Dentre todos os processos do mercado financeiro, esse é, definitivamente, um dos causadores dos efeitos colaterais mais perceptíveis na rotina de todos, até mesmo de quem não está exatamente a par dos assuntos econômicos.

Por isso, esse artigo é inteiramente dedicado aos pormenores das políticas monetárias expansionistas e contracionistas — medidas que farão parte direta ou indireta de sua rotina na carreira financeira.

Topa dominar esse conteúdo? Então, siga comigo para aprender:

  • O que é política monetária?
  • O que é política monetária contracionista?
  • Qual a importância da política monetária?
  • O que é política monetária expansionista?
  • Quando o governo faz política monetária expansionista?
  • Como a política monetária impacta na economia?
  • Qual é a diferença entre a política contracionista e a expansionista?
  • Por que é necessário adaptar a política monetária às condições econômicas?

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O que é política monetária?

Primeiramente, vamos pensar no conceito de política monetária, antes mesmo de nos dedicarmos a compreender o que a torna expansionista e contracionista. Ok?

Pois bem, a política monetária é um conjunto de medidas adotadas pelo Banco Central com a finalidade de controlar a circulação da nossa moeda, o Real. 

Essas ações têm por objetivo encontrar um equilíbrio — assim, não devem nem estimular o consumo excessivo, nem acarretar em uma desaceleração econômica.

O que é política monetária contracionista?

A política monetária contracionista corresponde ao conjunto de ações tomadas pelo Banco Central para reduzir o dinheiro em circulação e desestimular o consumo. O intuito desse tipo de medida é controlar altas inflacionárias, protegendo o poder de compra do real.

Para alcançar esses objetivos, o Banco Central pode lançar mão de uma série de medidas como:

  • Venda de títulos públicos;
  • Aumento da taxa de Depósito compulsório;
  • Aumento da taxa de Redesconto.

Como falei lá na introdução, a implementação de políticas monetárias impacta diretamente no dia a dia de toda a população. No caso das medidas contracionistas, as implicações mais corriqueiras são:

  • Aumento das taxas de juros: quando o Banco Central aumenta o depósito compulsório e as taxas de juros para empréstimos concedidos a bancos comerciais, estes também elevam os juros de empréstimos para empresas e famílias;
  • Diminuição de crédito: ao tornar mais rígidos os critérios de reserva para bancos comerciais, o banco central também acaba reduzindo a disponibilidade de crédito para empresas e pessoas físicas;
  • Redução das pressões inflacionárias: ao tomar ações que esfriem o consumo, consequentemente, o Banco Central também controla altas inflacionárias;
  • Fortalecimento da moeda: ao diminuir a circulação da moeda e controlar a inflação, por tabela, as políticas contracionistas também valorizam o real. Ou seja, tornam seu câmbio mais forte.

Apesar de ser determinante para manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é preciso que haja precaução ao aplicar políticas contracionistas. 

Quando em excesso, medidas que dificultam e desencorajam investimentos e o consumo podem ocasionar a desaceleração do crescimento econômico e elevar a taxa de desemprego. 

O que é política monetária expansionista?

A política monetária expansionista configura-se como o conjunto de práticas adotadas pelo Banco Central para aumentar a circulação da moeda e incentivar o consumo. O principal motivo desse tipo de ação é estimular o crescimento econômico.

Assim como as políticas contracionistas, as consequências das medidas expansionistas também podem ser facilmente observadas — e sentidas — pela sociedade. Os efeitos mais comuns e notáveis da adoção dessas políticas monetárias incluem: 

  • Redução das taxas de juros: como efeito colateral da redução das taxas impostas pelo Banco Central aos bancos comerciais, os empréstimos tomados por empresas e famílias também ficam mais baratos, estimulando a realização de investimentos e projetos pessoais;
  • Aumentar a disponibilidade de crédito: ao reduzir a quantidade que os bancos comerciais precisam manter em reserva, o banco central também amplia a quantidade de crédito disponível para empreendedores e para a população no geral;
  • Ampliação das pressões inflacionárias: ao estimular o consumo, essas medidas também podem resultar em uma inflação mais alta, impulsionada pelo aumento excessivo da demanda;
  • Diminuição do desemprego: com crédito facilitado para empresas e uma economia aquecida, também há tendência de aumento na oferta de vagas de emprego;
  • Enfraquecimento da moeda: com mais moeda em circulação e alta demanda por serviços e bens, o real começa a perder valor, resultando em queda do câmbio.

Em suma, a tomada de medidas expansionistas pode fazer com que uma economia estagnada ou em recessão volte a girar. Por outro lado, ao aumentar a liquidez do real, o Banco Central incorre no risco de reduzir seu câmbio e poder de compra.

Quando o Governo faz política monetária expansionista?

De forma objetiva, o governo, por meio de medidas adotadas pelo Banco Central, implementa políticas monetárias expansionistas quando pretende acelerar o crescimento econômico. A ideia, como já comentei, é aumentar a circulação de dinheiro e a oferta de crédito para incentivar a demanda e o investimento.

Essas políticas costumam ser adotadas em diferentes cenários, incluindo:

  • Recessão Econômica: quando o crescimento econômico é negativo ou muito próximo a zero;
  • Desemprego alto: quando a taxa de desemprego está em alta, e o governo busca incentivar a geração de novos empregos;
  • Deflação: sempre que há risco de queda generalizada de preços, o que pode levar a redução de receitas de empresas, demissões e falências.

Quando a moeda circula em maior quantidade, a economia se aquece, os juros caem, e a população, por consequência, faz o dinheiro girar.

Como a política monetária impacta na economia?

Pode até não parecer, mas os esforços do Banco Central para aumentar ou diminuir a quantidade de moeda em circulação podem provocar reações em cadeia capazes de influenciar a economia de um país como um todo.

Os impactos mais notáveis das políticas monetárias podem ser percebidos em indicadores econômicos bastante comuns, tais como:

Taxas de juros

O aumento ou o corte nas taxas de juros para empréstimos bancários é uma resposta quase automática às medidas monetárias coordenadas pelo Banco Central. Taxas mais altas geralmente tornam os empréstimos mais caros e, portanto, desincentivam o consumo e o investimento, enquanto taxas mais baixas promovem exatamente o oposto.

Disponibilidade de crédito

O ajuste nos valores obrigatórios para a reserva, também influi na quantidade de crédito que os bancos podem disponibilizar à população. Aumentos nas reservas obrigatórias tendem a restringir a oferta de crédito, enquanto reduções podem facilitar a concessão de empréstimos.

Inflação

Medidas contracionistas, como o aumento das taxas de juros e a redução da oferta de moeda, podem ajudar a frear a inflação. Por outro lado, políticas expansionistas, que aumentam a oferta de moeda e reduzem as taxas de juros, podem impulsionar a inflação.

Crescimento econômico

Por fim, a política monetária também impacta no aumento ou queda da produção de bens e serviços, nas taxas de emprego, e na demanda. Medidas contracionistas buscam frear o consumo. Já as políticas expansionistas têm a pretensão de aquecer a economia.

Qual é o objetivo da política monetária?

As políticas monetárias têm por finalidade direcionar a economia de um país de modo que os objetivos estipulados pelo Banco Central e pelo governo possam ser alcançados. 

Entre esses objetivos, os mais importantes são:

Manter a estabilidade de preços

Uma inflação baixa, controlada e previsível é essencial para afastar incertezas econômicas e manter o poder de compra de uma moeda. No Brasil, as políticas monetárias do Banco Central devem ser aplicadas de modo que a taxa de inflação, mensurada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), fique dentro da meta calculada pelo CMN.

Apoiar o crescimento econômico

O crescimento econômico de um país é medido principalmente pelo PIB (Produto Interno Bruto), indicador que corresponde ao montante de todas as riquezas, produtos e serviços criados ao longo do ano em um país. Em suma, quando há aumento desse índice é sinal de que a economia está aquecida.

Maximizar o emprego

Reflexo de uma atividade econômica aquecida,  a manutenção de taxas baixas de desocupação pode gerar um círculo virtuoso. Quanto mais pessoas empregadas, maior o poder aquisitivo, maior a demanda, e mais alta a necessidade de produção e investimento. 

De modo simplificado, é possível afirmar que uma economia saudável parte da boa relação de interdependência entre indicadores como os acima citados, os quais são sensíveis  ao emprego de políticas monetárias. 

Qual é a diferença entre a política contracionista e a expansionista?

As políticas contracionistas e as políticas expansionistas funcionam em uma relação antagônica perfeita. Isto é, uma pode ser entendida como o contrário exato da outra e vice-versa. Assim, também são aplicadas em cenários opostos e com propósitos contrapostos.

Para evidenciar essas diferenças e evitar confusões léxicas, explico a seguir os pontos fundamentais que caracterizam cada uma dessas medidas:

  • Políticas contracionistas:
  • Diminuição da liquidez e da circulação do real;
  • Valorização do câmbio e fortalecimento do poder de compra da moeda;
  • Aplicada para conter pressões inflacionárias e reduzir déficits fiscais.
  • Limitação na oferta de crédito;
  • Desaceleração do consumo e investimentos;
  • Queda na demanda e produção de bens e serviços.
  • Políticas expansionistas:
  • Aumento da liquidez e da circulação do real;
  • Desvalorização do câmbio e enfraquecimento do poder de compra da moeda;
  • Adotada para aquecer a economia;
  • Ampliação da oferta de crédito;
  • Incentivo ao consumo e investimentos;
  • Alta na demanda e produção de bens e serviços.

Como são aplicadas com diferentes objetivos e em resposta a diferentes cenários, as políticas contracionistas e as políticas expansionistas também se diferem em suas consequências — seja em casos de sucesso ou falha:

  • Consequências de medidas contracionistas:
  • Positivas: controle da inflação, valorização do poder de compra e do câmbio;
  • Negativas: deflação, recessão econômica e desemprego.
  • Consequências de medidas expansionistas: 
  • Positivas: aumento do PIB, mais investimentos e oportunidades de trabalho;
  • Negativas: alta inflacionária, perda do poder de compra, desvalorização do real.

Além disso, essas políticas monetárias também se diferenciam segundo as medidas econômicas que englobam. Mas sem pressa. É sobre isso que falarei logo a seguir.

Exemplos de política monetária expansionista

Neste modelo, temos três medidas principais. Olha só:

Open market

Aqui, o Banco Central age por meio da compra de títulos do mercado. E por quê? A estratégia vem para colocar mais dinheiro em circulação, uma injeção de moeda na economia.

Esse dinheiro acaba principalmente nas mãos das instituições financeiras que, por sua vez, vão conceder mais crédito e fazer a economia girar com mais rapidez.

Depósito compulsório

Quando um banco comercial recebe um depósito, é de praxe que o Banco Central fique com 10% do valor. A razão para tal é que, dessa forma, se investe na solidez do mercado financeiro.

Em um momento de política monetária expansionista, essa taxa é reduzida. Por consequência, os bancos têm ao seu dispor mais recursos para transformar em crédito para a população.

Redesconto

Quando falta liquidez nos bancos comerciais — quando seus recursos se tornam mais escassos —, é possível pedir um empréstimo para o Banco Central para solucionar o problema.

Contudo, a taxa paga por esse empréstimo, chamada de redesconto, é bastante alta —  isso porque esta funciona como uma punição aos bancos, por se encontrarem em um momento no qual não dispõem de liquidez.

Como estratégia expansionista, essas taxas são reduzidas e o redesconto se torna mais acessível e menos custoso, digamos assim. Outra vez, temos uma forma de estimular o banco a conceder mais crédito, colocar mais recursos para girar e assumir mais riscos em sua atuação.

Exemplos de política contracionista

São exemplos de política monetária contracionista: o Open Market, o depósito compulsório e o redesconto. Pois é, os mesmos exemplos citados como medidas expansionistas.

Quando se trata de seu oposto, a política contracionista, temos a versão contrária de tudo isso que eu acabei de explicar. As taxas de depósito e redesconto, por exemplo, voltam a subir. Por consequência, a quantidade de dinheiro circulando por aí diminui e a economia vai esfriando.

E por falar nisso, lembra da economia nos anos 2015 e 2016? Naquela época, a expectativa sobre a inflação era de que ela fosse subir bastante. Logo, era necessário uma medida contracionista, que a estagnasse. 

Foi assim que as taxas de juros aumentaram — a Selic, em 2015, chegou a ser de 14,25%. A ação deu certo: a inflação foi contida e permaneceu baixa. Aqui, inclusive, entra a complexidade das políticas monetárias. Como assim?

A política contracionista tem, sim, seus propósitos — como eu acabei de te explicar. Porém, ela também pode causar efeitos colaterais: na época citada, o PIB recuou e a taxa de desemprego subiu. 

Outra vez, portanto, o país teve que voltar a  adotar a política expansionista, lá em 2018, diminuindo drasticamente a taxa de juros, a fim de fazer a moeda circular novamente.

Percebe como é um ciclo? Em resumo, não temos aqui uma ou outra opção que seja melhor: são dois conjuntos de ações diferentes, feitas para serem postas em prática em momentos diferentes do país.

Por que é necessário adaptar a política monetária às condições econômicas?

Medidas contracionistas e medidas expansionistas, se me permitem a metáfora, são remédios para diferentes sintomas e possuem, cada qual, seus próprios efeitos colaterais. 

Como as condições econômicas não são constantes, ora é preciso utilizar um tipo de política monetária, ora outro. Em alguns momentos, pode ser necessário adotar medidas expansionistas (para estimular a economia), enquanto em outros momentos, medidas contracionistas (para controlar a inflação) podem ser mais apropriadas.

Caso se insista em uma só delas por um longo período, é possível que haja agravantes. Por exemplo, uma política expansionista prolongada pode levar à inflação descontrolada, enquanto uma política contracionista prolongada pode levar a uma recessão.

A história está cheia de exemplos onde o exagero de uma ou outra medida fez o copo transbordar. Alguns casos emblemáticos de crises econômicas intensificadas pela má gestão das políticas monetárias incluem:

  • A Grande Depressão Americana (1929);
  • A “Década Perdida do Japão” (1990);
  • Hiperinflação brasileira (década de 1990);
  • Crise argentina (1998 – 2002);
  • Bolha imobiliária espanhola (2008).

Por isso, encontrar o ponto de equilíbrio entre esses dois lados da política monetária  e saber quando e até onde aplicá-los é o grande desafio do Banco Central. Quando essas medidas são bem dosadas, a economia se mantém saudável. Quando não, o resultado pode ser desastroso.

Qual a importância da política monetária?

Como você pode ver, a política monetária, seja ela expansionista ou contracionista, é basicamente uma estratégia de contenção de danos. Quando a inflação está alta, por exemplo, aumenta-se as taxas de juros a fim de desacelerar o consumo e a concessão de crédito. Por consequência, o real circula menos.

É claro que, como eu disse, ambas são complexas e o mercado financeiro deve ser reavaliado a todo momento pelas autoridades, com o objetivo de encontrar sempre o meio termo, um equilíbrio.

Em termos gerais, é possível dizer que as políticas monetárias são importantes principalmente por afetar a vida de todos: os preços no mercado são um exemplo simples e corriqueiro de como seus efeitos chegam até nós, em quaisquer circunstâncias. E não é só isso: temos altas e baixas nas taxas de desemprego, no poder aquisitivo e na rentabilidade daquilo que investimos.

Na carreira financeira, saber analisar essas políticas nos ajuda a compreender melhor o comportamento de um papel ou a formação de uma determinada carteira a fim de julgá-la como adequada ou não. Assim, tomamos melhores decisões, somos mais estratégicos e agimos de forma mais inteligente, considerando o momento pelo qual o país passa e quais são as suas consequências em diferentes ativos.

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Afinal, como eu mencionei ao longo deste artigo, não somente as políticas monetárias expansionista e contracionista podem ser complexas, como todo o mercado financeiro também é. Então, se o seu objetivo é ser um profissional completo, de destaque e certificado, o meu conselho sempre será o mesmo: vem com a Top!

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