O mercado financeiro pode ser visto como um guarda-chuva que cobre outros mercados, cada qual com seus produtos e público médio específicos. Quem busca rendimentos superiores à poupança, mas ainda tem um pé atrás com a volatilidade de produtos de renda variável, por exemplo, pode encontrar boas oportunidades no mercado de obrigações.

Diferentemente do mercado de ações, onde ao adquirir um título o investidor se torna sócio da empresa emissora — passando a compartilhar de seus lucros, mas também de seu desempenho e prejuízos —, no mercado de obrigações, ao comprar um papel, quem investe se torna um credor

Explicado de outra forma, ao adquirir uma obrigação, você está emprestando dinheiro para uma grande empresa ou mesmo para o Governo. Tal qual um banco, sua remuneração se dá por meio do pagamento de taxas de juros estabelecidas

Caso você queira entender como explorar o mercado de obrigações para obter uma renda extra ou diversificar sua carteira, te convido a seguir a leitura. Ao longo deste artigo, te apresentarei o essencial enquanto introdução do assunto: 

  • Quais os tipos de obrigações;
  • Como funciona a negociação; 
  • Quais os retornos;
  • Riscos e benefícios das obrigações.

Vem comigo!

O que são obrigações?

Consideradas como investimentos de renda fixa, as obrigações são títulos de dívida  — ou títulos de crédito —  emitidos por instituições privadas ou públicas. Dito de maneira simples, o investidor que adquire esses papéis está emprestando dinheiro para que as entidades emissoras possam financiar projetos ou quitar dívidas, sem recorrer a financiamentos ou empréstimos bancários. 

Como retorno, por sua vez, além de ter o valor aplicado reembolsado, quem investe em obrigações ainda é remunerado por meio de juros —  periódicos ou não, segundo as características da obrigação adquirida. 

De acordo com a entidade que as emite, as obrigações negociadas no Brasil são denominadas de duas formas:

  • Debêntures: papéis emitidos por sociedades anônimas de capital fechado ou aberto com o intuito de quitar dívidas da empresa, ouou aberto com o intuito de quitar dívidas da empresa ou financiar projetos específicos;
  • Títulos do tesouro: papéis emitidos pelo Governo com o intuito de quitar dívidas públicas ou financiar projetos em áreas como infraestrutura, educação, saúde, entre outras.

Quais os tipos de obrigações?

De forma mais ampla, é possível dividir as obrigações entre debêntures emitidas por empresas e títulos públicos emitidos pelo Governo. No entanto, antes de decidir investir nesses papéis, é importante ir um pouco mais a fundo e analisar as características e condições descritas em suas escrituras de emissão. Isso porque existe uma ampla gama de obrigações públicas e privadas, e cada modalidade oferece diferentes direitos e benefícios. 

Desse modo, para garantir que você está aplicando seu dinheiro da maneira mais adequada às suas expectativas é preciso conhecer as especificidades de cada uma das obrigações existentes para negociação no mercado. De modo a facilitar seu trabalho, abaixo apresentarei as opções mais conhecidas, bem como as diferenças entre elas.

Conversíveis

As debêntures conversíveis recebem esse nome porque permitem que o investidor troque o valor integral de seu título ou os juros que tem a receber por ações da companhia emissora. Ou seja, o titular pode, se assim o desejar, se tornar um acionista da empresa. Essa modalidade de investimento, porém, é destinada exclusivamente para investidores qualificadosaqueles com mais de R$1 milhão investidos.

Uma vez que apresenta mais de uma forma de retorno, o que oportuniza ao investidor escolher o que for mais rentável, o potencial de rendimento desses papéis é maior do que a média de outros títulos de crédito

Além das vantagens para quem investe, as debêntures conversíveis também apresentam distintos benefícios para as empresas. O principal é a possibilidade de captar uma grande quantia de recursos pagando juros inferiores a outras formas de financiamento e de debêntures.

Ordinárias

Debêntures ordinárias são o modelo mais simples de obrigação. Dito de modo direto: não apresentam nenhuma singularidade.

São, portanto, títulos de renda fixa, cuja remuneração corresponde ao valor aplicado acrescido de juros. Essa modalidade de dívida não pode ser convertida em ações.

Com warrants

Emitidas somente por empresas listadas na bolsa de valores — sobretudo, aquelas com grande potencial de valorização —, as debêntures com warrants concedem ao investidor o direito adicional de poder adquirir ações da companhia emissora em uma data futura definida e por um preço pré-estabelecido

Vale citar que esse direito sobre a warrant costuma ser destacável da debênture em si. Ou seja, ele pode ser negociado pelo investidor no mercado secundário. 

Essa opção, que pode ser atrelada à negociação de debêntures simples e conversíveis, funciona, portanto, como diferencial utilizado para atrair investidores, uma vez que acrescenta possibilidades de ganho extra. Em contrapartida, os juros dessas aplicações são menores do que os recebidos em outras modalidades de debêntures.

Participativas

Híbrido entre renda variável e fixa, as debêntures participativas são títulos de crédito que remuneram o investidor por meio de participações dos lucros da companhia emissora.

Com taxas pré-acertadas, os pagamentos dessa modalidade são semestrais e variam proporcionalmente de acordo com o desempenho da empresa. 

Cupom zero

Dado que “cupom” é como é conhecida a taxa de juros que a entidade emissora se compromete a pagar ao titular de uma obrigação, fica mais fácil compreender o conceito de debêntures com cupom zero. Esse tipo de papel nada mais é do que títulos de crédito que não remuneram periodicamente seus detentores.

Explicado de outra forma, o investidor não recebe nenhum valor até a data da amortização. Tudo lhe é pago integralmente de uma única vez. Como compensação, o valor pelo qual adquire a debênture é consideravelmente inferior ao valor nominal dessa. O lucro é conhecido desde o momento da compra.

É um investimento indicado, principalmente, para quem não quer correr riscos com a flutuação de preços do mercado. Antes de investir em cupom zero, no entanto, é preciso pensar duas vezes. Atente ao fato de que nenhuma porcentagem do valor poderá ser resgatada antes do prazo, o que não é indicado para quem tem metas urgentes ou pode depender dos valores aportados. Além disso, é essencial que o investidor calcule a inflação do período, para que o retorno esperado não seja corroído.

Perpétuas ou perpetuidades

Debêntures perpétuas são papéis com prazo indefinido de vencimento. Dado sua natureza incomum, as remunerações do investidor também são distintas: o valor nominal da obrigação não é devolvido, mas os juros ou participações — segundo as condições presentes na escritura de emissão — são pagos de maneira contínua.

O exemplo mais conhecido do mercado são os títulos emitidos pela Vale durante seu processo de privatização, em 1997. Esses papéis concederam aos acionistas da época o direito a participar dos lucros das jazidas da mineradora. Esses valores, portanto, só deixarão de ser pagos com a extinção dos depósitos minerais – o que está previsto para ocorrer entre 2054 e 2096, dependendo da região explorada.  

Permutáveis

Os títulos de dívida permutáveis têm como singularidade a possibilidade do investidor convertê-los em ações de uma empresa diferente da emissora da debênture

Embora possa causar estranheza, você não leu errado: são contratos onde a emissora oferece ações — ordinárias ou preferenciais — de uma outra companhia, que se tenha em caixa, como possibilidade alternativa de pagamento.

Essa modalidade de título oferece, assim, ao mesmo tempo, uma forma de mitigar os riscos de investimentos em uma empresa (a qual, em uma má situação, pode quitar suas dívidas sem recorrer a dinheiro), e uma opção extra para retorno. 

Ao investir em debêntures permutáveis é possível optar ainda por receber uma parte do valor em dinheiro e outra em ações. Logo, o debenturista pode adquirir uma quantidade de ações que equivalem a sua aplicação inicial, mais os juros (ou cupons) em dinheiro, e vice-versa.

Incentivadas

Também chamadas de debêntures de infraestrutura, as debêntures incentivadas são regulamentadas pela Lei 12.431/2011, a qual zerou o Imposto de Renda para emissão de títulos de crédito que tenham por finalidade captar recursos para projetos de interesse para o desenvolvimento do país.

Recentemente, a gama de setores que podem emitir  esse tipo de título de crédito foi ampliada, com o objetivo de impulsionar as Parcerias Público-Privadas (PPPs), além de facilitar o financiamento de projetos com benefícios sociais e ambientais. 

Entre os principais segmentos de mercado que podem recorrer a essa forma de financiamento, é possível citar: 

  • Aviação cívil;
  • Educação;
  • Energia;
  • Equipamentos culturais e esportivos;
  • Habitação social;
  • Irrigação;
  • Logística e transporte;
  • Mineração;
  • Radiodifusão;
  • Saneamento básico;
  • Saúde;
  • Segurança pública;
  • Telecomunicações.

Ao passo que facilita a captação de recursos por empresas privadas e serve como ferramenta de desenvolvimento social ao país, para o investidor o grande benefício dessa modalidade de debênture é, justamente, a isenção do imposto de renda.

Governamentais

As obrigações também podem ser emitidas pelo Governo como uma maneira de quitar dívidas públicas ou financiar projetos de desenvolvimento. 

Os títulos públicos são considerados um investimento de baixo risco, ideal para investidores de perfil conservador que pretendem trocar a poupança por aplicações com maiores retornos, sem abrir mão da seguridade do patrimônio

Com aplicações partindo de valores mínimos de R$30,00, os títulos do Tesouro Direto, tal qual as debêntures, contam com diferentes modalidades de obrigação, segundo suas rentabilidades, prazos de resgate e modalidades de remuneração. Os mais populares são:

  • Tesouro RendA+: modalidade criada recentemente como alternativa ou complemento à aposentadoria, o Tesouro RendA+ é um título público de longo prazo. A ideia é que o investimento seja resgatado em 240 parcelas, de modo que o investidor receba uma remuneração mensal extra durante 20 anos. Uma das grandes vantagens dessa modalidade de aplicação é que o valor resgatado é corrigido pela inflação, de modo que o poder de compra é mantido;
  • Prefixados: são títulos públicos com rendimentos pré-fixados. Ou seja, a rentabilidade desses papéis é definida no momento da compra, o que traz maior segurança, sobretudo, para investidores de primeira viagem. 

Essa opção divide-se ainda em duas modalidades: Tesouro Prefixado (LTN) e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F). A diferença entre elas está no repasse dos rendimentos:

  • LTN: o investidor recebe o valor de face — valor aplicado acrescido da rentabilidade — integralmente na data de vencimento do título;
  • NTN-F: o investidor recebe juros semestrais, além do pagamento do valor de face e um último cupom na data de vencimento. O fluxo de cupons semestrais é uma alternativa para quem necessita de mais liquidez ou pensa em realizar reinvestimentos durante o período.

Apesar do investidor poder se sentir mais seguro ao saber, desde o princípio, quais serão os seus rendimentos, vale lembrar que o montante final não acompanha a inflação, o que pode corromper o poder de comprar de seus retornos. 

É por isso que o próprio Tesouro Direto recomenda essas aplicações para investidores cujas projeções prevejam situações onde a taxa prefixada seja superior a taxa básica de juros da economia acumulada (Selic);

  • Tesouro Selic: como bem se pode deduzir pelo nome, os rendimentos dessa aplicação estão atrelados a Taxa Selic, o que significa que o poder de compra do investimento está protegido. A rentabilidade desses títulos ocorre por meio de taxas de juros, e ele é indicado, sobretudo, para objetivos de curto prazo, visto que é conhecido como a opção com maior liquidez do Tesouro Direto;
  • Tesouro IPCA: os rendimentos desse título provêm de uma taxa híbrida. Além de estar atrelado à inflação, por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também conta com uma taxa extra prefixada, o que o torna um investimento dos mais seguros. É considerado uma boa opção, especialmente para objetivos de longo prazo.

Quem emite obrigações?

Por mais que possam ser emitidas por outras entidades, as obrigações costumam ser associadas, sobretudo, a empresas e ao Governo

Assim, como visto, os papéis emitidos por entidades privadas são chamados debêntures, enquanto os públicos são popularmente conhecidos como títulos do Tesouro Direto.

Obrigações governamentais

No Brasil, os títulos públicos são obrigações emitidas pelo Governo Federal, por meio do Tesouro Direto — programa criado, em 2022, em uma parceria do Tesouro Nacional com a B3. 

Os valores arrecadados por esses papéis são destinados ao desenvolvimento do país, podendo ser investidos para quitar a dívida pública, remanejar a economia, ou para financiar projetos de infraestrutura como estradas, escolas, entre outros. 

Ao adquirir um título público, o investidor está emprestando dinheiro ao Estado, em troca de juros. Tratam-se de investimentos de renda fixa e de longo prazo — com vencimentos de dez ou mais anos. Apesar dos retornos estarem previstos desde o momento da aplicação, sua distribuição, prazos e demais características variam de acordo com a obrigação escolhida. 

Assim, antes de escolher entre um dos títulos é necessário observar qual melhor se adequa a seus planos e expectativas pessoais.

Obrigações corporativas

As debêntures são títulos de dívida emitidos por sociedades anônimas, com a finalidade de quitar dívidas ou expandir seus negócios.

Diferentemente do que ocorre ao adquirir ações, os rendimentos do investidor que compra debêntures não são mensurados pelo desempenho da companhia emissora. Isso ocorre porque o debenturista não é um sócio da empresa, tal qual um acionista, mas um credor.

Em outras palavras, quem investe em debêntures está emprestando dinheiro para a empresa que as emitiu. Em troca, recebe juros e correção monetária sobre o valor aplicado, a depender do papel escolhido.

Como já explicado, as obrigações corporativas podem ser de vários tipos e se diferenciam por especificidades no que tange aos direitos, benefícios, riscos, entre outros.

Quais os principais elementos das obrigações?

Para compreender o funcionamento do mercado de obrigações, faz-se necessário, primeiramente, conhecer os elementos básicos que o compõem. 

Entre os mais importantes estão: o cupom, o par face value e a data de maturidade. Juntos, eles representam as condições e os rendimentos de seus investimentos. Para que tudo fique mais claro, detalharei todos eles abaixo.

Cupom

Também chamado de “cupom” ou “taxa de cupom”, trata-se do pagamento periódico de juros recebido pelo detentor de um título de dívida. Essa denominação vem da época em que os títulos eram “físicos” e vinham com um papel anexado a eles, que era destacado no momento do pagamento. 

Ao adquirir um título com cupom, o investidor não precisa esperar a data de vencimento para começar a receber rendimentos sobre o valor aplicado, sendo a opção ideal para quem necessita de maior liquidez. Títulos com cupom zero, por outro lado, são aqueles cujos rendimentos só podem ser resgatados de forma integral na data de vencimento definida.

Como suposição, ao adquirir um título de crédito com uma taxa de cupom de 10% ao ano e um valor nominal de R$1.000,00, o titular receberá periodicamente, em uma data determinada, o valor de R$100,00.

A taxa de cupom é um fator de suma importância para quem considera adquirir um título, uma vez que ela é determinante para indicar se um investimento pode trazer retornos positivos. Para isso, precisa ser superior à taxa de inflação acumulada no período.

Par (face) value

Mais conhecido no mercado de obrigações brasileiro como “valor de face”, o “par value” é o montante a ser recebido pelo investidor na data de vencimento de um título de crédito. Em outras palavras, corresponde ao valor nominal — aquele impresso no título como prova do valor futuro a ser resgatado.

Essa expressão remete à própria origem dos títulos de crédito, onde era emitido um documento oficial que comprovava a quantia devida a ser resgatada. Por mais que, atualmente, essa comprovação não necessite ser física, o par vale continua com sua função original. 

Conhecido como yield, o percentual de diferença entre o valor de face e o valor de compra de uma obrigação é o que define o rendimento total obtido. Como suposição, um título comprado por R$200,00 (valor de compra) e resgatado por R$180,00 (valor de face), tem um yield de R$80,00.

Data de maturidade

A data de maturidade nada mais é do que a data acordada para o reembolso da obrigação. Ela também delimita, desse modo, qual é o prazo de duração de um empréstimo

Existem, porém, duas exceções possíveis: em situações onde a obrigação não é mantida pelo investidor até o vencimento assinalado na escritura da emissão, ou em casos de falência da empresa emissora.

A data de maturidade pode ser classificada em:

  • Curto prazo: obrigações que levam entre 1 e 3 anos para serem resgatadas;
  • Médio prazo: obrigações que levam entre 3 e 10 anos para serem resgatadas;
  • Longo prazo: obrigações cuja data de resgate supera 10 anos.

Vale recordar que existem casos raros de obrigações que não contam com data de maturação. Conhecidas como obrigações perpétuas, esses títulos não possuem vencimento determinado e tampouco devolvem o valor aplicado. A remuneração desses papéis ocorre por meio de juros, ao longo de um período incerto.

Como as obrigações são negociadas?

De modo bastante objetivo, é possível dizer que as obrigações funcionam por meio da emissão de títulos de dívida ou crédito. Ao emitir esse tipo de papel, a entidade, seja ela pública ou privada, está tomando empréstimos para pagar suas dívidas ou financiar projetos específicos.

Ao comprar um título de dívida, o investidor está, portanto, emprestando dinheiro para o emissor. Como remuneração recebe juros sobre o valor aplicado, além de ter o capital inicial restituído em uma data definida na escritura do papel. 

As obrigações são emitidas em série e podem ser negociadas livremente por seus detentores. Desse modo, são operadas tanto no mercado primário, quanto no mercado secundário.

Entretanto, é cada vez mais raro encontrar emissões de obrigações destinadas ao público geral. Pode-se dizer que no mercado primário esses papéis são quase em sua totalidade destinados aos investidores institucionais, como os fundos de investimento.

Assim, a maneira mais acessível de negociar títulos de dívida é por meio de intermediários financeiros, como corretoras de valores, no mercado secundário.

Os rendimentos das obrigações adquiridas no mercado primário e mantidas até a data de vencimento, podem ser calculados por meio da diferença entre o valor nominal e o valor pago, acrescidos os juros. Já ao comprar um título já emitido e vendê-lo antes do prazo de resgate, o lucro pode ser medido por meio da variação da cotação e dos juros recebidos durante o período.

O que determina o preço de uma obrigação?

Embora seja considerado um investimento de renda fixa, com taxa de cupom e valor nominal definidos na escritura de emissão, o preço de negociação das obrigações no mercado secundário está sujeito a flutuações. Isso ocorre por uma série de fatores possíveis, sendo os mais comuns:

  • Desempenho do mercado: o preço das obrigações costuma cair quando o das ações se valoriza, dado que os investidores são guiados por formas mais rentáveis de aplicação. Em consequência à falta de interesse, os títulos de crédito acabam desvalorizados. A promessa de juros mais altos por parte dos emissores pode ser uma forma de contornar essa situação;
  • Política de taxa de juros: as obrigações também se tornam mais ou menos atrativas dependendo das taxas de juros de mercado. Em suma, quanto mais baixa as taxas de mercado em comparação com o cupom da obrigação, mais os títulos de dívida se valorizam, e vice-versa;
  • Prazo: obrigações de longo prazo valem mais do que as de curto prazo, dado que a taxa de cupom é paga por um período mais longo;
  • Vencimento: o tempo restante para o vencimento também influencia o preço de uma obrigação. Quanto mais próxima estiver a data de resgate, mais o preço se assemelha ao valor nominal;
  • Rating: outro fator determinante para o preço de uma obrigação é o rating, nota dada por uma agência classificadora de risco de crédito para um governo ou empresa. Essa nota, que vai de uma escala de “AAA” (nota mais alta) até “D” (pior nota), mede a capacidade da emissora de cumprir com suas obrigações financeiras. Por conseguinte, títulos emitidos por entidades com melhores classificações de crédito são mais valorizados.

Deve-se sublinhar, contudo, que as variações de preço de títulos de crédito são completamente irrelevantes para quem pretende manter esses papéis até a data de vencimento, uma vez que o retorno esperado já está fixado e não pode ser afetado. 

A flutuação só é um fator importante para quem não pretende esperar até a data de maturação e pensa em vender suas obrigações.

Como calcular o retorno do investimento numa obrigação?

Uma vez que o funcionamento das obrigações se assemelha ao de empréstimos, é fácil deduzir que o retorno do investimento de um título de crédito está vinculado, majoritariamente, às taxas de juros pagas ao detentor. Essas podem ser:

  • Taxas fixas: o valor desses juros é definido na emissão e pago periodicamente até a data de vencimento, de acordo com os termos definidos na escritura de emissão;
  • Taxas variáveis: são taxas atreladas a algum índice definido na emissão;
  • Cupom zero (sem taxas): não paga juros periódicos e o valor total é pago na data de maturidade.

Ao calcular o retorno de obrigações com taxas fixas, é preciso considerar o valor da inflação no período, para se ter uma ideia mais aproximada da rentabilidade real. Dado que variam de acordo com um indexante, as taxas variáveis, por sua vez, tendem a manter o valor de compra.

Já o retorno de obrigações com cupom zero são ainda mais fáceis de serem calculados. Para isso, basta observar a diferença entre o valor de face e valor de aquisição do título.

Por fim, esses títulos podem ainda ser transacionados livremente antes da data de maturidade. Considerando os fatores que podem alterar seus preços, é possível lucrar com sua venda, em casos em que o valor dessa negociação for superior ao de compra.

Dado que as obrigações são títulos de renda fixa, os rendimentos podem ser estimados desde o momento da aplicação. 

Quais as vantagens e riscos das obrigações?

Por mais que as obrigações sejam recomendadas para investidores iniciantes que pretendem migrar da poupança para um investimento mais rentável, é preciso destacar o óbvio: não é recomendado aplicar seu dinheiro em produtos que você não conhece ou compreende.

Logo, antes de incluir títulos de crédito como opção em sua carteira de investimentos, é preciso dedicar tempo para pesar suas vantagens e riscos. Para te auxiliar nesse processo, deixo na sequência um breve resumo desses tópicos.

Vantagens das obrigações

Os títulos de dívida contam com um par de vantagens tanto para quem os emite, quanto para quem os adquire. 

Para o investidor, as obrigações podem ser vistas como uma maneira de ampliar os rendimentos, sem correr grandes riscos. 

O grande atrativo desses produtos certamente é a sua rentabilidade atrativa quando em comparação com outros investimentos de renda fixa

Além disso, outro benefício é o fato do investidor saber quais serão os valores que receberá periodicamente e no valor de resgate. Mais do que proteger o patrimônio, isso permite a estruturação de estratégias com antecedência e de maneira mais assertiva.

Já para os emissores, as obrigações são uma oportunidade de captar recursos de uma maneira menos custosa do que recorrer a opções como empréstimos bancários

Outra vantagem é que a emissão de títulos de dívida são altamente flexíveis, permitindo que a entidade emissora adeque às condições da escritura, de modo que melhor atenda seus objetivos. 

Riscos das obrigações

Embora sejam classificadas como investimentos seguros de renda fixa, as obrigações também contam com riscos que devem ser levados em consideração. Entre os principais, é possível destacar:

  • Risco de mercado: o preço das obrigações estão sujeitos às flutuações do mercado. Dito isso, em negociações no mercado de capitais, é possível que o valor de reembolso de um título seja menor ao do preço pago na compra. 

Em caso de que a obrigação não seja admitida para negociação no mercado, o investidor corre o risco de vender seu papel por um preço abaixo do esperado ou, ainda, de não encontrar comprador;

  • Risco de taxa de juros: como visto anteriormente, se a taxa de juros do mercado for superior a taxa cupom da obrigação, esses títulos podem desvalorizar rapidamente;
  • Risco de crédito: sempre há o risco de que entidade emissora declare falência ou tenha dificuldades de cumprir com suas obrigações financeiras. Nessa situação, os recebimentos do investidor podem ser comprometidos parcial ou integralmente. O rating, conforme explicado, pode auxiliar quem investe a reduzir esse tipo de perigo;
  • Risco de liquidez: por oferecerem retornos inferiores a outros produtos financeiros negociados no mercado secundário, não é incomum que as obrigações apresentem baixa liquidez. Em palavras mais simples, que não haja um comprador interessado, no momento em que o detentor deseje se desfazer de seu título;
  • Risco de inflação: títulos públicos prefixados, como já explicado, podem ter seus retornos corrompidos pela inflação.

Além disso, é importante citar ainda que as obrigações emitidas por entidades privadas —  isto é, as debêntures — não possuem garantia por parte do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Uma vez que esse tópico se dedica a segurança das obrigações, contudo, é bom mostrar os dois lados da moeda, indo além da apresentação de seus riscos.

Muito além da sensação de proteção comum aos investimentos de renda fixa, é preciso destacar a percepção de integridade das entidades emissoras.

Vale citar que somente grandes empresas têm acesso ao mercado de obrigações. Ademais, a maioria delas têm seu risco classificado por agências especializadas.

Já os títulos públicos são considerados ainda mais seguros, uma vez que o Governo não pode deixar de pagar suas obrigações.

Entendeu como o mercado de obrigações funciona?

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