Você tem uma conta em banco? Se a resposta é positiva então há 95% de chance de já terem lhe oferecido produtos de investimento como CDBs, LCIs, Títulos de Capitalização… OPA! Capitalização não! Vem comigo e vou te explicar por que título de capitalização não é investimento.
Antes de mais nada é importante saber que não existe almoço grátis, você deve desconfiar de tudo que é muito fácil.
Antes de tudo lembre-se que o gerente ou a pessoa que lhe atende no banco é um colaborador da instituição financeira. Muitas vezes o bancário não lhe oferece produtos ruins por maldade, mas ele precisa acima de tudo cumprir suas metas e atender aos interesses do banco.
Lembrando deste raciocínio fica fácil de compreender o porque as opções de “investimento” oferecidas pelo banco normalmente são as melhores opções de investimento PARA O BANCO.
E é por isso que provavelmente já te ofereceram Títulos de Capitalização. Na hora da venda é comum aquela explicação tentadora de que a capitalização funciona como uma rifa e que no final do prazo o valor do bilhete é devolvido aos participantes que não ganharem prêmios. Essa abordagem convence muitas pessoas.
Mas não caia nessa armadilha.
Para onde vai o dinheiro do título de capitalização?
Quando você compra um título de capitalização o valor que você paga é dividido em três potes diferentes:
- Parte do valor é destinado ao rateio do sorteio. Como dizemos no mercado financeiro é um jogo de soma 0, para uma pessoa ganhar outra precisa perder. Pode-se dizer que é como se fosse uma taxa para concorrer aos prêmios;
- Uma segunda parte é destinada a taxa de administração. Esta taxa é uma tarifa paga ao banco com o intuito de financiar a manutenção da instituição financeira;
- Somente depois destes dois direcionamentos o que sobra é destinado a uma aplicação financeira. Infelizmente essa aplicação geralmente é de baixíssimo retorno para o seu dinheiro e serve basicamente para recompor o dinheiro gasto com a taxa de administração e rateiro dos prêmios;
Compreende por que título de capitalização não é investimento? Aproximadamente 2/3 do valor pago no título é despesa e não investimento.
Características dos Títulos de Capitalização
Tipos de Prêmio: Os prêmios dos títulos de capitalização (também conhecidos como CAP ou PIC na linguagem dos bancários) podem sortear prêmios (imóveis, automóveis, bens da linha branca) ou valores em dinheiro. Cada título de capitalização tem um regulamento diferente.
Formas de Pagamento: O pagamento dos títulos pode ser mensal conhecidos pela sigla PM (Pagamento Mensal) ou em uma única vez chamados de PU (Pagamento Único). Aqui é importante prestar atenção nos prazos de:
- Pagamento: Período em que o titular deve quitar a compra do título;
- Período de Vigência do Título: Tempo pelo qual o título fica sob custódia do banco;
Fiscalização dos Títulos de Capitalização: A comercialização dos títulos de capitalização é regulada pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). Para que estes títulos sejam negociados tanto a instituição financeira como o título precisa estar devidamente credenciados junto ao órgão fiscalizador. E é claro que deve-se seguir todas as normas de defesa do código de consumidor.
Porque não é investimento?
Apesar de parecer muito tentador ganhar prêmios, se você parar para pensar as únicas pessoas que levam vantagem ao comprar títulos de capitalização são aquelas sorteadas (suas chances são pequenas) e claro, o banco.
Há diversos motivos para você não cair nesta grande armadilha. Mas o maior problema é que durante o tempo de vigência do título o seu dinheiro fica parado não trazendo nenhum retorno com juros ou outro tipo de rendimentos. Isso sem falar que muitos títulos tem uma vigência longa chegando a 36 meses e se você precisar retirar o dinheiro antes do prazo além de não receber nenhum centavo de juros é bem provável que você tenha que pagar multas perdendo um valor substancial de tudo aquilo que já foi pago.
Se compararmos um título de capitalização com as aplicações financeiras a opção por um título de capitalização é um péssimo negócio levando inclusive uma surra da Caderneta de Poupança. Se formos levar em consideração bons investimentos como CDBs de bancos médios ou mesmo títulos públicos a surra é incrível.
Ao comprar um título de capitalização com 36 pagamentos de R$ 100,00 ao final do período você terá o valor de R$ 3.600,00. Optando por investir no Tesouro Direto em um título pré fixado (hoje com taxas de 7,90%) você terá um valor líquido de R$ 4.075,39. Parece pouco mas é uma economia de R$ 403,75 já descontado o imposto de renda.
Os bancos na verdade não podem nem oferecê-los como opção de investimento. Para ter uma resposta definitiva de por que título de capitalização não é investimento basta acessar os produtos de investimento do seu banco. E ai? Encontrou os títulos de capitalização lá?
Os “Caps” na verdade são um negócio da china para a instituição financeira. Durante todo o prazo de vigência o banco sabe que pode utilizar este recurso concedendo empréstimos a outros clientes sem lhe pagar nada por esse dinheiro. É esse o grande motivo pelo qual a principal meta dos bancários é a venda de títulos de capitalização.
Outras Utilizações do Título de Capitalização
Como toda regra tem sua exceção os títulos de capitalização podem ser um bom negócio no caso da locação de imóveis. Se você já tentou locar um imóvel sabe que a burocracia de depender de um fiador é grande e o custo do seguro fiança é elevadíssimo.
Aqui sim os títulos de capitalização são uma ótima opção. Neste caso sua “cap” funciona como garantia do contrato de locação.
Quando o aluguel “começa” você adquire um título de capitalização no valor acordado com a imobiliária (geralmente um ano de aluguel). Depois disso é assinado um documento em que você se compromete a destinar esse dinheiro para o pagamento do aluguel em caso de inadimplência ou cause danos ao imóvel.
Quando o contrato do aluguel acaba se não houver atrasos ou reformas a serem feitas, você pode resgatar o dinheiro do título integralmente.
Passa longe de ser um investimento, mas pode lhe poupar da burocracia do fiador ou do custo astronômico de um seguro fiança.
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