Penny Stocks: o que são, como funciona e quais os riscos

O mercado de ações é uma verdadeira mina de possibilidades: nele, se encontram todos os tipos de oportunidades imagináveis, para todos os perfis de investidor. Dá pra acreditar que existem até ações de centavos?

Lembrou imediatamente do meme? Pois sabe que, apesar do trocadilho óbvio, essa descrição é literal. Chamadas de penny stocks, estas são ações que realmente custam apenas alguns centavos, como indica o termo em inglês.

Apesar do preço extremamente baixo, são ativos extremamente voláteis e, por isso, apresentam altos níveis de potencial de retorno e risco de prejuízo ao mesmo tempo. 

Intrigado por esse conceito? Então, siga comigo para aprender:

• O que são penny stocks;
• Como essas ações funcionam;
• Quais as características de uma penny stock;
• Quais as regras da B3 para essas ações;
• Quais os riscos deste investimento;
• Exemplos de penny stocks disponíveis.

Preparado? Vem comigo!

O que são penny stocks?

Penny stocks são ações vendidas por menos de R$1, geralmente emitidas por empresas em processo de falência e recuperação judicial, ou que apresentam baixo valor de capitalização.

Embora no Brasil essas ações custem centavos — literalmente —, nos Estados Unidos a configuração do ativo mudou com o passar do tempo e, hoje, ter um preço abaixo de US$ 5 é o suficiente para receber a nomenclatura de penny stock. O conceito, aliás, pode mudar de acordo com cada país, embora o valor baixíssimo permaneça como uma característica em comum. 

Como essas ações vêm de empresas que, em sua maioria, estão passando por problemas de gestão, são ativos extremamente voláteis. Em termos mais práticos, a variação do preço ao longo do tempo é intensa.

Para fins de comparação, posso afirmar que as penny stocks se assemelham bastante às ações de startups, dado o grau de risco da operação e a falta de liquidez. Quanto a este último, é um problema a ser considerado, já que a demanda por esse tipo de ação não é tão grande.

Quais as regras da B3 sobre penny stocks?

Segundo regras da B3, uma penny stock deve ser negociada por menos de R$1 para ser classificada como tal. Além disso, uma empresa pode ficar somente 30 pregões vendendo ações dessa forma.

Esse critério existe desde 2015 e a razão é que a B3 decidiu inibir essa categoria de ativo. A medida também implica em outras diretrizes, conheça:

1. Depois que a empresa alcança o limite de 30 pregões, é notificada pela B3;
2. A partir da data de notificação, a companhia tem 15 dias para fornecer um plano para mudar a sua situação;
3. Se o plano não for apresentado, a empresa é multada pela B3 e pode ter as suas ações excluídas da bolsa.

Quanto ao plano, este se trata de um documento informando o que a companhia pretende fazer para aumentar o preço de suas ações, que devem ser de R$1 ou mais.

Como funciona uma penny stock?

Segundo as regras da B3, uma penny stock é classificada como tal quando negociada por menos de R$1. Se uma empresa mantém suas ações nesse valor por 30 pregões consecutivos, ela é notificada pela B3. Esta regra, em vigor desde 2015, visa inibir a negociação dessas ações e assegurar maior estabilidade no mercado.

Após a notificação, a empresa tem 15 dias para apresentar um plano de recuperação, detalhando as ações que tomará para aumentar o preço de suas ações para R$1 ou mais. Caso não apresente o plano, a empresa é multada e pode ter suas ações excluídas da bolsa.

Quais são as características de uma penny stock?

Para além do preço extremamente baixo, característica mais marcante de uma penny stock, outros atributos podem ser observados neste tipo de ativo. Olha só:

• Baixo volume de negociação: essa é uma consequência da falta de liquidez. Afinal, o investidor que deseja vender as suas penny stocks pode não encontrar interessados em comprá-las;
• Maior grau de risco: o desempenho dessas ações é altamente especulativo. Logo, o potencial de retorno é extremamente incerto;
• Alta volatilidade: empresas emissoras de penny stocks são mais sensíveis às oscilações do mercado. Então, o preço das ações pode variar até mesmo diariamente.

O que é grupamento de ações?

O grupamento é uma das técnicas utilizadas pelas empresas emissoras de penny stocks intimadas a subir o preço de suas ações. O método consiste em simplesmente juntar esses títulos, aumentando o valor do ativo e reduzindo a quantia disponível para negociação na bolsa.

A dinâmica por trás desse movimento é simples: se há menos papéis em circulação, naturalmente o preço dos ativos vai aumentar, atingindo ou ultrapassando o valor exigido, de R$1.

Outro método adotado pelas companhias é fazer a recompra de ações, ou encontrar compradores. Caso nenhuma estratégia dê certo, além da exclusão dos papéis da B3, a empresa pode até ter o seu registro à entidade excluído.

Quais são os riscos das penny stocks?

O preço baixíssimo das penny stocks implica em alguns riscos significativos ao investidor, como alta volatilidade, baixa liquidez e até possibilidade de fraude.

Por conta de tudo isso, o investidor que deseja incluir ações dessa categoria no portfólio deve fazer uma análise prévia bastante minuciosa, especialmente porque estes ativos podem apresentar poucas análises de mercado, feitas por profissionais.

Na dúvida, compreenda cada uma das ameaças inerentes às penny stocks a seguir!

Alta volatilidade

As empresas emissoras de penny stocks não são estáveis, é natural que qualquer notícia ou movimento do mercado financeiro afete as suas atividades. Consequentemente, o preço das ações emitidas varia também, de maneira abrupta, intensa e muitas vezes massiva. 

Quem investe nessa categoria de ativos precisa ter em mente que essa variação pode ser até diária e causar prejuízos com bastante rapidez.

Falta de liquidez

Seja para comprar ou vender penny stocks, o investidor pode encontrar bastante dificuldade para fechar uma negociação. Isso se deve não somente aos preços desfavoráveis dos ativos, mas a problemas na execução de ordens também.

Informações limitadas

Ao contrário de empresas maiores que abrem o capital na bolsa, as emissoras de penny stocks podem não ser tão confiáveis e transparentes assim. Logo, os dados disponibilizados por essas companhias não necessariamente serão verdadeiros, o que dificulta uma avaliação mais precisa sobre os prós e contras da operação.

Risco de fraude

A falta de transparência nos traz também ao risco de fraude. Um dos mais comuns relacionado às penny stocks se chama pump and dump. Na prática, isso significa que o preço do ativo é manipulado para atrair uma grande quantidade de investidores com rapidez, para que depois o valor despenque imediatamente.

Baixa capitalização de mercado

Emissoras de penny stocks geralmente têm menos valor de mercado do que outras companhias listadas na B3. Em resumo, isso significa que a empresa é de menor porte, dispõe de menos recursos financeiros e as ações têm baixo grau de liquidez. 

Considerando todas essas características, o risco de volatilidade dos ativos é muito maior e a emissora pode enfrentar problemas variados — até mesmo a falência. Um exemplo emblemático sobre o assunto foi o das Americanas, em 2023.

Setores de alto risco

Muitas vezes, as empresas emissoras de penny stocks fazem parte de setores arriscados, como de tecnologias emergentes, mineração ou energia alternativa. Por conta disso, podem enfrentar um nível de concorrência alto ou trabalhar com inovações ainda incertas no mercado. 

Com histórico operacional limitado e baixa visibilidade comercial, o investimento em ações do tipo envolve possíveis perdas substanciais.

No entanto, vale o lembrete de que nem todas as penny stocks são parte de setores de risco. Às vezes, o segmento em si não é o problema da companhia, mas sim casos de fraudes ou inconsistências no balanço, como aconteceu com o caso Americanas.

Baixo acompanhamento de analistas financeiros

Com a pouca cobertura desses profissionais de finanças, os investidores têm acesso limitado a análises detalhadas sobre o desempenho das empresas emissoras e perspectivas futuras. 

Consequentemente, a tomada de decisão — se vale investir na penny stock ou não — acaba não sendo tão informada quanto deveria, especialmente se tratando de um ativo tão volátil.

Regras de negociação específicas

Limites de preço e restrições de horário de negociação são dois exemplos de regras de negociação de penny stocks que podem afetar a liquidez e a volatilidade desses ativos.

Ao enfrentar essas dificuldades, um investidor pode, por exemplo, não conseguir comprar ou vender suas ações em determinado horário, ou intervalo de preço. Assim, não necessariamente vai conseguir finalizar uma transação no momento que julgar adequado.

Pouco histórico de desempenho

Em geral, companhias emissoras de penny stocks são relativamente novas no mercado. Logo, não contam com informações suficientes para que um investidor avalie o seu potencial de valorização — especialmente por não oferecer um histórico de duração considerável para ser analisado.

Some isso ao fato de que os dados podem até ser fraudulentos e temos aqui uma nova dificuldade para quem deseja incluir esses ativos no portfólio.

Quais empresas brasileiras negociam penny stocks?

O caso das Americanas (AMER3) se tornou um dos mais emblemáticos quando o assunto é a desvalorização meteórica de uma empresa. Hoje, ela é uma penny stock, ao lado de outras companhias como Oi (OIBR3), Lojas Marisa (AMAR3) e Magazine Luiza (MGLU3).

Para que você visualize algumas das principais penny stocks negociadas nacionalmente, preparei uma tabela listando essas ações. Os dados foram retirados do site Trading View, atualizados até a data de publicação deste conteúdo.

Confira:

Note que algumas das empresas listadas estão acima do R$1, como a B3 exige para que a classificação de penny stock seja deixada para trás. Mesmo assim, figuram no compilado dada a relevância nacional desses nomes e por apresentarem ativos de valor extremamente baixo mesmo após terem sido consideradas sólidas no país.

Quais empresas internacionais que negociam penny stocks?

A título de informação, também listo alguns nomes que são penny stocks internacionais. Os dados também foram retirados do Trading View, atualizados até o momento de publicação deste artigo.

Veja só:

O que muda para o investidor detentor de ação que sofre grupamento?

Quando um grupamento de ações é feito, o número de ativos diminui e o preço de cada um aumenta. No entanto, o valor financeiro dos papéis já adquiridos por um investidor permanece o mesmo. Se você tem 500 ações, por exemplo, custando R$10 no total e o grupamento as reduz pela metade, então terá no portfólio 250 ativos custando R$20. 

Muito importante: por mais que a posição do investidor seja mantida e que o valor unitário das ações aumente, isso não significa que o preço vai se manter alto por muito tempo. Afinal, as estruturas e as inconsistências da emissora permanecem as mesmas, e o novo valor não é justificado.

O que as empresas fazem para uma ação não derreter?

O termo “derreter” se refere a uma queda abrupta e intensa no valor de uma ação. Para que isso não aconteça, a principal estratégia das empresas emissoras é optar pelo grupamento dos ativos, ou seja, reduzir a quantidade de ações em circulação e aumentar o preço unitário.

No entanto, isso por si só não garante que o valor dessas ações se manterá alto, afinal, a valorização de uma empresa penny stock depende de outros fatores também, tais como:

• Reconstruir a confiança do mercado e dos investidores por meio de boas práticas de governança;
• Melhorar a saúde financeira da empresa;
• Divulgar informações precisas e transparentes ao público;
• Otimizar as estratégias de venda e a visibilidade da companhia.

Lembrando que estes são apenas exemplos gerais de estratégias que servem para que o preço de uma ação não despenque. O plano exato, é claro, vai depender da situação específica de cada empresa emissora.

Vale a pena investir em penny stocks?

Como as penny stocks são ações extremamente voláteis e de difícil análise, é impossível simplesmente afirmar se o investimento vale ou não a pena. A resposta depende principalmente da tolerância ao risco do investidor, da situação da empresa emissora e dos objetivos financeiros de cada um.

Para os que desejam se aventurar nessa categoria de ativos, algumas vantagens podem ser observadas. São elas:

• Preço unitário baixíssimo, o que dá a possibilidade de adquirir um grande número de ativos com menos recursos;
• Potencial de valorização e lucros, especialmente se a emissora for simplesmente uma empresa emergente no mercado;
• Diversificação de portfólio, desde que o perfil de investidor seja compatível com estratégias mais agressivas e arrojadas.

Por outro lado, os riscos de prejuízo e falta de liquidez alcançam níveis muito mais altos que ações emitidas por empresas mais sólidas e devem ser levados em consideração também.

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