Diga a verdade: você pensaria duas vezes antes de investir em um título de renda fixa com rentabilidade de 40% ao ano? Pois é exatamente essa a taxa aparente de juros pagas pelos títulos de dívida negociados na Argentina, em setembro de 2024.
Atenção no “aparente”. Esse termo não foi utilizado ao acaso. Afinal, apesar desse rendimento chamativo, esses mesmos títulos estão entregando um ganho real negativo, ou seja um prejuízo, de 33,92%. Confuso?
Deixa que eu explico! O que acontece é que apesar de uma taxa de juros aparente, ou “nominal”, de 40%, a taxa real de juros é igual -33,92%. A primeira corresponde a rentabilidade explícita nos contratos financeiros. A segunda ajusta esse valor pela inflação, entregando uma perspectiva muito mais realista do retorno — neste caso, prejuízo — de um determinado papel.
Como você deve ter percebido, entender a taxa de juros real é indispensável para evitar “pegadinhas” e garantir a segurança ao investir. Então siga comigo, que ao longo deste artigo, responderei as dúvidas mais comuns sobre este assunto, incluindo:
- O que é a taxa de juros real?
- Qual o impacto da taxa de juros real nos investimentos?
- Como calcular a taxa de juros real?
- Qual a diferença entre taxa de juros nominal e taxa de juros real?
- Qual é a taxa de juros real histórica do Brasil?
- Qual é a taxa de juros real atual no Brasil?
Vamos nessa?
O que é a taxa de juros real?
Um dos conceitos elementares da economia e do mercado financeiro, a taxa de juros real é igual a taxa de retorno (valor nominal) de um investimento ajustada pela inflação acumulada no período. Representa, em outras palavras, o quanto um determinado título rendeu acima da inflação.
Esse conceito é chamado de “taxa real” porque mede o quanto uma aplicação financeira realmente adicionou ao patrimônio, ou seja, o quanto de riqueza foi efetivamente acrescido. Essa informação é importante pois permite ao investidor calcular qual o tamanho da fatia dos rendimentos destinada apenas a compensar a desvalorização da moeda durante o tempo em que o capital ficou aplicado.
Quando um investimento rende menos do que a inflação no período, diz-se que houve um “ganho real negativo“. Isso ocorre porque, embora o investidor tenha obtido um retorno nominal, na prática, ele teve uma perda, já que a inflação superou o lucro, resultando em uma diminuição do poder de compra.
É importante destacar que o retorno de um ativo financeiro não depende apenas da inflação. Ou seja, a taxa de juros real não corresponde ao lucro líquido de uma aplicação. Para avaliar a rentabilidade total, é necessário considerar outros fatores, como corretagem, custos de custódia e tributação.
Quando a taxa de juros é chamada de taxa de juros real?
Objetivamente, a taxa de juros é chamada de taxa de juros real quando é ajustada pela inflação. Para facilitar o entendimento, vale explicar os termos separadamente.
De acordo com o dicionário Michaelis da língua portuguesa, “juro” é definido como:
- 1. Remuneração que um pessoa recebe pela aplicação de seu capital;
- 2. Rendimento ou soma cobrada pelo credor sobre dinheiro emprestado.
Logo, a taxa de juros corresponde ao percentual cobrado ou pago em um empréstimo. No contexto dos investimentos, ela representa a rentabilidade de um ativo, ou seja, o lucro obtido pelo investidor.
Contudo, a taxa de juros por si só não considera a desvalorização da moeda durante o período em que o dinheiro “emprestado” pelo investidor ao emissor de um título financeiro estiver parado. É aí que entra a taxa de juros real, que desconta do rendimento nominal o percentual perdido devido à inflação.
A taxa Selic é uma taxa real de juros?
Não. A Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil, não é uma taxa real de juros. Essa confusão, porém, é justificável.
Isso acontece porque a taxa Selic serve como parâmetro para os juros nominais praticados no mercado, sendo uma referência para os títulos de Renda Fixa. Portanto, sempre que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide alterar essa taxa, essa mudança também pode influenciar o ganho real dos investimentos.
Importante sublinhar que, apesar de ter o poder para alterar a taxa nominal, o Copom não pode controlar diretamente a taxa de juros real, pois a inflação é afetada por diversos fatores, tanto internos quanto externos, muitos dos quais estão fora de sua alçada.
Qual o impacto da taxa de juros real nos investimentos?
A taxa de juro real impacta diretamente nos rendimentos dos investimentos. É, desta forma, um dos fatores mais relevantes a serem considerados ao escolher um ativo e ao montar ou rebalancear uma carteira de investimentos.
Primeiramente, a taxa real é essencial para saber quanto um ativo é capaz de gerar de lucros acima da perda do poder de compra — e se está, de fato, gerando ganhos de verdade. Em casos onde o retorno é inferior à inflação acumulada, o ganho real é negativo, o que indica que o investidor está perdendo dinheiro.
A taxa real também é determinante para equilibrar o portfólio, ajustando a exposição à Bolsa de Valores em comparação à renda fixa. Não por acaso, os investidores tendem a assumir mais riscos e buscar oportunidades de Renda Variável sempre que existe tendência de cortes na Selic (fechamento da curva de juros).
O contrário, também é verdadeiro. Ou seja, existe um movimento de migração para os títulos de dívida, sempre que a taxa de juros entra em ascendência (abertura da curva de juros).
Por fim, além de mensurar o ganho real de um portfólio, a taxa de juros real permite ao investidor fazer planejamentos mais precisos e realistas. Um exemplo prático da importância desse conceito é a perda do poder de compra ao longo do tempo.
Nos últimos 10 anos, por exemplo, o real perdeu cerca de 43% do seu valor devido à inflação acumulada. Isso significa que, para comprar algo que custasse R$100 mil em 2014, hoje seria necessário desembolsar R$143 mil. Portanto, ao projetar metas de médio e longo prazo, é essencial considerar o impacto da inflação e da taxa de juros real.
Como calcular a taxa de juros real?
A taxa real de juros corresponde à taxa nominal descontada a inflação acumulada no período. Contudo, seu cálculo é um pouco mais complexo do que uma simples subtração. Para encontrar esse valor, utiliza-se a famosa Fórmula de Fisher.
A Fórmula de Fisher é a seguinte:
- (1+in) =(1 +r) (1 +j)
Onde:
- in: taxa de juros nominal;
- j: inflação acumulada no período;
- r: taxa real de juros.
Para preencher a fórmula é preciso, primeiro, encontrar dois elementos fundamentais:
- Taxa de juros nominal: o ganho aparente, ou seja, a rentabilidade do ativo analisado;
- IPCA: o “Índice Nacional de Preços ao Consumidor”, principal indicador inflacionário do Brasil.
Como exemplo, imagine um título hipotético que esteja pagando uma taxa nominal de 12% ao fim de um ano, e uma expectativa de IPCA de 4%.
Atenção: antes de aplicar esses valores à fórmula é preciso convertê-los para unidades decimais. Para isso, basta dividir o percentual por 100, como demonstrado abaixo:
- Taxa de juros nominal = 12100= 0,12
- IPCA = 4100= 0,04
Agora é só aplicar esses dados à fórmula que apresentei anteriormente:
- (1+0,12) =(1 +r) (1 +0,04)
- 1,12 =(1 +r) 1,04
- 1,121,04 = 1 + r
- r =1,0769 – 1
- r = 0,0769
- r =7,69%
Logo, a taxa de juros real deste investimento seria igual a 7,69%, 4,31% menor que a taxa nominal. Essa diferença corresponde a perda de valor no período. Note que sempre que a taxa nominal for maior que a inflação, o ganho real será positivo, como no exemplo supracitado.
Por sua vez, em um cenário onde os juros aparentes são menores que a inflação, mesmo que o investimento apresente algum rendimento nominal, a taxa de juros real será negativa, já que o poder de compra do investidor diminui. Por exemplo:
- Taxa de juros nominal (in): 3% (0,03%);
- Inflação (j): 5% (0,05%).
Aplicando esses dados à Fórmula de Fisher:
- (1+ in) =(1 +r) (1 +j)
- (1+0,03) =(1 +r) (1 +0,05)
- 1,03 =(1 +r) 1,05
- 1,031,05 =1 + r
- 0,980 =1 + r
- r = -0,019
- r = -1,9%
Nesse caso, como se pôde observar, mesmo que o título tenha apresentado um retorno nominal de 3%, o investidor teve um ganho real negativo — saiu perdendo dinheiro. Isso ocorre porque, após ajustar esse retorno pela inflação, o saldo foi negativo em 1,9% sobre o valor aplicado, evidenciando um mau negócio, já que o poder de compra caiu acima do lucro.
Atenção: o cálculo da taxa de juros considera tanto a inflação quanto dos juros futuros, estimados pelo mercado para os próximos 12 meses. Isto é, as projeções para o IPCA e para a Selic.
Qual a diferença entre taxa de juros nominal e taxa de juros real?
A diferença entre a taxa de juros nominal e a taxa de juros real está no fato de que a primeira reflete o retorno bruto de um investimento sem levar em conta a inflação, enquanto a segunda ajusta o lucro pela inflação.
Mas, para facilitar a memorização, expliquemos cada uma delas individualmente:
Taxa de juros nominal
A taxa de juros nominal corresponde aos “juros aparentes”. Isto é, demonstra o quanto um investidor “aparentemente” lucrou com um investimento.
Trata-se da taxa de juros explícita nos contratos de empréstimos, financiamento ou aplicações financeiras divulgados pelos bancos e instituições financeiras. Ao aplicar em um CDB com rendimento de 12% ao ano, por exemplo, esses 12% correspondem a taxa de juros aparente.
Como não considera o efeito da inflação ao longo do período em que o dinheiro esteve aplicado, a taxa de juros aparente dificilmente representará o lucro verdadeiro obtido por uma aplicação. Para descobrir esse valor, é preciso utilizar a taxa de juros real.
Taxa de juros real
A taxa de juros real ajusta a taxa nominal pela inflação acumulada no período.
Esse valor é calculado com base na Fórmula de Fisher, que considera a perda do poder de compra da moeda, demonstrando quanto o investimento realmente agregou em termos de riqueza para o investidor.
Com a diferença entre as duas taxas compreendida, fica claro que a taxa de juros nominal e a taxa de juros real só seriam equivalentes em um cenário bastante raro de inflação zero.
Tão singular quanto, embora não impossível, é que um ativo tenha taxa de juros real maior que a taxa de juros nominal. Isso ocorreria, por exemplo, em um cenário de deflação, onde a taxa de inflação acumulada é negativa.
Qual é a importância da taxa de juros real?
A taxa de juros real é importante porque representa com maior precisão o ganho efetivo obtido com um investimento. Ela reflete o quanto o patrimônio do investidor realmente aumentou, considerando o impacto da inflação.
Quem se baseia apenas na taxa nominal — aquela determinada em contrato — pode ter uma percepção equivocada sobre a rentabilidade de um ativo, pois ignora a perda de poder de compra. A taxa de juros real corrige esse problema ao descontar a inflação do retorno bruto, proporcionando uma visão mais próxima da realidade.
Para evidenciar a importância da taxa real, considere seu efeito nos três títulos hipotéticos abaixo:
- Título A: taxa nominal de 5% e inflação de 6%;
- Título B: taxa nominal de 5% e inflação de 5%;
- Título C: taxa nominal de 5% e inflação de 4%.
Nesse cenário simplificado, todos os títulos apresentam um retorno nominal de 5%. No entanto, apenas o último gerou lucro real para o investidor. Veja os resultados de forma resumida:
- Título A: o lucro foi menor que a inflação. Resultado: prejuízo. O investimento resultou em um ganho real negativo, reduzindo o patrimônio do investidor devido à perda do poder de compra;
- Título B: o retorno apenas compensou a variação inflacionária no período. Resultado: empate. O investidor não perdeu, mas também não ganhou nada. Seu patrimônio permaneceu inalterado;
- Título C: a taxa aparente superou a inflação. Resultado: lucro. Após o ajuste pela inflação, o investimento aumentou o patrimônio.
Como você deve ter percebido, sem se atentar à taxa real, o investidor poderia facilmente cair no erro comum de acreditar que teria um lucro de 5% em cada um desses investimentos.
Aqui vale lembrar que, para descobrir o ganho real de um ativo, não basta subtrair a inflação dos juros aparentes. A taxa de juros real possui sua fórmula própria: a taxa de Fisher. Ao utilizar esse cálculo é possível ver que o rendimento do Título C não é de 5% e tampouco de 1%, mas exatamente 0,96%.
Como investir e se proteger da inflação?
A forma mais prática de se proteger da inflação é investir em ativos atrelados à Selic. Isso porque a taxa de juros costuma ser ajustada pelo Copom com o objetivo de manter o poder de compra e controlar tanto a inflação quanto cenários de desaceleração econômica.
Em resumo:
- A Selic é reduzida em momentos de baixa demanda, para facilitar o crédito e impulsionar o consumo;
- A Selic é aumentada em cenários de pressão inflacionária, para reduzir a demanda e conter a alta de preços.
Assim, embora os títulos de renda fixa possam se tornar menos atrativos em períodos de baixa inflação, quando há pressões inflacionárias, seus retornos são ajustados para cima. Desse modo, servem naturalmente como um refúgio para investidores que desejam proteger o poder de compra de seu patrimônio.
Entre os exemplos de produtos financeiros que são comumente utilizados como proteção contra a inflação, vale citar:
- Tesouro Direto: o Tesouro Selic, corrigido pela taxa básica de juros, e o Tesouro IPCA+, atrelado à inflação, são alguns exemplos de títulos públicos que protegem o poder de compra;
- CDBs (Certificados de Depósito Bancário): são títulos emitidos por bancos, com possibilidade de rendimento atrelado ao CDI, que segue de perto a Selic;
- LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio): títulos isentos de Imposto de Renda, que podem ter rendimentos vinculados à inflação;
- Crédito Privado (CRI, CRA e Debêntures): oferecem retornos superiores ao Tesouro Direto, apesar de apresentarem maior risco. Normalmente, possuem uma taxa pré fixada (IPCA+). No caso das debêntures, podem ainda ter benefício fiscal;
- Fundos de crédito privado: fundos de investimento (FIs) que investem ao menos 50% do patrimônio em CRIs, CRAs, debêntures e debêntures incentivadas (fundo de infraestrutura).
Apesar de ser mais fácil — e seguro — proteger-se da inflação com títulos de renda fixa, também é possível fazer isso investindo em ações de setores estáveis e estratégicos.
De modo geral, empresas de setores essenciais, como energia, alimentação e saúde, tendem a resistir melhor à inflação, já que a demanda por seus bens e serviços se mantém estável, independentemente das condições econômicas.
Quais são os princípios básicos dos investimentos?
Ademais da rentabilidade, outros princípios básicos dos investimentos que precisam ser dominados antes de você começar a selecionar os primeiros ativos para sua carteira estão:
- Planejamento financeiro;
- Diversificação;
- Período de investimento;
- Perfil do investidor.
Na sequência explico cada um deles individualmente:
Planejamento financeiro
O planejamento financeiro pode ser entendido como um guia para as suas finanças. Trata-se de um registro pessoal utilizado para o controle de despesas, estabelecimento de metas financeiras e aplicação de recursos.
A ideia é que esse documento seja utilizado para registrar todas suas entradas e saídas de capital, bem como definir os valores a serem investidos, suas expectativas de retorno e prazos.
Isso tudo pode ser feito com o auxílio do Excel, um caderno de anotações ou mesmo por meio de diferentes aplicativos disponíveis para celular.
Período de investimento
Definido seu planejamento financeiro, com o registro dos gastos, valores a investir mensalmente e objetivos estabelecidos, é preciso ainda considerar um fator adicional extra: o prazo para alcançar essas metas.
Nessa altura, vale observar que cada objetivo pessoal conta com prazos e custos distintos. Ao organizar esses ativos em uma linha temporal, não só ficará mais fácil acompanhar seu progresso, como também encontrar os ativos financeiros mais adequados para cada situação.
Os períodos de investimento devem ser divididos em:
- Planejamentos de curto prazo: objetivos que podem ser alcançados em até dois anos. Por exemplo: a formação de uma reserva de emergência, viagens para o exterior, reformas na casa, troca de carro;
- Planejamento de médio prazo: metas a serem realizadas em até cinco anos. Por exemplo: dar entrada em uma casa própria, abertura de uma empresa, intercâmbio;
- Planejamento de longo prazo: projetos para um futuro distante, daqui 10, 20, 30 anos. Exemplo: aposentadoria.
Como adiantei, existem investimentos mais ou menos adequados para a realização de cada um desses planos. Para metas de curto prazo, por exemplo, o recomendado são títulos de alta liquidez. Isto é, aqueles que podem ser resgatados a qualquer momento, sem multa ou desconto. Como exemplo: LCAs, LCIs e Tesouro Selic.
Para objetivos de longo prazo, contudo, a liquidez não é tão importante, já que o resgate só será feito daqui muitos anos. Nesse caso, a preferência é por títulos capazes de proteger o poder de compra, como o Tesouro IPCA, ou papéis que possam gerar renda passiva, como ações e cotas de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).
Diversificação
Uma das máximas mais conhecidas do mercado financeiro, a diversificação consiste em distribuir o patrimônio em diferentes classes de ativos. Isto é, evitar concentrar parte significativa de seu capital em um só tipo de investimento ou em um pequeno número deles.
Além de reduzir os riscos associados a um ativo específico, a diversificação também aumenta as chances de retorno da carteira. Isso ocorre porque o desempenho negativo de um ativo pode ser compensado pela performance positiva de outros.
Uma carteira bem equilibrada e diversificada permite que o investidor tenha rendimentos mais consistentes, independentemente das condições econômicas, ficando menos exposto a fatores como inflação, recessão ou mudanças na taxa básica de juros.
Perfil de investidor
Outra regra de conhecimento geral entre os investidores é a que diz que quanto maior o potencial de retorno de um investimento, mais alto seu risco. Logo, saber exatamente até que ponto você está disposto a arriscar seu dinheiro é indispensável para saber quais os investimentos que são adequados ao seu perfil de investidor.
Para isso, é necessário fazer um teste de suitability, um questionário aplicado por corretoras de valores no momento de abertura da conta e que serve exatamente para delimitar a tolerância de risco de seus clientes. A depender do resultado desse teste, o perfil do investidor pode ser classificado como:
- Perfil conservador: são normalmente investidores iniciantes e com receio de perder dinheiro. Não abrem mão da segurança. Sua carteira é composta por ativos de renda fixa bastante seguros como os títulos do Tesouro e mesmo a poupança;
- Perfil moderado: investidores que prezam pela segurança, mas que estão dispostos a assumir algum risco para aproveitar oportunidades ou potencializar os rendimentos. Suas carteiras mesclam títulos de renda fixa com alguns de renda variável;
- Perfil agressivo/arrojado: investidores experientes e com bom capital, que colocam o lucro antes da segurança. Seus portfólios são compostos essencialmente de ativos de renda variável, como ações e cotas de fundos multimercado.
É importante sublinhar que o perfil do investidor não é imutável. Muito pelo contrário. Por exemplo, é natural que, assim que se sintam mais confortáveis com o mercado e seus produtos, investidores inicialmente conservadores tornem-se mais tolerantes aos riscos.
Qual é a taxa de juros real histórica do Brasil?
O Brasil é reconhecido por seu histórico de altas taxas de juros real, frequentemente figurando entre os países com os maiores ganhos reais para títulos de renda fixa no mundo. Em 2023, o país chegou a registrar a maior taxa real do mundo: 6,9%.
Nos últimos 15 anos, o ganho real dos títulos de dívida brasileiros se manteve positivo em 13 anos, com exceção do período de 2020 a 2022, justamente quando a economia foi severamente impactada pela crise sanitária da Covid-19. Durante esse intervalo, a taxa real mais baixa foi de -4,54% em setembro de 2021, enquanto a mais alta foi de 10,27% em junho de 2023.
Se analisarmos um período ainda maior, as taxas de juros reais do Brasil se mantêm consistentes ao longo de todo o século XXI. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) demonstrou a média desse indicador em diferentes períodos de sete anos:
Período | Taxa de juros real média |
2000 a 2007 | 11,3% ao ano |
2008 a 2017 | 5,2% ao ano |
2018 a 2019 | 2,3% ao ano |
2021 a 2022 | 8% ao ano |
Esses altos valores da taxa real de juros tornam, no longo prazo, os títulos de renda fixa atrelados à inflação capazes de superar, em alguns casos, os retornos de indicadores de renda variável, como o Ibovespa.
Qual é a taxa de juros real atual no Brasil?
Segundo projeção da MoneYou, a taxa de juros real do Brasil (setembro de 2024) está atualmente em 7,33%. Esse valor coloca o país na segunda posição do ranking mundial de juros reais, atrás apenas da Rússia (9,05%).
Com a Selic em 10,75%, o Brasil também aparece no top 5 global em juros nominais. Atualmente, o país compartilha a quarta posição desse ranking com Colômbia e México, ficando atrás da Rússia (19%), Argentina (40%), e Turquia (50%).
A título de curiosidade e para ilustrar o funcionamento da taxa real, vale pontuar aqui a situação paradoxal da Argentina. O país ocupa ao mesmo tempo a segunda posição na lista de países com maior taxa nominal e a 40ª no ranking de juros reais, com um ganho real negativo de -33,92%.
Como você já deve ter deduzido, essa distorção acontece por causa da inflação descontrolada que assola nosso país vizinho. Somente nos últimos 12 meses, a moeda argentina já perdeu 271% de seu poder de compra.
Como investir com segurança?
A diferença entre os ganhos reais e as taxas aparentes dos títulos é apenas um dos fatores que o investidor precisa considerar antes de tomar decisões. O mercado financeiro está repleto de “pegadinhas” como esta, que podem prejudicar principalmente os investidores menos experientes. Felizmente, existem um par de cuidados básicos que podem ser seguidos para aumentar a segurança ao investir. Entre os mais importantes estão:
- Diversifique sua carteira: evite concentrar todo o seu capital em um único ativo ou setor. Distribuir seus investimentos em diferentes classes de investimento ajuda a pulverizar os riscos, aumentando a segurança geral do seu portfólio;
- Conheça seu perfil de investidor: antes de investir, tenha certeza de qual é o seu nível de tolerância ao risco. Isso ajudará a escolher investimentos que se alinhem com seus objetivos e segurança financeira;
- Invista em produtos de renda fixa atrelados à inflação: títulos como o Tesouro IPCA+ protegem seu capital contra o impacto da inflação, garantindo um ganho real mesmo em períodos de alta nos preços;
- Considere os custos: fique atento às taxas de administração, corretagem e impostos. Esses custos podem corroer seus rendimentos e reduzir os ganhos reais;
- Estude antes de investir: não invista em produtos que você não entende. Fazer uma pesquisa prévia e compreender como funcionam os ativos é fundamental para evitar prejuízos.
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