

Mercado de Swaps

Os swaps —  em tradução direta “intercâmbio” ou “troca” —  funcionam como contratos onde duas empresas ou investidores se comprometem a intercambiar entre si a rentabilidade e os riscos de dois bens distintos (qualquer espécie de commodity ou ativo financeiro), em uma data futura.

Assim como no mercado a termo, o vencimento da negociação, os derivativos envolvidos, e demais especificidades são determinadas antecipadamente entre as duas partes.

Quem pode investir em derivativos?

Por permitir movimentações de baixos valores, o mercado de derivativos pode se adequar às estratégias de diferentes perfis de investidores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. 

Criado e popularizado como uma estratégia de proteção contra as flutuações de preço, esse ambiente também passou a ser amplamente utilizado por personagens com estratégias opostas: investidores que se valem dessa volatilidade como uma maneira de buscar lucros. 

Atualmente, o mercado de derivativos é, majoritariamente, visitado por:

  • Hedgers: investidores que recorrem ao mercado de derivativos buscando proteger determinado ativo das oscilações que podem impactar negativamente no seu preço futuro;
  • Especuladores: agindo de maneira antagônica aos hedgers, os especuladores adquirem papéis com a perspectiva de obterem rendimentos com suas valorização. Para esses investidores, mais do que uma maneira de maximizar lucros, os derivativos também podem ser utilizados como meio para alavancagens. 

Os derivativos também costumam chamar a atenção de traders, operadores que atuam com a identificação de tendências de preço, de modo a obter lucros com operação de curto e curtíssimo prazo;

  • Arbitradores: são investidores que buscam lucrar com a discrepância de preço de um mesmo produto em diferentes mercados. Ou seja, os arbitradores usam os derivativos para comprar e vender ativos em bolsas de valores e mercados distintos, obtendo rendimentos com eventuais diferenças de valores que podem haver entre esses ambientes.

Como investir no Mercado de Derivativos?

O caminho menos complicado de começar a investir no mercado de derivativos é por intermédio de uma corretora de valores.

Uma vez aberta a conta nessa instituição, o investidor passará por um teste onde será definido seu perfil. Com base nisso, a corretora será capaz de ofertar os derivativos que melhor se encaixam às metas de seu cliente.

Assim, de maneira bastante objetiva, é possível dizer que para começar a aplicar no mercado de derivativos, basta seguir três passos básicos: escolher uma corretora, conhecer seu perfil de investidor e analisar os derivativos que correspondem a suas expectativas.

Conheça seu perfil de investidor

Além de atuar como parte intermediadora entre o investidor e a bolsa de valores, efetuando as ordens de compra e venda solicitadas, a corretora tem entre suas responsabilidades auxiliar seus clientes a compreenderem as especificidades de cada produto financeiro e sugerir as melhores indicações de investimento para cada um deles.

Dado a importância de sua atuação, decidir-se por uma corretora é uma tarefa que merece atenção redobrada. Antes de optar por uma instituição, observe fatores como: taxas de corretagem, a usabilidade dos sistemas de negociação oferecidos, qualidade e frequência dos relatórios de produtos compartilhados, disponibilidade para responder questionamentos, entre outros.

Se você não conhece quais são as opções do mercado, um bom atalho é acessar a lista de corretoras de investimentos autorizadas a operar na bolsa brasileira, diretamente no site da B3

Escolha uma corretora para operar

Ao abrir a conta junto a uma corretora de valores, o investidor já está autorizado a fazer aplicações em derivativos e demais produtos financeiros negociados na bolsa de valores. Antes de dar esse passo, no entanto, é recomendado que a pessoa interessada em investir conheça qual o seu perfil. Somente assim, a corretora poderá ser mais assertiva em suas indicações.

Para isso, é preciso solicitar um teste de suitability para a própria corretora ou a um consultor de investimento de confiança. De maneira resumida, é possível dizer que, por meio de um amplo questionamento, esse teste delimita qual o nível de tolerância a risco de uma pessoa. A depender dos resultados, o perfil do investidor pode ser classificado em:

  • Conservador: investidores que priorizam a segurança do patrimônio. Possuem carteiras compostas, sobretudo, por produtos financeiros mais seguros, embora pouco rentáveis, como a poupança e os títulos do Tesouro Direto;
  • Moderado: também são investidores zelosos com o patrimônio. No entanto, estão sujeitos a assumir riscos ocasionais, sempre que a possibilidade de lucro seja compensatória. Suas carteiras de investimentos podem ser compostas, dessa forma, de maneira bastante mista entre produtos de renda fixa e de renda variável; 
  • Arrojado/agressivo: tratam-se, normalmente, de investidores muito experientes que possuem como objetivo o lucro, em detrimento da segurança. Suas carteiras são compostas essencialmente por títulos de renda variável.

Análise os derivativos e defina uma estratégia

Uma vez definido seu perfil de investidor, a corretora passará a te indicar os produtos que acredita serem interessantes para compor sua carteira. Por meio do sistema de home broker, é possível ainda ter acesso a todos os derivativos disponíveis para negociação no momento. 

Antes de escolher suas aplicações, porém, é indicado revisar as particularidades de cada derivativo para compreender se eles realmente atendem suas metas. 

O primeiro passo, portanto, é definir qual sua estratégia: hedge, especulação ou arbitragem. Depois, é necessário atentar para as singularidades de cada contrato, sendo eles: contrato a termo, contrato futuro, opção e swap.

Por fim, ao investir em derivativos é fundamental dedicar tempo para acompanhar o desempenho dos ativos subjacentes, bem como de seus segmentos de mercado. O pontapé inicial para seus estudos podem ser os relatórios divulgados pela própria corretora ou por casas de análise. Um caminho complementar é buscar informações em portais e publicações financeiras especializadas.

Qual a diferença entre ações e derivativos?

O fato do derivativo não representar um bem em si, mas o valor presente de um ativo subjacente, já é motivo suficiente para causar incompreensão a novos investidores. Some a isso, o fato da negociação desse mercado ser realizada na bolsa de valores, além de seu preço poder ser atrelado a uma ação, e tudo pode parecer mais confuso do que realmente é.

Ações, derivativos e derivativos de ações são produtos bastante distintos, mas que podem “conversar” entre si, como demonstrado na sequência.

Ações

Ativo mais popular da bolsa de valores, as ações são títulos que representam uma pequena parcela do capital social de uma sociedade anônima.

Quem adquire esse papel se torna sócio da companhia emissora e passa a compartilhar de seus lucros, bem como de seus riscos. 

Os lucros dessas aplicações se dão por meio de dividendos, que correspondem a uma parcela do lucro da companhia destinado aos acionistas. O detentor de uma ação pode ainda vender a ação de qual a titular e lucrar com sua valorização.

Derivativos

Derivativos são ativos financeiros que derivam de um ativo subjacente. São, em outras palavras, compromissos de compra e ou venda futura, cujo valor é atrelado ao preço à vista de um outro bem.

Ao adquirir um derivativo, o investidor não está, portanto, comprando um bem em si, mas o valor deste. Na data de vencimento, o resgate pode ser feito em dinheiro ou fisicamente, de acordo com o ativo negociado.

Derivativos de ações

Os derivativos podem ter seu valor vinculado a qualquer tipo de ativo commodity — arrobas de boi gordo, sacas de café, e daí por diante —, índices e ativos financeiros — taxa de juros, câmbio de moeda estrangeira, entre outros. Logo, um derivativo de ações é um ativo cujo valor deriva do preço de uma ação específica.

O funcionamento se dá como o de qualquer outro derivativo. Ou seja, na data de vencimento, o titular de um derivativo de ações, pode adquirir a ação propriamente dita ou o seu valor definido no momento da escritura.