Termo repetido a diário nas sessões de economia de jornais impressos e telejornais, o mercado de ações está na ordem de assuntos dos quais todo mundo, mesmo sem se esforçar em entender ou prestar atenção, já ouviu falar.
No entanto, embora se trate de um tópico de grande importância tanto para o desenvolvimento do país, quanto para alcançar a tão falada e sonhada independência financeira, muita gente ainda o vê como algo complicado e distante. Ou como um tema a ser discutido e compreendido apenas por quem tem muito dinheiro ou tempo disponível. Prova disso são os resultados apresentados por pesquisas como a 6ª edição do Raio X do Investidor, realizada pela Anbima, com parceria do Datafolha.
Se, por um lado, dados como o aumento de 31% para 36% dos brasileiros investindo em produtos financeiros devem ser lidos de forma positiva, como um atestado da evolução da educação financeira no país; por outro, a diferença percentual entre os investimentos na poupança e em ações (26% para 2%), também demonstram que ainda se faz necessário um empenho para desmistificar o funcionamento do mercado de ações.
E é justamente isso que eu, enquanto educador financeiro, me proponho ao longo deste artigo: comprovar que o mercado de ações é bem menos complicado do que pode parecer.
O que é o mercado de ações?
O mercado de ações é o espaço destinado a negociação de participações acionárias, títulos de dívidas e demais ativos de companhias de capital aberto, também conhecidas como Sociedades Anônimas ou simplesmente S/As.
Principal ativo encontrado neste mercado, as ações correspondem à menor parcela de capital de um S/A. Ao adquirir esse produto, o investidor passa a ser acionista da empresa emissora, obtendo o direito de participar de seus lucros. Sua remuneração ocorre por meio de dividendos, que correspondem a uma parcela do lucro líquido da companhia destinada a seus acionistas.
O acionista de uma companhia também pode ganhar com a eventual valorização dos papéis, o que depende de fatores como o desempenho da empresa, perspectivas do setor e da economia, entre outros.
As negociações de compra e venda de ações se concentram, sobretudo, na bolsa de valores, mas também podem acontecer no mercado de balcão, como explicarei mais adiante.
Única bolsa de valores brasileira, a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) é a instituição responsável por desenvolver e administrar os sistemas de negociação de ações no país. Entre suas responsabilidades estão:
- Listar ações;
- Registrar ações;
- Fazer a compensação e liquidação de transações feitas pelos investidores;
- Divulgar informações relevantes ao mercado;
- Atuar como contraparte nas negociações, atuando no gerenciamento de riscos.
Importante citar que a bolsa de valores conta com normativas bastante rígidas, que garantem a segurança das operações e a credibilidade do próprio mercado. O ambiente de negociação é regulado por diferentes entidades, sendo a mais importante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia criada especialmente para fiscalizar o mercado de capitais nacional.
Da mesma forma, para ingressar na bolsa e poder negociar suas ações, a empresa interessada precisa obedecer os regulamentos vigentes e cumprir uma série de exigências, tais como: auditar suas demonstrações financeiras, obedecer práticas de governança corporativa e criar uma área de atendimento aos investidores.
Quais são os mercados de ações?
Há três diferentes ambientes onde as ações podem ser negociadas: o mercado primário, o mercado secundário e o mercado de balcão. Os dois primeiros são partes integrantes da bolsa de valores. Enquanto no último, por sua vez, estão os ativos que, por suas particularidades, não podem ser cadastrados na B3.
Tendo compreendido a definição de mercado de ações, a próxima etapa, portanto, é justamente observar as especificidades dos três ambientes de operação e as diferenças entre cada um deles:
- Mercado primário: compreende as ações que estão sendo vendidas pela primeira vez aos investidores. Esse é, portanto, o ambiente onde são lançadas os tão aguardados IPOs — sigla para a expressão em inglês “initial public offering“, ou oferta pública inicial, em tradução direta —, as quais oficializam o ingresso de uma empresa na bolsa de ofertas.
Outra oferta pública negociada no mercado público são as “follow-on“, que representam novas emissões de ações de empresas já listadas na B3;
- Mercado secundário: é onde são negociadas as ações já adquiridas por um investidor. Aqui, portanto, as negociações já não ocorrem mais entre empresas e investidores, mas sim entre um investidor e outro de modo perpétuo. Os valores de vendas de ação vão integralmente ao antigo titular do papel. Ou seja, a companhia emissora não lucra com essa operação.
Dado que esse é o ambiente onde os investidores podem vender os títulos emitidos pelas empresas, esse é o mercado onde ocorre a liquidez desses ativos. O mercado secundário é também onde se concentra o maior volume da bolsa de valores;
- Mercado de balcão: é o espaço destinado a negociação de ações e outros ativos não registrados na bolsa de valores.
No mercado de balcão podem ser compradas ações de pequenas empresas — que não têm como arcar com os custos e exigências para ingressar na bolsa —, e vendidas ações que não oferecem mais liquidez no mercado secundário.
Com regulamento menos rígido que os demais mercados, as operações desse mercado são menos transparentes e mais arriscadas. Apesar disso, o balcão costuma apresentar oportunidades com altos rendimentos para investidores experientes e ou mais tolerantes a riscos.
- Mercado de balcão organizado: como o nome sugere, é um espaço que conta com certa organização, embora não seja tão complexa ou rígida quanto a bolsa de valores. Esse mercado conta com instituições responsáveis por administrar e registrar as negociações, além de possuir um sistema eletrônico para efetivação de ordens de compra e venda;
- Mercado de balcão desorganizado: nesse ambiente as ações são negociadas sem a gestão administrativa ou supervisão de nenhuma instituição financeira responsável. As operações realizadas no balcão desorganizado não são registradas em nenhum sistema.
Como funciona o mercado de ações?
O mercado de ações é organizado e regulado de modo a oferecer um ambiente de negociações transparente e seguro para investidores interessados na compra e na venda de participações acionárias e títulos de dívida.
Entender seu funcionamento passa por compreender cada uma das etapas envoltas na negociação de uma ação, bem como os agentes e suas funções. Para que tudo isso fique mais claro, vem comigo analisar abaixo os principais processos e instituições responsáveis para que esse tipo de negociação se faça possível.
Negociação
Do investidor mais experiente até aquela pessoa que apenas ouve falar de investimentos na seção de economia do noticiário, o primeiro pensamento que vem à mente ao falar de mercado de ações é a bolsa de valores. Isso se dá porque é por meio dela que, majoritariamente, ocorre a negociação de ações. Esse espaço possibilita o encontro entre investidores interessados na venda e na compra de papéis, além de garantir a segurança de suas transações financeiras.
Única bolsa de valores em atividade no Brasil, a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) é a instituição financeira que atua no gerenciamento de risco das operações, além de ser responsável pela implementação e administração de sistemas para negociação.
Por meio de suas plataformas, ela oferece serviços como: a listagem e registro de ações, a liquidação de compras e vendas, e a divulgação de informações relevantes ao mercado de capitais, entre outros.
Regulação
O mercado de ações conta com rígida regulação e fiscalização para garantir o bom funcionamento das operações, bem como a segurança financeira dos investidores. A principal entidade reguladora das negociações da bolsa é a CVM — autarquia vinculada ao Ministério da Economia, criada para disciplinar, fiscalizar e normatizar o mercado de valores brasileiro.
A atividade desse órgão tem por objetivo assegurar as boas práticas dos intermediadores, dos acionistas e dos administradores de companhias de capital aberto listadas na B3. Além disso, também estão entre suas principais atribuições:
- Normatizar e fiscalizar o cumprimento das regras para emissão de ativos mobiliários;
- Administrar o processo de lançamento de ofertas públicas privadas (IPOs), ou seja, o ingresso de novas empresas na bolsa;
- Garantir o acesso de todas as partes às informações sobre os papéis negociados;
- Monitorar as operações da bolsa de valores e do mercado de balcão;
- Observar a atuação de intermediários como corretoras e bancos de investimentos, entre outros;
- Averiguar o cumprimento das exigências para listagem na B3 por parte das empresas;
- Coibir modalidades de fraude ou manipulação que possam alterar a demanda, oferta ou preço dos ativos.
Empresa integrante da B3, a BSM Supervisão de Mercados é outra entidade que atua com a regulação e fiscalização do mercado de ações. Ela é a responsável por monitorar as operações, supervisionar todas as partes envolvidas, identificar violações em negociações e punir os responsáveis.
A BSM também administra o Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos (MRP), que devolve aos investidores até R$120 mil por perdas causadas por intermediadores. Esse valor, contudo, só se estende a perdas de ações resultantes de acordos que não foram realizados segundo o solicitado pela ordem de compra. Ele não cobre, por exemplo, prejuízos decorrentes de movimentos naturais do mercado. Essa garantia também não é aplicada aos negócios realizados no mercado de balcão.
Intermediação
Outras instituições que cumprem papel fundamental nas negociações do mercado de ações são as corretoras e as distribuidoras de valores. Uma vez que os investidores não podem negociar diretamente no pregão da B3, essas empresas atuam como intermediadoras, efetuando as ordens de compra e venda na bolsa de valores.
Além de atuarem na intermediação entre os investidores e a B3, corretoras e distribuidoras também oferecem outros importantes serviços a seus clientes, tais como:
- Explicações sobre o funcionamento da bolsa de valores;
- Apresentação de dados relevantes sobre o mercado e sugestão de aplicações;
- Oferta de softwares de home broker — que possibilitam a emissão de ordens de compra e venda de ações pela internet.
Empresas negociadas
Não haveria mercado de ações, se não houvessem empresas interessadas em emitir esses papéis. As companhias de capital aberto — ou seja, as sociedades anônimas — se valem da B3 para atrair investidores e, por meio da venda de títulos, captar recursos para expandir seus negócios.
Para poder operar nos mercados primário e secundário, porém, as companhias necessitam obedecer a uma série de exigências, como por exemplo:
- Auditar demonstrações financeiras;
- Obedecer práticas de governança corporativa;
- Possuir uma área de relacionamento com investidores.
Para ingressar na bolsa de valores, a empresa precisa fazer o lançamento de seu IPO. Para isso, passa por análise e registro junto à CVM, além de ter que elaborar um prospecto apresentando dados da companhia e de seus ativos ao mercado.
Dada as exigências necessárias e os custos para operar na bolsa de valores, esse espaço acaba restringindo o ingresso de empresas menores. Essas, por sua vez, podem captar recursos no mercado de balcão.
Investidores
Uma vez que a companhia lança seu IPO ou follow-on, seus papéis passam a ser negociados livremente no pregão da B3, podendo ser comprados e vendidos por qualquer investidor interessado, seja ele individual, institucional ou estrangeiro.
- Investidores individuais: pessoas físicas que adquirem ações com a finalidade de participar dos lucros das companhias emissoras e ou lucrar com a potencial valorização de seus títulos.
- Investidores institucionais: é como são chamados os fundos de pensão e fundos de investimento. Normalmente, esses grupos movimentam valores elevados de aplicação em cada operação.
- Investidores estrangeiros: investidores que residem em outros países e que aplicam recursos na bolsa brasileira.
Importante destacar que certos fundos e produtos são restritos a grupos seletos de investidores. É o caso da oferta 456, ou oferta restrita, destinada apenas a investidores profissionais convidados (pessoas físicas que possuem mais de R$10 milhões investidos), e os fundos restritos a investidores qualificados (pessoas físicas com mais de R$1 milhão investido), entre outros.
O que leva uma empresa a abrir capital na Bolsa?
Captar recursos para financiar projetos de expansão certamente é a grande razão que leva empresas a abrirem seu capital na bolsa de valores. Esse, porém, não é o único motivo capaz de convencer os gestores a participarem de um processo complexo como esse.
Na prática, a empresa que decide abrir seu capital permite que investidores basicamente se tornem sócios e compartilhem de seus lucros, por meio da distribuição de dividendos. Fora isso, ingressar na bolsa de valores não é tão fácil e nada barato. Além dos custos e processos do lançamento da oferta pública inicial, a companhia necessita cumprir uma série de exigências.
Assim, é possível que você esteja se perguntando: o que as empresas ganham com isso? Certamente, se tornar uma sociedade anônima não se trata de filantropia, mas de uma via de mão dupla, onde tanto emissores, quanto acionistas podem encontrar boas oportunidades financeiras.
Para esclarecer essa dúvida, abaixo detalho alguns dos fatores mais comuns que podem levar gestores a decidirem abrir o capital de suas companhias.
Acesso ao capital
Seja para realizar projetos, expandir operações ou ampliar mercado, o desenvolvimento de uma companhia requer acesso ao capital. É por isso que, conforme adiantei, a captação de recursos é o objetivo principal que leva boa parte das empresas a abrir capital na bolsa de valores.
A emissão de ações é, portanto, uma alternativa aos empréstimos tomados junto às instituições financeiras. O ingresso na bolsa permite que a empresa levante fundos, sem se preocupar com juros altos ou prazos de retorno envoltos em formas de financiamento mais tradicionais.
Desse modo, é possível dizer que a grande vantagem de arrecadar recursos por meio da emissão de papéis, é a inexistência de prazo de amortização ou de resgate — uma vez que os acionistas são remunerados por meio de dividendos, e não de juros. Além disso, os custos em dinheiro tendem a ser inferiores aos do crédito.
Liquidez patrimonial
Por vezes, em vez de buscar captar recursos por meio da emissão de novas ações, a abertura de capital de uma empresa é feita com a intenção de vender papéis já existentes e pertencentes aos gestores ou demais sócios, obtendo, assim, liquidez sobre o patrimônio.
Ao contrário de empresas com mais tempo de atuação, que em algum momento optam por recorrer à bolsa para expandir operações, a abertura de capital é parte da estratégia inicial de certas companhias. Isso ocorre, por exemplo, com companhias com grande potencial de crescimento que recorrem a venture capital ou fundos de private equity para iniciar seus negócios.
Esse tipo de investidor tende a fazer aportes consideráveis em troca de uma parcela do capital da empresa. A ideia é lucrar ao se desfazer dela quando a companhia já esteja consolidada e, consequentemente, valorizada.
Visibilidade
A máxima “quem não é visto não é lembrado” não vale somente ao show business. Estar na bolsa é garantia de visibilidade e projeção para as empresas.
O lançamento de uma IPO é por si só a notícia aguardada com maior ansiedade pelos participantes do mercado de capitais. Afinal, ingressar na bolsa de valores, como já visto, não é tarefa fácil. Além disso, os dados divulgados no prospecto e as informações constantes apresentadas obrigatoriamente ao mercado, fazem com que a companhia seja acompanhada de perto pelos agentes do mercado.
A empresa consegue, assim, além da possibilidade da arrecadação de recursos, o reconhecimento da própria marca.
Como investir no mercado de ações?
O primeiro passo para investir no mercado de ações é compreender como funcionam cada um dos ambientes onde esses ativos são negociados. Assim, é momento de pular para a prática.
Para te auxiliar nesse processo, te apresento qual o passo a passo para adquirir ações no mercado primário, no primário secundário e no mercado de balcão. Já adianto, contudo, que tudo é menos complicado do que pode parecer.
Como investir no mercado primário
O mercado de ações é onde são negociadas as IPOs e os follow-on. Ou seja, nesse espaço você pode adquirir ações recém-emitidas pelas empresas. Para poder investir nesses ativos, é preciso seguir as seguintes etapas:
- Abra conta em uma corretora de valores: enquanto intermediadoras do mercado de capitais, as corretoras são responsáveis tanto por executar as ordens de compras e vendas de ações, quanto por distribuir ações vendidas durante as IPOs. Assim, o primeiro passo para adquirir ações no mercado primário é abrir sua conta em uma dessas instituições.
Ao ter seu cadastrado finalizado, a corretora te informará sobre eventuais lançamentos de ações pelo home broker da instituição. Por meio do mesmo software, o investidor interessado pode emitir suas ordens de compra.
Atenção: caso você esteja acompanhando com interesse o lançamento de uma oferta pública inicial em específico, o indicado é pesquisar quais corretoras estão atuando com essa distribuição para que seja possível participar das negociações;
- Conheça as empresas em processo de abertura de capital: adquirir as primeiras ações de uma companhia não é garantia de bom negócio. Antes de realizar uma aplicação, é preciso dedicar tempo para investigar todas as informações e dados relevantes acerca das empresas que irão abrir capital na bolsa. A lista de empresas prontas a realizar o lançamento de ofertas públicas iniciais pode ser conferida nos sites da B3, da CVM, ou por meio da sua corretora.
Entre os tópicos relevantes a serem observados estão: histórico e demonstrativos financeiros da empresa, concorrentes, destino do capital levantado e as avaliações dos analistas profissionais. Essa avaliação, vale lembrar, também é feita pela corretora;
- Realize o pedido de reserva: se após estudar as informações relevantes sobre a empresa e ter feito as análises necessárias, você acha que investir nela é uma boa oportunidade, é possível se adiantar e solicitar uma reserva das ações antes da abertura oficial do capital. Desse modo, é possível adquirir os papéis por um preço inferior, em caso de que eles se valorizem muito no dia da abertura.
O pedido de reserva de IPO é realizado pelo home broker. Para isso, basta preencher os dados requeridos pelo sistema, tais como: volume financeiro a ser aplicado na oferta e o preço máximo que se pretende pagar por cada ação ou cota. Um ponto a destacar aqui é que para efetuar uma reserva se faz necessário adiantamento percentual do valor, definido pela corretora como garantia de risco.
É bom ressaltar que essa estratégia também envolve riscos, já que as ações da empresa nunca foram negociadas anteriormente. Indica-se, portanto, que somente investidores experientes se valham dessa alternativa de investimento;
- Acompanhe a formação de preço: uma vez definidos os valores da reserva das ações de uma IPO, é momento de acompanhar qual será, ao fim, o preço de estreia desses papéis na bolsa de valores.
É somente nesse momento que o investidor descobrirá se irá ou não adquirir as ações. Se o teto definido na reserva for inferior ao preço inicial dos ativos, ele não pode mais participar do IPO.
Uma vez formado o preço dos papéis, as ações podem passar a ser negociadas livremente no mercado secundário;
- Observe os desdobramentos do mercado: uma vez realizada a oferta pública inicial, as ações adquiridas passam a ser negociadas no mercado secundário, podendo ser vendidas e revendidas de maneira permanente.
Esse é o momento de acompanhar de perto o desempenho da empresa e das ações, estando atento à valorização e desvalorização dos papéis. Com base nisso, você poderá estabelecer por quanto tempo manter ou qual a hora de vender seus papéis.
Como investir no mercado secundário
O mercado secundário é onde se concentra o maior volume de ações. Nesse ambiente você poderá revender os papéis que possui ou comprar ativos de outros investidores. Para investir nesses ativos, siga os passos abaixo:
- Abra sua conta em uma corretora de valores: da mesma forma que as negociações no mercado primário, no secundário o investidor também precisa obrigatoriamente da intermediação de uma corretora autorizada a realizar suas ordens de compra e venda no pregão.
Caso tenha dúvidas quanto a melhor instituição para abrir sua conta, ao comparar as diferentes opções, observe fatores como: o valor da taxa de corretagem, a usabilidade de seus sistemas de negociação, a profundidade e qualidade dos relatórios apresentados, entre outros. A lista de corretoras autorizadas a atuar na bolsa está disponível no site da B3.
Definida a corretora, basta fazer transferências — via TED ou DOC — para que seus recursos possam ser aplicados em ações;
- Utilize o home broker da corretora: enquanto cliente de uma corretora, você terá acesso ao home broker da mesma. Por meio dessa plataforma online você poderá acompanhar as cotações da B3 e todas as ações que estão sendo negociadas no pregão do dia;
- Defina as ações em que pretende investir: caso alguma ação tenha despertado seu interesse, antes de decidir por fazer seus aportes, dedique um tempo a pesquisar sobre a empresa e o ativo em questão.
Duas ferramentas amplamente utilizadas pelos agentes do mercado para auxiliar nesse estudo são a análise fundamentalista e a análise técnica.
A primeira tem por foco estudar a saúde financeira de uma empresa. Para isso, parte da compilação de dados econômicos, estruturais e políticos, para estimar o valor da companhia, sua competência para gerar receitas e gerenciar custos, e seu potencial de expansão de margem de lucro.
A segunda, bem mais direta e voltada a prazos curtos, se concentra na leitura de gráficos históricos, com a intenção de antever o comportamento de determinada ação no mercado.
Informações como as levantadas por essas análises são importantíssimas para minimizar riscos e ter mais consciência sobre qual o melhor momento de comprar, manter ou vender uma ação;
- Emita a ordem de compra: ao definir as ações que deseja negociar, basta emitir as ordens de compra ou venda pela própria plataforma de home broker, seguindo os passos informados pela corretora. Feito isso, sua compra será concretizada em um prazo de até dois dias úteis;
- Acompanhe os resultados: ao contrário dos investimentos em renda fixa, ao aplicar em ações é preciso que você esteja ciente de que o valor de seus papéis é totalmente variável. Em outras palavras, as ações reagem à volatilidade do mercado, e seu preço muda constantemente.
Desse modo, é preciso acompanhar o desempenho dos ativos de sua carteira, para analisar quais devem ser negociados. Os valores gerados por suas vendas podem ser resgatados ou aplicados em outras ações.
Como investir no mercado de balcão
No mercado de balcão são negociadas ações e demais ativos não registrados na bolsa de valores. Normalmente, esse ambiente é ocupado por pequenas empresas que não conseguem cumprir os requisitos para ingressarem no mercado primário e, por conseguinte, no secundário.
Com regulação menos rígida, aplicar dinheiro nesse ambiente é mais arriscado, embora certas oportunidades de retorno possam compensar os riscos. Para comprar ações no mercado de balcão, basta acompanhar o seguinte passo a passo:
- Abra sua conta em uma corretora: da mesma forma que os mercados integrantes da bolsa de valores, as negociações do balcão se dão por intermédio de uma corretora de valores. Assim, a abertura de conta junto a uma corretora é imprescindível;
- Acesse as plataformas do mercado: o mercado de balcão organizado conta com plataformas próprias para negociação e acompanhamento, como o SOMAtrader e o SOMAbroker. Esses sistemas compilam todas as ações e outros produtos financeiros que podem ser negociados nesse ambiente;
- Emita suas ordens de compra: por meio das mesmas plataformas é possível emitir as ordens de compra e venda. Cabe então à corretora fazer o registro no sistema. Esse mercado também permite negociações por telefone.
Dica extra: antes de aplicar qualquer um dos manuais detalhados acima, é preciso retroceder um passo. Independentemente do mercado escolhido para suas negociações, há um passo de grande importância para todos aqueles que investem em produtos de renda fixa, como as ações: crie uma reserva de segurança.
É preciso ter uma fonte de recursos de fácil acesso para não tomar nenhuma decisão precipitada em caso de passar por um eventual momento de crise. Pode ocorrer, por exemplo, que em uma situação de emergência, você tenha que buscar a liquidez de papéis em um momento em que estes estão desvalorizados.
Um bom começo, portanto, é ter uma reserva que cubra ao menos três meses de todos seus gastos fixos.
Quais os ativos negociados na bolsa?
Compreendido o funcionamento do mercado é momento de saber quais são, afinal, as possibilidades de negócios ofertados no mercado de ações. Atualmente, há mais de 400 empresas listadas na B3, divididas em diferentes setores de atuação. São eles:
- Bens industriais: um dos maiores segmentos da bolsa, inclui desde empresas que trabalham com maquinário de uso industrial até empresas de transporte rodoviário. Alguns exemplos mais conhecidos são: Azul, Embraer e Gol;
- Comunicações: segmento que compreende empresas de mídia, difusão de filmes, telecomunicação e telefonia fixa. Alguns exemplos de empresas são: Oi, Tim e Telefônica Brasil;
- Consumo cíclico: abrange, como o nome sugere, setores que são comumente aquecidos em ciclos econômicos positivos. São, em suma, produtos não-essenciais. Aqui estão empresas do setor automobilístico, vestuário, viagens, entre outros. Alguns exemplos de companhia são: CVC, Hering, Renner e Saraiva;
- Consumo não-cíclico: são empresas ligadas a produtos essenciais de consumo, como alimentos, bebidas e itens de higiene pessoal e limpeza. Alguns exemplos mais conhecidos são: Ambev, JBS e Natura;
- Financeiro: um dos maiores setores da bolsa e um dos que possuem maior peso no índice Ibovespa, inclui bancos, corretoras e seguradoras.
Dado interessante é que entre as empresas listadas nesse segmento está a própria B3. Além dela, outros exemplos são: Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander;
- Materiais Básicos: nesse segmento estão empresas que atuam com a produção ou comercialização de matérias primas como madeira, minérios, químicos, siderurgia e metalurgia, entre outros. Entre as empresas mais famosas estão: Gerdau, Unipar e Vale;
- Petróleo, Gás e Biocombustíveis: aqui estão listadas as empresas que trabalham com a exploração ou o refino de combustíveis. O exemplo mais conhecido é a Petrobras;
- Saúde: um dos segmentos com o maior número de IPOs lançados nos últimos anos, engloba empresas de equipamentos, farmacêuticas, planos de saúde, entre outras. Alguns exemplos são: Raia Drogasil e Profarma;
- Tecnologia da Informação: um dos menores segmentos da bolsa, inclui desde companhias que trabalham com a produção de equipamentos eletrônicos até o desenvolvimento de softwares. Algumas empresas desse ramo são: Positivo e a Linx;
- Utilidade Pública: é composta por empresas que prestam serviços públicos essenciais, como a distribuição de energia, água e saneamento básico. Alguns exemplos de companhias são: CPFL Energia, Copel e Eletrobras;
- Outros: a B3 ainda conta com uma listagem de empresas que não se enquadram em nenhum dos segmentos citados acima. Aqui estão, em maioria, as chamadas holding, ou seja, companhias que detêm participações majoritárias de outras empresas.
Conhecidos todos os segmentos e empresas em que se pode investir, bem como explanado o passo a passo de como fazer suas aplicações, é preciso apresentar ainda as diferentes maneiras de adquirir as ações negociadas na bolsa de valores.
Adianto, que é possível comprá-las por conta ou participando como cotista de um fundo. Abaixo, explicarei todas as opções em detalhes.
Compra direta de ações
Nessa modalidade, o investidor é o responsável direto pela escolha dos ativos, pelas ordens de compra e venda, e pelos custos que incidem sobre a negociação. Desse modo, seja com base em suas análises próprias ou com o suporte de analistas profissionais, ele monta sua carteira de acordo com seus objetivos e estratégias pessoais.
Adquirir ações de maneira direta é bastante simples. O processo é feito inteiramente por meio do home broker da corretora de valores da qual se é cliente. Para isso, basta acessar a plataforma, selecionar os ativos em que se pretende investir, e emitir as ordens de compra.
Normalmente, a compra direta de ações envolve custos como taxas de corretagem e de custódia pagas à corretora, emolumentos à bolsa de valores, além de imposto de renda sobre os rendimentos. Sendo que emolumentos e corretagem recaem sobre cada operação individual, ao passo que a custódia é cobrada mensalmente.
Opções de ações
O chamado mercado de opções permite que o investidor obtenha o direito preferencial de comprar uma ação, em uma data futura e por um preço já estabelecido.
Desse modo, é possível que o investidor aproveite uma oportunidade de momento, mesmo sem possuir os recursos necessários para aplicação na data presente. Essa modalidade de negócio envolve a participação de dois sujeitos: o comprador — também denominado como lançador —, e o vendedor — conhecido como titular.
Comumente, os contratos de compra são realizados quando se há a expectativa de que o papel se valorize até a data de pagamento. Enquanto os contratos de venda vão na direção contrária: são emitidos quando se espera que a ação se desvalorize.
Fundos de investimento
Investidores iniciantes que ainda não se sentem confortáveis em direcionar suas aplicações por conta própria podem se valer de fundos de investimento como alternativa para fazer suas aplicações no mercado.
De maneira bem direta, é possível dizer que os fundos de investimento funcionam como uma alocação coletiva. Ou seja, os recursos de diferentes pessoas são reunidos e aplicados de forma conjunta no mercado de ações.
De funcionamento bastante simples, esses fundos são administrados por um gestor profissional, encarregado por fazer a análise das ações, concretizar as negociações e acompanhar os resultados. Ao final, os lucros obtidos com a aplicação são divididos entre os cotistas de maneira proporcional aos valores aportados por cada um deles.
Assim como as ações, as cotas de fundo também podem ser encontradas por meio das plataformas oferecidas pelas corretoras de valores. Vale citar que cada fundo costuma focar em estratégias específicas, como: investimentos setoriais, investimentos em companhias de baixo valor (small caps), entre outros.
Além da praticidade, outras vantagens de ser cotista de um fundo de investimento são: divisão das despesas de corretagem e custódia com os demais participantes, e possibilidade de investir em diferentes empresas simultaneamente, diversificando, assim, a carteira. A grande desvantagem, contudo, é a falta de liberdade no que tange às escolhas das ações, haja visto que essa tarefa recai exclusivamente ao gestor.
Fundos de índices (ETF)
Sigla para o termo em inglês Exchange Traded Funds, os ETFs funcionam de maneira semelhante a um fundo de investimento convencional, captando recursos de diferentes cotistas com o objetivo de aplicar o valor total de forma conjunta. Esse fundo tem como particularidade, no entanto, a estratégia de acompanhar o desempenho de um índice de mercado como, por exemplo, o Ibovespa, o MSCI ou o S&P 500, entre outros.
As ETFs são administradas por gestoras especializadas e o ingresso nesse fundo se dá pela compra de uma cota, por meio do home broker. Caso queira se desfazer de sua participação, o investidor necessita negociá-la na B3.
A grande vantagem de adquirir uma cota é que ao invés de comprar papéis de maneira individual, o investidor está comprando uma gama de ações de uma única vez. Além disso, os custos são menores e as rentabilidades tendem a ser superiores, de acordo com o valor investido. Semelhante aos demais fundos, o ônus é não poder influenciar nas decisões de ativos a serem adquiridos.
Clubes de investimento
Semelhantes de certa forma aos fundos, os clubes de investimento também são integrados por um conjunto de cotistas que somam seus recursos em um único montante. A diferença é que os clubes são integrados por pequenas sociedades de pessoas físicas — por exemplo, membros de uma família, colegas de trabalho ou grupo de amigos —, que se unem para investir na bolsa de valores.
Vale citar que os clubes de investimento possuem regulamento e limitações particulares: o número de participantes não pode ser inferior a três e tampouco pode ultrapassar 50. Além disso, nenhum integrante pode ter cotas que representem mais de 40% do valor de todo o fundo.
O gerenciamento do fundo fica a cargo de um de seus membros, eleito pelo grupo. Cabe a ele realizar todas as operações com a intermediação de uma corretora de valores. As despesas e lucros do clube são repartidas de maneira proporcional entre os integrantes.
Quais os níveis de governança e tipos de ações?
As ações são por definição uma pequena fração do capital social de uma sociedade anônima. Ao adquirir um desses papéis, portanto, mais do que a oportunidade de obter rendimentos com uma eventual valorização de seu preço, o investidor se torna sócio da companhia emissora. Isso quer dizer que o acionista compartilha do desempenho, dos prejuízos e dos lucros da empresa.
A depender de suas particularidades — como por exemplo a possibilidade de rendimento ou a intensidade de seus riscos — e dos níveis de governança de seus obtentores, as ações são classificadas em diferentes grupos. São eles:
- Ações ordinárias;
- Ações preferenciais;
- Units;
- Blue chips;
- Small caps;
- Mid caps.
Para te ajudar a escolher as ações que melhor se encaixam às suas estratégias e ao seu perfil de investidor, explicarei as características e diferenças entre cada um desses grupos.
Ações ordinárias
Também conhecidas no mercado como ON, as ações ordinárias são papéis que têm por principal característica garantir aos seus titulares o direito de voto em assembleias de acionistas.
Quem adquire esses ativos auxilia, por exemplo, a eleger os membros do conselho responsáveis por supervisionar as decisões administrativas. Ao optar por essas ações, o investidor tem, assim, algum controle sobre as políticas corporativas e a gestão administrativa da empresa.
Apesar do caráter democrático implícito nessa modalidade de ação, é importante citar que a opinião de cada acionista não tem o mesmo peso. Isso porque cada ação adquirida dá direito a um voto. Ou seja, a influência de quem possui poucos títulos tende a ser ínfima, enquanto a opinião de acionistas majoritários — grupo que possui mais 50% das ações de uma companhia — acabam por fazer a balança pender para seu lado.
Apesar do maior poder decisivo, a desvantagem dessa modalidade de ação é que ela não confere a seus titulares a preferência no recebimento de dividendos.
Ações preferenciais
Conhecidas como PN — sigla para ações preferenciais nominativas —, esses papéis garantem a seus detentores o direito preferencial no recebimento de dividendos, e também em casos de liquidação da companhia. Em outras palavras, em caso de falência, esses investidores têm maior chance de recuperar seus investimentos, uma vez que serão estornados antes que os demais.
Essas ações também se caracterizam por normalmente possuir maior liquidez que as ações ordinárias na bolsa brasileira. No entanto, ao contrário dos detentores de ONs, o investidor que possui PNs não tem direito ao voto. Ou seja, esses acionistas não possuem poder algum quanto ao futuro da companhia da qual são sócios.
Outra diferença entre ações preferenciais e ações ordinárias está na partilha dos dividendos. Além de serem pagos antes, o ganho de acionistas preferenciais é garantido, uma vez que é fixo e independe do desempenho da companhia. Os valores recebidos pelos acionistas ordinários, por sua vez, são proporcionais aos lucros da companhia.
Units
Units, pode-se dizer, representam a união de títulos preferenciais e títulos ordinários. Não são ações individuais, mas um conjunto delas, formado tanto por ações ON quanto por ações PN.
Emitidas como “pacotes“, cada unit é composta por um número diferente de ações ordinárias e ações preferenciais. Uma unit pode, por exemplo, ser constituída por duas ON e quatro PN, ou vice-versa.
Uma singularidade é que esses pacotes só podem ser negociados integralmente. Ou seja, não é possível adquirir uma unit e revender apenas suas ações preferenciais ou suas ações ordinárias.
Além de serem divididas de acordo com o nível de governança que oferecem a seus detentores, as ações também são comumente conceituadas segundo o valor de mercado das companhias que as emitem, como demonstrarei na sequência.
Blue chips
Como alusão às fichas mais valiosas do jogo de poker, blue chips é como são informalmente conhecidas as ações das maiores e mais reconhecidas empresas da bolsa de valores.
Uma boa opção para investidores que preferem não correr riscos, as blue chips possuem um elevado volume de negociação, sendo as grandes componentes dos principais índices acionários.
Além disso, essas ações possuem como singularidade uma alta liquidez. Em outras palavras: são fáceis de serem vendidas, uma vez que existem muitos investidores interessados nelas.
Small caps
De forma objetiva, é possível dizer que as small caps são a versão antagônica das blue chips. Isso quer dizer que tratam-se de ações com baixo valor de mercado e que contam com baixa liquidez. Em contraponto, porém, podem apresentar um grande potencial de valorização.
Esse tipo de ação, que encontra pouco volume de negociação, costuma ser emitido por companhias novas em seus segmentos ou pertencentes a um setor econômico ainda não consolidado. São, assim, mais arriscadas e destinadas a investidores tolerantes a riscos, que buscam bons retornos a longo prazo.
Mid caps
Derivativo da palavra em inglês middle, mid cap é como são chamadas as ações de empresas com valor de mercado médio. Isto é, que valem mais que as small caps e menos que as blue chips. Como referência, no Brasil, são considerados mid caps os papéis emitidos por companhias com valor de mercado entre 2 e 10 bilhões de reais.
Entre as vantagens das mid caps está a possibilidade de investir em mercados que, ao mesmo tempo, ainda não são tão explorados, mas que não possuem problemas quanto à liquidez de suas ações.
Por fim, vale citar que essas empresas não costumam compor a cotação de índices. Assim, não é incomum que ação mid cap esteja em alta, quando o Ibovespa (IBOV) está em queda, e vice-versa.
Quais os tipos de ofertas do mercado de ações?
Tema acompanhado de perto pelas personagens do mercado, as ofertas representam a forma pela qual as ações de uma companhia serão ofertadas ao mercado.
Definidas como o momento em que a empresa emite papéis públicos que permitem a adesão de novos acionistas, as ofertas do mercado de ações podem ocorrer de formas distintas. Segundo suas singularidades, elas podem ser caracterizadas como: oferta primária, oferta secundária, IPO ou follow-on.
Ofertas primárias
Ofertas primárias representam a emissão de novas ações por companhias já listadas na bolsa.
As companhias se valem dessa alternativa para arrecadar recursos sem a necessidade de emitir títulos de dívida (debêntures) ou recorrer a empréstimos. O dinheiro arrecadado com as operações é destinado ao caixa da empresa, podendo ser investido em sua expansão ou na realização de projetos.
Ofertas secundárias
As ofertas secundárias são caracterizadas pela venda de ações que já existem. Em outras palavras, nessa situação, as companhias não emitem novos papéis e, consequentemente, seu capital não aumenta com essas operações.
De maneira geral, as ofertas secundárias são realizadas por acionistas que buscam liquidez ao vender ações de suas carteiras. Desse modo, o dinheiro dessas negociações pertence ao investidor que se desfez de seu papel.
IPO (Initial Public Offering)
A oferta pública inicial, também conhecida como IPO, marca a estreia de uma nova empresa na bolsa de valores. Na prática, isso quer dizer que essa oferta representa a emissão e negociação das primeiras ações de uma companhia.
Importante destacar que o processo de lançamento de uma oferta pública inicial é bastante complexo e custoso. Ou seja, não é algo que possa ser encarado por qualquer empresa que necessite de recursos.
Além disso, o lançamento de uma IPO deve vir acompanhado de um prospecto que apresente informações sobre a empresa e seus ativos, além de ser analisado e registrado pela CVM, obedecendo as normativas da instrução CVM 400/2003 — a qual regula as ofertas públicas iniciais de valores mobiliários no mercado primário e secundário.
Importante citar que a emissão de uma IPO não é o único caminho possível para que sociedade anônima ingresse na bolsa de valores. Outra alternativa, menos burocrática, embora mais limitante, é o lançamento de uma oferta restrita. Criada com o intuito de agilizar e simplificar os procedimentos para estreia de uma bolsa na B3, essa modalidade de oferta é regida pela instrução CVM 476/2009.
Além de responder a um regulamento mais brando, essas ofertas também se diferem das IPOs no que tange ao público de alcance. Enquanto a oferta pública inicial é aberta para qualquer investidor interessado, a oferta restrita, como sugere o nome, é destinada a um grupo seleto de acionistas: investidores profissionais e convidados.
Follow-on
Também chamada de oferta subsequente, a follow-on — “continuação”, em tradução livre — diz respeito ao processo de emissão de novos ações por parte de uma empresa já listada na bolsa de valores.
Da mesma forma que o IPO, o follow-on público segue as normativas da instrução CVM 400/2003, necessitando de análise e registro da Comissão de Valores Mobiliários. Além disso, seu lançamento também deve ser comunicado por meio de fato relevante ao mercado, o que dá aos investidores tempo para se preparar para a oferta.
Por fim, vale citar que o lançamento de um follow-on também pode ser restrito a investidores profissionais. Nesse caso, a oferta deve obedecer a já citada instrução CVM 476/2009.
O que significam os códigos dos ativos na bolsa de valores?
Todas as ações possuem um código que auxilia os investidores a identificá-las no home broker, facilitando o processo de escolha. Esse código é composto por quatro letras e um número.
As letras fazem referência direta ao nome da companhia emissora. Assim, os códigos das ações da Petrobras, por exemplo, iniciam com PETR; os do banco Itaú, com ITUB; os da Vale, com VALE; e assim por diante.
O número, que vem sempre após a sequência de letras, indica qual a natureza da ação, conforme demonstrado na tabela:
Número | Tipo de ação |
1 | Direito de compra de uma ação ordinária |
2 | Direito de compra de uma ação preferencial |
3 | Ação Ordinária |
4 | Ação Preferencial |
5 | Ação Preferencial Classe A (PNA) |
6 | Ação Preferencial Classe B (PNB) |
7 | Ação Preferencial Classe C (PNC) |
8 | Ação Preferencial Classe D (PND) |
9 | Recibo de subscrição de ações ordinárias |
10 | Recibo de subscrição de ações preferenciais |
11 | BDRs, Units e ETFs |
Uma vez que há empresas que lançam mais de uma modalidade de ação na bolsa de valores, é imprescindível ter domínio sobre o significado de cada código numérico. Só assim é possível ter certeza de que o papel pretendido realmente se encaixa em suas estratégias de investimento. Para deixar tudo mais claro, ressalto abaixo o significado de cada um deles:
- Ações com código de terminação 1: papéis que dão direito à opção de compra de ações ordinárias (aquelas que conferem ao titular o voto em assembleias), com preço e data de pagamento pré-definidos;
- Ações com código de terminação 2: da mesma forma que o anterior, permite ao investidor a opção de compra de uma ação. Esse número, no entanto, se refere a ações preferenciais (aquelas sem direito à voto, mas que dão prioridade no pagamento de dividendos);
- Ações com código de terminação 3: dizem respeito a papéis ordinários;
- Ações com código de terminação 4: dizem respeito a papéis preferenciais;
- Ações com código de terminação 5, 6, 7 e 8: esses números também indicam ações preferenciais. Cada qual, porém, identifica uma classe distinta de papel, sendo eles, respectivamente: A (PNA), B (PNB), C (PNC) e D (PND).
Cada uma dessas subdivisões possui direitos próprios. Comumente, a diferença está no valor dos dividendos destinado à elas. Antes de escolher um desses ativos, é recomendado que o investidor leia o contrato social da companhia emissora, onde são detalhados as singularidades de cada uma dessas ações;
- Ações com código de terminação 9: ao adquirir o direito de subscrição de uma ação ordinária (aquelas com final 1), ela passa a ser identificada com o final 9. Isso significa que a inscrição foi concluída e que o papel pode ser negociado pelo valor pré-determinado;
- Ações com código de terminação 10: semelhante ao exemplo anterior, o número 10, entretanto, significa a conclusão da inscrição de uma ação preferencial (inicialmente negociada com o código 2);
- Ações com código de terminação 11: esse número pode dizer respeito a diferentes produtos negociados no mercado de ação. Ele pode indicar uma BDR (sigla para Brazilian Depositary Receipts, como são chamadas as ações de empresas estrangeiras emitidas e negociadas na B3), uma ETF (sigla para exchange traded funds, fundos que buscam acompanhar o desempenho de índices ou ativos financeiros do mercado), ou units (pacotes fechados formados por um conjunto de ações ordinárias e ações preferenciais).
Além desses, que aparecem com maior incidência, é possível se deparar com alguns outros códigos. Os números 34, 35 e 36, por exemplo, também são usados para indicar BDRs.
Algumas ações terminam ainda com a letra F, como em PETR4F. Isso indica que a ação está sendo negociada de forma fracionada. Ou seja, não é preciso comprá-la ou vendê-la em lotes padrões. Como exemplo, se um lote da PETR4 tiver 100 ações, mas o investidor optar por comprar apenas 10, as ações adquiridas aparecerão no home broker com o código PETR4F.
Para finalizar, a título de exemplo, deixo abaixo os códigos de ações de algumas das companhias citadas na bolsa de valores:
- ABEV3: ações ordinárias da Ambev
- BBDC3: ações ordinárias do Bradesco;
- BBDC4: ações preferenciais do Bradesco
- BVMF3: ações ordinárias da BMF Bovespa;
- GGBR4: ações preferenciais da Gerdau;
- ITUB3: ações ordinárias do Itaú;
- ITUB4: ações preferenciais do Itaú;
- PETR3: ações ordinárias da Petrobras;
- PETR4: ações preferenciais da Petrobras;
- USIM5: ações preferenciais classe A da Usiminas.
Qual o horário de funcionamento do mercado de ações?
O funcionamento regular do mercado de ações, segundo as normas estabelecidas pela B3, ocorre de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h55, do horário oficial de Brasília.
Além desse horário, as operações da bolsa de valores brasileira, segundo diferentes etapas de negociação, também ocorrem antes da abertura do pregão e após o seu fechamento, conforme detalhado na sequência:
- 9h45: é dado início a um leilão de pré-abertura, que antecede as negociações do dia. Ao longo desses 15 minutos, os investidores definem suas ofertas pretendidas de compra e venda, ajustando os preços segundo os acontecimentos da noite anterior;
- 10h: o mercado de ações é oficialmente aberto, iniciando-se as negociações;
- 16h55: ocorre a “call de fechamento”, que pode ser definida como o leilão em que será definido o preço de fechamento das ações no dia;
- 17h30: começa o chamado “after-market“, onde as negociações são retomadas em um período de operação fora do horário normal do pregão. Essa etapa, porém, possui restrições, como:
- Não é possível negociar opções de compra;
- Somente são aceitas compras e vendas de ações à vista;
- Só podem ser negociados papéis que compõem o índice Ibovespa e que tenham sido negociados durante o pregão do dia;
- Só podem ser negociados até R$ 900 mil por CPF;
- A volatilidade dos papéis não pode superar 2% em relação ao preço de fechamento.
O horário de funcionamento da bolsa de valores também pode ser alterado durante determinados períodos do ano, ampliando o horário do pregão em uma hora e, consequentemente, eliminando o after-market.
Isso ocorre durante o horário de verão dos Estados Unidos, com o objetivo de que os valores das operações locais não sejam muito distintos dos praticados nas bolsas estadunidenses, onde muitas ações de empresas brasileiras também são negociadas.
É preciso ressaltar que cada uma dessas fases de operação pode impactar diretamente no preço e no desempenho das ações. Por isso, é preciso estar sempre atento ao que ocorre durante todas as etapas, além de compreender como elas podem infligir alterações sobre os preços do mercado.
O que significa Circuit Breaker?
Utilizado como salvaguarda na B3 e em boa parte das bolsas de valores ao redor do mundo, o circuit breaker é o nome pelo qual é conhecido um mecanismo criado para interromper a negociação de ativos no mercado de capitais por tempo determinado.
Esse mecanismo é acionado somente em situações muito especiais, que ocorrem quando a bolsa sofre movimentações acentuadas de queda. A pausa nas negociações é uma forma de conter as especulações do mercado e proteger os investidores de variações bruscas e inesperadas.
Com as negociações cessadas, é dada a oportunidade de que os investidores reorganizem suas estratégias sem precipitações.
Além disso, o acionamento do circuit breaker evita que quedas generalizadas do mercado se acentuem, provocando grandes distorções nos valores das ações.
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Espero que, após essa verdadeira aula sobre o mercado de ações, você passe a ver esse ambiente de negociação mais como fascinante do que complexo. Afinal, apesar de seus inúmeros mecanismos e possibilidades, é compreensível as razões pelas quais tantos profissionais almejam seguir uma carreira nessa linha, ou que tantos investidores estudem para alocar seus recursos dessa forma.
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