Por mais que o número de investidores no Brasil siga em ascendência, para muita gente “investimento” segue como sinônimo de “poupança”, enquanto a bolsa de valores se resume a um “ambiente onde é possível comprar ações de companhias famosas”. Os produtos e oportunidades de aplicação existentes no mercado financeiro, porém, vão muito além do que as simplificações do senso comum. Amostra disso é o chamado mercado de derivativos, onde são negociados contratos futuros derivados do preço de ativos subjacentes.
Alternativa interessante tanto para gestores que buscam conter prejuízos causados pela volatilidade do mercado, quanto por investidores que tentam se valer dela para obter maiores lucros, o mercado de derivativos, muito popular no setor agrícola — o qual tem seu desempenho atrelado às variações da safra —, se estende a uma grande gama de segmentos. Os contratos de derivativos podem vir desde ativos financeiros – como taxas de juros, moedas estrangeiras, ações e criptomoedas – até commodities – como soja, ouro, boi gordo, entre outros.
Na prática, no mercado de derivativos são negociados contratos de compra e venda baseados no valor presente de algum ativo de referência. Ao final do prazo estabelecido, a operação é concretizada seguindo os valores determinados previamente. Isso, entretanto, é apenas uma introdução. Para compreender as especificidades de um mercado tão amplo quanto o de derivativos, é preciso ir mais a fundo. E é isso que me proponho ao longo deste artigo.
Entre outros tópicos, apresentarei:
- Como se dá o funcionamento do mercado de derivativos;
- Quais seus objetivos;
- Vantagens e desvantagens;
- Quais os gêneros de derivativo existentes;
- Passo a passo para investir em derivativos e se aproveitar dos benefícios desse mercado.
Continua comigo!
O que são derivativos?
De maneira auto-explicativa é possível dizer que derivativos são ativos financeiros que derivam de outros ativos. Traduzindo isso para termos mais simples, são negociações que funcionam como contratos de compra e venda futura, cujos valores se baseiam no preço momentâneo de um ativo qualquer pré-definido.
Os contratos de derivativos podem estar atrelados a uma ampla gamas de ativos financeiros ou commodities, como:
- Sacas de soja e café;
- Quilo do boi gordo à vista;
- Câmbio de moeda estrangeira ou criptomoeda;
- Taxa básica de juros;
- Inflação acumulada no período;
- Valor de uma ação específica.
Ao adquirir um contrato de derivativo de saca de soja, por exemplo, o investidor não está comprando o produto em si, mas o seu valor no presente. Ao fim do contrato estabelecido entre as partes, esses recursos podem ou não ser adquiridos de maneira física.
O que é o mercado de derivativos?
O mercado de derivativos diz respeito à negociação de compromissos de compra e venda que serão efetuados em uma data futura determinada entre as partes. A principal característica desse mercado é que os produtos negociados não são ativos propriamente ditos, mas contratos que se baseiam no preço destes.
As raízes desse modelo de negócio remetem a uma prática do Japão Feudal, onde contratos de arroz passaram a ser aceitos como moeda corrente, como uma maneira de assegurar os ganhos de proprietários rurais em períodos de baixa safra ou demanda. Hoje em dia, embora esse tipo de operação continue sendo, sobretudo, atrelado ao setor agrícola, os contratos de derivativo podem ser, como visto, atrelados ao preço de diferentes commodities e ativos financeiros.
No Brasil atual, essas operações são feitas por meio de contratos detalhados com cláusulas, valores e prazos acertados entre as partes envolvidas. Os contratos de derivativos são negociados por meio da Bolsa de Valores e do mercado de balcão.
Como funciona o mercado de derivativos?
Operar no mercado de derivativos exige a capacidade de fazer prospecções sobre o desempenho dos ativos subjacentes ao contrato, uma habilidade presente somente em quem já investe em renda variável com desenvoltura. Apesar disso, seu funcionamento é bastante simples.
Na prática, ao negociar um derivativo, o investidor firma o compromisso de compra ou venda de um determinado papel com preço atrelado ao valor atual à vista de um ativo, a ser quitado em uma data futura determinada.
As cláusulas do contrato são definidas pelas duas partes interessadas, com base na especulação do ativo adjacente. Nesse cenário, a parte vendedora prevê uma desvalorização do papel e busca garantir o valor presente. Enquanto a parte compradora, por outro lado, acredita na valorização do bem ao longo do período.
A liquidação do derivativo, por sua vez, pode ser física ou financeira. Dito de outra maneira, pode ocorrer por meio da entrega do produto determinado (como sacas de café) ou pela diferença do preço de compra e venda.
Quais são os 4 tipos de derivativos?
Por mais que os derivativos sejam, de maneira geral, definidos como produtos financeiros que derivam de outros ativos, esse tipo de papel pode ser dividido em quatro tipos: contratos a termo, contratos futuros, opções e swaps.
Cada um desses derivativos possui regras e funcionamento próprio. Assim, é crucial que o investidor conheça as diferenças entre esses contratos, bem como as particularidades que os norteiam. Por isso, abaixo vou te mostrar todos eles de maneira individual e detalhada, para deixar tudo perfeitamente esclarecido.
Contratos a termo
Os contratos a termo são conhecidos como as operações de derivativo mais simples do mercado. Neste modelo de negócio, as partes envolvidas definem a venda de um papel em uma data futura por um preço atual.
Ambas as partes precisam cumprir com o acordado na data estipulada. Isso quer dizer que nem o comprador e nem o vendedor podem repassar ou liquidar o contrato antes da data de vencimento definida.
Contratos futuro
Regulados pela B3, os contratos futuros funcionam como o compromisso de negociação de um ativo financeiro ou de um bem físico em data futura, por um preço definido.
A grande diferença para o contrato a termo é que o contrato futuro pode ser vendido antes da data estipulada, o que lhe confere maior liquidez.
Além disso, essa modalidade de derivativo só pode ser negociada na bolsa de valores. Inclusive, essas instituições servem de salvaguarda, assumindo os riscos da operação, em caso de que uma das partes não cumpra com suas obrigações.
Opções
Negociar uma opção significa adquirir o direito de compra ou venda de ativo, por um preço pré-acordado em uma data futura acertada. Como garantia, quem compra uma opção — personagem conhecido como “titular” — necessita pagar um valor ao vendedor — também chamado como “lançador”.
Diferente dos contratos a termo e futuro, a negociação de uma opção não obriga a parte interessada a concretizar o negócio, apenas lhe garante a preferência de fazê-lo. No caso de que o valor à vista do bem acordado seja mais baixo do que o pré-definido, é possível, por exemplo, que o comprador desista da compra.
As opções de compra são dividas em:
- Call options: é como é chamado o contrato que dá direito ao investidor de comprar o ativo subjacente;
- Put options: é como é denominado o contrato que dá ao investidor o direito de vender o ativo subjacente.
Swaps
Podendo ser traduzido como “intercâmbio/troca”, o swap é um contrato onde duas empresas ou investidores se comprometem a trocar entre si, em um momento futuro, a rentabilidade de dois bens diferentes – mercadorias ou qualquer ativo financeiro.
A data de liquidez da negociação e demais condições devem ser definidas com antecedência, assim como ocorre com contratos a termo. Dado que o acordo se baseia nas variações de preço de dois bens distintos, o swap também é popularmente chamado como “troca de riscos”. Essa operação é comumente usada para trocas de moedas ou de taxas de juros.
Qual é o principal objetivo do mercado de derivativos?
Os derivativos surgiram e se popularizaram como uma maneira de proteger os ganhos do setor agrícola, os quais, de outro modo, eram e são diretamente afetados pela safra e pela demanda.
Com o tempo, porém, essa estratégia se espalhou para os mais diferentes segmentos de mercado, como uma maneira de assegurar os ganhos de empresas e investidores. Via de mão dupla, os derivativos também passaram a ser usados para especulação e alavancagem.
Abaixo explicarei cada um desses objetivos de maneira detalhada.
Proteção
Objetivo original da criação dos derivativos, a proteção de valor de ativos financeiros e commodities continua sendo um dos seus usos mais comuns.
Também conhecida no mercado financeiro como hedge, a proteção de valor busca antecipar o preço de um bem, neutralizando o impacto de uma possível queda gerada pela volatilidade do mercado ou quaisquer outros fatores.
O hedge é amplamente usado no mercado cambial e no setor agrícola. No primeiro caso, uma empresa com dívidas em dólar pode comprar contratos de câmbio futuros para garantir a cotação atual da moeda estrangeira. Do contrário, uma possível desvalorização do real resultaria em despesas maiores à companhia.
No segundo caso, um produtor de café, por exemplo, pode proteger o preço de sua venda de eventuais flutuações no valor da saca comprando contratos futuros de seu produto.
Essa ferramenta, contudo, deve ser usada com ponderação. Às vezes, o caminho mais seguro é também o menos produtivo. Se o hedge pode proteger riscos, também pode limitar seus ganhos. É por isso que os derivativos também podem ser usados de outra forma: para especulação.
Especulação
Além de poder ser usado para proteger determinado valor da flutuação do mercado, os derivativos também podem ser utilizados de forma totalmente avessa: com o objetivo de gerar lucros por meio da volatilidade do preço de determinado bem.
A especulação caracteriza-se pela prática de investir em um bem com a perspectiva de lucrar com sua valorização. Nesse sentido, os derivativos podem ser um grande aliado em projeções, auxiliando estratégias de alavancagem e potencialização de lucros.
Se valendo do exemplo já utilizado, caso um investidor compreenda, por meio de suas análises, que o preço das sacas de café irá aumentar em dado momento, investir em seus derivativos para garantir o preço atual pode ser uma boa ideia.
Essa também é uma estratégia muito usada por uma personagem famosa no mercado financeiro: o trader. Um dos tipos de operadores da Bolsa de Valores, sua atuação consiste em identificar tendências de alta e queda em ações, para lucrar com operações de curto prazo. O trader pode, portanto, apostar na compra e na venda do mesmo derivativo ao longo do dia, buscando pequenos ganhos com cada microvariação.
Da mesma forma que o hedge, o uso de derivativos para alavancagem também pede cautela. Afinal, uma mudança inesperada do preço do ativo adjacente pode significar grandes prejuízos.
Arbitragem
A melhor maneira de compreender a arbitragem é pensar na figura do antigo caixeiro viajante, ou mascate. Figura bastante popular no passado, esse personagem viajava para vender produtos fora da região onde eles eram produzidos, lucrando com a diferença entre os preços cobrados entre o lugar de origem e o de passagem.
A arbitragem funciona praticamente do mesmo modo: a ideia é estar atento acerca dos preços do mesmo ativo em diferentes mercados, de modo a lucrar com eventuais oportunidades de discrepância. Dito de outro modo, comprar um bem por um preço abaixo e vendê-lo onde ele está custando mais.
Investidores que se valem da arbitragem podem usar derivativos financeiros, entre outras coisas, para comprar e vender ativos em diferentes bolsas de valores ou mercados, obtendo lucros com a diferença de valores existente entre eles.
O que é operar em derivativos?
Operar com derivativos é assumir um compromisso de compra ou venda de um papel em um prazo futuro pelo preço derivado de outro ativo, conhecido como ativo adjacente.
Ou seja, a cotação de um ativo é lastreada pelo preço de outro bem, o qual pode ser um ativo financeiro ou uma commodity. Alguns exemplos mais conhecidos de contratos de derivativo negociados na B3 são:
- SOY: contrato derivado do preço da soja;
- IND: contrato derivado do índice Ibovespa;
- DOL: contrato derivado do dólar comercial;
- BGI: contrato derivado do boi gordo;
- ICF: contrato derivativo do café;
- VALEO: contrato derivado das ações da Vale.
Ao adquirir um desses contratos, o comprador espera lucrar com sua especulação. Ao passo que quem os vende tem a intenção de praticar hedge. Isso é: proteger o preço atual do papel. Existe, ainda, a possibilidade de investir em derivativos para arbitragem.
Como visto anteriormente, esse tipo de negociação pode ocorrer de quatro maneiras: por meio de contratos a termo, contratos futuros, compra e venda de opções, e swaps. Cada qual conta com suas particularidades, embora o objeto de negociação seja o mesmo: os derivativos.
Vale a pena investir em derivativos?
Os derivativos podem atender diferentes estratégias de investimento, podendo ser utilizados ora como recurso para evitar possíveis prejuízos causados pela volatilidade do mercado, ora como um meio de lucrar com essa mesma flutuação de preços.
Para quem domina todas as modalidades de contrato e tem um olhar atento tanto para oportunidades presentes, quanto para identificar tendências de preço, investir em derivativos pode ser uma boa maneira de potencializar lucros, gerir riscos e fazer alavancagens.
Embora seu funcionamento não seja complicado, operar com derivativos exige, entre outras habilidades, a capacidade de fazer projeções financeiras, além de bom conhecimento do mercado financeiro e de fatores da economia que podem influenciar os preços dos ativos subjacentes — sejam eles commodities, ações ou ativos.
Em suma, é uma modalidade de negócio mais proveitosa para investidores arrojados ou que já estão plenamente acostumados com títulos de renda variável.
Como investir no mercado de derivativos?
Agora que você já compreendeu o conceito e o funcionamento do mercado de derivativos, bem como suas modalidades e singularidades, é dado o momento de ir além e aprender como utilizá-lo a favor de seus investimentos.
Na sequência, explicarei minuciosamente todos os procedimentos do mercado de derivativos, para que você seja capaz de tomar as decisões que melhor se adaptem a suas metas e perfil.
Conheça seu perfil de investidor
O mercado financeiro é bastante amplo e ramificado, oferecendo produtos e oportunidades de investimento para todo e qualquer tipo de investidor. Assim, antes de começar a alocar seus recursos em um mercado, o indicado é saber se esse ambiente de negociação realmente possui os produtos que atendem suas expectativas. Isso passa, primeiramente, por conhecer a si mesmo. Ou melhor dizendo, por compreender qual o seu perfil de investidor.
Com o mercado de derivativos, isso não é diferente. Na verdade, conhecer seu perfil de investidor é ainda mais vital neste mercado. Afinal, como já dito, suas operações e produtos não são indicadas para todos os perfis.
Para saber se os derivativos são uma escolha inteligente de investimentos para você, o primeiro passo é fazer um teste de suitability. Essa avaliação pode ser solicitada a uma corretora de valores ou diretamente a profissionais especializados do mercado, como consultores de investimento.
Por meio de dados como seu capital inicial, metas, periodicidade de aportes, situação financeira, entre outros, o teste de suitability será capaz de definir qual seu perfil de investidor: conservador, moderado ou arrojado/agressivo. Basicamente, esses grupos são delimitados de acordo com sua tolerância a riscos, conforme demonstrado abaixo:
- Conservador: costuma ter pouco conhecimento sobre o mercado financeiro e preza, principalmente, pela segurança de seu patrimônio. Sua carteira é completa, ou quase totalmente composta, por investimentos de renda fixa, como a poupança;
- Moderado: esse perfil compreende o mercado financeiro e seus produtos, tendo experiências tanto em renda fixa quanto variável. É alguém que prefere optar por investimentos não suscetíveis a riscos. Contudo, está aberto a alocar mais recursos em investimentos pouco mais arriscados, caso a possibilidade de retorno seja atrativa;
- Arrojado/agressivo: normalmente formado por investidores experientes com amplo domínio do mercado, ao contrário do conservador ou do moderado, seu foco é a rentabilidade, antes da segurança. Sua carteira é composta, sobretudo, por produtos de renda variável.
Embora, independentemente do resultado do teste, a decisão final sempre caiba ao investidor, o mercado de derivativos é mais indicado para perfis moderados e agressivos. Ao fim, operar esses produtos envolve certa tolerância a risco, conforto diante de situações de volatilidade e dedicação para acompanhar o desempenho de ativos subjacentes de perto.
Escolha uma corretora para operar
Dado que os derivativos são operados por meio da bolsa de valores, o investidor não é autorizado a atuar por conta própria. Para negociar derivativos, é obrigatório abrir conta em uma corretora de valores. Essas instituições financeiras atuam como intermediadoras entre os investidores e a B3, efetuando as ordens de compra e venda de seus clientes.
Além disso, as corretoras também têm a responsabilidade de auxiliar o investidor a compreender o mercado e seus produtos, assim como sugerir os papéis que melhor se encaixam ao seu perfil. Escolher uma boa corretora é, desse modo, essencial para proteger seu patrimônio e multiplicá-lo com segurança.
Saber qual a melhor instituição é, entretanto, uma tarefa que levanta dúvidas, sobretudo, aos investidores mais novos. Se essas for sua situação, para se sentir mais seguro antes de abrir sua conta, observe fatores como:
- Credibilidade: não há como entregar seu próprio capital às mãos de alguém em quem não se pode confiar, não é mesmo? Logo, o primeiro passo antes de firmar vínculo com uma instituição é verificar se ela realmente é confiável. Para isso, cheque se a instituição possui:
- Autorização do Banco Central;
- Cadastro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
- Selo CETIP Certifica;
- Registro na B3;
- Valor das taxas: outro fator a se considerar — principalmente para preservar o seu bolso — são as taxas de corretagem cobradas pela instituição analisada. Negociações com derivativos costumam envolver valores mais baixos, ao passo que tendem a ser frequentes. Desse modo, taxas elevadas podem comprometer seus ganhos. Atente, ainda, para o fato de que algumas corretoras possuem exigências próprias para atuar com derivativos, tais como depósitos de margem;
- Sistemas oferecidos: prefira corretoras que possuam as plataformas de negociação mais completas: com home broker, mesa de operações, a-trader, e sistemas personalizados para investidores iniciantes e experientes, entre outros. Isso, porém, não é tudo. De nada vale um software poderoso, mas incompreensível. Assim, analise também a usabilidade das plataformas oferecidas;
- Análises e atendimento: uma boa corretora também deve estar sempre atenta aos resultados de seus investimentos, bem como ao desempenho geral do mercado e de seus produtos. Assim, opte por uma instituição capaz de te entregar relatórios e análises aprofundadas e bem-feitas, que seja assertiva em suas recomendações, que ofereça atendimento em tempo real, entre outros;
- Outras vantagens: se todos os fatores acima foram cumpridos com excelência, toda vantagem extra é bem-vinda. Algumas corretoras, por exemplo, oferecem cursos gratuitos sobre o mercado financeiro, os quais podem ampliar seus conhecimentos e te apresentar novas e melhores oportunidades de retorno.
Caso você ainda não saiba por onde começar a sua busca, uma boa dica é beber direto da fonte: acessando o site da B3, onde estão listadas todas as corretoras de investimento autorizadas a operar na bolsa de valores brasileira.
Uma vez decidida a corretora de seu agrado, abrir sua conta é a parte mais fácil. Normalmente, basta preencher os cadastros solicitados e enviar cópias de documentos requisitados. Com sua conta ativa, é só transferir, via TED ou DOC, os recursos iniciais a serem alocados à corretora, e pronto: você já pode começar a operar.
Análise os derivativos e defina uma estratégia
Os derivativos se adaptam a diferentes estratégias e necessidades. Desse modo, antes de operar é preciso definir de que lado do balcão o investidor está: se pretende usar os contratos de derivativos para proteger seu patrimônio (hedge), ou se, por outro lado, busca gerar rendimento com especulação financeira (alavancagem e ou arbitragem).
Definido o objetivo, é momento de analisar qual modelo de derivativo melhor atende suas necessidades. Apenas para relembrar, as quatro possibilidades são: contrato a termo, contrato futuro, opção e swap. Conforme visto, cada qual conta com suas particularidades, riscos e retornos.
Além de conhecer cada uma dessas opções e suas singularidades, é preciso estar atento ao desempenho dos ativos subjacentes e de seus segmentos de mercado, bem como demais fatores econômicos relevantes. Para isso, é necessário dedicar tempo a estudar e fazer análises sobre os derivativos de seu interesse.
É possível começar pelos relatórios oferecidos pela corretora e casas de análise, onde são feitas indicações de derivativos e análises sobre suas vantagens, desvantagens, possibilidade de lucro, riscos, entre outros. Além disso, é possível se aprofundar buscando mais informações em publicações financeiras ou portais especializados.
Há riscos em investir com derivativos?
Só pelo fato do mercado de derivativos ser aconselhado para investidores com experiência e domínio de mercado, já fica subentendido que há fatores de risco envolvidos nessa operação. Ao citar que se trata de um investimento de renda variável, cujo papel está atrelado ao valor de outro ativo, e cujos rendimentos provêm de projeções futuras, esses riscos começam a ganhar contornos mais firmes.
Entre os diferentes riscos existentes em negociações do mercado de derivativos, é possível destacar:
- Risco de mercado: o derivativo é diretamente influenciado pelas flutuações de preço dos ativos subjacentes. Considerando isso, seu preço não é determinado tão somente pelo preço à vista do ativo a ele atrelado, mas também pela projeção futura de preço, pela liquidez do mercado, pelo grau de concentração, entre outros. Por isso, os valores de derivativos tendem a sofrer mais oscilações do que ativos convencionais;
- Risco de distorção de preço: grandes distorções entre os preços do derivativo e de seu ativo adjacente podem ocasionar em aumento desproporcional de volatilidade da carteira, prejudicando, assim, as metas e estratégias do investidor, além de acarretar em prejuízos;
- Risco de liquidez: momentos de incerteza ou a negociação de ativos não tão populares podem ocasionar o risco de liquidez. Dito de outro modo: a inexistência de compradores ou vendedores interessados em seus papéis. Isso pode dificultar o encerramento da posição, conforme o previsto;
- Risco de patrimônio líquido negativo: ao operar derivativos com o objetivo de alavancagem — ou seja, assumir negociações com pouco capital próprio aplicado -, sempre há o risco de perder valores superiores aos recursos investidos;
- Risco de crédito: tendo em conta que os contratos de derivativos são concluídos em uma data futura, sempre há a possibilidade de que uma das partes não cumpra com suas obrigações;
- Risco do titular de opção: caso tenha em mãos a opção na data de vencimento, e o preço à vista da ação estiver abaixo do preço de exercício, o investidor perderá a quantia que gastou para adquirir a opção, uma vez que não exercerá seu direito de compra. Dado que as opções expiram na data acertada, elas, tampouco, poderão ser negociadas outra vez;
- Risco ao lançador de opção: em caso que o preço à vista de uma papel seja superior ao valor exercido da opção, o lançador tem que adquirir as ações à vista no mercado para repassá-las pelo preço de exercício. Seu prejuízo aumentará de maneira proporcional à valorização da cotação à vista.
O investidor acostumado à renda variável pode encontrar oportunidades únicas no mercado de derivativos. No entanto, esse é um tipo de aplicação que exige cautela. Para além dos riscos acima expostos, vale lembrar que estratégias protetivas como o hedge, podem resultar na perda de rendimentos potenciais, enquanto a alavancagem exacerbada pode resultar em grandes prejuízos.
O preço dos derivativos, importante reforçar, é mais volátil do que grande parte dos demais títulos de renda variável.
Como minimizar os riscos dos investimentos em derivativos?
Colocar as probabilidades de prejuízo e de retorno na balança, considerando seu perfil de investidor, é, ao fim, o fator decisivo para fazer suas aplicações em derivativos ou quaisquer outros produtos financeiros.
Como visto, apesar de seus riscos, o mercado de derivativos, quando bem utilizado, pode atender diferentes propósitos. Saber, portanto, como mitigar esses perigos, pode tornar o seu caminho mais seguro e rentável. Abaixo listo algumas dicas que podem lhe ser úteis:
- Tenha domínio do mercado: se você chegou até aqui, já está um passo à frente na direção correta. Para investir em derivativos, é preciso ter ciência de todos os riscos envolvidos nesse modelo de negociação. Antes de qualquer aplicação, defina bem o que você pretende alcançar com os derivativos. Todos as modalidades e estratégias contam com seus riscos, mas convém uma atenção ainda maior a alavancagem, uma vez que essas operações podem resultar até mesmo em um patrimônio negativo;
- Estabeleça seus limites: é possível ganhar e perder muito dinheiro com derivativos. Portanto, seja prudente. Estabeleça e respeite seus limites de riscos e metas. O teste de suitability é um bom começo para compreender seu perfil e até onde você deve ir no momento. Vale destacar que esse tipo de teste deve ser refeito com alguma periodicidade. Conforme o investidor ganha experiência e compreende o mercado, é comum que se sinta mais confortável para arriscar um pouco mais;
- Tenha suporte profissional: qualquer pessoa interessada pode investir em derivativos, mas os riscos são menores para quem atua diretamente com o mercado financeiro. Os derivativos, como destacado, são produtos conhecidos pela oscilação. Ter a opinião de profissionais do mercado, acostumados a fazer projeções e análises de tendências de preços, é sempre a saída mais fácil e segura.
Vale reforçar que a corretora tem a responsabilidade de sanar suas dúvidas, bem como a de te indicar vantagens e desvantagens de cada investimento. É preciso considerar os canais de atendimento, a presteza e a qualidade das informações da empresa antes de abrir sua conta. Além disso, outros profissionais do mercado financeiro, como consultores de investimento, também podem ser de grande auxílio;
- Não despreze seu psicológico: saber a hora certa de manter, vender ou comprar um papel é uma das habilidades mais notórias para quem investe em renda variável, e isso passa diretamente pelo controle emocional. Os derivativos estão sujeitos a oscilações e podem sofrer grandes quedas e altas ao longo do tempo. Desse modo, é de suma importância estudar o mercado e o segmento em que se investe, de modo a compreender as tendências de preço de cada papel, para assim fazer projeções mais acertadas;
- Diversifique sua carteira: a regra de ouro para mitigar os riscos provenientes da flutuação de preço dos papéis é diversificar sua carteira. Ou seja: não aplique todos seus recursos em derivativos, e muito menos em um derivativo só.
Respeitando sempre o seu perfil de investidor, é essencial montar uma carteira equilibrada de modo que o eventual prejuízo de uma aplicação, seja suplantado pelos bons resultados de outros investimentos;
- Tenha uma reserva de garantia: uma última dica indispensável para quem investe ou pretende investir em derivativos e outros produtos de renda variável, é possuir uma reserva de garantia, que garanta liquidez diante de imprevistos. Ao possuir acesso fácil a recursos em situações de crise, o investidor tende a ter maior controle de suas emoções, evitando, por exemplo, se livrar de papéis no momento errado.
Curtiu esse conteúdo?
Por fim, se você chegou até aqui, já está mais perto de compreender como funciona o mercado de derivativos, quais seus riscos e benefícios. Esse artigo, contudo, não pode ser de forma alguma sua única fonte de informação sobre o assunto, mas sim uma introdução a ele. O mercado de derivativos é um tema bastante abrangente, que exige prática, estudo e dedicação constante.Ao incluir derivativos em sua carteira, não esqueça de ler os relatórios e análises fornecidos pela sua corretora, além de se aprofundar em portais como esse da Top, bem como em outras publicações especializadas. Conhecimento é poder. Para começar, que tal acessar o canal da TopInvest no YouTube?
Deixe um comentário