Já sei: você está pensando em começar a investir, mas não sabe ao certo por onde? Ou, quem sabe, tenha receio de investir em títulos voláteis, como as ações, e perder dinheiro? Não tem problema. É justamente para isso que existe a renda fixa, modalidade de investimento conhecida pela previsibilidade e segurança, que permite que você saiba de quando e quanto você pode receber, antes mesmo de fazer sua aplicação. 

Quer saber mais? Então, separe uns minutinhos do seu dia e venha conhecer comigo tudo o que você precisa para entender de vez o que é renda fixa e como escolher seus primeiros investimentos. 

Ao longo deste pequeno manual da renda fixa, você descobrirá as respostas para as seguintes perguntas:

  • Como funciona o investimento de renda fixa?
  • Quais são os 3 tipos de rentabilidade da renda fixa?
  • Quais são os principais investimentos de renda fixa?
  • Como é o rendimento da renda fixa?
  • Qual a tributação e taxas dos investimentos de renda fixa?
  • Como investir na renda fixa?
  • Qual é a melhor renda fixa?

Bora aprender?

Como funciona o investimento de renda fixa?

A renda fixa é um tipo de investimento em que os rendimentos são previsíveis, ou seja, o investidor sabe com antecedência qual será o retorno. Isso ocorre porque as condições de remuneração são definidas no momento da aplicação, podendo ser uma taxa fixa ou atrelada a um índice, como a inflação.

Uma forma simples de entender a renda fixa é compará-la a um “empréstimo“. Quando o investidor aplica nesse tipo de ativo, ele empresta seu dinheiro a uma entidade emissora, como o governo, empresas ou instituições financeiras. Em troca, o investidor recebe o valor aplicado acrescido de juros ou correção monetária na data acordada e, em alguns casos, pode receber pagamentos periódicos, chamados de amortizações.

Previsíveis e seguros, os investimentos de renda fixa são indicados principalmente para investidores iniciantes ou de perfis mais conservadores — aqueles que prezam mais pela segurança do patrimônio, do que pelo potencial de retorno. Contudo, não se restringem a eles. Esse tipo de investimento costuma estar presente em algum peso mesmo em carteiras mais arriscadas, justamente para contrabalançar estes riscos.

Quantos tipos de renda fixa existem?

A renda fixa apresenta três tipos: prefixada, pós-fixada e híbrida. Os investimentos de renda fixa se caracterizam por terem regras de rendimento definidas, o que garante ao investidor certa previsibilidade sobre os retornos. 

No entanto, essas condições variam entre os diferentes tipos de investimento. É justamente por conta dessas variações que os títulos de renda fixa costumam ser classificados conforme suas regras de rentabilidade. 

Quais são os 3 tipos de renda fixa?

A depender do tipo de rentabilidade, os títulos de renda fixa são divididos em três categorias:

  1. Investimentos prefixados;
  2. Investimentos pós-fixados;
  3. Investimentos híbridos (atrelados à inflação).

O que isso significa? Pode relaxar, explicarei isso a seguir:

Investimentos prefixados

O tipo mais simples e comum entre os três, os investimentos prefixados são remunerados por uma taxa de juros fixa, definida no momento da aplicação e que se mantém imutável ao longo de todo período, do momento da aplicação até a data estabelecida para o vencimento.

 Ou seja, quem adquire um título com uma taxa prefixada de 10% ao ano, por exemplo, sabe exatamente quanto receberá ao resgatar o investimento no futuro. Alguns exemplos de títulos prefixados incluem: CDB prefixado, LCI prefixada, Tesouro prefixado, Tesouro prefixado com juros mensais, entre outros.

Vantagens

A grande vantagem dos títulos prefixados é a previsibilidade: desde o momento do investimento, você sabe exatamente quanto e quanto você receberá por sua aplicação. Essa certeza permite um planejamento financeiro mais eficiente, ajudando a definir seus próximos passos com maior tranquilidade.

Por exemplo, esse tipo de investimento é ideal para quem precisa de uma quantia específica em uma data futura, como na compra de um bem. Imagine que você adquiriu um imóvel na planta por R$500.000,00 e deu um sinal de R$50.000,00. Os R$450.000,00 restantes podem ser investidos em um título pré-fixado até a entrega do imóvel. 

Assim, além de garantir que terá o montante necessário no prazo certo, você se protege contra eventuais oscilações de mercado, aproveitando o ganho fixo da aplicação.

Desvantagens

A principal desvantagem dos títulos prefixados está na sua liquidez. Geralmente, esses investimentos são projetados para serem mantidos até a data de vencimento, momento em que o valor acordado é integralmente recebido. No entanto, se você precisar resgatar o título antes do prazo, poderá enfrentar perdas financeiras significativas.

No caso dos títulos pré-fixados do Tesouro Direto, um dos maiores riscos está na variação da taxa de juros. Quando as taxas de juros sobem, o valor de mercado dos títulos prefixados cai. Isso acontece porque os investidores preferem comprar novos títulos que oferecem taxas mais altas, tornando os antigos menos atrativos. 

Assim, se você precisar reaver seu dinheiro e vender o título antes do vencimento, será necessário ajustá-lo ao preço de mercado, que poderá estar consideravelmente inferior ao valor original. Por isso, ao investir nesses títulos, é preciso ter um bom planejamento, para que não haja necessidade de resgatar o valor antes da data de maturidade.

Quanto escolher

Há dois cenários em particular em que investir em títulos prefixados é uma ótima ideia: o primeiro e mais óbvio, é quando você precisa saber com exatidão quanto receberá em uma data futura; a outra situação  é quando há indícios de que a taxa de juros (SELIC) deve se manter estável ou ser reduzida. Desta forma, é possível garantir uma rentabilidade acima da média do mercado.

Investimentos pós-fixados

Os investimentos pós-fixados são aqueles em que você só sabe o quanto eles vão render na data de vencimento. Isso acontece porque a taxa de rentabilidade desses papéis é atrelada a um indicador de referência, como a taxa Selic ou o CDI, que pode mudar ao longo do tempo.

Ou seja, o valor a ser recebido pelo investidor estará de acordo com as variações do indicador determinado durante o período em que o título for mantido. Por exemplo, se um título paga “100% do CDI”, o rendimento será diretamente proporcional às variações do CDI até o vencimento. Exemplos de títulos pós-fixados incluem: Tesouro Selic, CDB pós-fixado, LCI e LCA pós-fixadas, entre outros.

Vantagens

Os títulos pós-fixados oferecem maior liquidez quando comparados aos investimentos prefixados. Isso significa que é mais fácil realizar o resgate do valor investido a qualquer momento. 

Em situações de emergência, você pode reaver o dinheiro sem correr quase nenhum risco de perdas, já que o valor resgatado acompanha o índice de remuneração acordado, como o CDI ou a Selic.

Desvantagens

A principal desvantagem dos títulos pós-fixados é de que, não havendo oscilação na taxa de juros, a rentabilidade desses investimentos é menor que a dos prefixados — justamente porque o seu risco é menor. 

Além disso, em títulos de longo prazo, torna-se difícil prever com precisão o retorno final do investimento, pois o índice de remuneração pode variar ao longo do tempo, influenciado pelas condições econômicas.

Quando escolher

Há alguns cenários em que os títulos pós-fixados possuem condições favoráveis. Um exemplo é quando você precisa de flexibilidade para resgatar o dinheiro antes do prazo. Nesse caso, o Tesouro Selic é uma excelente opção para investir sua reserva de emergência, já que combina segurança com facilidade de acesso ao capital.

Outra situação favorável ocorre quando há expectativa de alta na taxa Selic. Como os títulos pós-fixados estão atrelados a essa taxa, qualquer aumento reflete diretamente na remuneração do investimento, potencializando os seus ganhos.

Investimentos atrelados à inflação 

Também chamados de híbridos, os investimentos atrelados à inflação combinam elementos das taxas prefixadas e das taxas pós-fixadas.

Funciona assim: parte da remuneração é composta por uma taxa de juros fixa e inalterável, enquanto a outra acompanha a variação de algum índice de preço, como o IPCA. Isso proporciona uma rentabilidade real (acima da inflação), independentemente das flutuações do mercado.

Exemplos de títulos híbridos incluem: Tesouro IPCA+, Tesouro IPCA+ com juros semestrais, debêntures híbridas, entre outros.

Vantagens

A grande vantagem dos títulos híbridos é a garantia de que seu patrimônio terá um ganho real, ou seja, acima da inflação. Em termos simples, esses títulos são os únicos investimentos que asseguram uma rentabilidade real positiva, pois combinam uma taxa de juros fixa com a correção da inflação.

Por exemplo, imagine um título prefixado que paga 10% ao ano. Se a inflação acumulada no período for superior a 10%, o retorno real será negativo, já que os ganhos não foram capazes de compensar a perda do poder de compra. Já nos títulos híbridos, o rendimento inclui a taxa de juros e a atualização pela inflação, garantindo que o valor do investimento não apenas preserve seu poder aquisitivo, mas também cresça em termos reais.

Desvantagens

Embora não seja exatamente uma desvantagem, uma característica menos favorável dos títulos híbridos é o fato de que, em geral, possuem prazos de vencimento bastante longos. No caso do Tesouro IPCA+, por exemplo, há opções com vencimento em 2055.

Esse prazo estendido torna o investimento mais vulnerável a variações ao longo do tempo. Com mais de 30 anos até o vencimento, é inevitável que ocorram oscilações na taxa Selic, que afetam a parte prefixada do título. Essas flutuações podem ocasionar mudanças no preço de mercado, especialmente para quem considera vender o título antes da data final.

Quando escolher

Investir em renda fixa com remuneração atrelada à inflação é especialmente vantajoso em dois cenários: quando o objetivo é proteger e expandir o patrimônio, garantindo uma rentabilidade real acima da inflação, e quando se busca formar uma reserva de longo prazo, como para a aposentadoria. 

Esse tipo de aplicação combina o efeito dos juros compostos com a correção pela inflação ao longo de períodos extensos, como 27 anos, permitindo um crescimento significativo do patrimônio. Além disso, o fato de o imposto de renda ser cobrado apenas no momento do resgate maximiza o rendimento acumulado, tornando essa estratégia uma forma eficiente de garantir estabilidade financeira no futuro.

Quais são os principais investimentos de renda fixa?

O leque de opções de investimento de renda fixa é bastante amplo, incluindo títulos de dívida emitidos pelo governo, por instituições financeiras e por empresas privadas. Entre os tipos mais conhecidos, estão:

  • Títulos do Tesouro Direto;
  • Certificado de Depósito Bancário (CDB);
  • Debêntures;
  • Fundos de renda fixa;
  • Letra de Crédito Imobiliário (LCI);
  • Letra de Crédito do Agronegócio (LCA);
  • Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI);
  • Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA);
  • Caderneta de Poupança;
  • Letra de Câmbio (LC).

Cada um desses investimentos conta com suas particularidades no que diz respeito a fatores como rentabilidade, prazo de vencimento, risco e tributação. Saber identificar o que diferencia e caracteriza esses produtos é essencial para encontrar aqueles que melhor se encaixam ao seu próprio perfil e planejamento pessoal.

Quer uma mãozinha? Sem problema, na sequência explicarei cada um desses tipos de investimentos um a um, para que não reste nenhuma dúvida sobre o assunto. Olha só:

Títulos do Tesouro Direto

Os títulos do Tesouro Direto são investimentos de renda fixa pública, emitidos pelo governo brasileiro com o objetivo de financiar despesas e projetos públicos, como infraestrutura e saúde. 

Justamente por serem emitidos pelo governo, os títulos do Tesouro Direto são considerados o tipo de investimento mais seguro do mercado, já que o risco de crédito (a chance do emissor não pagar) é praticamente nulo.

Os títulos públicos incluem diferentes tipos de investimento. São eles:

  • Tesouro IPCA+: é um título público híbrido, sua rentabilidade é formada por uma taxa fixa determinada e mais a inflação acumulada no período, garantindo a proteção do poder de compra;
  • Tesouro IPCA+ com juros semestrais: semelhante ao Tesouro IPCA+, mas com pagamento de juros semestrais (cupom) e tributação regressiva sobre os rendimentos;
  • Tesouro prefixado: opção mais previsível, esses papéis oferecem uma taxa de juros fixa, que é conhecida desde a compra e se mantém a mesma até a maturidade;
  • Tesouro prefixado com juros semestrais: investimento que paga cupom semestral, mas está sujeito a uma tributação maior no curto prazo, com alíquota de 22,5% de Imposto de Renda;
  • Tesouro RendA+: criado como complemento à aposentadoria, é um investimento híbrido que paga uma renda mensal ao investidor por até 20 anos após seu vencimento;
  • Tesouro Selic: título pós-pago atrelado às variações da taxa básica de juros do Brasil, a Taxa Selic. Como apresenta menos oscilações de preço, é considerado um bom ativo para reservas de emergência.

Além da segurança, os títulos do Tesouro Direto oferecem outras vantagens. Primeiramente são títulos acessíveis. O preço mínimo desses títulos parte de cerca de R$30,00, permitindo a participação de pequenos investidores. Além disso, com exceção do RendA+, todos os investimentos acima podem ser resgatados a qualquer momento. 

Importante lembrar que apesar da liquidez diária ser uma vantagem, ao resgatar um título antes do prazo, o investidor está sujeito a perdas. Isso porque o valor a ser recebido, neste caso, é definido pela marcação a mercado, mecanismo que  faz com que o preço dos produtos financeiros varie diariamente de acordo com as condições do mercado, como alterações na taxa de juros.

  Assim, a depender das oscilações do mercado, se o investidor precisar resgatar o título antes do vencimento, o valor recebido pode ser inferior ao investido.

CDB

Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são títulos de dívida emitidos por bancos para captar recursos e financiar suas atividades de crédito, como empréstimos e financiamentos. 

Ao investir em um CDB, o investidor “empresta” dinheiro ao banco, que em troca paga uma rentabilidade previamente definida, variando conforme o tipo de CDB escolhido — prefixados, pós-fixados ou híbridos.

A segurança desses títulos é reforçada pela proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura até R$250.000,00 por CPF e por instituição financeira, em caso de falência ou insolvência do emissor. 

Debêntures

As debêntures são títulos de renda fixa privados. Esses papéis são emitidos por empresas que precisam captar recursos para financiar algum projeto ou mesmo para a quitação de dívidas, mas não querem lidar com os custos e burocracias de lançar ações e nem recorrer a empréstimos bancários. 

Esse tipo de investimento é famoso, sobretudo, por duas particularidades conflitantes: são, ao mesmo tempo, os investimentos mais arriscados e com maior potencial de retorno dentro da renda fixa

Fatores que as tornam um investimento particularmente interessante para investidores que estão interessados em potencializar seus rendimentos, mas ainda não se sentem preparados para lidar com a imprevisibilidade dos ativos de renda variável, como as ações.

Como modo de atrair os investidores, além da taxa de juros — que pode ser fixa ou híbrida —, as debêntures podem ainda ser emitidas com direitos adicionais ao pagamento do crédito. Esses investimentos, inclusive, são categorizados segundo o tipo de rentabilidade e benefícios extras. Os tipos de debênture incluem:

  • Debêntures conversíveis: permitem ao investidor, se assim desejar, trocar o valor do resgate por ações da empresa emissora;
  • Debênture cupom zero: normalmente adquirida com grandes descontos, esses papéis pagam o rendimento de forma integral na data de resgate. Esse valor é igual a diferença entre o preço de compra e o valor de face;
  • Debêntures incentivadas: isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas, são emitidas para financiar projetos de infraestrutura e outros setores prioritários determinados;
  • Debêntures simples/ordinárias: modelo mais comum, oferecem o pagamento de juros periódicos — mensais, semestrais ou anuais —, mais a devolução do valor principal (o capital investido) no vencimento;
  • Debêntures participativas: permitem ao investidor participar dos lucros da empresa, além de receber os juros contratados;
  • Debêntures perpétuas: não têm prazo de vencimento e pagam juros continuamente, enquanto a empresa estiver operando;
  • Debêntures permutáveis: papel bastante particular, oferece ao investidor a possibilidade de trocar o título por ações de outra empresa, definida no momento da emissão;
  • Debêntures com warrants: acompanham um bônus de subscrição, que dá ao investidor o direito de adquirir ações da empresa emissora por um preço previamente estabelecido;

Apesar do potencial de retorno e dos benefícios adicionais, vale reforçar que as debêntures são mais indicadas para investidores moderados, que já possuem alguma experiência no mercado. Ao contrário dos títulos públicos, não têm a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Isso significa que, se a empresa emissora enfrentar dificuldades financeiras, o investidor pode não receber o pagamento do título.

Felizmente, esse risco pode ser minimizado verificando a classificação de crédito emissora. Essa classificação é uma avaliação da capacidade da empresa de honrar suas dívidas. 

As classificações são feitas por agências de rating, como Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch, que atribuem notas que indicam o grau de risco de inadimplência, variando de AAA (máxima segurança) até D (inadimplente).

Fundos de renda fixa

Os Fundos de renda fixa são uma excelente opção para quem deseja sair da poupança e buscar maior retorno, mas ainda não possui confiança ou conhecimento para explorar outros investimentos.

Ao investir em um fundo, o dinheiro é reunido com o de outros investidores, formando um montante gerido por um gestor especializado. Esse profissional utiliza estratégias para escolher e monitorar os ativos do fundo, com o objetivo de maximizar os retornos. 

Os lucros obtidos são distribuídos proporcionalmente entre os cotistas, de acordo com o número de cotas de cada um. Na prática, é como delegar a gestão do seu dinheiro a um especialista.

Por segurança, as ações do gestor são delimitadas pelas políticas do fundo e normas regulatórias. Por exemplo, fundos de renda fixa devem alocar pelo menos 80% do patrimônio em ativos atrelados à Selic, ao IPCA, ao CDI, ou a ambos.

Os Fundos de renda fixa são classificados de acordo com a composição da carteira e pelas políticas adotadas. Os tipos mais comuns são:

  • Fundos Simples: destinados a investidores iniciantes, possuem gestão simplificada e investem majoritariamente em títulos públicos e ativos de baixo risco, garantindo maior segurança;
  • Fundos Referenciados: buscam acompanhar o desempenho de um indicador específico, como o CDI ou a Selic, mantendo pelo menos 95% do patrimônio em ativos relacionados ao índice de referência;
  • Fundos de Dívida Externa: alocam ao menos 80% do patrimônio em títulos da dívida externa brasileira, emitidos em moeda estrangeira, como o dólar. Esses fundos permitem exposição ao mercado internacional, mas apresentam maior risco cambial;
  • Fundos de Crédito: investem em títulos de dívida privada, como debêntures, CRIs e CRAs, oferecendo potencial de retorno superior em troca de maior risco de crédito;
  • Fundos de Curto Prazo: priorizam ativos com vencimento inferior a dois anos, proporcionando maior liquidez e menor volatilidade, ideais para objetivos financeiros de curto prazo;
  • Fundos de Longo Prazo: focam em ativos com vencimentos mais distantes, oferecendo maior potencial de retorno, mas com maior exposição a oscilações de mercado.

Apesar da praticidade e segurança serem pontos, os Fundos de renda fixa também têm suas desvantagens. Entre elas, destacam-se as taxas cobradas, como a taxa de administração, que reduz a rentabilidade líquida, e, em alguns casos, a taxa de performance, que é cobrada sobre os lucros obtidos acima de um índice de referência. 

Além disso, a rentabilidade pode ser inferior à de aplicações diretas nos mesmos ativos do fundo, devido aos custos e à gestão.

 Por fim, os fundos não oferecem garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), expondo o investidor a riscos relacionados aos ativos escolhidos.

LCI e LCA

A exemplo dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) também são investimentos de renda fixa emitidos por bancos.  A principal diferença é que o valor arrecadado com a venda desses títulos deve ser destinado exclusivamente para o financiamento dos setores imobiliário e do agronegócio, respectivamente.

Embora sua rentabilidade geralmente seja inferior à dos CDBs, esses títulos oferecem vantagens importantes, como a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas e a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre até R$ 250 mil por CPF e instituição. Isso os torna atrativos para quem busca segurança e benefícios fiscais em suas aplicações.

CRI e CRA

Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) são títulos de renda fixa privada emitidos por securitizadoras. Esses papéis representam antecipações de valores que empresas dos setores imobiliário e do agronegócio têm a receber no futuro, convertendo créditos a prazo em títulos negociáveis no mercado de capitais. Enquanto os CRIs são voltados ao financiamento de imóveis e construções, os CRAs fomentam atividades do agronegócio.

Assim como as LCIs e as LCAs, esses investimentos também são isentos de Imposto de Renda. Contudo, como são títulos privados, não são protegidos pelo FGC. Outra característica importante dos CRIs e CRAs está na baixa liquidez. São títulos de longo prazo, que não permitem resgates antecipados. Esse ponto fraco é  compensado por retornos frequentemente superiores aos encontrados em outros títulos de renda fixa.

Poupança

A Poupança, também conhecida como caderneta de poupança, é uma conta bancária simples, geralmente associada à conta-corrente do titular. Sua praticidade faz com que ainda seja a escolha de muitas pessoas para guardar dinheiro, embora seu rendimento seja inferior a outras opções de renda fixa, conforme explicado abaixo:

  • Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano: o rendimento é de 0,5% ao mês, mais a variação da Taxa Referencial (TR), que costuma ser zero ou muito próxima de zero;
  • Quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano: o rendimento é de 70% da Selic, mais a TR;

Outro ponto negativo é que o rendimento ocorre somente no aniversário do depósito. Ou seja, se o resgate for feito antes dessa data, o investidor perde o retorno gerado.

Apesar disso, a Poupança também tem algumas vantagens: é isenta de Imposto de Renda e protegida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

LC

As Letras de Câmbio (LC) são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras que não são bancos, como financeiras. A rentabilidade desses títulos costuma ser semelhante ao dos CDBs, com taxas de juros pós-fixados ou híbridos.

Uma das vantagens das LCs é a segurança proporcionada pela garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que torna esse investimento uma opção segura. No entanto, elas estão sujeitas à tributação regressiva do Imposto de Renda (IR), o que pode reduzir a rentabilidade líquida. 

Qual é a rentabilidade e o rendimento da renda fixa?

A rentabilidade corresponde à taxa de juros que determina o quanto o investimento vai render ao longo do tempo. Na renda fixa, ela pode ser prefixada (onde a taxa é definida no momento da aplicação), pós-fixada (atrelada a um índice, como a Selic ou o CDI) ou híbrida (uma combinação de prefixada e pós-fixada).

Já o rendimento, ou retorno, é o valor efetivo que o investidor recebe ao final do período de investimento. Ele normalmente é expresso em juros e é influenciado pela rentabilidade e pela tributação (Imposto de Renda, taxas de administração, etc.).

Importante observar que, com exceção dos títulos prefixados, o rendimento dos investimentos de renda fixa são sensíveis às variações da taxa Selic. Isso ocorre porque a taxa básica de juros da economia impacta diretamente os índices aos quais esses títulos estão atrelados, como o CDI. 

Por isso, quando a Selic está em ascensão, o mercado costuma migrar para a renda fixa, atraído pela segurança e pelo retorno mais alto que esses títulos oferecem em um cenário de juros crescentes.

O que é o rendimento líquido na renda fixa?

O rendimento líquido é igual ao retorno de um investimento após a dedução dos impostos e tributos. É, em bom português, o que realmente fica no bolso do investidor após fazer o resgate de um investimento.

Na renda fixa, os principais tributos incluem o Imposto de Renda (IR) e, em caso de resgates antecipados, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). 

Já as despesas incluem as taxas de administração e custódia cobradas por bancos ou corretoras. No caso de Fundos de investimento, pode haver ainda uma taxa de performance, paga ao gestor como bonificação sempre que a carteira do fundo entregar um desempenho superior ao benchmark seguido pelo mesmo.

O que é o rendimento real na renda fixa?

O rendimento real corresponde ao retorno do investimento ajustado pela inflação. Mas por que isso é importante? Pensa comigo: você consegue comprar hoje com uma nota de R$100 o mesmo que conseguiria há 10 anos? Certamente não, certo? Isso acontece por causa da inflação, que corrói o poder de compra da moeda.

Nos títulos de renda fixa, o investidor pode ter uma ideia de qual será seu retorno no futuro, mas é importante ter cautela para entender o quanto esse rendimento valerá de fato lá na frente. Afinal, para saber realmente o quanto seu patrimônio pode crescer com cada aplicação, é preciso considerar o quanto o real terá perdido de valor, ao longo do tempo em que você manteve seu título.

Para calcular o rendimento real, é necessário descontar a inflação do rendimento nominal (bruto). A fórmula básica é:

  • Rendimento real = 1 + Rendimento nominal1 + inflação -1

Assim, em um cenário de inflação alta, o rendimento real pode ser bem menor ou até negativo, mesmo que o rendimento nominal seja positivo. Por exemplo, um investimento com rentabilidade prefixada de 10% ao ano, em um cenário de inflação de 7%, teria um rendimento real de apenas 3%. Se a inflação fosse superior a 10%, o retorno real seria negativo, resultando em prejuízo.

Por isso, ao investir em títulos de médio e longo prazo, é importante optar por investimentos híbridos ou pós-fixados, para proteger o patrimônio da perda do poder de compra.

Qual a tributação e taxas dos investimentos de renda fixa?

Os investimentos de renda fixa estão sujeitos a tributação, além do pagamento de taxas a bancos e corretoras. Entre os principais custos e tributos que o investidor deve considerar ao investir em renda fixa, estão:

  • Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);
  • Imposto de Renda (IR);
  • Taxas administrativas.

Conhecer e considerar todos esses custos é essencial para ter uma visão mais realista dos retornos, evitar erros no planejamento financeiro e tomar decisões mais assertivas. 

Para te ajudar, na sequência, explico em detalhes quais são e como funcionam cada uma dessas cobranças. Já adianto, porém, que, assim como a rentabilidade, esses valores variam de produto para produto.

IOF

O Imposto sobre Operações Financeiras, mais conhecido pela sigla IOF, é um  tributo cobrado para investimentos resgatados em um período inferior a 30 dias.

As alíquotas desse tipo de investimento funcionam de forma regressiva. Diminuem conforme passa o tempo. Esse valor parte de 96% para papéis resgatados em 1 dia, até chegar a 0% para aplicações mantidas por mais de um mês, conforme demonstrado na tabela abaixo:

Dias passados até o resgateAlíquota de IOFDias passados até o resgateAlíquota de IOFDias passados até o resgateAlíquota de IOF
196%1163%2130%
293%1260%2226%
390%1356%2323%
486%1453%2420%
583%1550%2516%
680%1646%2613%
776%1743%2710%
873%1840%286%
970%1936%293%
1066%2033%300%

Imposto de Renda

A tributação da maioria dos investimentos de renda fixa segue a Tabela Regressiva do Imposto de Renda. A lógica aqui é a mesma do IOF — embora com valores e prazos diferentes. Isto é: as alíquotas de IR diminuem progressivamente conforme o prazo do investimento. Assim, quanto mais tempo um título permanecer na sua carteira, menor será a tributação sobre os rendimentos.

As alíquotas aplicáveis variam entre 22,5% e 15%, conforme a tabela abaixo:

Tempo de manutenção o títuloAlíquota do Imposto de Renda 
Até 180 dias22,5%
De 181 a 360 dias20%
De 361 a 720 dias17,5%
Mais de 720 dias15%

No entanto, é importante observar que essa tabela não se aplica a todos os tipos de investimento de renda fixa. Existem alguns títulos específicos isentos de IR. São eles:

  • Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA);
  • Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI);
  • Debêntures incentivadas;
  • Letras de Crédito do Agronegócio (LCA);
  • Poupança.

Aqui vale ainda um par de observações mais: primeiro, tanto o IOF quanto o IR incidem apenas sobre os rendimentos, ou seja, o valor originalmente aplicado não sofre desconto; segundo, todos os investimentos de renda fixa precisam ser declarados no Imposto de Renda, inclusive aqueles isentos de tributação.

Taxa de custódia 

Além dos impostos, é importante considerar também a taxa de custódia, cobrança feita por instituições e corretoras pelo serviço de para manter o registro e a administração dos títulos de renda fixa. 

Esse valor varia de instituição para instituição, por isso, é muito importante que o investidor avalie o custo-benefício antes de escolher a corretora ou banco que intermediará seus investimentos. Vale observar que, como forma de atrair investidores, é cada vez mais comum encontrar bancos e corretoras que oferecem isenção desse tipo de taxa.

Além da taxa de custódia, quem investe em Fundos de Investimento de renda fixa também precisa estar atento a outros dois tipos de taxas:

  • Taxa de administração: geralmente aplicada em produtos geridos, como fundos de renda fixa. Ela é descontada diretamente da rentabilidade e pode variar bastante de fundo para fundo;
  • Taxa de performance: também descontada de forma automática, essa taxa funciona como uma espécie de bonificação paga ao gestor, sempre que suas estratégias levam o fundo a superar o benchmark de referência.

Como investir na renda fixa?

Agora que você já conhece os principais tipos de investimento de renda fixa e já sabe como esse tipo de título funciona, só falta um detalhe importante: saber, enfim, como começar a investir. 

Mas não se preocupe, a prática, nesse caso, é a parte fácil. Tudo o que você precisa fazer é seguir esse passo a passo básico:

1. Abra conta em uma corretora

O primeiro passo é abrir sua conta em uma corretora de valores mobiliários, instituição que atua como intermediária entre o investidor e o mercado financeiro. É por meio dela que você terá acesso aos títulos de renda fixa disponíveis. 

Caso não tenha nenhuma corretora em mente, existem alguns fatores que você pode observar ao fazer sua escolha:

  • Pesquise a reputação: verifique avaliações de outros clientes, anos de mercado e certificações da instituição.
  • Analise as taxas: corretoras costumam cobrar taxas de custódia, administração ou corretagem, mas muitas já oferecem opções isentas dessas cobranças.
  • Explore o portfólio de produtos: algumas instituições têm mais opções de títulos, como CRAs, CRIs ou debêntures incentivadas. Escolha uma que ofereça os produtos que atendem às suas necessidades.
  • Considere a facilidade de uso da plataforma: prefira corretoras com plataformas de investimento intuitivas e aplicativos que facilitem o acompanhamento e a operação dos seus investimentos;
  • Suporte ao cliente: certifique-se de que a instituição oferece suporte rápido e eficiente em caso de dúvidas ou problemas.

Após decidir a corretora, abra a conta preenchendo o cadastro e enviando os documentos exigidos, como RG, CPF e comprovante de residência. Em geral, o processo é rápido e pode ser concluído online.

2. Faça comparações

Assim que sua conta estiver em funcionamento, você terá acesso a plataforma de negociação —  o chamado “home broker” —, onde são ofertados todos os títulos de renda fixa intermediados pela corretora. Esse é o momento de colocar em prática tudo o que você conheceu ao longo deste artigo para encontrar as melhores opções de investimento

Ao comparar diferentes títulos, observe fatores como:

  • Tipo de rentabilidade: escolha entre taxas prefixadas, pós-fixadas ou híbridas;
  • Prazo de vencimento: confira o tempo necessário para ter acesso ao dinheiro investido;
  • Tributação: títulos como LCAs e CRIs são isentos de Imposto de Renda;
  • Solidez do emissor: verifique a classificação de risco e a reputação da empresa ou instituição emissora;
  • Valor mínimo de aplicação: certifique-se de que o investimento inicial está de acordo com o seu orçamento.

Com base nas dicas acima, é só escolher o título que melhor combina com seus objetivos financeiros e perfil de investidor.

3. Localize e configure o investimento

Encontrou o investimento ideal para você? Agora é só configurar a ordem na plataforma de investimentos:

  • Busque o título escolhido pelo nome ou código;
  • Selecione a opção comprar — ou semelhante;
  • Insira o valor que deseja investir;
  • Revise os detalhes da operação e confirme a compra.

4. Transfira os recursos

Após configurar o investimento, transfira o valor necessário para a conta da corretora. Isso pode ser feito via TED, DOC ou PIX. Assim que a transferência for concluída, o montante será automaticamente aplicado no título escolhido.

5. Diversifique sua carteira

Ao montar sua carteira, lembre-se de diversificar seus investimentos. Isso significa aplicar seus recursos em diferentes tipos de títulos e emissores. Ao fazer isso, você diminui o potencial de impacto que um ativo em particular pode causar ao seu patrimônio caso apresente um desempenho insatisfatório. Para isso, você pode:

  • Combinar diferentes tipos de títulos, como prefixados e pós-fixados;
  • Incluir títulos isentos de IR para maximizar a rentabilidade líquida;
  • Misturar ativos com prazos variados para atender a objetivos de curto, médio e longo prazo.

Por fim, conforme ganha experiência e se sentir confortável — e claro, sempre respeitando seus limites ao risco —, considere destinar uma parte do patrimônio a ativos de renda variável, como ações ou fundos de investimento. Isso pode potencializar seus retornos e equilibrar seu portfólio.

A regra é simples: quanto mais diversificada sua carteira, menores os riscos e maiores as chances de alcançar bons resultados.

Qual é a melhor renda fixa?

Na verdade, não há uma resposta única para essa questão. Afinal, o melhor investimento em renda fixa será sempre aquele que mais estiver alinhado com seu perfil de risco e objetivos financeiros pessoais.

Investidores iniciantes, por exemplo, podem preferir começar pelos Fundos de Investimento de Renda Fixa. Esses investimentos, permitem que o investidor tenha já de cara, acesso a uma carteira diversificada de ativos, sem a preocupação de acompanhar o desempenho de cada produto por conta. 

Aqueles com perfil mais conservador, por sua vez, podem estudar com mais profundidade os títulos do Tesouro Direto, os papéis com menor risco de crédito do mercado. 

Já investidores de conservador para moderado, que já tenham alguma prática com investimentos de renda fixa e queiram impulsionar seus retornos, podem pensar em expor parte da carteira às debêntures, até mesmo como um preparativo, antes de começar na renda variável.

Além da tolerância de risco — e tão importante quanto — é considerar seu planejamento financeiro. Isto é, saber o que você quer alcançar com seu investimentos e quando. Lembre, que todo objetivo tem um prazo diferente para ser realizado. Da mesma forma, existem investimentos com os mais distintos prazos. O ponto aqui é conseguir alinhar esses dois fatores. Para facilitar, deixa eu demonstrar alguns exemplos:

  • Títulos de Curto Prazo (Até 2 anos):
    • Objetivos: reserva de emergência, turismo, compras específicas;
    • Investimentos: Tesouro Selic (liquidez diária), CDBs com liquidez diária, LCIs/LCAs (isentas de IR);
    • Características: alta liquidez, resgates rápidos, segurança.
  • Títulos de Médio Prazo (2 a 5 anos):
    • Objetivos: compra de carro, entrada em imóvel, abertura de um negócio;
    • Investimentos: CDBs, fundos de investimento de renda fixa;
    • Características: menor liquidez, rentabilidade um pouco maior.
  • Títulos de Longo Prazo (Acima de 5 anos):
    • Objetivos: aposentadoria, independência financeira, formação de patrimônio;
    • Investimentos: Tesouro IPCA+, Ações, Fundos Imobiliários;
    • Características: rentabilidade acima da inflação, foco no crescimento de longo prazo.

Saber organizar suas metas em um horizonte temporal e entender até que ponto você está preparado para assumir riscos ajudará a encontrar os melhores investimentos em renda fixa para a sua realidade. Na dúvida, vale sempre solicitar a ajuda de um profissional financeiro qualificado, como um planejador financeiro ou um consultor de investimentos, de confiança.

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