A análise de risco é uma constante na carreira de quem trabalha no mercado financeiro. Por isso, estamos aqui hoje, eu e você: vamos aprender em detalhes tudo o que diz respeito ao risco de crédito. Partiu?

O que é risco de crédito?

A definição é, na verdade, bem simples: o risco de crédito considera a possibilidade de alguma das partes envolvidas em uma negociação não cumprir com suas obrigações. É algo que ocorre, inclusive, em aquisições (de bens ou serviços) feitas a prazo – ou seja, com pagamento combinado para depois da compra. 

Um detalhe que deve ser lembrado é que esse descumprimento pode ser total ou parcial. Em geral, atrasos no pagamento de alguma dívida ou pagamento parcial de um valor são bons exemplos desse tipo de risco.

Este conceito entra, então, como um indicador. A partir da busca de informações sobre o cliente, é possível analisar se esta pessoa está apta ou não para solicitar crédito, e se haverá quaisquer condições para concedê-lo.

Quais os tipos de risco de crédito?

Pois é, o risco de crédito divide-se em duas categorias diferentes, que funcionam como uma ferramenta para nivelar a dimensão do risco. São elas: 

Risco de crédito de primeira classe ou categoria

Aqui, temos enquadrados riscos maiores. Em outras palavras, as chances de uma das partes não honrar com seus compromissos é maior. Por este motivo, esse tipo de transação se caracteriza pela exigência de algum bem como garantia, como imóveis ou máquinas.

Risco de crédito de segunda classe ou categoria

Este cenário, por sua vez, abrange riscos menores. Por isso, ao contrário da primeira classe, na segunda não há nenhuma grande exigência para a concessão de crédito.

Ambas as categorias, aliás, são fundamentais para avaliar se um cliente pode receber crédito ou não.

Exemplos de risco de crédito

Eu já citei brevemente alguns exemplos, porém, chegou o momento de vermos de perto algumas das situações mais comuns onde esse tipo de risco se faz presente em uma negociação.

Empréstimos

Quando um banco recebe uma solicitação de empréstimo, por exemplo, é natural que a instituição submeta este solicitante a um processo de avaliação. Este, por sua vez, deve provar com evidências de que potencialmente cumprirá com o seu dever de pagar, futuramente, o dinheiro tomado.

Cartões de crédito

Um cartão de crédito nada mais é do que o banco nos emprestando dinheiro. Quando pagamos por qualquer bem ou serviço dessa forma, estamos realizando a operação com um dinheiro que não é nosso, mas sim de uma instituição financeira, que nos dá a chance de repor esse valor – em palavras mais simples, pagar essa fatura – no mês seguinte.

Assim como alguém pode faltar com o seu compromisso de pagar o empréstimo que pediu a um banco, também é possível que o titular do cartão não devolva esse dinheiro ao banco.

Parcelamento em lojas e comércio

Quem nunca parcelou uma compra? Afinal, não é sempre que temos todo o dinheiro necessário para adquirir algum bem de maior valor. Este cenário, portanto, também está passível de risco de crédito, já que o consumidor pode não pagar pela parcela em questão.

É por isso, inclusive, à época dos carnês impressos em papel, as lojas costumavam exigir algumas garantias dos clientes – provas de que eram bons pagadores – como um método de evitar a inadimplência.

Contratos de aluguel

Um contrato de aluguel também precisa de garantias. Afinal, é perfeitamente possível que um inquilino ocupe um imóvel e deixe de pagar o valor mensal que lhe dá esse direito.

Este risco de crédito, inclusive, também é listado como um dos riscos que podem afetar fundos imobiliários. A inadimplência, nesse cenário, afetaria os lucros dos investidores do fundo.

O que é avaliação do risco de crédito?

Notou que, em vários momentos deste artigo, eu mencionei a forma como empresas e instituições adotam medidas para reduzir o risco de crédito? Pois bem, agora, você vai entender como esses processos normalmente funcionam.

Como funciona a análise de risco de crédito nas instituições financeiras?

Toda essa operação depende, é claro, do tamanho do risco – como vimos, eles dividem-se em categorias distintas, que mensuram sua dimensão a fim de obter um score de crédito. Esse score indica qual a probabilidade de alguém ficar inadimplente nos próximos 12 meses. 

Em geral, os processos são estes:

1.  Análise

Em um primeiro momento, dados básicos são solicitados para análise, como renda mensal, CPF, escolaridade, idade, estado civil, profissão, entre outros. A partir disso, é possível traçar um perfil de cliente, delineando suas condições e histórico financeiro. Em termos mais simples, é uma forma de conhecer melhor o cliente.

Com a análise pronta, é possível estabelecer as condições de crédito: os valores, os prazos e também os juros.

2.  Critérios específicos da operação

Cada operação pode requerer documentos distintos para efetuar essa análise. Algumas, por exemplo, fazem também análises patrimoniais, de histórico de pagamentos e até de cunho motivacional – ou seja, buscam entender de forma mais profunda o que levou o cliente em questão a solicitar um empréstimo ou qualquer outro tipo de crédito.  

3.  Monitoramento contínuo

A partir dessa técnica, pode-se observar se algo no comportamento do cliente mudou desde a concessão de crédito. É perfeitamente possível, por exemplo, alguém ter apresentado um bom score de crédito no momento da negociação, mas ter passado por uma decaída na sua classificação posteriormente.

4.  Recuperação

Quando a inadimplência acontece, é preciso repará-la. Em geral, esse passo ocorre em três etapas: 

  • Aviso: neste momento, busca-se entender, de forma empática, os motivos que levaram o cliente a não pagar sua dívida. Isso pode ser feito através de um comunicado formal, via carta, e-mail ou telefonema;
  • Negociação: quando o aviso não funciona, uma negociação começa. Assim, se exploram meios de quitar a dívida, de forma que a solução seja benéfica e viável para ambas as partes. Nesta etapa as empresas costumam, também, alertar para as consequências legais do não-pagamento;
  • Ações: quando nenhuma das alternativas anteriores surte efeitos, a empresa pode entrar com uma ação judicial contra o inadimplente. 

Como calcular o risco de crédito?

Ao calcular o risco de crédito, calcula-se quão prejudicada a empresa será caso haja inadimplência por parte do cliente.

A lógica é a seguinte: se considera o custo do produto ou serviço (e de sua produção), margem de lucro e tudo o mais que estiver atrelado à venda. Com o resultado em mãos, é preciso avaliar, agora, uma concessão de crédito proporcional, que será mais ou menos rigorosa, dependendo do valor encontrado. 

Esse cálculo, inclusive, é de extrema importância, visto que o não-pagamento pode afetar o fluxo de caixa de uma empresa, como veremos a seguir.

Por que a análise de risco de crédito é importante?

A gente sabe que, se formos colocar tudo da maneira mais simples possível, o prejuízo seria o grande problema do risco de crédito, aquilo que torna a análise tão importante. Entretanto, é claro que a situação toda é mais complexa do que isso.

Quando uma empresa concede crédito, seja por meio de uma venda ou de um empréstimo, considera que este dinheiro voltará em determinado momento. Oficialmente, o fluxo de caixa conta com esse valor para seguir funcionando.

Quando esse valor não retorna, há esse “buraco” no fluxo, digamos assim. Por consequência, a saúde financeira da empresa fica comprometida. 

Analisando a situação sob outro olhar, ainda há a perspectiva de que recusar a concessão de crédito não é somente algo que previne problemas futuros para a empresa, mas também para o próprio cliente – de certa forma, a instituição está evitando que esta pessoa passe por mais problemas em sua situação financeira.

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