Negociado unicamente na Bolsa de Valores, o mercado futuro é questão de 8 ou 80 no setor financeiro: enquanto é amplamente utilizado por alguns, é também um completo desconhecido para outros.
Fato é que este mercado pode ser uma opção de carreira para você — – mas, antes, é preciso se familiarizar com ele. Neste artigo, entenda:
- O que é mercado futuro;
- Quais as características;
- Tipos de contrato;
- Principais contratos negociados no mercado futuro;
- Vantagens e riscos;
- Como investir e acompanhar o mercado futuro.
Vamos lá?
O que é mercado futuro?
O mercado futuro é o mercado onde se negociam contratos futuros. Com eles, acerta-se hoje o preço de compra ou venda de algum bem (oficialmente chamado de ativo subjacente) que será liquidado no futuro, em uma data também pré-determinada.
O preço em questão deve se basear nas expectativas do mercado para o ativo em questão, no período futuro estipulado.
Aliás, eis aqui alguns dos ativos mais negociados:
- Índice Bovespa;
- S&P 500;
- Dólar;
- Boi gordo;
- Milho;
- Café.
Todo esse processo acontece na Bolsa de Valores. Dessa forma, para evitar que um mesmo bem seja negociado com mais de uma cotação, os contratos do Mercado Futuro são todos homogêneos. Em outras palavras, seguem um padrão no qual o preço e o prazo da negociação são os únicos detalhes que podem mudar.
Pense na soja como um ativo subjacente, por exemplo. Sem o amparo da homogeneidade, vários tipos desse grão poderiam ser vendidos e comprados, a preços distintos.
Como a B3 não autoriza essa prática, então, todos os contratos de soja têm especificações minuciosas, como definição de tipo, porcentagem de impurezas, quebrados e óleos, entre outras.
Como você pode perceber, os detalhes são muitos. Por consequência, temos, ainda, o benefício da transparência: os investidores sabem exatamente o que estão negociando.
Outro exemplo frequente é o dólar. Se uma empresa brasileira tem alguma dívida em dólar, estará sempre à mercê da cotação dessa moeda. Correto? Nesse cenário, se o dólar subisse, a dívida acabaria sendo bem maior do que era quando foi feita.
Contudo, no Mercado Futuro, um contrato de dólar pode congelar o preço de câmbio, protegendo a empresa dessa variação.
O que são contratos futuros?
Os contratos futuros são acordos financeiros. Com eles, fica acertada a compra ou a venda de um ativo para uma data futura e um preço específico, ambos predefinidos no momento da negociação. Como esses contratos derivam de um ativo principal, também são chamados de derivativos.
Vale lembrar que este tipo de investimento é de renda variável, e conta com índices, commodities, moedas estrangeiras e taxas de juros como ativos atrelados a eles.
De maneira geral, os investidores optam por essa modalidade para fins de hedge ou especulação. Essas estratégias servem, respectivamente, para se proteger contra oscilações nos preços ou se aproveitar de possíveis altas no valor dos títulos. Ambas as técnicas serão explicadas em detalhes neste artigo, então siga comigo!
Quais as características do mercado futuro?
Padronização de contratos, flexibilidade, alavancagem e liquidez são algumas das características mais marcantes do mercado futuro. Outros atributos que atraem os investidores para o mercado futuro são a possibilidade extra de gerenciar riscos e de especular oscilações no preço dos ativos.
Entenda a dinâmica por trás de cada um dos tópicos citados:
Padronização de contratos
Para começar, saiba que os contratos futuros contam sempre com especificações bastante claras. Tamanho, data de vencimento, ativo derivado — tudo isso está informado no documento e torna as negociações muito mais ágeis.
Dessa característica, ainda resulta a facilidade de análise e comparação entre diferentes contratos e a segurança das operações, que se tornam menos sujeitas a erros.
Flexibilidade
Independentemente do investidor buscar por grandes valorizações dos ativos ou por proteção contra a oscilação de preços, ambos os objetivos são possíveis no mercado futuro. Isso acontece, aliás, dada a natureza de negociação futura dos contratos.
Outra razão para mencionar a flexibilidade aqui é que mesmo sem o dinheiro na conta um investidor pode concluir a transação. Afinal, o cumprimento dessa obrigação não acontece no presente, mas sim em uma data predefinida — o que nos leva à próxima característica.
Alavancagem
O ato de operar alavancado implica na possibilidade de fazer negociações com quantias que o investidor não possui na conta. Nesse caso, a exigência é que seja oferecida uma garantia para viabilizar a transação, servindo para mostrar que o interessado tem como arcar com possíveis prejuízos.
Por exemplo: ao investir de maneira alavancada R$ 40.000,00 e vender a posição por R$ 43.000,00, você receberia unicamente o lucro obtido, ou seja, os R$ 3.000,00. Caso esse valor tivesse sido o seu prejuízo, também pagaria só os R$ 3.000,00 e não o valor cheio.
Liquidez
Quem prioriza a liquidez ao investir certamente a encontra no mercado futuro. Como o volume de negociações é grande, encontrar outros investidores interessados em assumir uma posição não será tarefa difícil.
A padronização de contratos, inclusive, é uma das razões pelas quais os contratos futuros são mais líquidos. Como são extremamente claros e detalhados, consequentemente atraem mais pessoas dispostas a adquiri-los e fechar negócio.
Para que serve o mercado futuro?
Agora, você vai compreender alguns dos objetivos e vantagens que temos com todo esse processo.
Proteção ou hedge
Primeiramente, me permita explicar o hedge para você: é uma estratégia na qual o investidor busca proteger o ativo contra possíveis desvalorizações futuras. Dessa forma, mais do que apenas visar o lucro, esta pessoa age para evitar prejuízos.
O mercado futuro, então, tem essa finalidade de proteger o investidor contra variações que possam causar grande impacto no preço de um ativo.
Voltemos ao exemplo do dólar, que mencionei anteriormente: o preço da moeda pode subir ou descer devido a inúmeros fatores, como crises políticas, taxa de juros e nível de exportações e importações. Às vezes, essa variação pode ser enorme.
Para esse tipo de cenário, o mercado futuro entra como uma estratégia efetiva de segurança.
Para especular
Esta estratégia é basicamente o oposto da anterior. Enquanto o hedge busca pela proteção contra perdas, a especulação visa principalmente o lucro.
E como isso acontece? Aqui, o investidor não se importa especificamente com o ativo subjacente que está negociando, mas com a expectativa de ganhar dinheiro com as mudanças de seu preço no futuro.
O Day Trade é basicamente isso: operações diárias baseadas na especulação do preço, na qual ativos são comprados e vendidos no mesmo dia — eu, pessoalmente, não considero o Day Trade uma boa ideia.
Por outro lado, temos também investidores que realizam este mesmo processo, porém com intervalos mais longos entre a compra e a venda, a fim de esperarem por oscilações mais significativas do setor.
Para fazer arbitragem
Quando um produto está disponível para negociação com dois preços diferentes, por exemplo, temos a estratégia da arbitragem.
Como eu expliquei, no mercado futuro isso não pode acontecer: toda a dinâmica do processo existe para que um mesmo ativo não seja negociado por mais de um valor. Contudo, nem tudo é perfeito o tempo todo, logo, às vezes acontece de haver dois preços distintos, sim.
Quem faz arbitragem tende a agir rápido, antes que a B3 perceba o erro e o corrija. Em geral, os lucros desse tipo de estratégia não são grandes, já que as discrepâncias costumam ser ligeiramente diferentes apenas.
Como funciona o mercado futuro?
O mercado futuro funciona como um acordo entre duas partes para comprar ou vender um ativo (como commodities, moedas, índices ou títulos) a um preço específico em uma data futura predefinida.
Esses contratos são padronizados e negociados em bolsas. Assim, os participantes buscam se proteger contra a volatilidade dos preços ou especular sobre movimentos futuros de mercado.
Resumidamente, ao entrar em um contrato futuro, uma parte se compromete a entregar o ativo e a outra a recebê-lo, embora muitas vezes os contratos sejam liquidados financeiramente antes da data de vencimento, sem a entrega física do ativo.
Tudo certo até aqui? Então, agora vamos partir para o entendimento sobre como funciona esse mercado — que difere-se em muitos aspectos do mercado à vista.
Liquidação financeira e liquidação física
Colocando o processo em termos bem simples, a liquidação é a hora do pagamento, quando se transfere o valor combinado, no prazo pré-estabelecido, para finalizar a negociação de um ativo.
Aliás, a B3 conta com mecanismos complexos que garantem que ambas as partes cumpram suas obrigações — a de comprar e a de vender no preço estipulado.
No que diz respeito à liquidação, temos a financeira e a física. Na financeira, lida-se apenas com contratos e transferência de dinheiro, sem que o ativo em questão seja fisicamente entregue ao comprador. Na física, pelo contrário, há essa entrega.
O mercado futuro opera das duas formas, dependendo do tipo de contrato. Entretanto, a liquidação financeira é a mais comum, já que nem todo investidor negocia um bem porque o deseja fisicamente em casa.
Ajuste diário
Até aqui, você entendeu que o grande ponto do mercado futuro é que os preços de um ativo podem mudar diariamente, certo? Se hoje um bem custa X preço, amanhã pode estar custando Y.
É nessa diferença, então, que está o lucro ou o prejuízo dos investidores. Como uma forma de prevenir que grandes perdas se acumulem até o vencimento do contrato — além de evitar a inadimplência — a B3 conta com o recurso do ajuste diário.
Em resumo, é um sistema que apura as perdas e os ganhos dos investidores todos os dias. Para fazer essa mensuração, há um preço de referência, que é o ajuste diário. Quando a diferença está acima do ajuste, houve ganho. Quanto está abaixo, houve perda.
Ao contrário dos contratos a termo, as diferenças são creditadas (ou cobradas) do investidor sempre que ocorrem. No contrato a termo, esse processo todo só acontece na data de vencimento da negociação, o que torna maior o risco de inadimplência, especialmente quando há prejuízos grandes.
Quando um investidor fica inadimplente, a B3 o impede de fazer novas operações até que pague sua dívida, além de informar seu nome a todos os demais participantes do mercado financeiro, para que estes também estejam cientes de seu histórico.
Outra consequência é a execução das garantias registradas pelo inadimplente, que é o que você vai entender a seguir.
Margem de garantia
Pense nessa margem de garantia como um depósito de caução, tão comum em tantas negociações — contratos imobiliários, por exemplo. Uma medida de segurança, basicamente.
A B3 exige que seus investidores deixem uma garantia em suas corretoras. Esse, inclusive, é um dos grandes diferenciais da Bolsa, que ajudam a criar um ambiente seguro e tranquilo para seus participantes.
Ademais, é ainda uma forma de garantir que a B3 tenha recursos suficientes para pagar por uma operação caso alguém não o faça.
Essa margem de garantia é, portanto, um percentual do total de uma negociação feita no mercado futuro. Esse pagamento, inclusive, não necessariamente precisa ser feito em dinheiro, já que podem ser utilizados outros títulos e ações também.
Há ainda outro exemplo de uso da margem de garantia. Imagine um investidor cuja estratégia no mercado futuro não deu certo e teve perdas no ajuste diário. Por consequência, esta pessoa estará devendo dinheiro à B3. Se esse pagamento não for feito no prazo combinado, acontece aquilo de que estávamos falando no tópico anterior: a Bolsa usa a margem de garantia para quitar a dívida.
Liquidação por inadimplência
Se mesmo com a margem de garantia a dívida não for quitada, então a B3 encerra o contrato em questão. Esse contrato, então, é vendido e a negociação encerrada.
Nesses casos, o valor pendente pode acabar sendo pago pela margem de garantia oferecida pela corretora com a qual o inadimplente negociou e até pelo membro da compensação da corretora.
Há ainda os membros de compensação da própria B3, do fundo especial e do fundo de liquidação.
Percebe como há uma estrutura de segurança bem complexa para casos de inadimplência? Isso acontece, pois, caso esse exemplo de dívida da qual eu tanto falei até aqui seja grande, os efeitos do prejuízo poderiam se estender por todo o mercado financeiro, não fosse o sistema de proteção da B3.
Quais são os tipos de contratos futuros?
Os contratos futuros podem ser encontrados de diferentes formas, atrelados a commodities, moedas estrangeiras e índices. Para o investidor, esta é uma grande vantagem, já que permite a exploração de vários setores distintos.
Conheça melhor cada um deles:
Boi gordo
O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de carne bovina. Para você ter noção, para 2024 a expectativa é de que o país exporte mais de 2,85 milhões de toneladas da proteína. Logo, é de se deduzir que este é um dos tipos de contratos mais populares disponíveis.
Aqui, o ativo em questão é o Boi Gordo macho, com 16 arrobas líquidas ou mais de carcaça e 42 meses de idade, no máximo. Um contrato, então, equivale a 330 arrobas, o que dá 15 kg cada.
Todos esses detalhes são meticulosamente padronizados para garantir a integridade dos contratos negociados. No que diz respeito à aplicação em si, ela costuma apresentar baixa volatilidade e oscilação de preços mais previsível.
Soja
Os contratos futuros da soja são negociados a granel, do tipo exportação e em dólar. Assim como acontece com o Boi Gordo, essa commodity também conta com uma série de especificações, como teor mínimo de óleo e pureza.
Nesse caso, os preços dos contratos são influenciados pela cotação do mercado físico, que é medida pelo indicador da soja Cepea/Esalq-Usp, e pela proximidade do vencimento do contrato.
Isso significa que quando o indicador do mercado físico está alto, o contrato futuro de soja tende a se valorizar. Por outro lado, quanto mais próximo da data de vencimento, menor é a valorização.
Café arábica
Novamente, o contrato segue o padrão de outras commodities, ou seja, é negociado em dólar. Aqui, o documento considera 100 sacas — o correspondente a 60 kg de grãos de café arábica. Os vencimentos ocorrem em março, maio, julho, setembro e dezembro.
Ao contrário do Boi Gordo, o café é um dos ativos mais voláteis que há, assim como o petróleo. Então, os investidores que se interessam por esse tipo de contrato futuro precisam ter um cuidado extra na hora de negociar.
Milho
Por ser uma commodity, os contratos relacionados ao milho seguem as mesmas regras dos demais, com mudanças nas unidades de referência e nos valores. Esses contratos equivalem a 60 kg, ou seja, 450 sacas. O vencimento, por sua vez, é sempre no 15º dia útil do mês.
Moeda
Aqui, temos o dólar como um dos principais contratos negociados no mercado futuro.
Inclusive, vale a observação de que muitas pessoas optam por simplesmente comprar moedas estrangeiras acreditando que isso configura um investimento. Na verdade, essa é uma lógica equivocada e, com esse objetivo, é sempre buscar por aplicações apropriadas, como é o caso dos contratos futuros.
Voltando aos termos desta categoria, a negociação serve para aproveitar ou se proteger contra as variações cambiais. A modalidade é, inclusive, bastante buscada por empresas que têm dívidas em dólar.
Índice
Por fim, os contratos futuros atrelados ao Índice Bovespa e ao Índice S&P 500. Enquanto o primeiro reúne várias das ações mais negociadas na Bolsa (Vale, Ambev, Petrobras, etc.), o segundo compila gigantes internacionais, como Coca-Cola, Nike e Apple.
Na prática, ambos funcionam como uma espécie de carteira de investimentos que já é entregue pronta ao investidor. Assim, ao fazer uma aplicação em um contrato futuro do tipo, é possível se valer da valorização destes títulos ou se proteger contra possíveis quedas.
Quais são os principais contratos negociados no mercado futuro?
Commodities, Índice Bovespa, S&P 500 e dólar são os contratos futuros mais populares neste mercado. Consequentemente, contam com volumes maiores de negociações e bom grau de liquidez.
Commodities
Milho, soja, café arábica e Boi Gordo estão na lista das commodities mais negociadas. Nesses casos, os contratos estão atrelados aos preços dessas matérias-primas, cujos vencimentos específicos podem variar.
Índice Bovespa
Este índice compila aproximadamente 60 papéis negociados na B3, reunindo grandes nomes nacionais — a Vale é um exemplo.
Se o investidor optar por um contrato cheio, terá a cotação influenciada de acordo com os pontos do índice. A título de informação, cada um desses pontos equivale a R$ 1. Por outro lado, se estivermos falando de um minicontrato, a cotação cai para R$ 0,20 por ponto.
S&P 500
Essa opção é menos volátil do que os contratos atrelados ao Ibovespa. Aqui, os contratos se chamam Standard & Poors e se valem das oscilações de ações de 500 das maiores empresas do mundo, como Disney e Nike.
O lote padrão corresponde a um único contrato, no qual cada ponto vale US$ 50. Embora à primeira vista esse preço pareça alto demais, vale o reforço de que esses papéis não são tão vulneráveis às oscilações econômicas, ou seja, não perdem valor tão facilmente.
Dólar
De fato, a moeda estrangeira mais buscada por muitos investidores, que desejam se valer das vantagens econômicas dos Estados Unidos e também da força do seu valor.
Com um contrato futuro atrelado ao dólar, é possível especular possíveis lucros com as variações do preço ou até mesmo se proteger contra altas muito abruptas — é o caso de empresas importadoras.
Aos interessados, há dois tipos de contratos disponíveis:
- Dólar cheio: o lote mínimo é de cinco contratos e o valor de cada um é de US$50 mil;
- Mini dólar: pode ser adquirido em apenas uma unidade e o valor é de US$10 mil.
Quais são as vantagens do mercado futuro?
Para além da possibilidade de especular possíveis valorizações nos preços dos ativos e de se proteger contra perdas, o mercado futuro ainda oferece outras vantagens, como facilidade de aplicação, boa liquidez e flexibilidade.
Entenda:
- Comprar e vender contratos futuros é tão simples quanto negociar ações, ou seja, a operação é feita por meio de uma corretora de valores;
- Os contratos são sempre extremamente detalhados e facilitam o trabalho de comparação e análise do investidor;
- Dado o grande volume de negociações, esses ativos apresentam alto grau de liquidez;
- É viável realizar ordens de compra mesmo sem ter todo o dinheiro necessário na conta.
Quais os riscos do mercado futuro?
Ao operar no mercado futuro, o investidor firma um contrato com um preço específico, na expectativa de que esse valor baixe ou aumente no fim do prazo combinado, a depender da estratégia. Por conta dessa dinâmica, é natural que esse tipo de aplicação apresente riscos inerentes, tais como:
- Risco de mercado;
- Risco de alavancagem;
- Risco de ajuste diário;
- Risco de alteração de margem.
Entenda o que cada um significa:
Risco de mercado
Este risco se trata das oscilações do setor financeiro, que acontecem o tempo todo e por conta de fatores como oferta e demanda, taxas de juros e eventos micro e macroeconômicos, por exemplo. Consequentemente, todos esses movimentos podem fazer o preço dos ativos cair ou subir, sem que haja muita previsibilidade sobre a variação.
O investidor que se vale do mercado futuro o faz com expectativas específicas em relação a esses movimentos. No entanto, os planos podem não sair como o esperado, levando essa pessoa ao prejuízo.
Riscos associados à alavancagem
A alavancagem é uma das vantagens desse modo de investimento, mas também representa um grande risco, quando aproveitada sem análise e de maneira impulsiva. Recapitulando: esse atributo serve para que um investidor negocie contratos futuros sem necessariamente ter na conta o valor total da transação.
Se a estratégia não der certo, o prejuízo terá as mesmas proporções que o lucro teria. Naturalmente, esse investidor precisa arcar com esse valor e, por isso, o ideal é que nenhuma ordem de compra seja emitida sem a certeza de que a perda pode ser compensada.
Riscos de ajuste diário
Todos os dias, no fim de cada pregão, a Bolsa de Valores realiza uma espécie de recálculo automático das posições compradas por quem opera no mercado futuro.
Em termos simples, essa verificação é para avaliar quem teve lucro e quem teve prejuízo. Com essas informações, um acerto é feito no próximo dia útil, adicionando ou recolhendo o valor indicado diretamente da conta do investidor.
Para evitar problemas com a B3, é fundamental manter sempre uma quantia extra nessa conta, para o caso de acontecer uma perda.
Risco de alteração de margem
A alteração da margem de garantia é um risco que pode afetar os contratos mantidos por mais de um dia. Essa mudança, aliás, pode partir da própria Bolsa de Valores ou da corretora.
Quando o valor aumenta, é necessário adicionar essa quantia extra na conta para arcar com possíveis prejuízos. Logo, na hora de fazer uma aplicação, o investidor deve considerar que essa variação pode eventualmente ocorrer.
Como investir no mercado futuro?
Investir no mercado futuro é tão fácil quanto aplicar em qualquer outro título de renda variável. Na prática, o passo a passo é esse:
1 – Escolher uma corretora e abrir uma conta
Seja para você mesmo investir ou orientar os seus clientes, o ideal é sempre consultar a lista de corretoras certificadas pela B3. Dessa maneira, é possível prevenir fraudes ou evitar o problema de transferir dinheiro para uma empresa que nem sequer está autorizada a operar.
Outros critérios que podem ser levados em consideração no momento de escolha é a gama de ativos oferecidos, a qualidade das informações divulgadas e a facilidade com que a plataforma é acessada.
2 – Transferir dinheiro para a conta da corretora
Esse processo é simples e tudo o que deve ser feito é passar a quantia desejada de uma conta bancária para a conta da corretora. Se realizada via PIX, a transação demora apenas alguns segundos e o dinheiro está imediatamente disponível para ser aportado em ativos.
3 – Escolher o contrato futuro no qual deseja investir
Há uma série de contratos disponíveis para o investidor escolher: commodities, índices, moedas estrangeiras… Nesse momento, o ideal é que as características de cada um sejam minuciosamente avaliadas, a fim de garantir uma decisão que realmente faça sentido com a estratégia elencada.
Para facilitar, dá uma olhada nos códigos de cada um:
- S&P 500: ISP;
- Ibovespa: IND;
- Minicontrato Ibovespa: WIN;
- Dólar: DOL;
- Minicontrato dólar: WDO;
- Soja: SJC;
- Boi Gordo: BGI;
- Milho: CCM;
- Café Arábica: ICF.
4 – Selecionar a data de vencimento do contrato
A data de vencimento é outro ponto bem importante do contrato e vem geralmente especificada no código da aplicação, considerando uma letra para corresponder ao mês e os dois últimos dígitos do ano em questão.
Confira quais letras representam cada mês:
- Janeiro: F;
- Fevereiro: G;
- Março: H;
- Abril: J;
- Maio: K;
- Junho: M;
- Julho: N;
- Agosto: Q;
- Setembro: U;
- Outubro: V;
- Novembro: X;
- Dezembro: Z.
Por exemplo: se um investidor adquirir um contrato de Boi Gordo com vencimento para dezembro de 2024, o código da aplicação seria BGIZ24.
5 – Fazer a ordem de compra e acompanhar o desempenho do contrato
Por fim, basta selecionar a quantidade de contratos desejada e emitir a ordem de compra. Depois, é preciso realizar um acompanhamento constante da performance das aplicações, especialmente por conta dos possíveis reajustes diários e oscilações de preço que podem ocorrer.
Como acompanhar o mercado futuro?
Na prática, o mercado futuro pode ser acompanhado na própria B3, na corretora pela qual um investidor opera ou até mesmo pelo contrato que foi negociado. Entretanto, é claro que não é só isso.
Dólar, commodities… Os preços de todos esses ativos subjacentes negociados neste mercado têm motivos para serem voláteis — pormenores políticos, grandes eventos, circulação da moeda, taxa de juros, entre outros.
Pense no café, por exemplo: além de tudo isso que citei, há ainda a interferência do clima e de outros fatores que podem afetar uma safra.
O que eu quero dizer com essa reflexão é que, mais do que apenas conhecer os meios oficiais de acompanhamento do mercado futuro, é preciso compreender todo o Sistema Financeiro Nacional em detalhes, entender como tudo está interligado e como esse sistema funciona no Brasil.
Trabalhe com o mercado futuro com a ajuda da TopInvest
Trabalhar no mercado futuro exige alto nível de competência e conhecimento em renda variável, commodities, ações, Bolsa de Valores e mais. Por isso, minha recomendação para te preparar para esse setor não poderia ser outra: os cursos preparatórios para certificações financeiras da TopInvest.
A certificação PQO, por exemplo, é uma das que foram desenvolvidas especialmente para quem deseja alcançar cargos específicos e de prestígio na carreira, principalmente dentro da B3. Tem interesse? Vem ser Top!
Deixe um comentário